Reproduzo dois textos publicados no sítio da União da Juventude Socialista:
Em iniciativa inédita, a blogosfera responsável pelo conteúdo de contraponto à mídia tradicional dos jornalões e das grandes emissoras promove nos próximos dias 21 e 22 de agosto o 1º Encontro dos Blogueiros Progressistas, que será realizado no Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, na rua Genebra, 25, ao lado da Câmara Municipal em São Paulo. O evento reunirá as principais vozes da mídia alternativa e contará com palestras, oficinas sobre twitter, videoweb, rastreamento de trolls e debates sobre a sustentabilidade financeira dos blogs.
Além da possibilidade de trocar ideias com jornalistas do calibre de Luiz Carlos Azenha, Paulo Henrique Amorim, Rodrigo Vianna e Altamiro Borges, entre outros, o encontro é uma oportunidade de ouro para que a União da Juventude Socialista dê o pontapé inicial na formação da Frente de Jovens Comunicadores, aprovada no 15º Congresso Nacional da entidade em junho passado.
Dessa forma, a direção nacional convoca todos os filiados a participarem do encontro e aproveita para fazer um mapeamento de seus blogueiros pelo Brasil. A intenção é transformar a Frente de Comunicadores num importante agregador de formadores de opinião, aproveitando a brecha deixada pela crise de identidade e credibilidade cada vez mais latente de uma mídia envelhecida e que historicamente vem defendendo os interesses das forças conservadoras.
Vale lembrar que as inscrições custam R$ 20 para estudantes. Os demais interessados investirão R$100 e aqueles que são de fora de São Paulo podem comprar passagens aéreas com desconto na companhia Gol, além de contar com esquema de hospedagem voluntária. O Encontro de Blogueiros tem ainda um perfil no twitter, com as últimas novidades do evento.
Disponibilizamos um formulário cujo preenchimento é essencial para que a UJS consiga fazer um mapeamento preciso de seus comunicadores e mantenha um relacionamento mais próximo e direto com cada um de nossos blogueiros. Chegou a hora da Frente de Jovens Comunicadores da UJS mostrar a cara!
Artigo de Theófilo Rodrigues
O italiano Antonio Gramsci já nos ensinou em seus Cadernos do Cárcere que o papel da organização revolucionária é anunciar e organizar “uma reforma intelectual e moral, o que significa, de resto, criar o terreno para um novo desenvolvimento da vontade coletiva nacional-popular no sentido da realização de uma forma superior e total de civilização moderna”: o socialismo. Mas como cumprir essa tarefa? Como anunciar essa reforma intelectual e moral se os “aparelhos privados de hegemonia” (expressão gramsciana) ou os “aparelhos ideológicos de Estado” (expressão althusseriana) estão nas mãos das classes ou frações de classe dominantes?
Antes de mais nada é preciso ter claro que esses aparelhos podem estar majoritariamente nas mãos da ideologia dominante, mas isso não quer dizer que sempre estarão ou que não possam ser disputados. Em segundo lugar, é preciso recordarmos de Marx: o avanço das forças produtivas, em especial o avanço tecnológico, de acordo com nossas movimentações, pode estar a nosso favor.
Vejamos o caso do fim de um dos mais tradicionais jornais de nossa história: o Jornal do Brasil. Anunciou recentemente o fim de sua edição escrita, mas garantiu seu funcionamento na internet. O fim do JB não pode ser entendido apenas como uma crise isolada, mas sim como crise estrutural da mídia impressa que a cada ano vê sua tiragem se reduzir. É apenas o primeiro de muitos outros que fecharão graças à universalização da internet. Claro que a mídia impressa ainda tem seu papel a cumprir, afinal de contas a universalização da internet ainda vai demorar alguns anos no Brasil. Há de se mencionar o importante papel da Telebrás para cumprir o Plano Nacional de Banda Larga que universalizará a internet no país.
Agora, devemos estar preparados desde já. A “agitação e propaganda” do passado (agitprop) se dá cada vez mais no mundo da internet. O 15º. Congresso Nacional da União da Juventude Socialista, realizado em Salvador, foi um marco nesse debate: lá aprovamos a criação da Frente de Jovens Comunicadores da UJS. É tarefa dessa nova frente garantir que cada militante da UJS seja uma efetiva trincheira midiática. Precisamos que cada militante tenha seu próprio blog e twitter para divulgar nossas idéias. Apesar de sermos milhares e mais milhares de jovens, apenas 1.700 militantes da UJS estão no twitter e menos de uma centena possuem blogs. É preciso garantir que cada núcleo da UJS espalhado pelo país possua seu próprio blog e twitter.
Nos dias 21 e 22 de agosto próximo acontecerá o I Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas na cidade de São Paulo. Se você é militante da UJS e possui um blog, prepare-se para esse encontro. Devemos aproveitar essa oportunidade para nossa formação e organização. Afinal de contas, não somos uma armada Brancaleone, mas sim a maior organização de juventude política do Brasil!
* Theófilo Rodrigues é secretário estadual de formação da UJS-RJ, mestrando do programa de pós-graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense e blogueiro dos “Fatos Sociais” e do “Observatório do PIG”.
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segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Imprensa brasileira “sai do armário”
Reproduzo artigo de João Humberto Venturini, publicado no Observatório da Imprensa:
A expressão "sair do armário" virou moda depois que o cantor e ex-menudo Rick Martin assumiu ser gay. Não é objetivo deste artigo discutir sobre o preconceito, muito menos o cantor. Essa expressão representa que alguém se assumiu, ou simplesmente "tirou a máscara", ou seja, revelou aquilo que todos já sabiam. Com a grande imprensa brasileira aconteceu a mesma coisa quando, há algumas semanas, a presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e executiva do jornal Folha de S.Paulo, Maria Judith Brito, deu a seguinte declaração ao jornal O Globo:
"E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada."
Essa frase representa o que muitos já sabiam, ou seja, que a grande imprensa no Brasil se tornou um verdadeiro partido político. Os principais membros desse partido são controlados por famiglias poderosas, como Abril (Civita), Estado (Mesquita), Folha (Frias) e Globo (Marinho). Esse partido da imprensa, que é chamado também de PIG (Partido da Imprensa Golpista) na internet, atua geralmente como porta-voz da oposição e, ás vezes, como um partido apêndice destes. Ora a imprensa reverbera e apóia incondicionalmente todas as acusações da oposição ao governo Lula (atuando como porta-voz desta), ora escandaliza qualquer coisa e produz factóides para a oposição explorar, fazendo assim uma "dobradinha" oposicionista (atuando como partido apêndice).
Escândalos são exclusividade do PT
Antes de Lula ser eleito, a imprensa apoiou o governo tucano durante os oito anos do "reinado FHC" e já era partidária, mas ainda não agia como um partido. Depois da eleição e reeleição do presidente Lula começou a radicalização e transformação do partido da imprensa. Ficaram decepcionados por a oposição PSDB/PFL (atual DEM) não ter dado o golpe e tirado Lula do poder em 2005.
Fazer papel de oposição não é função da imprensa em um regime democrático, pois investigar as ações de um governo não significa manipular informações e mentir para beneficiar um grupo político. Infelizmente, é isso que a imprensa faz, pois usa pesos e medidas diferentes no campo político. No Brasil, as notícias a serem destaques e a produzir escândalos referem-se quase exclusivamente ao PT. Mesmo com o atual escândalo envolvendo o "ex"-partido de Arruda, o PFL (vulgo DEM), a mídia restringiu o escândalo ao "DEM de Brasília". O resto do partido "não sabia de nada" e o fato de ele ser preterido na chapa com José Serra nunca é lembrado pela imprensa. O que não ocorreria se ele fosse possível vice de Dilma Rousseff (PT), por exemplo. Mesmo no caso do chamado "mensalão do PT", quando viu que o operador Marcos Valério tinha feito o mesmo esquema com o PSDB de Minas Gerais anos antes, a mídia perdeu o interesse no assunto e chamou o caso de "mensalão mineiro" e não de "mensalão tucano".
Exemplos evidentes de partidarização
Atualmente, o partido da imprensa anda preocupado e nessas eleições vai jogar todas as cartas para eleger seu candidato, José Serra (PSDB). O terreno vem sendo preparado desde que Serra se elegeu governador do estado, descumprindo o compromisso público de não deixar a prefeitura de São Paulo. A mesma mídia que diz "investigar" minúcias do governo federal não tem nenhum empenho em investigar as ações dos governos estadual e municipal de São Paulo. Um exemplo didático é como foi retratada a tragédia causada pelas chuvas aqui, pois para a mídia a culpa foi exclusivamente das chuvas e de São Pedro. Já no Rio de Janeiro, a culpa foi inteiramente do governo federal, como mostram duas recentes capas da "revista" Veja.
Logicamente que tudo isso não é culpa somente das chuvas, mas também por ocupações irregulares (tanto de pobres como de ricos), lixo, falta de fiscalização e falta de políticas públicas voltadas para habitação e infra-estrutura por parte dos governos municipal, estadual e federal. É uma ação conjunta e o que ocorre hoje é resultado também da omissão dos governos anteriores. Ou seja, a imprensa fez o jogo político em cima desses fatos, quando que era para cobrar de todos os governantes.
A radicalização do partido da imprensa se intensificou após verem que a candidata Dilma havia crescido bastante nas pesquisas eleitorais e convocaram um fórum sobre "democracia e liberdade de expressão" por um tal de Instituto Millenium. O evento reuniu os principais representantes desse partido e foi realizado em um hotel de luxo e quem se inscreveu desembolsou R$ 500 para ouvir figuras como o blogueiro, colunista e assessor de imprensa tucano da "revista" Veja Reinaldo Azevedo e o verdadeiro cheerleader tucano da televisão, Arnaldo Jabor. Ali, o partido praticamente revelou as diretrizes a serem seguidas nessa campanha eleitoral e despejou os chavões mais delirantes e paranóicos.
Disseram que o PT era o partido a ser combatido porque é contra a liberdade de imprensa e também alertaram para o perigo (será que vão chamar de novo a Regina Duarte para propagar o medo?) de a Dilma implantar um "regime stalinista" no país. Para eles, a liberdade só virá com Serra e disseram que festejarão quando ele ganhar. Jabor expôs o verdadeiro stalinismo quando disse que o "pensamento de uma velha esquerda não deveria mais existir", ou seja, essa é a liberdade de imprensa que ele, seu patrão e colegas de partido querem e praticam hoje no Brasil. É aquela que censura a diversidade de opiniões cerceando a liberdade de expressão que tanto falam, mas na verdade desprezam. Aliás, eventos parecidos com este foram feitos pela mesma imprensa antes do golpe de 64, o que revela a face golpista destes. Até o momento vários exemplos da partidarização midiática estão cada vez mais evidentes nas revistas, jornais, rádios e televisão.
Politização de institutos de pesquisa
Começo com a jornalista da Folha, Eliane Catanhêde, que estava super animada e empolgada no lançamento da candidatura do Serra. Em um vídeo que ela gravou para o site da Folha mostra bem isso. Nele, ela diz que a festa tucana estava tão cheia de gente, que parecia um partido de "massas". Mas, segundo ela, um alto membro do tucanato disse que era uma "massa cheirosa"! Ou seja, o PSDB é o partido da massa cheirosa. Ela, no mínimo, fez as palavras do suposto tucano as dela e expôs todo o preconceito de classe não só pessoal, mas do partido que representa.
Os jornalões paulistas, Estadão e Folha, são tão tucanos que até nas brigas internas do partido eles são usados para mandar recado. Faz uns dois anos, o jornal Estado de Minas e o Estadão trocaram ofensas em editoriais porque um ofendeu o governador do estado do outro, no caso Serra e Aécio. Recentemente, a Folha (porta-voz de Serra) e o Estadão (porta-voz de FHC) também fizeram algo semelhante como em relação a Serra supostamente não querer comparar o governo FHC e Lula.
Outro exemplo foi a briga dos institutos de pesquisa, quando o Datafolha se destacou pela discrepância dos seus resultados com outros dois institutos, o Sensus e o Vox Populi. O pior foi o Datafolha atacar diretamente seus concorrentes com várias acusações e parece desesperado para fazer a candidatura Serra alavancar de vez. Isso expôs como esses institutos são usados politicamente e podem ser manipulados, mas é difícil imaginar que a pesquisa do Vox Populi, que foi encomendada pela Bandeirantes (do âncora Boris Casoy), tenha sido manipulada para beneficiar a Dilma. Não dá para acreditar que, de repente, Boris Casoy e cia. aderiram ao lulismo. Já o Ibope, que é da Globo, vai fazer a dobradinha com o Datafolha na campanha para o Serra.
"Independência" e censura prévia
Para finalizar os exemplos, o vídeo da recente propaganda da Rede Globo que foi ao ar no último domingo, 18/04/10. É muita "coincidência" que o slogan da propaganda da emissora seja idêntico ao slogan lançado pela campanha do Serra ("o Brasil pode mais") e ainda no final ter o número 45 representando o tempo de sua existência parecidíssimo com o 45 da legenda tucana. Deve ser uma coincidência pelo fato de Serra ter feito "acordo" com a Globo sobre o terreno público que a emissora usou durante 11 anos como privado, com a construção de uma escola técnica de áudio e vídeo. Ou também pelo fato do pupilo de Serra, o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, ter vetado a proposta que mudava os horários dos jogos em São Paulo. E agora, os tucanos deram mais um presente para a emissora, assinando a revista Terra da Gente, da editora Globo, para todas as escolas do estado de São Paulo. Aliás, esse tipo de agrado os tucanos gostam de fazer para o partido da imprensa, pois desde o ano passado, Serra assinou as revistas Escola e Veja, da editora Abril, e também os jornais Folha e Estadão para todas as escolas do estado.
Tudo isso exemplifica como o partido da imprensa vai atuar nessas eleições, ou seja, vai ser guerra suja contra os candidatos que não apóiam. Na verdade, isso sempre ocorreu, mas agora está acontecendo uma radicalização. Por exemplo, o jornal Folha de S.Paulo publicou uma ficha falsa da Dilma (a qual rodou por algumas correntes de e-mail) e tentou culpar diretamente Lula pelas tragédias aéreas acusando-o de "assassinato" dessas pessoas.
Outro exemplo é a Veja dar uma capa a Serra com mãozinha no rosto e super feliz e colocando essa capa como propaganda da revista nas bancas, sendo que fez o mesmo com Alckmin em 2006, mas na época foi mais ousada e expôs outdoors em São Paulo. Também recorreu até a astrologia para dizer que Serra vai ser eleito. É a propaganda política pura e suja do partido da imprensa.
Enfim, a atitude de dona Judith em assumir a partidarização da imprensa foi corajosa e deveria ser seguida e assumida de vez por todos os grupos de comunicação. Isso seria bom para a democracia no país, pois deixaria explícito de vez os motivos de apoiarem tal candidato. Em vez disso, preferem se esconder atrás de um manto falso de imparcialidade e "independência" que alegam possuir e ao mesmo tempo praticam a censura prévia de opiniões em suas publicações, tanto de leitores quanto de jornalistas.
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A expressão "sair do armário" virou moda depois que o cantor e ex-menudo Rick Martin assumiu ser gay. Não é objetivo deste artigo discutir sobre o preconceito, muito menos o cantor. Essa expressão representa que alguém se assumiu, ou simplesmente "tirou a máscara", ou seja, revelou aquilo que todos já sabiam. Com a grande imprensa brasileira aconteceu a mesma coisa quando, há algumas semanas, a presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e executiva do jornal Folha de S.Paulo, Maria Judith Brito, deu a seguinte declaração ao jornal O Globo:
"E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada."
Essa frase representa o que muitos já sabiam, ou seja, que a grande imprensa no Brasil se tornou um verdadeiro partido político. Os principais membros desse partido são controlados por famiglias poderosas, como Abril (Civita), Estado (Mesquita), Folha (Frias) e Globo (Marinho). Esse partido da imprensa, que é chamado também de PIG (Partido da Imprensa Golpista) na internet, atua geralmente como porta-voz da oposição e, ás vezes, como um partido apêndice destes. Ora a imprensa reverbera e apóia incondicionalmente todas as acusações da oposição ao governo Lula (atuando como porta-voz desta), ora escandaliza qualquer coisa e produz factóides para a oposição explorar, fazendo assim uma "dobradinha" oposicionista (atuando como partido apêndice).
Escândalos são exclusividade do PT
Antes de Lula ser eleito, a imprensa apoiou o governo tucano durante os oito anos do "reinado FHC" e já era partidária, mas ainda não agia como um partido. Depois da eleição e reeleição do presidente Lula começou a radicalização e transformação do partido da imprensa. Ficaram decepcionados por a oposição PSDB/PFL (atual DEM) não ter dado o golpe e tirado Lula do poder em 2005.
Fazer papel de oposição não é função da imprensa em um regime democrático, pois investigar as ações de um governo não significa manipular informações e mentir para beneficiar um grupo político. Infelizmente, é isso que a imprensa faz, pois usa pesos e medidas diferentes no campo político. No Brasil, as notícias a serem destaques e a produzir escândalos referem-se quase exclusivamente ao PT. Mesmo com o atual escândalo envolvendo o "ex"-partido de Arruda, o PFL (vulgo DEM), a mídia restringiu o escândalo ao "DEM de Brasília". O resto do partido "não sabia de nada" e o fato de ele ser preterido na chapa com José Serra nunca é lembrado pela imprensa. O que não ocorreria se ele fosse possível vice de Dilma Rousseff (PT), por exemplo. Mesmo no caso do chamado "mensalão do PT", quando viu que o operador Marcos Valério tinha feito o mesmo esquema com o PSDB de Minas Gerais anos antes, a mídia perdeu o interesse no assunto e chamou o caso de "mensalão mineiro" e não de "mensalão tucano".
Exemplos evidentes de partidarização
Atualmente, o partido da imprensa anda preocupado e nessas eleições vai jogar todas as cartas para eleger seu candidato, José Serra (PSDB). O terreno vem sendo preparado desde que Serra se elegeu governador do estado, descumprindo o compromisso público de não deixar a prefeitura de São Paulo. A mesma mídia que diz "investigar" minúcias do governo federal não tem nenhum empenho em investigar as ações dos governos estadual e municipal de São Paulo. Um exemplo didático é como foi retratada a tragédia causada pelas chuvas aqui, pois para a mídia a culpa foi exclusivamente das chuvas e de São Pedro. Já no Rio de Janeiro, a culpa foi inteiramente do governo federal, como mostram duas recentes capas da "revista" Veja.
Logicamente que tudo isso não é culpa somente das chuvas, mas também por ocupações irregulares (tanto de pobres como de ricos), lixo, falta de fiscalização e falta de políticas públicas voltadas para habitação e infra-estrutura por parte dos governos municipal, estadual e federal. É uma ação conjunta e o que ocorre hoje é resultado também da omissão dos governos anteriores. Ou seja, a imprensa fez o jogo político em cima desses fatos, quando que era para cobrar de todos os governantes.
A radicalização do partido da imprensa se intensificou após verem que a candidata Dilma havia crescido bastante nas pesquisas eleitorais e convocaram um fórum sobre "democracia e liberdade de expressão" por um tal de Instituto Millenium. O evento reuniu os principais representantes desse partido e foi realizado em um hotel de luxo e quem se inscreveu desembolsou R$ 500 para ouvir figuras como o blogueiro, colunista e assessor de imprensa tucano da "revista" Veja Reinaldo Azevedo e o verdadeiro cheerleader tucano da televisão, Arnaldo Jabor. Ali, o partido praticamente revelou as diretrizes a serem seguidas nessa campanha eleitoral e despejou os chavões mais delirantes e paranóicos.
Disseram que o PT era o partido a ser combatido porque é contra a liberdade de imprensa e também alertaram para o perigo (será que vão chamar de novo a Regina Duarte para propagar o medo?) de a Dilma implantar um "regime stalinista" no país. Para eles, a liberdade só virá com Serra e disseram que festejarão quando ele ganhar. Jabor expôs o verdadeiro stalinismo quando disse que o "pensamento de uma velha esquerda não deveria mais existir", ou seja, essa é a liberdade de imprensa que ele, seu patrão e colegas de partido querem e praticam hoje no Brasil. É aquela que censura a diversidade de opiniões cerceando a liberdade de expressão que tanto falam, mas na verdade desprezam. Aliás, eventos parecidos com este foram feitos pela mesma imprensa antes do golpe de 64, o que revela a face golpista destes. Até o momento vários exemplos da partidarização midiática estão cada vez mais evidentes nas revistas, jornais, rádios e televisão.
Politização de institutos de pesquisa
Começo com a jornalista da Folha, Eliane Catanhêde, que estava super animada e empolgada no lançamento da candidatura do Serra. Em um vídeo que ela gravou para o site da Folha mostra bem isso. Nele, ela diz que a festa tucana estava tão cheia de gente, que parecia um partido de "massas". Mas, segundo ela, um alto membro do tucanato disse que era uma "massa cheirosa"! Ou seja, o PSDB é o partido da massa cheirosa. Ela, no mínimo, fez as palavras do suposto tucano as dela e expôs todo o preconceito de classe não só pessoal, mas do partido que representa.
Os jornalões paulistas, Estadão e Folha, são tão tucanos que até nas brigas internas do partido eles são usados para mandar recado. Faz uns dois anos, o jornal Estado de Minas e o Estadão trocaram ofensas em editoriais porque um ofendeu o governador do estado do outro, no caso Serra e Aécio. Recentemente, a Folha (porta-voz de Serra) e o Estadão (porta-voz de FHC) também fizeram algo semelhante como em relação a Serra supostamente não querer comparar o governo FHC e Lula.
Outro exemplo foi a briga dos institutos de pesquisa, quando o Datafolha se destacou pela discrepância dos seus resultados com outros dois institutos, o Sensus e o Vox Populi. O pior foi o Datafolha atacar diretamente seus concorrentes com várias acusações e parece desesperado para fazer a candidatura Serra alavancar de vez. Isso expôs como esses institutos são usados politicamente e podem ser manipulados, mas é difícil imaginar que a pesquisa do Vox Populi, que foi encomendada pela Bandeirantes (do âncora Boris Casoy), tenha sido manipulada para beneficiar a Dilma. Não dá para acreditar que, de repente, Boris Casoy e cia. aderiram ao lulismo. Já o Ibope, que é da Globo, vai fazer a dobradinha com o Datafolha na campanha para o Serra.
"Independência" e censura prévia
Para finalizar os exemplos, o vídeo da recente propaganda da Rede Globo que foi ao ar no último domingo, 18/04/10. É muita "coincidência" que o slogan da propaganda da emissora seja idêntico ao slogan lançado pela campanha do Serra ("o Brasil pode mais") e ainda no final ter o número 45 representando o tempo de sua existência parecidíssimo com o 45 da legenda tucana. Deve ser uma coincidência pelo fato de Serra ter feito "acordo" com a Globo sobre o terreno público que a emissora usou durante 11 anos como privado, com a construção de uma escola técnica de áudio e vídeo. Ou também pelo fato do pupilo de Serra, o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, ter vetado a proposta que mudava os horários dos jogos em São Paulo. E agora, os tucanos deram mais um presente para a emissora, assinando a revista Terra da Gente, da editora Globo, para todas as escolas do estado de São Paulo. Aliás, esse tipo de agrado os tucanos gostam de fazer para o partido da imprensa, pois desde o ano passado, Serra assinou as revistas Escola e Veja, da editora Abril, e também os jornais Folha e Estadão para todas as escolas do estado.
Tudo isso exemplifica como o partido da imprensa vai atuar nessas eleições, ou seja, vai ser guerra suja contra os candidatos que não apóiam. Na verdade, isso sempre ocorreu, mas agora está acontecendo uma radicalização. Por exemplo, o jornal Folha de S.Paulo publicou uma ficha falsa da Dilma (a qual rodou por algumas correntes de e-mail) e tentou culpar diretamente Lula pelas tragédias aéreas acusando-o de "assassinato" dessas pessoas.
Outro exemplo é a Veja dar uma capa a Serra com mãozinha no rosto e super feliz e colocando essa capa como propaganda da revista nas bancas, sendo que fez o mesmo com Alckmin em 2006, mas na época foi mais ousada e expôs outdoors em São Paulo. Também recorreu até a astrologia para dizer que Serra vai ser eleito. É a propaganda política pura e suja do partido da imprensa.
Enfim, a atitude de dona Judith em assumir a partidarização da imprensa foi corajosa e deveria ser seguida e assumida de vez por todos os grupos de comunicação. Isso seria bom para a democracia no país, pois deixaria explícito de vez os motivos de apoiarem tal candidato. Em vez disso, preferem se esconder atrás de um manto falso de imparcialidade e "independência" que alegam possuir e ao mesmo tempo praticam a censura prévia de opiniões em suas publicações, tanto de leitores quanto de jornalistas.
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Família Caiado explora trabalho escravo
Reproduzo artigo de Maurício Hashizume e Rodrigo Rocha, publicado no Repórter Brasil:
Não era apenas a cerca de mourões, por eles mesmos reconstruída a partir do desmate de mata nativa, que impunha limites à dignidade de trabalhadores da Fazenda Santa Mônica, em Natividade (TO). Alojados em cinco barracos de lona e madeira erguidos sob chão de terra em pontos isolados do imóvel e próximos às frentes de trabalho, não tinham acesso a banheiros, água potável, energia elétrica, leitos e alimentação minimamente decentes.
Expostos a riscos e intempéries para demarcar as fronteiras da propriedade e impedir a dispersão do gado do patrão há mais de mês, custeavam ainda as refeições (havia servidão por dívidas, pois os gastos com a comida eram subtraídos pelos "chefes de barraco"), as próprias ferramentas de trabalho e até o combustível das motosserras.
Para completar o quadro de extrema precariedade, sofriam descontos ilegais dos salários na esteira do pagamento por produção e não recebiam os equipamentos de proteção individual (EPIs) exigidos para as atividades. Algumas das carteiras de trabalho estavam retidas com o empregador e muitos não descansavam sequer aos domingos. Viviam nessa situação 18 empregados.
Outros oito estavam alojados num galpão de alvenaria mais próximo à sede da Fazenda Santa Mônica, que servia também como garagem de tratores e depósito de ração, agrotóxicos e todo tipo de material que não tinha mais uso. Quatro tratoristas, dois mecânicos e dois ajudantes de serviços gerais pernoitavam em colchões sujos e improvisados que ficavam até em cima de carroças. Também não havia banheiro e as instalações elétricas irregulares estavam expostas no ambiente completamente cheio de óleo.
No caso dos trabalhadores do galpão, houve registro também de jornadas exaustivas de mais de 13 horas por dia (das 6h às 19h). Nem operadores de motosserra responsáveis pela produção dos mourões e nem tratoristas eram treinados e capacitados para operar as máquinas.
Todo esse quadro foi flagrado pelo grupo móvel de fiscalização - formado por integrantes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) -, em janeiro deste ano, na propriedade de Emival Ramos Caiado Filho, primo do conhecido deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Vice-líder de seu partido na Câmara Federal, Ronaldo atua como um dos principais expoentes da bancada ruralista, ampla coalizão que apresenta resistências dentro do Congresso para a aprovação de medidas mais severas contra escravagistas como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 438/2001, que expropria (sem indenizações) a terra de quem comprovadamente explorar mão de obra escrava.
O grupo móvel lavrou 22 autos de infração referentes à Fazenda Santa Mônica. Entre eles: deixar de efetuar o pagamento integral do salário mensal até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido; prorrogar a jornada de trabalho além do limite legal de duas horas diárias; deixar de conceder descanso semanal de 24 horas consecutivas; manter empregado trabalhando sob condições contrárias às disposições de proteção ao trabalho, e admitir ou manter empregado sem o respectivo registro.
Em depoimento à fiscalização, o gerente confirmou ter contratado os trabalhadores para a manutenção das cercas da fazenda sem que houvesse o fornecimento de alojamento, alimentação, água potável, banheiro, utensílios básicos, ferramentas de trabalho e EPIs.
À Repórter Brasil, o advogado Breno Caiado, irmão e procurador do proprietário Emival, informou que a propriedade estava arrendada a terceiros e foi devolvida ao dono "com suas cercas e instalações de moradia deterioradas e avariadas". Para fazer uma reforma nas estruturas danificadas, adicionou Breno, houve o recrutamento do grupo (a maioria com carteira assinada, segundo a fiscalização) que tomava banho em córregos, utilizava o mato como banheiro e acabou flagrado pelos agentes.
Nas palavras do advogado, "não tinha outro jeito" de garantir melhores condições no local, pois a infra-estrutura é precária e a carência é enorme na região. Os acampamentos, continuou, consistem na única forma possível - independemente do que exige a lei - para dar suporte a empreitadas particulares como a de construção de cercas. Quando chovia, relataram as vítimas, os barracos ficavam alagados.
"Pouco tempo após o início das reformas, a fazenda passou por uma fiscalização em que foram apontadas algumas irregularidades, na visão dos fiscais. Foram atendidas as exigências e concluídas as reformas", justificou Breno, que preferiu não responder outras perguntas feitas pela reportagem.
Não quis se pronunciar, por exemplo, sobre a relação entre o flagrante e a atuação do primo de Emival, Ronaldo Caiado, no âmbito do Parlamento. Tampouco deu mais detalhes sobre a área envolvida, o TAC e os outros negócios do proprietário, declarando apenas que a "Fazenda Santa Monica é exemplo de segurança, organização e higiene do trabalho".
Já a assessoria de Ronaldo Caiado (DEM-TO), que concorre à reeleição no próximo pleito de outubro, declarou que o parlamentar não responde pela conduta de outrem e que não defende quem comete crimes. Sobre o possível constrangimento pelo fato de ter um primo envolvido diretamente em flagrante de escravidão enquanto a PEC do Trabalho Escravo aguarda votação, a assessoria declarou apenas que o congressista está disposto a tratar do assunto no momento em que o mesmo for colocado em pauta.
