quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Bolsonaristas voltam a agredir jornalistas

Charge: Duke
Por Altamiro Borges


Desesperadas com o fiasco dos acampamentos nos quartéis do Exército, dos bloqueios nas estradas e de outras ações golpistas – principalmente após a fuga do “chorão” Jair Bolsonaro para os EUA –, as milícias bolsonaristas partem para a violência. Quanto mais residual, mais agressiva. Um dos alvos dessa horda são os profissionais da imprensa. Nesta semana, vários jornalistas sofreram provocações e ataques.

No Espírito Santo, dois funcionários da TV Tribuna, afiliada do SBT, e o repórter de um site local foram atacados por fanáticos apoiadores do ex-presidente na quarta-feira (4) quando cobriam uma ação de limpeza em frente ao quartel do 38º Batalhão do Exército, em Vila Velha. “De acordo com informações de testemunhas, enquanto os jornalistas acompanhavam de longe a retirada das toneladas de sujeiras deixadas pelos manifestantes, um grupo de 30 pessoas cercou o repórter cinematográfico Diego Gama e a repórter Glacieri Carraretto com gritos, palavras de ordem e xingamentos”, informa o site UOL.

“Eu e meus colegas de profissão ficamos na mira da raiva e da ira dessa idolatria irracional por um político. Eu tive medo, muito medo. Não tinha como saber o que fariam com a gente. Aguardavam por uma reação nossa para que pudessem nos agredir fisicamente. Era um grupo de cães raivosos descontando em dois trabalhadores uma insatisfação inválida, ao meu ver, e totalmente arbitrária”, descreveu Glacieri Carraretto.

A omissão da Guarda Municipal

“Eu tomei uns quatro empurrões, fui cercado com a repórter e eles [policiais da Guarda Municipal] assistiram tudo e não fizeram nada. Quando comecei a responder as agressões de longe, ainda fazendo o meu trabalho de registrar os fatos, os guardas apareceram dizendo que eu estava errado e ainda faltando com respeito contra os manifestantes. Era inacreditável aquilo, parecia que eu era o errado, o bandido”, acrescentou Diego Gama.

De imediato, o Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo e a Federação Nacional dos Jornalistas repudiaram a violência bolsonarista e a atitude omissa da Guarda Municipal. “É hora de dar um basta à violência dos golpistas contra a democracia e contra a imprensa de forma geral e, em nome da irrestrita defesa da liberdade de imprensa e da ética jornalística e pelo Estado Democrático de Direito, cobramos das autoridades públicas capixabas o devido rigor da lei na identificação e punição aos envolvidos neste episódio”, afirmam em nota.

Vereador bolsonarista dá tapa em Porto Alegre

Um dia antes, na terça-feira (3), o vereador bolsonarista Eliel Alves (PRTB) agrediu um cinegrafista da emissora RDC-TV que filmava o tumulto golpista em frente ao Comando Militar do Sul, em Porto Alegre. A violência foi filmada por outros jornalistas e viralizou nas redes sociais. Diante da repercussão, o parlamentar de Nova Santa Rita, na região metropolitana da capital gaúcho, admitiu cinicamente que perdeu “a razão e a cabeça”. Uma ocorrência foi registrada na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre.

A imagem de perfil do vereador truculento no WhatsApp é uma foto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com os dizeres “Sou Eliel e estou com Bolsonaro”. Diante das evidências, a Câmara Municipal de Nova Santa Rita emitiu nota, assinada pelo presidente, vereador Rodrigo de Oliveira Aveiro (PT), dizendo que a Casa “repudia qualquer tipo de agressão, física ou moral, que fere a liberdade da Imprensa”, e classificando o ato como “incompatível com os valores prezados pela Câmara”. A nota também afirma que “os procedimentos específicos em relação ao caso concreto serão averiguados”.

Os dois casos mais recentes de violência contra jornalistas exigem apuração e punição rigorosas. Do contrário, novas agressões irão ocorrer. O “fujão” não é mais presidente da República, mas o fascismo contaminou o país. A impunidade só incentiva as milícias fascistas. É bom não esquecer o relatório do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) divulgado no final do ano passado que contabilizou mais de 110 denúncias de violações à liberdade de expressão ocorridas no Brasil durante o triste reinado de Jair Bolsonaro.

0 comentários: