Por Altamiro Borges
Os bolsonaristas mais estridentes e raivosos, que usam as redes antissociais para lacrar, espalhar ódio e fake news e se projetar politicamente, estão na berlinda. Não escapa um! Na semana passada, a Polícia Federal indiciou o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) por desvio de grana da sua cota parlamentar. Ele é investigado pelos crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e peculato (subtração ou desvio de recursos públicos).
O escândalo é antigo, mas só agora o deputado foi indiciado. Gustavo Gayer foi alvo de uma operação da Polícia Federal em outubro de 2024. As investigações revelaram que uma associação criminosa utilizou documentos falsos para a criação de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que tinha como objetivo captar recursos da cota parlamentar de Gustavo Gayer de forma criminosa. Na época, o relatório foi enviado pela PF ao Supremo Tribunal Federal.
A investigação comprovou que o quadro social da Oscip era composto por crianças de 1 a 9 anos. A operação policial recebeu o nome de “Discalculia”, um transtorno de aprendizagem relacionado a números, “porque foi identificada falsificação na Ata de Assembleia da constituição da Oscip, consistente em data retroativa (ano de 2003)”. Conforme relembra o site UOL, “na operação, a PF apreendeu mais de R$ 70 mil em dinheiro vivo com um assessor de Gayer. Ao todo, a corporação cumpriu 19 mandados de busca em Brasília e em mais quatro cidades de Goiás: Cidade Ocidental, Valparaíso de Goiás, Aparecida de Goiânia e Goiânia”.
Ironias e provocações do bolsonarista
Diante do indiciamento, o deputado-lacrador tentou desqualificar a apuração da Polícia Federal. Em vídeo enviado à imprensa, o bolsonarista ironizou: “Descobriram minha associação criminosa. Acabei de ser indiciado. Não só eu, mas praticamente todo meu gabinete aqui em Goiânia e até mesmo meu filho. Fomos todos indiciados por [ser] uma associação criminosa que tinha como objetivo esconder uma escola de inglês dentro do meu escritório político e uma lojinha de roupa online que nunca vendeu porcaria nenhuma... A casa caiu”.
Segundo o falastrão, famoso por suas mentiras, a escola de inglês foi aberta em 2013 e fechada na pandemia da Covid. Depois, o local virou uma “lojinha” para vender produtos da sua campanha eleitoral. “Não tinha mais escola de inglês, mas só que, como saí em 2020 e voltei em 2022, nunca mudei o contrato social. Eu esqueci de mudar o contrato social. A PF do Alexandre de Moraes está usando isso para falar que tinha uma escola de inglês no meu escritório político. Tão dizendo que isso aqui era uma escola de inglês e que pagava o aluguel disso aqui com cota parlamentar”.
A desculpa esfarrapada de Gustavo Gayer, porém, não convenceu a Polícia Federal. Pré-candidato ao Senado por Goiás, ele terá de arrumar outras justificativas e não adianta posar de valentão e irônico. Com a prisão de Jair Bolsonaro, chefão da Orcrim (organização criminosa), o reinado bolsonarista parece mais fragilizado.

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