O valor bruto das rescisões dos trabalhadores foi calculado em R$ 198,6 mil, incluindo as indenizações por dano moral individual (ratificadas pelo MPT) que somaram R$ 39,1 mil. A procuradora do trabalho Elisa Maria Brant de Carvalho Malta, intregrante do grupo móvel, firmou ainda um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que designou a doação de um veículo utilitário e de equipamentos de tratamento odontológico para o distrito de Príncipe, em Natividade (TO), por dano moral coletivo.
Quando entrou em contato com as autoridades locais para acertar a destinação dos equipamentos por conta do TAC, a procuradora soube que o próprio empregador já tinha anunciado ao prefeito que faria "doações" por livre iniciativa, tentando desvincular o pagamento do flagrante ocorrido.
O fazendeiro Emival é irmão de Sérgio Caiado (PP), que também concorre a uma cadeira na Câmara Federal. Sérgio, que já exerceu o cargo na legislatura passada, atua como presidente do partido em Goiás. Em 2005, Emival e Sérgio foram acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) pelo atropelamento de um agente de segurança da Câmara dos Deputados no estacionamento dos fundos do Anexo IV.
Como proposta de transação penal, Emival, que dirigia o carro e teria atendido ordens de Sérgio, sugeriu doar cestas básicas e fraldas geriátricas a uma entidade beneficente de Brasília (DF) por seis meses e depositar R$ 1 mil para o Programa Fome Zero. O MPF aceitou a forma de punição do acusado, que foi confirmada no Supremo Tribunal Federal (STF).
Incentivos
O dono da área inspecionada é proprietário da Rialma Companhia Enegática S/A e possui duas usinas hidrelétricas - Santa Edwiges II (13 mil kW) e Santa Edwiges III (11,6 mil kW), no Estado de Goiás. Foi ainda beneficiado por R$ 746,7 mil recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) na compra de 1 mil matrizes e 34 touros de gado nelore e custeio para outra fazenda que mantém em São Domingos (GO).
A Sul Amazônia S/A Terraplenagem e Agropastoril, que teve projetos aprovados pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e chegou a participar da carteira do Fundo de Investimento da Amazônia (Finam), é a empresa de Emival por trás da Santa Mônica. Em comunicado divulgado em 12 de abril deste ano, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) suspendeu a Sul Amazônia e outras companhias pelo descumprimento da obrigação de prestar informações á comissão há mais de três anos.
Outro proprietário que teve a fazenda flagrada com trabalho análogo à escravidão na mesma operação foi Reniuton Souza de Moraes. Detentor de uma concessão do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para a exploração de areia em Goiás, Reniuton é dono da Fazenda Olho D’Água, em Monte Alegre de Goiás (GO), que tem 67,6 hectares de área e mantém como principal atividade a criação de gado de corte.
“Os resgatados [da Olho D´Água] estavam ligados a um empreiteiro que instalou uma carvoaria dentro da fazenda”, conta o auditor fiscal do trabalho Leandro de Andrade Carvalho, coordenador do grupo móvel. Dois adolescentes com menos de 18 anos estavam entre os cinco libertados.
Segundo Leandro, os trabalhadores tinham de beber água dos córregos, não havia fornecimento de EPIs e as ferramentas de trabalho eram inadequadas. “Os alojamentos eram barracos feitos de alvenaria e madeira, totalmente improvisados”, conta. "Um deles parecia com um acampamento de selva. Parte da estrutura era feita com lonas plásticas”, complementa.
Não havia banheiro nas frentes de trabalho nem no alojamento; as necessidades fisiológicas eram feitas nos matagais. Os carvoeiros estavam sem registro e recebiam uma diária de acordo com a produção. A jornada de trabalho se estendia enquanto houvesse luz do sol.
De acordo com a fiscalização, Reniuton cedeu 55 hectares ao empreiteiro José César Rodrigues, que ficaria responsável pela derrubada da mata. José aproveitaria a madeira para produção de carvão e entregaria o terreno "limpo" para a implantação do pasto. Não havia dinheiro envolvido na negociação entre as partes. "Esse tipo de acordo é típico nas regiões de fronteira [agrícola], mas se trata de uma terceirização ilícita", completa Leandro.
Um dos trabalhadores estava encarregado da derrubada das árvores e os outros enchiam os fornos e tiravam o carvão. Eles estavam na fazenda há dois meses, relata o auditor. “Eram de cidades próximas e moravam na fazenda durante a semana. Nos fins de semana, voltavam para a casa”.
Reniuton assinou um TAC com o MPT. Foram pagas as verbas rescisórias e lavrados 12 autos de infração. Aos jovens, a procuradora Elisa determinou a abertura de duas cadernetas de poupança com R$ 3 mil por dano moral individual.
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Não era apenas a cerca de mourões, por eles mesmos reconstruída a partir do desmate de mata nativa, que impunha limites à dignidade de trabalhadores da Fazenda Santa Mônica, em Natividade (TO). Alojados em cinco barracos de lona e madeira erguidos sob chão de terra em pontos isolados do imóvel e próximos às frentes de trabalho, não tinham acesso a banheiros, água potável, energia elétrica, leitos e alimentação minimamente decentes.
Expostos a riscos e intempéries para demarcar as fronteiras da propriedade e impedir a dispersão do gado do patrão há mais de mês, custeavam ainda as refeições (havia servidão por dívidas, pois os gastos com a comida eram subtraídos pelos "chefes de barraco"), as próprias ferramentas de trabalho e até o combustível das motosserras.
Para completar o quadro de extrema precariedade, sofriam descontos ilegais dos salários na esteira do pagamento por produção e não recebiam os equipamentos de proteção individual (EPIs) exigidos para as atividades. Algumas das carteiras de trabalho estavam retidas com o empregador e muitos não descansavam sequer aos domingos. Viviam nessa situação 18 empregados.
Outros oito estavam alojados num galpão de alvenaria mais próximo à sede da Fazenda Santa Mônica, que servia também como garagem de tratores e depósito de ração, agrotóxicos e todo tipo de material que não tinha mais uso. Quatro tratoristas, dois mecânicos e dois ajudantes de serviços gerais pernoitavam em colchões sujos e improvisados que ficavam até em cima de carroças. Também não havia banheiro e as instalações elétricas irregulares estavam expostas no ambiente completamente cheio de óleo.
No caso dos trabalhadores do galpão, houve registro também de jornadas exaustivas de mais de 13 horas por dia (das 6h às 19h). Nem operadores de motosserra responsáveis pela produção dos mourões e nem tratoristas eram treinados e capacitados para operar as máquinas.
Todo esse quadro foi flagrado pelo grupo móvel de fiscalização - formado por integrantes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) -, em janeiro deste ano, na propriedade de Emival Ramos Caiado Filho, primo do conhecido deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Vice-líder de seu partido na Câmara Federal, Ronaldo atua como um dos principais expoentes da bancada ruralista, ampla coalizão que apresenta resistências dentro do Congresso para a aprovação de medidas mais severas contra escravagistas como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 438/2001, que expropria (sem indenizações) a terra de quem comprovadamente explorar mão de obra escrava.
O grupo móvel lavrou 22 autos de infração referentes à Fazenda Santa Mônica. Entre eles: deixar de efetuar o pagamento integral do salário mensal até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido; prorrogar a jornada de trabalho além do limite legal de duas horas diárias; deixar de conceder descanso semanal de 24 horas consecutivas; manter empregado trabalhando sob condições contrárias às disposições de proteção ao trabalho, e admitir ou manter empregado sem o respectivo registro.
Em depoimento à fiscalização, o gerente confirmou ter contratado os trabalhadores para a manutenção das cercas da fazenda sem que houvesse o fornecimento de alojamento, alimentação, água potável, banheiro, utensílios básicos, ferramentas de trabalho e EPIs.
À Repórter Brasil, o advogado Breno Caiado, irmão e procurador do proprietário Emival, informou que a propriedade estava arrendada a terceiros e foi devolvida ao dono "com suas cercas e instalações de moradia deterioradas e avariadas". Para fazer uma reforma nas estruturas danificadas, adicionou Breno, houve o recrutamento do grupo (a maioria com carteira assinada, segundo a fiscalização) que tomava banho em córregos, utilizava o mato como banheiro e acabou flagrado pelos agentes.
Nas palavras do advogado, "não tinha outro jeito" de garantir melhores condições no local, pois a infra-estrutura é precária e a carência é enorme na região. Os acampamentos, continuou, consistem na única forma possível - independemente do que exige a lei - para dar suporte a empreitadas particulares como a de construção de cercas. Quando chovia, relataram as vítimas, os barracos ficavam alagados.
"Pouco tempo após o início das reformas, a fazenda passou por uma fiscalização em que foram apontadas algumas irregularidades, na visão dos fiscais. Foram atendidas as exigências e concluídas as reformas", justificou Breno, que preferiu não responder outras perguntas feitas pela reportagem.
Não quis se pronunciar, por exemplo, sobre a relação entre o flagrante e a atuação do primo de Emival, Ronaldo Caiado, no âmbito do Parlamento. Tampouco deu mais detalhes sobre a área envolvida, o TAC e os outros negócios do proprietário, declarando apenas que a "Fazenda Santa Monica é exemplo de segurança, organização e higiene do trabalho".
Já a assessoria de Ronaldo Caiado (DEM-TO), que concorre à reeleição no próximo pleito de outubro, declarou que o parlamentar não responde pela conduta de outrem e que não defende quem comete crimes. Sobre o possível constrangimento pelo fato de ter um primo envolvido diretamente em flagrante de escravidão enquanto a PEC do Trabalho Escravo aguarda votação, a assessoria declarou apenas que o congressista está disposto a tratar do assunto no momento em que o mesmo for colocado em pauta.
O valor bruto das rescisões dos trabalhadores foi calculado em R$ 198,6 mil, incluindo as indenizações por dano moral individual (ratificadas pelo MPT) que somaram R$ 39,1 mil. A procuradora do trabalho Elisa Maria Brant de Carvalho Malta, intregrante do grupo móvel, firmou ainda um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que designou a doação de um veículo utilitário e de equipamentos de tratamento odontológico para o distrito de Príncipe, em Natividade (TO), por dano moral coletivo.
Quando entrou em contato com as autoridades locais para acertar a destinação dos equipamentos por conta do TAC, a procuradora soube que o próprio empregador já tinha anunciado ao prefeito que faria "doações" por livre iniciativa, tentando desvincular o pagamento do flagrante ocorrido.
O fazendeiro Emival é irmão de Sérgio Caiado (PP), que também concorre a uma cadeira na Câmara Federal. Sérgio, que já exerceu o cargo na legislatura passada, atua como presidente do partido em Goiás. Em 2005, Emival e Sérgio foram acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) pelo atropelamento de um agente de segurança da Câmara dos Deputados no estacionamento dos fundos do Anexo IV.
Como proposta de transação penal, Emival, que dirigia o carro e teria atendido ordens de Sérgio, sugeriu doar cestas básicas e fraldas geriátricas a uma entidade beneficente de Brasília (DF) por seis meses e depositar R$ 1 mil para o Programa Fome Zero. O MPF aceitou a forma de punição do acusado, que foi confirmada no Supremo Tribunal Federal (STF).
Incentivos
O dono da área inspecionada é proprietário da Rialma Companhia Enegática S/A e possui duas usinas hidrelétricas - Santa Edwiges II (13 mil kW) e Santa Edwiges III (11,6 mil kW), no Estado de Goiás. Foi ainda beneficiado por R$ 746,7 mil recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) na compra de 1 mil matrizes e 34 touros de gado nelore e custeio para outra fazenda que mantém em São Domingos (GO).
A Sul Amazônia S/A Terraplenagem e Agropastoril, que teve projetos aprovados pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e chegou a participar da carteira do Fundo de Investimento da Amazônia (Finam), é a empresa de Emival por trás da Santa Mônica. Em comunicado divulgado em 12 de abril deste ano, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) suspendeu a Sul Amazônia e outras companhias pelo descumprimento da obrigação de prestar informações á comissão há mais de três anos.
Outro proprietário que teve a fazenda flagrada com trabalho análogo à escravidão na mesma operação foi Reniuton Souza de Moraes. Detentor de uma concessão do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para a exploração de areia em Goiás, Reniuton é dono da Fazenda Olho D’Água, em Monte Alegre de Goiás (GO), que tem 67,6 hectares de área e mantém como principal atividade a criação de gado de corte.
“Os resgatados [da Olho D´Água] estavam ligados a um empreiteiro que instalou uma carvoaria dentro da fazenda”, conta o auditor fiscal do trabalho Leandro de Andrade Carvalho, coordenador do grupo móvel. Dois adolescentes com menos de 18 anos estavam entre os cinco libertados.
Segundo Leandro, os trabalhadores tinham de beber água dos córregos, não havia fornecimento de EPIs e as ferramentas de trabalho eram inadequadas. “Os alojamentos eram barracos feitos de alvenaria e madeira, totalmente improvisados”, conta. "Um deles parecia com um acampamento de selva. Parte da estrutura era feita com lonas plásticas”, complementa.
Não havia banheiro nas frentes de trabalho nem no alojamento; as necessidades fisiológicas eram feitas nos matagais. Os carvoeiros estavam sem registro e recebiam uma diária de acordo com a produção. A jornada de trabalho se estendia enquanto houvesse luz do sol.
De acordo com a fiscalização, Reniuton cedeu 55 hectares ao empreiteiro José César Rodrigues, que ficaria responsável pela derrubada da mata. José aproveitaria a madeira para produção de carvão e entregaria o terreno "limpo" para a implantação do pasto. Não havia dinheiro envolvido na negociação entre as partes. "Esse tipo de acordo é típico nas regiões de fronteira [agrícola], mas se trata de uma terceirização ilícita", completa Leandro.
Um dos trabalhadores estava encarregado da derrubada das árvores e os outros enchiam os fornos e tiravam o carvão. Eles estavam na fazenda há dois meses, relata o auditor. “Eram de cidades próximas e moravam na fazenda durante a semana. Nos fins de semana, voltavam para a casa”.
Reniuton assinou um TAC com o MPT. Foram pagas as verbas rescisórias e lavrados 12 autos de infração. Aos jovens, a procuradora Elisa determinou a abertura de duas cadernetas de poupança com R$ 3 mil por dano moral individual.
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Atentado em Bogotá ameaça distensão
Reproduzo artigo de Breno Altman, publicado no sítio Opera Mundi:
A bomba que, na manhã de quinta-feira (12/8), explodiu perto dos escritórios da Rádio Caracol e da Agência Efe, na capital colombiana, pode afetar o presidente recém-empossado, Juan Manuel Santos. O discurso moderado do novo mandatário está submetido à primeira onda de pressão, para regozijo de seu antecessor, Álvaro Uribe.
