Ilustração: Latuff |
Tenho a impressão de que todos nós já nos deparamos com a seguinte situação: Ao tecermos alguma crítica à maneira como o Estado de Israel trata a população palestina, recebemos como resposta uma retrucação do tipo: “Israel é a única democracia do Oriente Médio. Ali, há eleições, as pessoas podem assumir sua sexualidade com liberdade, etc.”
Porém, aqueles que nos respondem desta maneira parecem não levar em conta as condições de vida de uma parcela significativa dos habitantes daquele espaço, o povo palestino. Para estes, a tão decantada democracia está longe de existir. Muito pelo contrário, em realidade, os palestinos vivem muito mais próximos da escravidão do que da democracia.
Para ser mais preciso, o regime vigente em Israel para quase metade de sua população é algo muito semelhante àquilo que vigia na África do Sul até por volta de 1990. Em outras palavras, estamos falando do velho e conhecido regime de APARTHEID.
Neste regime segregacionista, a chamada categoria dos povos senhores podem gozar e usufruir de todas as riquezas disponíveis e até mesmo da democracia. No entanto, para os que não têm a felicidade de ter nascido no seio da raça dominante, o panorama é muitíssimo mais sombrio. Poderíamos dizer que, naquelas terras onde sua gente vivia há milhares de anos, os palestinos padecem agora uma repressão e rechaço ainda mais cruel do que as populações negras sofriam sob o domínio dos chamados Afrikaners (colonizadores de ascendência holandesa que dominaram a África do Sul por longas décadas).
E, ao dizer que a vida dos palestinos é até pior do que aquela a que os negros africanos estavam submetidos sob o apartheid sul-africano, não estamos abusando da linguagem para dar maior dimensão ao problema. É que, por mais que odiassem os negros, os afrikaners dependiam dos mesmos para fazer funcionar sua economia. Não havia outra mão de obra disponível para realizar os trabalhos indispensáveis para que a economia funcionasse e a classe dominante pudesse acumular riqueza. Já, em Israel-Palestina, os colonizadores não sentem necessidade de preservar a população nativa nem mesmo para explorá-la como fonte de mais-valia.
Por isso, os palestinos estão sob ameaça constante de expulsão e extermínio, visto que os colonizadores não têm nenhum projeto no qual eles possam ser incluídos.
Mas, não estaríamos exagerando nessas alusões? Será que esse panorama tão sombrio não se origina de agitadores interessados em difamar os judeus que comandam e dirigem o Estado de Israel? Não estaríamos, uma vez mais, diante de demonstrações de antissemitismo? Existem organizações com credibilidade suficiente no Mundo Ocidental (já que há gente que não confia em fontes de outras origens) para dar evidências de que o Estado de Israel não dispensa aos palestinos um tratamento humanitário à altura de uma democracia?
Vamos responder afirmativamente a questão recém posta. Conforme poderemos observar neste documentário produzido por Amnesty International, o regime mantido por Israel nos territórios sob sua ocupação deve ser literalmente classificado como APARTHEID. Para que todos possam conferir e analisar os relatos apresentados pelos responsáveis por uma das mais respeitáveis agências humanitárias do Mundo Ocidental, recomendamos que assistam com muita atenção ao vídeo-documentário que apresentamos em associação com este texto.
Visando superar os costumeiros entraves que são colocados na difusão de todo e qualquer material que não seja lisonjeiro com o sionismo israelense, estamos oferecendo dois enlaces alternativos para o acesso ao vídeo. Pelo Dailymotion, aqui (https://dai.ly/k7289oA69CfeAFzDpbt) e pelo Youtube, aqui (https://youtu.be/f1faRAqOrEI). Para acessar as legendas em língua portuguesa, basta ir a CONFIGURAÇÕES na parte inferior dos aplicativos (tanto em Dailymotion como em Youtube) e ativá-las.
Seguramente, depois de ver os relatos apresentados por Amnesty International, vai ser preciso estar dotado de muita aversão à verdade para não aceitar a conclusão de que o Estado de Israel é indudavelmente um estado de apartheid.
* Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.
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