domingo, 8 de dezembro de 2024

Ganhar as mentes para impor seu domínio

Ilustração do site CubaInformación
Por Jair de Souza

Muito se fala de como os países imperialistas recorrem a seu imenso poderio militar para fazer valer seus desígnios sobre os países de menor potencial bélico. De igual maneira, sabemos que o imperialismo também se impõe através de seu avassalador controle dos mecanismos econômicos vigentes no mundo.

No entanto, além disso, a hegemonia imperialista se utiliza de outras ferramentas de subjugação que, à primeira vista, são muito mais difíceis de detectar. Porém, na verdade, é preciso ter consciência de que nenhum processo que mantém umas nações submetidas a outras pode se estender ao longo do tempo com base tão somente em sua superioridade militar e econômica.

Para que tenham condições de exercer seu domínio de modo a tirar proveito de sua posição de hegemonia, as potências imperialistas precisam conseguir que pelo menos uma parcela substancial das pessoas pertencentes aos grupos dos dominados aceite sem resistência a dominação que lhes é imposta.

Por isso, paralelamente à edificação de seu poder bélico stricto sensus, as potências imperialistas dão muita atenção à estruturação de um sistema que lhes possibilite conquistar as mentes de um número significativo de cidadãos das nações submetidas, para que estes venham, na prática, a atuar como representantes dos interesses do poder imperialista junto ao conjunto da população.

Mas, o trabalho de domesticação ideológica não se restringe a pessoas e setores abertamente identificados com as classes dominantes. Uma das tarefas da central de impulsionamento ideológico do imperialismo é dividir a esquerda e inviabilizar aqueles que propõem a substituição do sistema capitalista. Por isso, fortes investimentos são feitos de modo a cooptar elementos e agrupações que possam inviabilizar a unidade daqueles que realmente desejam levar adiante mudanças sociais que ponham em xeque o sistema capitalista. Em outras palavras, são bem-vindas organizações que se autoclassifiquem como de esquerda, desde que suas lutas se limitem a questões identitárias e de costume, e não questionem a política de alinhamento geopolítico do imperialismo.

O vídeo disponível no enlace (https://www.dailymotion.com/video/x9a2tco) está associado às palavras deste texto. Temos ali o caso que foi apelidado de a OTAN Cultural, ou seja, o enorme e bem arquitetado sistema desenvolvido pelos órgãos de inteligência (espionagem) dos Estados Unidos com o objetivo de combater na Europa a propagação de ideias e visões de mundo que contrariassem os interesses que davam razão de ser aos Estados Unidos como potência imperialista com pretensões de dominação mundial.

Se dedicarmos nossa atenção ao conteúdo do vídeo indicado, vamos nos dar conta de que, longe de se tratar de um fenômeno tão somente do passado, o esquema idealizado para servir como ponta de lança da ideologia imperialista estadunidense continua em plena vigência nos dias de hoje e, provavelmente, atuando com até mais intensidade do que acontecia em seus primeiros momentos.

E para que fique evidente que não se trata tão somente de um assunto relacionado com países europeus, basta que nos lembremos de como se formaram e operam no Brasil certas organizações financiadas pelas grandes fundações da potência norteamericana. Se ninguém ainda tiver pensado em movimentos do tipo do M.B.L., pelo lado abertamente de direita, é hora de pensar. Porém, se quisermos nos aventurar também por sua faceta de “esquerda”, certamente encontraremos vários exemplos de evidente tabatização.

De todas maneiras, vale muito a pena ver este vídeo e debater seu conteúdo com quantos for possível. Foi por ter esta preocupação que me dediquei a traduzi-lo ao português e legendá-lo. Espero que possa ser útil para elevar nosso nível de consciência a respeito dos desafios com os quais nos temos de defrontar.

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