A primeira reação de Santos, mesmo sem indicar concretamente qual grupo teria sido responsável, foi definir o atentado como “terrorista”. Agiu com rapidez e determinação, aparentemente preocupado em não perder espaço para os setores extremistas do bloco conservador que o sustenta. Evidente seu desgosto com as consequências políticas da explosão em Bogotá.
Ainda que o dedo acusatório esteja apontado, por ora subliminarmente, para as Farc ou o ELN, é questionável se essas organizações insurgentes teriam interesse em ataque dessa natureza, incomum no seu modo de operação. São raros os registros, especialmente nos últimos anos, de incursões guerrilheiras nas grandes cidades, ainda mais com o uso de carros-bomba.
Por que as Farc, que recentemente voltaram a apresentar proposta de pacificação, buscando romper seu isolamento, iriam golpear veículos de comunicação? A loucura política, é verdade, eventualmente as levaria à lógica do recrudescimento da violência com o objetivo de forçar alguma negociação. O clima de conciliação entre Santos e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, poderia até ter agravado percepção de fraqueza, induzindo a gestos desesperados de sobrevivência. Mas essa não é a única hipótese razoável para o atentado.
Explosivos corresponderam, nas últimas décadas, ao padrão de atuação dos cartéis da cocaína, cujas ofensivas de terror tiveram como alvo os centros urbanos, escolhidos como espaço visível para atos de vingança e batalhas entre máfias. Os grupos paramilitares, de ultra-direita, sabidamente forneciam mão de obra para essas atividades, em troca de régio financiamento.
Não seria surpreendente se alguma dessas patotas, servindo a estratégias de confronto, tivesse se encarregado da operação terrorista sob investigação, cuidando para que a autoria fosse imputada à guerrilha. Tal cenário seria útil para debilitar o presidente Santos, questionar seu relacionamento com a Venezuela e fortalecer os círculos mais vinculados ao enorme aparato de guerra construído por Uribe.
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A bomba que, na manhã de quinta-feira (12/8), explodiu perto dos escritórios da Rádio Caracol e da Agência Efe, na capital colombiana, pode afetar o presidente recém-empossado, Juan Manuel Santos. O discurso moderado do novo mandatário está submetido à primeira onda de pressão, para regozijo de seu antecessor, Álvaro Uribe.
A primeira reação de Santos, mesmo sem indicar concretamente qual grupo teria sido responsável, foi definir o atentado como “terrorista”. Agiu com rapidez e determinação, aparentemente preocupado em não perder espaço para os setores extremistas do bloco conservador que o sustenta. Evidente seu desgosto com as consequências políticas da explosão em Bogotá.
Ainda que o dedo acusatório esteja apontado, por ora subliminarmente, para as Farc ou o ELN, é questionável se essas organizações insurgentes teriam interesse em ataque dessa natureza, incomum no seu modo de operação. São raros os registros, especialmente nos últimos anos, de incursões guerrilheiras nas grandes cidades, ainda mais com o uso de carros-bomba.
Por que as Farc, que recentemente voltaram a apresentar proposta de pacificação, buscando romper seu isolamento, iriam golpear veículos de comunicação? A loucura política, é verdade, eventualmente as levaria à lógica do recrudescimento da violência com o objetivo de forçar alguma negociação. O clima de conciliação entre Santos e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, poderia até ter agravado percepção de fraqueza, induzindo a gestos desesperados de sobrevivência. Mas essa não é a única hipótese razoável para o atentado.
Explosivos corresponderam, nas últimas décadas, ao padrão de atuação dos cartéis da cocaína, cujas ofensivas de terror tiveram como alvo os centros urbanos, escolhidos como espaço visível para atos de vingança e batalhas entre máfias. Os grupos paramilitares, de ultra-direita, sabidamente forneciam mão de obra para essas atividades, em troca de régio financiamento.
Não seria surpreendente se alguma dessas patotas, servindo a estratégias de confronto, tivesse se encarregado da operação terrorista sob investigação, cuidando para que a autoria fosse imputada à guerrilha. Tal cenário seria útil para debilitar o presidente Santos, questionar seu relacionamento com a Venezuela e fortalecer os círculos mais vinculados ao enorme aparato de guerra construído por Uribe.
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De Bonner para Homer: lembranças do JN
Reproduzo artigo de Laurindo Lalo Leal Filho, publicado no sítio Carta Maior:
O destaque dado pela mídia ao Jornal Nacional na última semana, em razão das entrevistas realizadas com os candidatos à presidência da República, trouxe a minha memória o episódio de cinco atrás quando acompanhei com colegas da USP uma reunião de pauta daquele programa.
Contei em artigo publicado na revista Carta Capital e depois reproduzido no livro “A TV sob controle” o que vi e ouvi naquela manhã no Jardim Botânico, no Rio. Mostrei como se decide o que o povo brasileiro vai ver à noite, no intervalo entre duas novelas. Ficou clara, para tanto, a existência de três filtros: o primeiro exercido pelo próprio editor-chefe a partir de suas idiossincrasias e visões de mundo cujos limites se situam entre a Barra da Tijuca e Miami, por via aérea.
O segundo e o terceiro filtros ficam mais acima e são controlados pelos diretores de jornalismo e pelos donos da empresa, nessa ordem. Não que o editor-chefe não tenha incorporado as determinações superiores mas há casos que vão além de sua percepção e necessitam análise político-econômica mais refinada.
As entrevistas com os presidenciáveis passaram, com certeza, pelos três filtros e os resultados o público viu no ar. O candidato do PSOL tendo que refazer uma fala cortada pela emissora e a candidata do PT deixando de ser entrevistada para ser inquirida. Para os outros dois candidatos da oposição a pegada foi mais leve, de acordo com a linha editorial da empresa.
Nada diferente do que vi em 2005 quando uma notícia oferecida pela sucursal de Nova York foi sumariamente descartada pelo editor-chefe do telejornal. Ela dava conta de uma oferta de óleo para calefação feita pelo presidente da Venezuela à população pobre do estado de Massachussets, nos Estados Unidos, a preços 40% mais baixos do que os praticados naquele pais. Uma notícia de impacto social e político sonegada do público brasileiro.
Ou da empolgação do editor-chefe em colocar no ar a notícia de que um juiz em Contagem (MG) estava determinando a soltura de presos por falta de condições carcerárias. Chegou a dizer, na reunião de pauta, que o juiz era um louco e depois abriu o jornal com essa notícia sem tentar ouvir as razões do magistrado e, muito menos, tocar na situação dos presídios no Brasil. O objetivo era disseminar o medo e conquistar preciosos pontos de audiência.
Diante dessas lembranças revirei meu baú com mensagens recebidas na época. Foram dezenas apoiando e cumprimentando pelas revelações feitas no artigo.
Reproduzo trechos de uma delas enviada por jornalista da própria Globo:
“Discordo da revista Carta Capital num ponto: o texto ‘De Bonner para Homer’ não é uma crônica. É uma reportagem, um relato muito preciso do que ocorre diariamente na redação do telejornal de maior audiência do País.
As suas conclusões são, porém, mais esclarecedoras do que uma observação-participante. Que fique claro: trabalho há muito tempo na Globo, não sou, portanto, isento.
Poderia apresentar duas hipóteses relacionadas à economia interna da empresa para a escolha do editor-chefe do JN:
1) a crise provocada pelo endividamento levou a direção da rede a tomar medidas para cortar de despesas. Em vez de dois altos salários - o de apresentador e o de editor-chefe - para profissionais diferentes, entregou a
chefia ao Bonner. Economizou um salário.
2) como é profissionalmente fraco, não tem experiência de campo, nunca se destacou por nenhuma reportagem, o citado apresentador tem o perfil adequado para o papel de boneco de ventríloquo da direção do Jornalismo.
A resposta para a nossa questão deve estar bem próxima dessas duas hipóteses. De todo modo, os efeitos são devastadores: equipe dividida, enfraquecida e só os mais inexperientes conseguem conviver com o chefe tirano e exibicionista.
‘Infelizmente, é um retrato fiel’, exclamou uma repórter experimentada diante do seu texto.
Eu me sinto constrangido e, creia-me, não sou o único por aqui”.
É a esse tipo de organização que os candidatos à presidência da República devem se submeter se quiserem falar com maior número possível de eleitores. Constrangimento imposto pela concentração absurda dos meios de comunicação existente no Brasil, interferindo de forma perversa no jogo democrático.
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O destaque dado pela mídia ao Jornal Nacional na última semana, em razão das entrevistas realizadas com os candidatos à presidência da República, trouxe a minha memória o episódio de cinco atrás quando acompanhei com colegas da USP uma reunião de pauta daquele programa.
Contei em artigo publicado na revista Carta Capital e depois reproduzido no livro “A TV sob controle” o que vi e ouvi naquela manhã no Jardim Botânico, no Rio. Mostrei como se decide o que o povo brasileiro vai ver à noite, no intervalo entre duas novelas. Ficou clara, para tanto, a existência de três filtros: o primeiro exercido pelo próprio editor-chefe a partir de suas idiossincrasias e visões de mundo cujos limites se situam entre a Barra da Tijuca e Miami, por via aérea.
O segundo e o terceiro filtros ficam mais acima e são controlados pelos diretores de jornalismo e pelos donos da empresa, nessa ordem. Não que o editor-chefe não tenha incorporado as determinações superiores mas há casos que vão além de sua percepção e necessitam análise político-econômica mais refinada.
As entrevistas com os presidenciáveis passaram, com certeza, pelos três filtros e os resultados o público viu no ar. O candidato do PSOL tendo que refazer uma fala cortada pela emissora e a candidata do PT deixando de ser entrevistada para ser inquirida. Para os outros dois candidatos da oposição a pegada foi mais leve, de acordo com a linha editorial da empresa.
Nada diferente do que vi em 2005 quando uma notícia oferecida pela sucursal de Nova York foi sumariamente descartada pelo editor-chefe do telejornal. Ela dava conta de uma oferta de óleo para calefação feita pelo presidente da Venezuela à população pobre do estado de Massachussets, nos Estados Unidos, a preços 40% mais baixos do que os praticados naquele pais. Uma notícia de impacto social e político sonegada do público brasileiro.
Ou da empolgação do editor-chefe em colocar no ar a notícia de que um juiz em Contagem (MG) estava determinando a soltura de presos por falta de condições carcerárias. Chegou a dizer, na reunião de pauta, que o juiz era um louco e depois abriu o jornal com essa notícia sem tentar ouvir as razões do magistrado e, muito menos, tocar na situação dos presídios no Brasil. O objetivo era disseminar o medo e conquistar preciosos pontos de audiência.
Diante dessas lembranças revirei meu baú com mensagens recebidas na época. Foram dezenas apoiando e cumprimentando pelas revelações feitas no artigo.
Reproduzo trechos de uma delas enviada por jornalista da própria Globo:
“Discordo da revista Carta Capital num ponto: o texto ‘De Bonner para Homer’ não é uma crônica. É uma reportagem, um relato muito preciso do que ocorre diariamente na redação do telejornal de maior audiência do País.
As suas conclusões são, porém, mais esclarecedoras do que uma observação-participante. Que fique claro: trabalho há muito tempo na Globo, não sou, portanto, isento.
Poderia apresentar duas hipóteses relacionadas à economia interna da empresa para a escolha do editor-chefe do JN:
1) a crise provocada pelo endividamento levou a direção da rede a tomar medidas para cortar de despesas. Em vez de dois altos salários - o de apresentador e o de editor-chefe - para profissionais diferentes, entregou a
chefia ao Bonner. Economizou um salário.
2) como é profissionalmente fraco, não tem experiência de campo, nunca se destacou por nenhuma reportagem, o citado apresentador tem o perfil adequado para o papel de boneco de ventríloquo da direção do Jornalismo.
A resposta para a nossa questão deve estar bem próxima dessas duas hipóteses. De todo modo, os efeitos são devastadores: equipe dividida, enfraquecida e só os mais inexperientes conseguem conviver com o chefe tirano e exibicionista.
‘Infelizmente, é um retrato fiel’, exclamou uma repórter experimentada diante do seu texto.
Eu me sinto constrangido e, creia-me, não sou o único por aqui”.
É a esse tipo de organização que os candidatos à presidência da República devem se submeter se quiserem falar com maior número possível de eleitores. Constrangimento imposto pela concentração absurda dos meios de comunicação existente no Brasil, interferindo de forma perversa no jogo democrático.
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domingo, 15 de agosto de 2010
Tudo pronto para o encontro de blogueiros
Reproduzo artigo de Conceição Lemes, integrante da comissão organizadora do encontro nacional dos blogueiros progressistas:
“A liberdade da internet é ainda maior que a liberdade de imprensa.” Ayres Britto, ministro STF.
Com esse lema, acontece na próxima semana o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas. Será em São Paulo, no Sindicato dos Engenheiros.
Show do grupo de Luis Nassif, na sexta às 20h, abre o evento. No repertório, choro, samba e MPB.
No sábado, as atividades da parte da manhã vão das 9h às 12h. Programação prevista:
9h, mesa de abertura: Rodrigo Vianna (SP, Escrevinhador) e Leandro Fortes (BSB, Brasília eu vi) falam sobre os objetivos e a dinâmica do encontro.
9h30 às 12h, debate: O papel da internet e os desafios da internet, com Paulo Henrique Amorim (SP, Conversa Afiada), Luis Nassif (SP, Luis Nassif Online ) e Débora da Silva (Santos, Movimento Mães de Maio). Moderadores: Rodrigo Vianna e Leandro Fortes.
No sábado à tarde, a partir das 14h, temas que envolvem o dia a dia dos blogueiros:
14h, painel: Ameaças à internet, neutralidade na rede e questões jurídicas, com Túlio Vianna, professor da Faculdade de Direito da UFMG (MG, Túlio Viana), Paulo Rená (Brasília , Hiperfície) e Marcel Leonardi, especialista em direito digital e professor da Escola de Direito da FGV-SP. Moderador: Diego Casaes (SP, Global Voices Online).
15h, painel: Como financiar a blogosfera, com Geórgia Pinheiro (Conversa Afiada) e Leandro Guedes (SP, Juiz de Fora, Café Azul Agência Digital). Moderador: Renato Rovai (SP, Revista Fórum).
16h, oficina: Narrativas na internet (blogs, twitter,tvweb, tecnologias de uso da web), com Luiz Carlos Azenha (SP, Viomundo), Conceição Oliveira (SP, Maria_Frô), Emerson Luis (Brasília, Nas Retinas), Guto Carvalho (Brasília, Guto Carvalho). Moderador Eduardo Guimarães (SP, Blog da Cidadania)
No domingo, as atividades também começam às 9h. O objetivo é a troca de experiências. Os participantes serão divididos em seis grupos. Cada um terá dois moderadores, que relatarão seus trabalhos, abrindo espaço para que outros blogueiros façam o mesmo, debatam e proponham sugestões.
Grupo 1: Altino Machado (AC, Altino Machado e Blog da Amazonia, da Terra Magazine) e Claudia Cardoso (RS, Dialógico)
Grupo 2: Antonio Mello (RJ, Blog do Mello) e Lola Aronovich (CE, EscrevaLolaEscreva).
