Reprodução da internet |
Li que esta semana a PF fez operação contra uma quadrilha que clonava o WhatsApp de ministros para aplicar golpes. Mas, Brasil afora, milhares de usuários deste aplicativo de mensagens ficam no mato sem cachorro, à mercê dos bandidos clonadores, sem receber socorro da empresa Meta, dona do WhatsApp, e muito menos da polícia.
A regulação das plataformas digitais, para além de combater a disseminação desenfreada de fake news e discursos de ódio, devia olhar também para a proteção dos usuários. Mas nem uma coisa nem outra parecem avançar no Congresso.
A regulação das plataformas digitais, para além de combater a disseminação desenfreada de fake news e discursos de ódio, devia olhar também para a proteção dos usuários. Mas nem uma coisa nem outra parecem avançar no Congresso.
Esta semana passei por isso e constatei o tamanho do descaso da Meta para com os usuários do WhatsApp.
Quando você tem o cartão de crédito/débito perdido ou roubado, você comunica seu banco e seu cartão é imediatamente bloqueado.
Quando você tem o cartão de crédito/débito perdido ou roubado, você comunica seu banco e seu cartão é imediatamente bloqueado.
Mas quando sua conta de WhatsApp é roubada/clonada pelos bandidos, você não consegue o bloqueio dela imediatamente. Ao longo de todo o dia de segunda-feira, 6, os bandidos clonadores escreveram para pessoas de meus contatos, como se fosse eu, pedindo pix e pagamentos de boletos. Nem sei ainda quantas pessoas foram procuradas. Apenas uma caiu no golpe e fez um depósito, mas pode ser que alguém mais tenha caído e eu nem saiba.
A Meta é uma empresa sem rosto e sem telefone. O máximo que você consegue é mandar uma mensagem para um serviço de ajuda que lhe responde de forma automática, com orientações que nada resolvem.
O que você deve fazer é tentar recuperar a conta, pedindo o envio de um código por SMS. Acontece que os bandidos já decifraram uma regra do serviço. Se você inserir um código errado, passará algumas horas sem poder pedir outro. Então eles vão fazendo isso periodicamente e você não consegue receber um código. O WhatsApp responde que, como você inseriu um código errado, só poderá pedir outro dentro de algumas horas. Enquanto isso, eles vão usando sua conta e aplicando golpes nas pessoas de seus contatos.
E da Meta, não vem socorro para o seu desespero. Não há como falar com um ser humano. Enquanto isso, seu telefone toca o tempo todo com pessoas querendo confirmar o pedido de dinheiro ou te avisar que sua conta deve estar clonada.
Alguém me disse para bloquear a linha telefônica. Como estava impossível conseguir isso por telefone, fui à Vivo pessoalmente e pedi o bloqueio da linha. E tal como me avisaram, não adiantou. Os bandidos continuavam usando a conta para achacar pessoas em meu nome. Algumas receberam mensagens que, além da minha foto, tinham ao fundo o áudio de uma transmissão da TV 247, em que apareciam minha voz e as de outros jornalistas do nosso canal. Eu dizia no texto estar no ar e não poder fazer um pagamento naquela hora, pedia a ajuda do amigo ou amiga.
Finalmente à noite, talvez porque os bancos já estivessem fechados ou porque se cansaram de digitar códigos errados, consegui receber um novo código e interromper o uso da conta.
Mas nem tudo estava resolvido. Eu não conseguia recuperar a conta. Lendo as instruções do WhatsApp entendi que terei de esperar sete dias. Isso porque os bandidos ativaram a confirmação em duas etapas, criando um PIN que desconheço. E só posso obter um novo PIN em sete dias. Isso é um absurdo completo. E não adianta entrar na Ajuda do WhatsApp por lá está escrito que não há como reduzir o prazo.
Conformada, tenho de devolver dezenas de chamadas que não pude atender, de pessoas que foram molestadas, para explicar o ocorrido. E tenho que ir à polícia. Afinal eles deixaram contas bancárias e números de CPF com as pessoas que incomodaram e isso pode ajudar nas investigações. Na Delegacia de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil nada consigo. Lá, quem pode fazer denúncia é a vítima e se o valor capturado for superior a 60 salários-mínimos. Eles consideram vítima aquele que depositou dinheiro para os bandidos e não quem teve a conta clonada. Na delegacia comum anotam seus dados e dizem que vão encaminhar para a delegacia especializada.
