Jardim Monte Verde, Recife. Foto: Reuters |
A tragédia das chuvas, que já resultou em mais de cem mortes na região metropolitana de Recife (PE), tem inúmeras causas. Das razões estruturais, como a desigualdade capitalista que obriga milhões de famílias a morarem em áreas de risco, até os gravíssimos problemas ambientais, que produzem destrutivos fenômenos climáticos. Mas estas catástrofes, que já mataram nos últimos meses centenas de pessoas no sul da Bahia, no norte de Minas Gerais, na Grande São Paulo e na região de Petrópolis (RJ), também têm a digital de Jair Bolsonaro, com seu projeto de desconstrução nacional.
Reportagem do site UOL desta terça-feira (31) revela que “o valor autorizado pelo governo federal para apoio a execução de projetos e obras de contenção de encostas em áreas urbanas em 2021 caiu 96% em comparação aos números de 2012... Segundo os dados, o governo autorizou, em 2012 (na gestão Dilma Rousseff), R$ 997 milhões, em valores atualizados pelo IPCA, considerada a inflação oficial. O valor foi sendo encolhido até chegar a R$ 36 milhões, em 2021”.
Menos recursos, mais desgraças
Esses números revoltantes foram levantados pelo site no sistema Siga, do Senado Federal, que tem como base o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal. “Com menos obras para conter encostas, este ano o país já viveu três tragédias por deslizamento de barreiras: duas no Rio de Janeiro e, no fim de semana passado, as mortes no Grande Recife. Em fevereiro, Petrópolis teve um saldo de 233 mortos por conta de deslizamentos. Em abril, foi a vez de deslizamentos em Paraty (a 240 km da capital) e Angra dos Reis (a 156 km do Rio) matarem 16 pessoas”.
Como alerta Fábio Reis, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e presidente da Federação Brasileira de Geólogos, o Brasil tem historicamente deixado de lado o investimento de prevenção. “A gente só tem agido em resposta a grandes acidentes. E remediar é sempre mais caro que prevenir”.
Ele lembra que o grave acidente na região serrana do Rio, em 2011, levou o governo Dilma Rousseff a criar, um ano depois, uma política de prevenção de desastres. "Nós tivemos um investimento muito forte de 2011 até 2014 e 2015, com o Ministério das Cidades liderando isso e com a criação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)”.
Já no início do desgoverno de Jair Bolsonaro, em 2019, o Ministério das Cidades foi extinto e vários programas foram abandonados. A consequência foi a brutal queda de recursos, ao longo dos anos, do Cemaden. “Em fevereiro, o UOL revelou que o órgão teve, em 2021, o menor orçamento de sua história e, por isso, deixou de realizar manutenções e paralisou estações de monitoramento”.
Jair Bolsonaro, o covardão que não assume as suas responsabilidades, culpa o governo de Pernambuco e até os moradores das áreas de risco. Mas suas digitais estão presentes nas mortes das chuvas!
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