Grupo 3: Lucio Flávio Pinto (PA, Jornal Pessoal) e Carlos Latuff (RJ, Latuff DevianArt).
Grupo 4: Leonardo Sakamoto (SP, blog do Sakamoto) e e Daniel Pearl Bezerra (CE, Dilma 13 e Desabafo Brasil).
Grupo 5: Emílio Gusmão (BA, Blog do Gusmão) e Cloaca (RS, Cloaca News)
Grupo 6: Helio Paz (RS, Helio Paz) e Rogério Tomaz Jr (BSB, Brasília-Maranhão).
Desde já, convidamos você a visitar esses blogs, para conhecer um pouco mais os nossos palestrantes. Tem de tudo: economia, política, direitos humanos, meio ambiente, mulher, questões jurídicas, movimentos sociais, internet. No início da próxima semana, postaremos um texto com mais informações sobre eles.
Aliás, neste final de semana, postaremos a proposta inicial da Carta dos Blogueiros. Leiam, comentem e enviem sugestões para contato@baraodeitarare.org.br
Hospedagem e almoço garantidos
Como dissemos desde o início, a comissão organizadora faria de tudo para garantir a participação de blogueiros de fora da capital paulista.
Pois – felizmente!!! – com as cotas de patrocínio vendidas esta semana, temos ótimas notícias.
Primeira: vamos bancar a hospedagem dos blogueiros do interior de São Paulo e dos demais estados. Será no hotel Braston, da rua Augusta. São quartos com duas camas. O café da manhã está incluído no pacote.
Segunda: a comida está garantida. No sábado, será um almoço num restaurante próximo ao Sindicato dos Engenheiros. No domingo, haverá um superlanche, que incluirá frutas, sucos, lanches naturais. Ele será antes da plenária, quando serão lidos os relatórios dos grupos da manhã. Em seguida, será votada e aprovada a Carta dos Blogueiros.
Terceira ótima notícia: todo estudante pagará 20 reais. Atendendo à reivindicação de vários blogueiros, o desconto não será exclusivo aos alunos de comunicação. Quem pagou além, terá o dinheiro devolvido.
Importante: as inscrições devem ser pagas impreterivelmente até segunda-feira, 16 de agosto, na conta abaixo:
Banco do Brasil
Ag. 4300-1
C/C. 50141-7
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
CNPJ. 12.250.292/0001-08 (é necessário, caso a transferência seja eletrônica)
Por favor, envie o comprovante por e-mail para contato@baraodeitarare.org.br ou via fax para (011) 3054-1848. Escreva no documento o seu nome, cidade e estado. É para consolidar a inscrição. Indique se precisará de hospedagem.
24 amigos da blogosfera
Tudo isso só se tornou possível graças ao apoio financeiro dos Amigos da Blogosfera. São estes:
Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo)
CUT (Central Única dos Trabalhadores) nacional
CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil)
Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo
Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo)
Federação Nacional dos Urbanitários (FNU)
Federação dos Químicos de São Paulo
Força Sindical
Fundação Maurício Grabois
Fundação Perseu Abramo
Agência T1
Café Azul
Carta Capital
Carta Maior
Conversa Afiada
Opera Mundi
Rede Brasil Atual
Revista Fórum
Seja Dita a Verdade
TVSL
Viomundo
O 1º Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas tem o apoio institucional do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, Movimento dos Sem Mídia (MSM) e Altercom.
No domingo, no final da plenária, faremos a prestação de contas. Ela será também postada na internet para que todos podem acessá-la.
* Comissão Organizadora: Luiz Carlos Azenha, Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif, Altamiro Borges, Conceição Lemes, Eduardo Guimarães, Conceição Oliveira, Rodrigo Vianna, Renato Rovai e Diego Casaes.
* O Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo fica na rua Genebra, 25. É onde ocorrerão os trabalhos dos dias 21 e 22 de agosto. O show do Luis Nassif será na Regional Paulista do Sindicato dos Bancários: rua Carlos Sampaio, 305.
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“A liberdade da internet é ainda maior que a liberdade de imprensa.” Ayres Britto, ministro STF.
Com esse lema, acontece na próxima semana o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas. Será em São Paulo, no Sindicato dos Engenheiros.
Show do grupo de Luis Nassif, na sexta às 20h, abre o evento. No repertório, choro, samba e MPB.
No sábado, as atividades da parte da manhã vão das 9h às 12h. Programação prevista:
9h, mesa de abertura: Rodrigo Vianna (SP, Escrevinhador) e Leandro Fortes (BSB, Brasília eu vi) falam sobre os objetivos e a dinâmica do encontro.
9h30 às 12h, debate: O papel da internet e os desafios da internet, com Paulo Henrique Amorim (SP, Conversa Afiada), Luis Nassif (SP, Luis Nassif Online ) e Débora da Silva (Santos, Movimento Mães de Maio). Moderadores: Rodrigo Vianna e Leandro Fortes.
No sábado à tarde, a partir das 14h, temas que envolvem o dia a dia dos blogueiros:
14h, painel: Ameaças à internet, neutralidade na rede e questões jurídicas, com Túlio Vianna, professor da Faculdade de Direito da UFMG (MG, Túlio Viana), Paulo Rená (Brasília , Hiperfície) e Marcel Leonardi, especialista em direito digital e professor da Escola de Direito da FGV-SP. Moderador: Diego Casaes (SP, Global Voices Online).
15h, painel: Como financiar a blogosfera, com Geórgia Pinheiro (Conversa Afiada) e Leandro Guedes (SP, Juiz de Fora, Café Azul Agência Digital). Moderador: Renato Rovai (SP, Revista Fórum).
16h, oficina: Narrativas na internet (blogs, twitter,tvweb, tecnologias de uso da web), com Luiz Carlos Azenha (SP, Viomundo), Conceição Oliveira (SP, Maria_Frô), Emerson Luis (Brasília, Nas Retinas), Guto Carvalho (Brasília, Guto Carvalho). Moderador Eduardo Guimarães (SP, Blog da Cidadania)
No domingo, as atividades também começam às 9h. O objetivo é a troca de experiências. Os participantes serão divididos em seis grupos. Cada um terá dois moderadores, que relatarão seus trabalhos, abrindo espaço para que outros blogueiros façam o mesmo, debatam e proponham sugestões.
Grupo 1: Altino Machado (AC, Altino Machado e Blog da Amazonia, da Terra Magazine) e Claudia Cardoso (RS, Dialógico)
Grupo 2: Antonio Mello (RJ, Blog do Mello) e Lola Aronovich (CE, EscrevaLolaEscreva).
Grupo 3: Lucio Flávio Pinto (PA, Jornal Pessoal) e Carlos Latuff (RJ, Latuff DevianArt).
Grupo 4: Leonardo Sakamoto (SP, blog do Sakamoto) e e Daniel Pearl Bezerra (CE, Dilma 13 e Desabafo Brasil).
Grupo 5: Emílio Gusmão (BA, Blog do Gusmão) e Cloaca (RS, Cloaca News)
Grupo 6: Helio Paz (RS, Helio Paz) e Rogério Tomaz Jr (BSB, Brasília-Maranhão).
Desde já, convidamos você a visitar esses blogs, para conhecer um pouco mais os nossos palestrantes. Tem de tudo: economia, política, direitos humanos, meio ambiente, mulher, questões jurídicas, movimentos sociais, internet. No início da próxima semana, postaremos um texto com mais informações sobre eles.
Aliás, neste final de semana, postaremos a proposta inicial da Carta dos Blogueiros. Leiam, comentem e enviem sugestões para contato@baraodeitarare.org.br
Hospedagem e almoço garantidos
Como dissemos desde o início, a comissão organizadora faria de tudo para garantir a participação de blogueiros de fora da capital paulista.
Pois – felizmente!!! – com as cotas de patrocínio vendidas esta semana, temos ótimas notícias.
Primeira: vamos bancar a hospedagem dos blogueiros do interior de São Paulo e dos demais estados. Será no hotel Braston, da rua Augusta. São quartos com duas camas. O café da manhã está incluído no pacote.
Segunda: a comida está garantida. No sábado, será um almoço num restaurante próximo ao Sindicato dos Engenheiros. No domingo, haverá um superlanche, que incluirá frutas, sucos, lanches naturais. Ele será antes da plenária, quando serão lidos os relatórios dos grupos da manhã. Em seguida, será votada e aprovada a Carta dos Blogueiros.
Terceira ótima notícia: todo estudante pagará 20 reais. Atendendo à reivindicação de vários blogueiros, o desconto não será exclusivo aos alunos de comunicação. Quem pagou além, terá o dinheiro devolvido.
Importante: as inscrições devem ser pagas impreterivelmente até segunda-feira, 16 de agosto, na conta abaixo:
Banco do Brasil
Ag. 4300-1
C/C. 50141-7
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
CNPJ. 12.250.292/0001-08 (é necessário, caso a transferência seja eletrônica)
Por favor, envie o comprovante por e-mail para contato@baraodeitarare.org.br ou via fax para (011) 3054-1848. Escreva no documento o seu nome, cidade e estado. É para consolidar a inscrição. Indique se precisará de hospedagem.
24 amigos da blogosfera
Tudo isso só se tornou possível graças ao apoio financeiro dos Amigos da Blogosfera. São estes:
Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo)
CUT (Central Única dos Trabalhadores) nacional
CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil)
Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo
Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo)
Federação Nacional dos Urbanitários (FNU)
Federação dos Químicos de São Paulo
Força Sindical
Fundação Maurício Grabois
Fundação Perseu Abramo
Agência T1
Café Azul
Carta Capital
Carta Maior
Conversa Afiada
Opera Mundi
Rede Brasil Atual
Revista Fórum
Seja Dita a Verdade
TVSL
Viomundo
O 1º Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas tem o apoio institucional do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, Movimento dos Sem Mídia (MSM) e Altercom.
No domingo, no final da plenária, faremos a prestação de contas. Ela será também postada na internet para que todos podem acessá-la.
* Comissão Organizadora: Luiz Carlos Azenha, Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif, Altamiro Borges, Conceição Lemes, Eduardo Guimarães, Conceição Oliveira, Rodrigo Vianna, Renato Rovai e Diego Casaes.
* O Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo fica na rua Genebra, 25. É onde ocorrerão os trabalhos dos dias 21 e 22 de agosto. O show do Luis Nassif será na Regional Paulista do Sindicato dos Bancários: rua Carlos Sampaio, 305.
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Dilma Rousseff: Cristina ou Bachelet?
Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
Numa reunião dia desses, um amigo blogueiro disse-me que não vê a hora de passar a eleição, para que ele não se sinta mais “obrigado” a defender Dilma diante do descalabro de fichas falsas, terrorismo eleitoral e grosseria de apresentadores canastrões.
Concordei com esse amigo. Também não vejo a hora dessa pancadaria passar, para que a gente possa exercer a função crítica de imprensa, em vez de passar o tempo mostrando como a velha mídia distorce os fatos e mente sem parar. Chegamos até a brincar: como a oposição vai “acabar” em outubro, restará a nós fazer a verdadeira oposição no Brasil.
Outro sujeito que estava na reunião olhou pra gente e sacudiu a cabeça: tsh, tsh. E apresentou outra visão: “vocês estão enganados; a pancadaria está só começando; passada a eleição, se Dilma ganhar, será ainda pior; veremos no Brasil algo parecido com o que Cristina Kirchner sofre na Argentina”.
Parei pra pensar.
Na verdade, diante de um possível governo Dilma temos essas duas possibilidades:
- a oposição se enfraquece a tal ponto que as forças conservadores (no empresariado e até na velha mídia), em vez de se somar a DEM e PSDB, vão se aproximar do governo da petista, disputando espaços e empurrando o governo mais para direita; nesse caso, haveria lugar para uma oposição pela esquerda se fortalecer (desde que tenha conexão com movimentos sociais, com o mundo real, e não negue os avanços da era Lula, mas incorpore esses avanços e lute para profundar as mudanças);
- a oposição se torna menor, sim, mas por isso mesmo mais aguerrida, mais barulhenta, mais golpista; encastelada na mídia e em alguns setores do Judiciário e do Parlamento, fará um combate permanente a Dilma, nos moldes do que ocorreu por exemplo na Argentina; nesse caso, os setores mais críticos, inclusive na blogosfera, seguirão a ter um papel fundamental para desfazer as tentativas de golpes e manipulação.
Se esse segundo cenário prosperar, Dilma agirá como Cristina ou como Bachelet?
Você, caro leitor, aposta no que?
O leitor Victor Farinelli envia-me ótimo texto exatamente sobre esse tema. Confira…
xxxxx
Dilma, Cristina e Bachelet
por Victor Farinelli
Moro no Chile desde 2005, cheguei aqui durante as eleições vencidas pela Bachelet, e acompanhei todo o mandato dela.
Li no Conversa Afiada as considerações do cunhado do Paulo Henrique Amorim sobre como a direita chilena conseguiu chegar ao poder apesar de a esquerda ter um governo exitoso e uma presidenta popular.
Assino embaixo quase (*) tudo o que foi dito, e acrescento que a popularidade da chilena Michelle Bachelet foi um fenômeno quase inexplicável, porque o PIG daqui bateu nela do primeiro ao último dia de mandato.
A ira da imprensa brasileira contra a Dilma tende a ser igual ou pior – tanto que na Argentina foi pior, e por isso a Cristina Kirschner fez a Ley de Medios e mostrou como o Clarín chafurda na própria lama.
Os PIGs contra presidentas foram mais que a oposição desrespeitosa, como foram com presidentes progressistas homens. Foram desrepeitosos e machistas.
É isso que espera a Dilma, uma imprensa ferozmente opositora, desrespeitosa e machista.
No Chile, a Bachelet e todos os anteriores presidentes da Concertación apanharam do PIG nativo, mas, tal qual Lula no Brasil, mantinham um inexplicável masoquismo, jamais ameaçaram a hegemonia dos barões da mídia.
Inclusive, quando os herdeiros do Clarín chileno (o jornal que defendeu Allende até o último dia, e que foi extinto pelo Pinochet) tentaram reabrir o antigo diário, foi justamente o governo concertacionista quem impôs as maiores dificuldades.
Assim como Lula, que não fomenta as condições pra consolidação de novos meios que realizem o necessário debate.
E pior, como mostrou o Blog do Miro recentemente, continua dando aos principais meios do PIG brazuca as verbas publicitárias que eles necessitam prá sobreviver e continuar a atacá-lo sistematicamente.
A melhor forma de fazer a Dilma ver as consequências de ser condescendente com o PIG é contrastar a atitude da presidenta argentina com a da chilena.
Bachelet agiu como Lula, manteve sua popularidade, mas viu a Concertación sucumbir eleitoralmente – embora seja irreal atribuir a derrota somente a esse erro, houve outros, a começar pela péssima escolha do candidato a sucessor, como escreveu, na época, o Rovai.