Então, nada a fazer. Não há quem possa te socorrer. Contei apenas com a atenção das dezenas de pessoas que foram incomodadas e trataram de me avisar, e com a ajuda da equipe do Brasil 247, que também fez o possível. Agradeço especialmente ao Nicolas, mas com a Meta ninguém pode. Continuo trabalhando em condições precárias, sem dispor do aplicativo para as comunicações com a equipe 247 e com as fontes e interlocutores.
Este serviço precisa de melhor regulamentação. No mínimo, WhatsApp deve oferecer aos usuários um canal em que possam pedir o imediato bloqueio de uma conta clonada.
A Meta é uma empresa sem rosto e sem telefone. O máximo que você consegue é mandar uma mensagem para um serviço de ajuda que lhe responde de forma automática, com orientações que nada resolvem.
O que você deve fazer é tentar recuperar a conta, pedindo o envio de um código por SMS. Acontece que os bandidos já decifraram uma regra do serviço. Se você inserir um código errado, passará algumas horas sem poder pedir outro. Então eles vão fazendo isso periodicamente e você não consegue receber um código. O WhatsApp responde que, como você inseriu um código errado, só poderá pedir outro dentro de algumas horas. Enquanto isso, eles vão usando sua conta e aplicando golpes nas pessoas de seus contatos.
E da Meta, não vem socorro para o seu desespero. Não há como falar com um ser humano. Enquanto isso, seu telefone toca o tempo todo com pessoas querendo confirmar o pedido de dinheiro ou te avisar que sua conta deve estar clonada.
Alguém me disse para bloquear a linha telefônica. Como estava impossível conseguir isso por telefone, fui à Vivo pessoalmente e pedi o bloqueio da linha. E tal como me avisaram, não adiantou. Os bandidos continuavam usando a conta para achacar pessoas em meu nome. Algumas receberam mensagens que, além da minha foto, tinham ao fundo o áudio de uma transmissão da TV 247, em que apareciam minha voz e as de outros jornalistas do nosso canal. Eu dizia no texto estar no ar e não poder fazer um pagamento naquela hora, pedia a ajuda do amigo ou amiga.
Finalmente à noite, talvez porque os bancos já estivessem fechados ou porque se cansaram de digitar códigos errados, consegui receber um novo código e interromper o uso da conta.
Mas nem tudo estava resolvido. Eu não conseguia recuperar a conta. Lendo as instruções do WhatsApp entendi que terei de esperar sete dias. Isso porque os bandidos ativaram a confirmação em duas etapas, criando um PIN que desconheço. E só posso obter um novo PIN em sete dias. Isso é um absurdo completo. E não adianta entrar na Ajuda do WhatsApp por lá está escrito que não há como reduzir o prazo.
Conformada, tenho de devolver dezenas de chamadas que não pude atender, de pessoas que foram molestadas, para explicar o ocorrido. E tenho que ir à polícia. Afinal eles deixaram contas bancárias e números de CPF com as pessoas que incomodaram e isso pode ajudar nas investigações. Na Delegacia de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil nada consigo. Lá, quem pode fazer denúncia é a vítima e se o valor capturado for superior a 60 salários-mínimos. Eles consideram vítima aquele que depositou dinheiro para os bandidos e não quem teve a conta clonada. Na delegacia comum anotam seus dados e dizem que vão encaminhar para a delegacia especializada.
Então, nada a fazer. Não há quem possa te socorrer. Contei apenas com a atenção das dezenas de pessoas que foram incomodadas e trataram de me avisar, e com a ajuda da equipe do Brasil 247, que também fez o possível. Agradeço especialmente ao Nicolas, mas com a Meta ninguém pode. Continuo trabalhando em condições precárias, sem dispor do aplicativo para as comunicações com a equipe 247 e com as fontes e interlocutores.
Este serviço precisa de melhor regulamentação. No mínimo, WhatsApp deve oferecer aos usuários um canal em que possam pedir o imediato bloqueio de uma conta clonada.
0 comentários:
Postar um comentário