Cristina apanhou como Lula e Bahcelet (e como irá apanhar Dilma). Mas reagiu!! Democratizou os meios e vem mudando radicalmente o processo de formação da opinião da classe média.
Hoje, os argentinos sabem, por exemplo, que o principal nome da oposição argentina, Mauricio Macri (ex-presidente do Boca Juniors e atual governador da cidade autônoma de Buenos Aires) defende que não se aceitem bolivianos ou paraguayos nos hospitais públicos da capital.
Antes, o PIG albiceleste escondia ou tegiversava essas declarações comprometedoras. Agora, é muito mais difícil tapar o sol com a peneira.
A Dilma precisa conhecer profundamente as consequências do que fizeram Michelle Bachelet e Cristina Kirschner. Assim, quando vierem os ataques do nosso PIG, o desrespeito, o machismo e o fomento ao golpe, ela terá maior consciência de como se deve reagir.
(*) duas retificações:
1) Se fizermos uma média dos quatro anos, a popularidade de Michelle Bachelet vai ficar em torno aos 70%, como disse o texto do Conversa Afiada, mas no momento em que entregou o cargo, a então presidenta reunia 84% de aprovação – o maior índice já apresentado por um presidente chileno ao fim do seu mandato.
2) Piñera não cumpriu toda a promessa. Vendeu Lan Chile, para um testa de ferro da família, mas a promessa era vender Lan, Chilevisión e as ações do Colo Colo, e as demais vendas continuam pendentes, com destaque para o canal Chilevision, que tende a ser vendido (ou não) somente depois que Piñera tome decisões vitais respeito a televisão digital, e nada impede ele de favorecer o canal do qual ele ainda é o dono.
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Numa reunião dia desses, um amigo blogueiro disse-me que não vê a hora de passar a eleição, para que ele não se sinta mais “obrigado” a defender Dilma diante do descalabro de fichas falsas, terrorismo eleitoral e grosseria de apresentadores canastrões.
Concordei com esse amigo. Também não vejo a hora dessa pancadaria passar, para que a gente possa exercer a função crítica de imprensa, em vez de passar o tempo mostrando como a velha mídia distorce os fatos e mente sem parar. Chegamos até a brincar: como a oposição vai “acabar” em outubro, restará a nós fazer a verdadeira oposição no Brasil.
Outro sujeito que estava na reunião olhou pra gente e sacudiu a cabeça: tsh, tsh. E apresentou outra visão: “vocês estão enganados; a pancadaria está só começando; passada a eleição, se Dilma ganhar, será ainda pior; veremos no Brasil algo parecido com o que Cristina Kirchner sofre na Argentina”.
Parei pra pensar.
Na verdade, diante de um possível governo Dilma temos essas duas possibilidades:
- a oposição se enfraquece a tal ponto que as forças conservadores (no empresariado e até na velha mídia), em vez de se somar a DEM e PSDB, vão se aproximar do governo da petista, disputando espaços e empurrando o governo mais para direita; nesse caso, haveria lugar para uma oposição pela esquerda se fortalecer (desde que tenha conexão com movimentos sociais, com o mundo real, e não negue os avanços da era Lula, mas incorpore esses avanços e lute para profundar as mudanças);
- a oposição se torna menor, sim, mas por isso mesmo mais aguerrida, mais barulhenta, mais golpista; encastelada na mídia e em alguns setores do Judiciário e do Parlamento, fará um combate permanente a Dilma, nos moldes do que ocorreu por exemplo na Argentina; nesse caso, os setores mais críticos, inclusive na blogosfera, seguirão a ter um papel fundamental para desfazer as tentativas de golpes e manipulação.
Se esse segundo cenário prosperar, Dilma agirá como Cristina ou como Bachelet?
Você, caro leitor, aposta no que?
O leitor Victor Farinelli envia-me ótimo texto exatamente sobre esse tema. Confira…
xxxxx
Dilma, Cristina e Bachelet
por Victor Farinelli
Moro no Chile desde 2005, cheguei aqui durante as eleições vencidas pela Bachelet, e acompanhei todo o mandato dela.
Li no Conversa Afiada as considerações do cunhado do Paulo Henrique Amorim sobre como a direita chilena conseguiu chegar ao poder apesar de a esquerda ter um governo exitoso e uma presidenta popular.
Assino embaixo quase (*) tudo o que foi dito, e acrescento que a popularidade da chilena Michelle Bachelet foi um fenômeno quase inexplicável, porque o PIG daqui bateu nela do primeiro ao último dia de mandato.
A ira da imprensa brasileira contra a Dilma tende a ser igual ou pior – tanto que na Argentina foi pior, e por isso a Cristina Kirschner fez a Ley de Medios e mostrou como o Clarín chafurda na própria lama.
Os PIGs contra presidentas foram mais que a oposição desrespeitosa, como foram com presidentes progressistas homens. Foram desrepeitosos e machistas.
É isso que espera a Dilma, uma imprensa ferozmente opositora, desrespeitosa e machista.
No Chile, a Bachelet e todos os anteriores presidentes da Concertación apanharam do PIG nativo, mas, tal qual Lula no Brasil, mantinham um inexplicável masoquismo, jamais ameaçaram a hegemonia dos barões da mídia.
Inclusive, quando os herdeiros do Clarín chileno (o jornal que defendeu Allende até o último dia, e que foi extinto pelo Pinochet) tentaram reabrir o antigo diário, foi justamente o governo concertacionista quem impôs as maiores dificuldades.
Assim como Lula, que não fomenta as condições pra consolidação de novos meios que realizem o necessário debate.
E pior, como mostrou o Blog do Miro recentemente, continua dando aos principais meios do PIG brazuca as verbas publicitárias que eles necessitam prá sobreviver e continuar a atacá-lo sistematicamente.
A melhor forma de fazer a Dilma ver as consequências de ser condescendente com o PIG é contrastar a atitude da presidenta argentina com a da chilena.
Bachelet agiu como Lula, manteve sua popularidade, mas viu a Concertación sucumbir eleitoralmente – embora seja irreal atribuir a derrota somente a esse erro, houve outros, a começar pela péssima escolha do candidato a sucessor, como escreveu, na época, o Rovai.
Cristina apanhou como Lula e Bahcelet (e como irá apanhar Dilma). Mas reagiu!! Democratizou os meios e vem mudando radicalmente o processo de formação da opinião da classe média.
Hoje, os argentinos sabem, por exemplo, que o principal nome da oposição argentina, Mauricio Macri (ex-presidente do Boca Juniors e atual governador da cidade autônoma de Buenos Aires) defende que não se aceitem bolivianos ou paraguayos nos hospitais públicos da capital.
Antes, o PIG albiceleste escondia ou tegiversava essas declarações comprometedoras. Agora, é muito mais difícil tapar o sol com a peneira.
A Dilma precisa conhecer profundamente as consequências do que fizeram Michelle Bachelet e Cristina Kirschner. Assim, quando vierem os ataques do nosso PIG, o desrespeito, o machismo e o fomento ao golpe, ela terá maior consciência de como se deve reagir.
(*) duas retificações:
1) Se fizermos uma média dos quatro anos, a popularidade de Michelle Bachelet vai ficar em torno aos 70%, como disse o texto do Conversa Afiada, mas no momento em que entregou o cargo, a então presidenta reunia 84% de aprovação – o maior índice já apresentado por um presidente chileno ao fim do seu mandato.
2) Piñera não cumpriu toda a promessa. Vendeu Lan Chile, para um testa de ferro da família, mas a promessa era vender Lan, Chilevisión e as ações do Colo Colo, e as demais vendas continuam pendentes, com destaque para o canal Chilevision, que tende a ser vendido (ou não) somente depois que Piñera tome decisões vitais respeito a televisão digital, e nada impede ele de favorecer o canal do qual ele ainda é o dono.
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Pesos e medidas do Jornal Nacional
Reproduzo artigo de Mino Carta, publicado na revista CartaCapital:
Não há semelhança possível entre um estúdio de tevê e um ringue. Pelo menos não havia até poucos dias atrás. A gravação de uma entrevista na TV 5, filiada à Rede Bandeirantes em Rio Branco, acabou em vale-tudo entre o entrevistador, o jornalista Demóstenes Nascimento, e o entrevistado, candidato ao Senado pelo Acre, o emedebista João Correia. De categoria nitidamente superior, Demóstenes pareceu mais talhado para catch-as-you-catch-can e ganhou a luta com bom aproveitamento tanto nos socos quanto nos pontapés. Empate em matéria de insultos e palavrões.
O entrevistado farejou certa agressividade em uma pergunta sobre segurança pública e reagiu com acusações ao atual governo acriano. O entrevistador negou-lhe condições morais para manifestar-se ao apontá-lo como envolvido em certo escândalo. O candidato ergueu-se de sua poltrona aos gritos de “lacaio, vendido”. Partiram para a briga e a célebre turma-do-deixa-disso demorou para entrar em ação.
Correia sofreu escoriações no rosto e no joelho direito e lesão no tendão do dedo anular, também direito. Trata-se de um lutador comprovadamente destro. Mas o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Acre e a Federação Nacional divulgaram uma nota para verberar “a atitude covarde e agressiva” do entrevistado. Nada como a eterna vigilância dos paladinos da liberdade de imprensa, mesmo quando participam de refregas desiguais, representados por pesos-pesados chamados a enfrentar moscas ou galos.
A luta de Rio Branco é um episódio novo na nossa história das campanhas eleitorais, mesmo porque, salvo melhor juízo, os candidatos entrevistados não pulam corda ou socam o punching ball antes de qualquer entrevista. Para revidar às perguntas que não são do seu gosto, o candidato José Serra adota uma linha de refinado senso de humor. Anota a repórter Juliana Cipriani, de O Estado de Minas, que Serra “parece ter dificuldade em entender o que dizem os brasileiros ou inventou uma nova estratégia para evitar responder às perguntas que não o agradam”.
Em meados de julho passado, em Pernambuco, o repórter de um jornal local dirigiu-lhe uma pergunta sobre o trem-bala destinado a ligar São Paulo ao Rio: obra feita ou tiro de festim? A pergunta deveria ser do seu gosto, pois o candidato é contrário ao projeto. Surpresa. “Não entendi, foi muito sotaque”, decretou Serra. Em Minas, quando um jornalista o questionou sobre recente entrevista de Lula em que o presidente lamenta-lhe a falta de sorte ao enfrentá-lo em 2002 e agora diante de Dilma Rousseff, Serra escandiu: “Esta fala mineira de vocês eu não entendo”.
O candidato tucano consegue, porém, ser mais cordato, a depender das situações. Lá pelas tantas desta tertúlia eleitoral, o repórter Fábio Turci dirige a Serra uma pergunta sobre juros. O perguntado não esconde sua irritação, e indaga com a devida veemência: “De onde você é?” Turci esclarece ser da Globo. E Serra, de pronto: “Ah, então desculpe”. Tucano não voa, mas sabe onde pisa.
Na noite de 11 de agosto coube a ele ser sabatinado por 12 minutos pelo casal JN, William Bonner e Fátima Bernardes, os sorrisos mais radiosos do Brasil. Antes, a oportunidade foi bondosamente oferecida às candidatas Dilma Rousseff, segunda 9, e Marina Silva, terça 10. Para ambas, um sufoco. As perguntas do locutor que considera Homer Simpson como telespectador ideal foram muito mais esticadas que as respostas, quando estas não foram furibundamente atropeladas.
No caso de Dilma, o propósito foi mostrar (ingenuamente?) que ela é ao mesmo tempo uma marionete na mão de Lula e personagem dura, prepotente, mandona. De sorte a suscitar a observação da entrevistada, mais ou menos do seguinte teor: então, como vocês me querem, como títere do titereiro ou como a ministra inflexível que chama às falas os colegas de gabinete? Na vez de Marina, o intuito foi outro: provar que ela saiu do governo por discordâncias sobre a política ambiental enquanto, tempos antes, não se incomodou com o mensalão, o escândalo pretendido e até hoje não provado. A certa altura, a ex-ministra teve de reagir com alguma, insólita veemência, para pedir que a deixassem concluir o raciocínio.
Com Serra, na quarta 11, tudo mudou. O casal JN deixou o candidato falar à vontade. E quando a entrevista pretendeu chegar ao ponto de fervura, a pergunta foi: o senhor não se sente constrangido de ter o apoio do PTB, partido metido no escândalo do mensalão petista? Nada do mensalão mineiro nem do escândalo do DEM em Brasília. Maluf e Quércia? Esquecidos. E os votos comprados para a reeleição de FHC?
Segundo momento de aperto. Pergunta a evocar os usuários que reclamam dos preços altos do pedágio em São Paulo. Serra ganha a oportunidade de falar mal das estradas federais. Aí Bonner acrescenta: não existe um meio-termo, só dá para ter estradas boas e caras ou ruins e baratas? Serra emenda, feliz, que na última concessão que fez, os preços do pedágio caíram pela metade. Omitiu que os postos de cobrança foram dobrados e ao cabo cita sua origem humilde, estudante de escola pública etc. etc. Só falta chorar.
A rapaziada não se dá ao respeito. Quem sabe haja quem se incomoda ao perceber que nos enxergam como malta de idiotas. Esta visão da plateia é própria, aliás, dos jornalistas nativos e seus patrões. Será que não usam na medição o metro recomendável para medir a si mesmos?
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Não há semelhança possível entre um estúdio de tevê e um ringue. Pelo menos não havia até poucos dias atrás. A gravação de uma entrevista na TV 5, filiada à Rede Bandeirantes em Rio Branco, acabou em vale-tudo entre o entrevistador, o jornalista Demóstenes Nascimento, e o entrevistado, candidato ao Senado pelo Acre, o emedebista João Correia. De categoria nitidamente superior, Demóstenes pareceu mais talhado para catch-as-you-catch-can e ganhou a luta com bom aproveitamento tanto nos socos quanto nos pontapés. Empate em matéria de insultos e palavrões.
O entrevistado farejou certa agressividade em uma pergunta sobre segurança pública e reagiu com acusações ao atual governo acriano. O entrevistador negou-lhe condições morais para manifestar-se ao apontá-lo como envolvido em certo escândalo. O candidato ergueu-se de sua poltrona aos gritos de “lacaio, vendido”. Partiram para a briga e a célebre turma-do-deixa-disso demorou para entrar em ação.
Correia sofreu escoriações no rosto e no joelho direito e lesão no tendão do dedo anular, também direito. Trata-se de um lutador comprovadamente destro. Mas o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Acre e a Federação Nacional divulgaram uma nota para verberar “a atitude covarde e agressiva” do entrevistado. Nada como a eterna vigilância dos paladinos da liberdade de imprensa, mesmo quando participam de refregas desiguais, representados por pesos-pesados chamados a enfrentar moscas ou galos.
A luta de Rio Branco é um episódio novo na nossa história das campanhas eleitorais, mesmo porque, salvo melhor juízo, os candidatos entrevistados não pulam corda ou socam o punching ball antes de qualquer entrevista. Para revidar às perguntas que não são do seu gosto, o candidato José Serra adota uma linha de refinado senso de humor. Anota a repórter Juliana Cipriani, de O Estado de Minas, que Serra “parece ter dificuldade em entender o que dizem os brasileiros ou inventou uma nova estratégia para evitar responder às perguntas que não o agradam”.
Em meados de julho passado, em Pernambuco, o repórter de um jornal local dirigiu-lhe uma pergunta sobre o trem-bala destinado a ligar São Paulo ao Rio: obra feita ou tiro de festim? A pergunta deveria ser do seu gosto, pois o candidato é contrário ao projeto. Surpresa. “Não entendi, foi muito sotaque”, decretou Serra. Em Minas, quando um jornalista o questionou sobre recente entrevista de Lula em que o presidente lamenta-lhe a falta de sorte ao enfrentá-lo em 2002 e agora diante de Dilma Rousseff, Serra escandiu: “Esta fala mineira de vocês eu não entendo”.
O candidato tucano consegue, porém, ser mais cordato, a depender das situações. Lá pelas tantas desta tertúlia eleitoral, o repórter Fábio Turci dirige a Serra uma pergunta sobre juros. O perguntado não esconde sua irritação, e indaga com a devida veemência: “De onde você é?” Turci esclarece ser da Globo. E Serra, de pronto: “Ah, então desculpe”. Tucano não voa, mas sabe onde pisa.
Na noite de 11 de agosto coube a ele ser sabatinado por 12 minutos pelo casal JN, William Bonner e Fátima Bernardes, os sorrisos mais radiosos do Brasil. Antes, a oportunidade foi bondosamente oferecida às candidatas Dilma Rousseff, segunda 9, e Marina Silva, terça 10. Para ambas, um sufoco. As perguntas do locutor que considera Homer Simpson como telespectador ideal foram muito mais esticadas que as respostas, quando estas não foram furibundamente atropeladas.
No caso de Dilma, o propósito foi mostrar (ingenuamente?) que ela é ao mesmo tempo uma marionete na mão de Lula e personagem dura, prepotente, mandona. De sorte a suscitar a observação da entrevistada, mais ou menos do seguinte teor: então, como vocês me querem, como títere do titereiro ou como a ministra inflexível que chama às falas os colegas de gabinete? Na vez de Marina, o intuito foi outro: provar que ela saiu do governo por discordâncias sobre a política ambiental enquanto, tempos antes, não se incomodou com o mensalão, o escândalo pretendido e até hoje não provado. A certa altura, a ex-ministra teve de reagir com alguma, insólita veemência, para pedir que a deixassem concluir o raciocínio.
Com Serra, na quarta 11, tudo mudou. O casal JN deixou o candidato falar à vontade. E quando a entrevista pretendeu chegar ao ponto de fervura, a pergunta foi: o senhor não se sente constrangido de ter o apoio do PTB, partido metido no escândalo do mensalão petista? Nada do mensalão mineiro nem do escândalo do DEM em Brasília. Maluf e Quércia? Esquecidos. E os votos comprados para a reeleição de FHC?
Segundo momento de aperto. Pergunta a evocar os usuários que reclamam dos preços altos do pedágio em São Paulo. Serra ganha a oportunidade de falar mal das estradas federais. Aí Bonner acrescenta: não existe um meio-termo, só dá para ter estradas boas e caras ou ruins e baratas? Serra emenda, feliz, que na última concessão que fez, os preços do pedágio caíram pela metade. Omitiu que os postos de cobrança foram dobrados e ao cabo cita sua origem humilde, estudante de escola pública etc. etc. Só falta chorar.
A rapaziada não se dá ao respeito. Quem sabe haja quem se incomoda ao perceber que nos enxergam como malta de idiotas. Esta visão da plateia é própria, aliás, dos jornalistas nativos e seus patrões. Será que não usam na medição o metro recomendável para medir a si mesmos?
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Horário eleitoral e direito de antena
Reproduzo artigo do professor Venício Lima, publicado no sítio Carta Maior:
Começa no dia 17 de agosto e se estende até 30 de setembro o horário eleitoral no rádio e na televisão. Durante 45 dias, candidatos aos cargos de presidente, governador, senador, deputado federal e estadual estarão em todos os canais de televisão aberta, além dos canais a cabo utilizados pelo Senado Federal, a Câmara dos Deputados, as Assembléias Legislativas e as Câmaras Municipais e também nas emissoras de rádio. No total serão cerca de 63 horas em cada veículo.
O horário eleitoral, garantido pelo § 3º do artigo 17 da Constituição – “os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e a televisão, na forma da lei” – é o que mais se aproxima, entre nós, de um direito fundamental nas democracias: o “direito de antena”.
O “direito de antena” é praticado em países como Alemanha, França, Espanha, Portugal e Holanda e foi positivado pela primeira vez na Constituição portuguesa de 1976 que reza:
Artigo 40.º
Direitos de antena, de resposta e de réplica política
1. Os partidos políticos e as organizações sindicais, profissionais e representativas das atividades econômicas, bem como outras organizações sociais de âmbito nacional, têm direito, de acordo com a sua relevância e representatividade e segundo critérios objetivos a definir por lei, a tempos de antena no serviço público de rádio e de televisão.
2. Os partidos políticos representados na Assembléia da República, e que não façam parte do Governo, têm direito, nos termos da lei, a tempos de antena no serviço público de rádio e televisão, a ratear de acordo com a sua representatividade, bem como o direito de resposta ou de réplica política às declarações políticas do Governo, de duração e relevo iguais aos dos tempos de antena e das declarações do Governo, de iguais direitos gozando, no âmbito da respectiva região, os partidos representados nas Assembléias Legislativas das regiões autônomas.
3. Nos períodos eleitorais os concorrentes têm direito a tempos de antena, regulares e equitativos, nas estações emissoras de rádio e de televisão de âmbito nacional e regional, nos termos da lei.
Na verdade, trata-se de uma forma de democratizar o acesso aos meios de comunicação de massa. Nas sociedades contemporâneas, a liberdade de expressão é apenas um direito subjetivo se não se garante a pessoas e grupos representativos da sociedade civil acesso ao debate público que (ainda) é, em grande parte, agendado e controlado pelos grandes grupos de mídia.
O acesso é gratuito, a veiculação é paga
O que muitas vezes não fica claro para a maioria da população, todavia, é que no horário eleitoral o que é gratuito é o acesso de candidatos, partidos e coligações aos meios de comunicação. A veiculação do horário eleitoral, não é gratuita. A legislação eleitoral prevê a compensação fiscal para as emissoras de rádio e televisão, regulamentada pelo Decreto nº. 5331/2005.
É uma forma de compensar as empresas de mídia, oferecendo-lhes o benefício da renúncia fiscal, pelas eventuais perdas na veiculação de publicidade de anunciantes. A Receita Federal, na verdade, “compra” o horário das emissoras, permitindo que deduzam do imposto de renda 80% do que receberiam caso o período destinado ao horário político fosse comercializado.
A Receita Federal, de acordo com números divulgados em outubro de 2009, estimou que, em 2010, os custos para os cofres públicos dessa compensação fiscal chegarão a 851,1 milhões de reais. A estimativa, todavia, já está ultrapassada porque o cálculo inicial não incluiu o ressarcimento para as empresas que trabalham dentro do Super Simples e passaram a ter direito ao benefício fiscal após a minirreforma eleitoral de 2009.
De qualquer maneira, para se ter uma idéia de grandeza, os recursos envolvidos na compensação fiscal às empresas de mídia, em 2010, são maiores do que a isenção prevista para o “Programa Universidade Para Todos (ProUni)”, que é de R$ 625,3 milhões; são suficientes para pagar um mês de salário mínimo a 1,5 milhão de pessoas; ou custear, no mesmo período, 12,5 milhões de benefícios do Bolsa Família, no valor mínimo de R$ 68; ou, ainda, repassando o custo ao cidadão, cada brasileiro paga R$ 4,44 para receber informações sobre os candidatos e os partidos políticos.
Direito fundamental
No prefácio do nosso livro “Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa” (Publisher, 2010), o jurista Fábio Konder Comparato, entre outras, fez a seguinte proposta:
“Além dos partidos políticos, devem poder exercer o chamado direito de antena, já instituído nas Constituições da Espanha e de Portugal, as entidades privadas ou oficiais, reconhecidas de utilidade pública. Ou seja, elas devem poder fazer passar suas mensagens, de modo livre e gratuito, no rádio e na televisão, reservando-se, para tanto, um tempo mínimo nos respectivos veículos.”
O início do horário eleitoral no rádio e na televisão possibilita ao conjunto da população brasileira receber informação política sobre todos os candidatos que disputam mandatos nas eleições de 2010, o que é fundamental no processo democrático. Deveria ser também uma oportunidade para que a cidadania se dê conta do quanto ainda estamos comparativamente atrasados em relação à democratização da comunicação ou da universalização da liberdade de expressão no nosso país.
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Começa no dia 17 de agosto e se estende até 30 de setembro o horário eleitoral no rádio e na televisão. Durante 45 dias, candidatos aos cargos de presidente, governador, senador, deputado federal e estadual estarão em todos os canais de televisão aberta, além dos canais a cabo utilizados pelo Senado Federal, a Câmara dos Deputados, as Assembléias Legislativas e as Câmaras Municipais e também nas emissoras de rádio. No total serão cerca de 63 horas em cada veículo.
O horário eleitoral, garantido pelo § 3º do artigo 17 da Constituição – “os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e a televisão, na forma da lei” – é o que mais se aproxima, entre nós, de um direito fundamental nas democracias: o “direito de antena”.
O “direito de antena” é praticado em países como Alemanha, França, Espanha, Portugal e Holanda e foi positivado pela primeira vez na Constituição portuguesa de 1976 que reza:
Artigo 40.º
Direitos de antena, de resposta e de réplica política
1. Os partidos políticos e as organizações sindicais, profissionais e representativas das atividades econômicas, bem como outras organizações sociais de âmbito nacional, têm direito, de acordo com a sua relevância e representatividade e segundo critérios objetivos a definir por lei, a tempos de antena no serviço público de rádio e de televisão.
2. Os partidos políticos representados na Assembléia da República, e que não façam parte do Governo, têm direito, nos termos da lei, a tempos de antena no serviço público de rádio e televisão, a ratear de acordo com a sua representatividade, bem como o direito de resposta ou de réplica política às declarações políticas do Governo, de duração e relevo iguais aos dos tempos de antena e das declarações do Governo, de iguais direitos gozando, no âmbito da respectiva região, os partidos representados nas Assembléias Legislativas das regiões autônomas.
3. Nos períodos eleitorais os concorrentes têm direito a tempos de antena, regulares e equitativos, nas estações emissoras de rádio e de televisão de âmbito nacional e regional, nos termos da lei.
Na verdade, trata-se de uma forma de democratizar o acesso aos meios de comunicação de massa. Nas sociedades contemporâneas, a liberdade de expressão é apenas um direito subjetivo se não se garante a pessoas e grupos representativos da sociedade civil acesso ao debate público que (ainda) é, em grande parte, agendado e controlado pelos grandes grupos de mídia.
O acesso é gratuito, a veiculação é paga
O que muitas vezes não fica claro para a maioria da população, todavia, é que no horário eleitoral o que é gratuito é o acesso de candidatos, partidos e coligações aos meios de comunicação. A veiculação do horário eleitoral, não é gratuita. A legislação eleitoral prevê a compensação fiscal para as emissoras de rádio e televisão, regulamentada pelo Decreto nº. 5331/2005.
É uma forma de compensar as empresas de mídia, oferecendo-lhes o benefício da renúncia fiscal, pelas eventuais perdas na veiculação de publicidade de anunciantes. A Receita Federal, na verdade, “compra” o horário das emissoras, permitindo que deduzam do imposto de renda 80% do que receberiam caso o período destinado ao horário político fosse comercializado.
A Receita Federal, de acordo com números divulgados em outubro de 2009, estimou que, em 2010, os custos para os cofres públicos dessa compensação fiscal chegarão a 851,1 milhões de reais. A estimativa, todavia, já está ultrapassada porque o cálculo inicial não incluiu o ressarcimento para as empresas que trabalham dentro do Super Simples e passaram a ter direito ao benefício fiscal após a minirreforma eleitoral de 2009.
De qualquer maneira, para se ter uma idéia de grandeza, os recursos envolvidos na compensação fiscal às empresas de mídia, em 2010, são maiores do que a isenção prevista para o “Programa Universidade Para Todos (ProUni)”, que é de R$ 625,3 milhões; são suficientes para pagar um mês de salário mínimo a 1,5 milhão de pessoas; ou custear, no mesmo período, 12,5 milhões de benefícios do Bolsa Família, no valor mínimo de R$ 68; ou, ainda, repassando o custo ao cidadão, cada brasileiro paga R$ 4,44 para receber informações sobre os candidatos e os partidos políticos.
Direito fundamental
No prefácio do nosso livro “Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa” (Publisher, 2010), o jurista Fábio Konder Comparato, entre outras, fez a seguinte proposta:
“Além dos partidos políticos, devem poder exercer o chamado direito de antena, já instituído nas Constituições da Espanha e de Portugal, as entidades privadas ou oficiais, reconhecidas de utilidade pública. Ou seja, elas devem poder fazer passar suas mensagens, de modo livre e gratuito, no rádio e na televisão, reservando-se, para tanto, um tempo mínimo nos respectivos veículos.”
O início do horário eleitoral no rádio e na televisão possibilita ao conjunto da população brasileira receber informação política sobre todos os candidatos que disputam mandatos nas eleições de 2010, o que é fundamental no processo democrático. Deveria ser também uma oportunidade para que a cidadania se dê conta do quanto ainda estamos comparativamente atrasados em relação à democratização da comunicação ou da universalização da liberdade de expressão no nosso país.
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sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Wikileaks, Afeganistão e imprensa imperial
Reproduzo artigo de Mumia Abu Jamal, publicado no jornal Hora do Povo:
A publicação de mais de 70.000 documentos da Guerra no Afeganistão foi recebida pela maioria das corporações dos meios de comunicação, no melhor dos casos, como algo mortificante; e no pior, como um ato de traição.
As idéias expressadas por esses meios revelam a mesma mentalidade que agitou a nação e a levou à guerra depois do 11 de Setembro. Meios de comunicação atuando de serviçais do poder presidencial. Meios de comunicação capachos das indústrias da guerra - e do império.
Julián Assange, editor-principal da Wikileaks, foi duramente castigado por não se preocupar suficientemente com os soldados norte-americanos nem pelos alcaguetes afegãos.
Outra ofensa sua? Publicar o número de civis afegãos mortos por tropas dos Estados Unidos. Para a maioria dos meios de comunicação isso é um tabu.
Assim são os meios de comunicação do império.
Do jeito como vão as coisas, as corporações norte-americanas de mídia rapidamente estão se transformando numa espécie em franco processo de extinção, porque cada vez menos gente assiste às noticias na televisão ou lê jornais. Além disso, a juventude encabeça essa tendência. Segundo algumas reportagens, a média dos jornais nos Estados Unidos perde pelo menos 10% de seus leitores a cada ano.
Se a tecnologia indubitavelmente joga um papel nesse processo, a falta de confiança nas reportagens tem que ser também um fator.
Seu patriotismo de bandeirinha, sua música militar e suas mentiras levaram à nação aos desastres no Iraque e Afeganistão.
Quando algo como Wikileaks aparece em cena, com documentos frescos dos campos de batalha, a mídia corporativa soa como algo supérfluo.
E agora, como famintos pit bulls, atacam a Wikileaks por não tomar parte no seu jogo imperial.
Eles ladram... mas a Wikileaks está mordendo.
* Mumia Abu Jamal, jornalista e militante negro anti-racista, é o principal preso político dos EUA. Acusado sem provas pela morte de um policial, em dezembro de 1981, ele foi condenado à pena de morte – sentença convertida, em março de 2008, para prisão perpétua.
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A publicação de mais de 70.000 documentos da Guerra no Afeganistão foi recebida pela maioria das corporações dos meios de comunicação, no melhor dos casos, como algo mortificante; e no pior, como um ato de traição.
As idéias expressadas por esses meios revelam a mesma mentalidade que agitou a nação e a levou à guerra depois do 11 de Setembro. Meios de comunicação atuando de serviçais do poder presidencial. Meios de comunicação capachos das indústrias da guerra - e do império.
Julián Assange, editor-principal da Wikileaks, foi duramente castigado por não se preocupar suficientemente com os soldados norte-americanos nem pelos alcaguetes afegãos.
Outra ofensa sua? Publicar o número de civis afegãos mortos por tropas dos Estados Unidos. Para a maioria dos meios de comunicação isso é um tabu.
Assim são os meios de comunicação do império.
Do jeito como vão as coisas, as corporações norte-americanas de mídia rapidamente estão se transformando numa espécie em franco processo de extinção, porque cada vez menos gente assiste às noticias na televisão ou lê jornais. Além disso, a juventude encabeça essa tendência. Segundo algumas reportagens, a média dos jornais nos Estados Unidos perde pelo menos 10% de seus leitores a cada ano.
Se a tecnologia indubitavelmente joga um papel nesse processo, a falta de confiança nas reportagens tem que ser também um fator.
Seu patriotismo de bandeirinha, sua música militar e suas mentiras levaram à nação aos desastres no Iraque e Afeganistão.
Quando algo como Wikileaks aparece em cena, com documentos frescos dos campos de batalha, a mídia corporativa soa como algo supérfluo.
E agora, como famintos pit bulls, atacam a Wikileaks por não tomar parte no seu jogo imperial.
Eles ladram... mas a Wikileaks está mordendo.
* Mumia Abu Jamal, jornalista e militante negro anti-racista, é o principal preso político dos EUA. Acusado sem provas pela morte de um policial, em dezembro de 1981, ele foi condenado à pena de morte – sentença convertida, em março de 2008, para prisão perpétua.
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Brasil Atual no encontro dos blogueiros
Reproduzo artigo Ricardo Negrão, publicado no sítio da Rede Brasil Atual:
A Rede Brasil Atual é um dos patrocinadores do 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que ocorre em São Paulo, nos dias 21 e 22 de agosto, no Sindicato dos Engenheiros, à rua Genebra, 25, ao lado da Câmara Municipal da capital.
Já estão inscritos 250 blogueiros de todo o país, sendo 150 de fora do Estado. O objetivo é chegar a 300 inscritos. Para saber como participar, acesse o site do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
Além da Rede Brasil Atual, outras 15 entidades também patrocinam o evento: Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo); CUT (Central Única dos Trabalhadores); CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil); Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região; Sindicato dos Metalúrgicos do ABC; Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo; Federação Nacional dos Urbanitários (FNU); Federação dos Químicos de São Paulo; Agência T1; Café Azul; Carta Capital; Conversa Afiada; Revista Fórum; Seja Dita a Verdade; e Viomundo.
Para abrir o encontro, o jornalista Luis Nassif e seu grupo fazem show na regional Paulista, do Sindicato dos Bancários (Rua Carlos Sampaio 305; metrô Brigadeiro), com muito chorinho, samba e MPB.
Para saber um pouco mais sobre os encontros, ouça as entrevistas produzidas pela Rádio Brasil Atual com alguns blogueiros e organizadores do evento.
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A Rede Brasil Atual é um dos patrocinadores do 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que ocorre em São Paulo, nos dias 21 e 22 de agosto, no Sindicato dos Engenheiros, à rua Genebra, 25, ao lado da Câmara Municipal da capital.
Já estão inscritos 250 blogueiros de todo o país, sendo 150 de fora do Estado. O objetivo é chegar a 300 inscritos. Para saber como participar, acesse o site do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
Além da Rede Brasil Atual, outras 15 entidades também patrocinam o evento: Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo); CUT (Central Única dos Trabalhadores); CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil); Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região; Sindicato dos Metalúrgicos do ABC; Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo; Federação Nacional dos Urbanitários (FNU); Federação dos Químicos de São Paulo; Agência T1; Café Azul; Carta Capital; Conversa Afiada; Revista Fórum; Seja Dita a Verdade; e Viomundo.
Para abrir o encontro, o jornalista Luis Nassif e seu grupo fazem show na regional Paulista, do Sindicato dos Bancários (Rua Carlos Sampaio 305; metrô Brigadeiro), com muito chorinho, samba e MPB.
Para saber um pouco mais sobre os encontros, ouça as entrevistas produzidas pela Rádio Brasil Atual com alguns blogueiros e organizadores do evento.
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Vermelho apóia o encontro de blogueiros
Reproduzo entrevista concedida ao jornalista André Cintra, publicada no sítio Vermelho:
Com inscrições abertas até sexta-feira (13), o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas deve reunir não só blogueiros — mas também “tuiteiros”, representantes da mídia alternativa e estudantes. Na opinião do jornalista José Reinaldo Carvalho, editor do Vermelho, a iniciativa “chega em bom momento” e “poderá resultar no surgimento de uma organização social, de um novo movimento social organizado”.
Os debates acontecem em São Paulo, nos dias 21 e 22 de agosto. Segundo os organizadores, deve reunir cerca de 300 pessoas, com inscrições a R$ 100 (R$ 20 para estudantes). O Vermelho se empenhará pelo êxito do encontro, que se destacará cada vez mais no noticiário do portal. “Eu diria que o Vermelho está umbilicalmente ligado a esse movimento e, por isso, daremos apoio total. Como não temos recursos financeiros, o empenho do Vermelho não é econômico — é político, é ideológico, é moral, é militante”, garante José Reinaldo.
O que podemos esperar do 1º Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas?
É uma iniciativa que chega em bom momento. Vejo o encontro como o segundo desdobramento prático do movimento — o primeiro foi a Confecom (Conferência Nacional de Comunicação, realizada em dezembro passado). Está-se criando um movimento de massas sobre isso, uma grande corrente de um ativismo jornalístico, editorial, político, que há de render seus frutos. Disso certamente poderá resultar o surgimento de uma organização social, de um novo movimento social organizado.
Podem surgir também iniciativas editoriais, como uma grande agência de notícias. Quem sabe o encontro dos blogueiros não torne isso um resultado possível, agora ou depois? No evento de lançamento do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, o Paulo Henrique Amorim disse: “Temos de ganhar a batalha da notícia, da informação — e não apenas a batalha da opinião”.
De fato, a informação é a matéria-prima do jornalismo, seu ponto de partida. Os grandes veículos de comunicação têm condições de mobilizar batalhões de jornalistas para fazer coberturas in loco dos fatos ou contratar as grandes agências noticiosas internacionais para mandar os seus despachos sobre o que está acontecendo — na Guerra do Afeganistão, na Guerra do Iraque, nas epidemias da África, etc. Nós não temos ainda essa estrutura. Como disse o Paulo Henrique, “temos muitas pessoas que dão opiniões muito boas, bons analistas — mas não chegamos primeiro à informação”.
Se conseguirmos juntar tudo o que nós dispomos, no sentido de fomentar uma grande agência de notícias sobre os movimentos sociais, seria um resultado já positivo. Esse Encontro de Blogueiros Progressistas pode resultar em muitas coisas e vai jogar papel nessa batalha pela democratização dos meios de comunicação. A vantagem da grande mídia está ligada aos recursos financeiros e tecnológicos de que eles dispõem. Temos de nos munir dos meios.
Qual será o grau de adesão do Vermelho ao Encontro?
O grau de adesão do Vermelho ao 1º Encontro de Blogueiros Progressistas será total. Posso até dizer o seguinte: rigorosamente, o encontro, como parte desse grande movimento que já resultou antes na Confecom, nasceu em grande medida no Vermelho. É fruto, em grande parte, da orientação correta e do empenho do Altamiro Borges, que foi secretário de Comunicação do PCdoB, e do Bernardo Joffily, que, como editor, transformou o Vermelho na trincheira dessa luta pela democratização da mídia.
Eu diria que o Vermelho está umbilicalmente ligado a esse movimento e, por isso, daremos apoio total. Como não temos recursos financeiros, o empenho do Vermelho não é econômico — é político, é ideológico, é moral, é militante. As páginas do Vermelho já se abriram ao noticiário sobre o encontro — o que será intensificado nesta semana, já que as inscrições terminam na próxima sexta-feira. Nos dias do encontro, estaremos lá presentes, e já é decisão nossa que cobriremos totalmente a programação.
Quais devem ser os próximos passos na luta para democratizar a mídia?
Em primeiro lugar, é preciso concretizar o que já foi decidido. Os marcos de cada luta são as conquistas. À medida que você as materializa, dá para avançar e fincar sua bandeira num determinado território. Creio que implantar as medidas aprovadas na Confecom deve ser o próximo passo. É responsabilidade do governo, do Congresso e também do movimento — que precisa ir a Brasília, fazer pressão, bater na porta dos ministérios e do Congresso. Precisamos transformar as conquistas em leis.
A segunda questão — e isso será tema de debate no encontro — é o que fazer para que o movimento dos blogueiros se organize mais. Não sei se estou sendo idealista, mas será que é um objetivo que se pode pôr no médio ou longo prazo? Surgiu o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Estão surgindo outros centros similares? É positivo que isso ocorra?
Existe a possibilidade de em algum prazo, em algum momento, surgir uma entidade ainda mais forte? De surgir uma grande ONG ou um grande sindicato, talvez algo nos moldes das centrais sindicais e das entidades estudantis, que se estruturasse com estatuto, diretoria, meios econômicos, para ser representante do movimento social dos lutadores por uma mídia livre e democrática? Enfim, que passos o movimento pode dar no sentido de se estruturar e se tornar uma força real na sociedade?
Essa questão da mídia ainda é muito difusa. É uma luta que tem muitos aderentes e com a qual todo mundo simpatiza, mas é pouco organizada. Acho que o Centro Barão de Itararé dá uma contribuição para isso, e o Encontro de Blogueiros Progressistas também.
Terceira coisa, que está ligada a isso: a Confecom aprovou a conquista de certos espaços institucionais, como o Conselho Federal de Jornalismo e o Observatório Nacional de Mídia e Direitos Humanos. É preciso não só efetivar esses espaços mas também garantir a real participação da sociedade. Esses representantes da sociedade terão grandes responsabilidades.
E no plano político-parlamentar? A luta pela democratização dos meios de comunicação é transversal a todos os partidos democráticos e a todos os movimentos. Será que há, nestas eleições, candidatos que são ligados a essa causa e que possam formar uma bancada pró-democratização da mídia? É possível organizar uma força política com influência para arrancar concessões e conquistas importantes dos poderes públicos?
Creio que também é necessário associar essa luta ao movimento sindical. Temos a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), que acaba de eleger uma nova diretoria, e existem as federações de outras categorias ligadas ao labor da informação. Que vínculos se estabelecem entre essas entidades? Enfim, é preciso dar passos importantes para organizar o movimento. É uma tarefa gigantesca, e o Encontro de Blogueiros contribui nesse sentido.
Você diria que é uma luta que vai além da simples reforma da mídia?
Para nós — que lutamos por uma nova sociedade — e para a esquerda em geral, a luta pela democratização da mídia nunca deve estar dissociada da batalha das ideias. Em cada vitória que se conquiste, essa luta deve servir também para ajudar a difundir as ideias progressistas — que estão muito esmagadas — no mundo e no Brasil.
Hoje você vê a difusão de ideias racistas e belicistas, de filosofias irracionalistas, da propaganda do individualismo e de todo tipo de preconceito. Não há instrumentos suficientes para divulgar outros valores que a civilização já conquistou com as grandes revoluções — a Revolução Francesa, as revoluções socialistas. São os valores da solidariedade, da fraternidade, do coletivo, da paz, da democracia popular.
Penso que os blogueiros progressistas e as mídias alternativas devem se empenhar nessa luta para incorporar valores ideológicos ao seu ideário político stricto sensu. Para nós, tudo isso faz parte de uma batalha histórica e maior — que é a batalha pela estruturação da sociedade em outros planos. É mais que uma reforma da mídia. É uma luta permanente de ideias para formar correntes de opinião progressista. Já tivemos isso no mundo, mas se perdeu muito com as derrotas que os revolucionários e socialistas sofreram. O Vermelho está à disposição dessa luta.
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Com inscrições abertas até sexta-feira (13), o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas deve reunir não só blogueiros — mas também “tuiteiros”, representantes da mídia alternativa e estudantes. Na opinião do jornalista José Reinaldo Carvalho, editor do Vermelho, a iniciativa “chega em bom momento” e “poderá resultar no surgimento de uma organização social, de um novo movimento social organizado”.
Os debates acontecem em São Paulo, nos dias 21 e 22 de agosto. Segundo os organizadores, deve reunir cerca de 300 pessoas, com inscrições a R$ 100 (R$ 20 para estudantes). O Vermelho se empenhará pelo êxito do encontro, que se destacará cada vez mais no noticiário do portal. “Eu diria que o Vermelho está umbilicalmente ligado a esse movimento e, por isso, daremos apoio total. Como não temos recursos financeiros, o empenho do Vermelho não é econômico — é político, é ideológico, é moral, é militante”, garante José Reinaldo.
O que podemos esperar do 1º Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas?
É uma iniciativa que chega em bom momento. Vejo o encontro como o segundo desdobramento prático do movimento — o primeiro foi a Confecom (Conferência Nacional de Comunicação, realizada em dezembro passado). Está-se criando um movimento de massas sobre isso, uma grande corrente de um ativismo jornalístico, editorial, político, que há de render seus frutos. Disso certamente poderá resultar o surgimento de uma organização social, de um novo movimento social organizado.
Podem surgir também iniciativas editoriais, como uma grande agência de notícias. Quem sabe o encontro dos blogueiros não torne isso um resultado possível, agora ou depois? No evento de lançamento do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, o Paulo Henrique Amorim disse: “Temos de ganhar a batalha da notícia, da informação — e não apenas a batalha da opinião”.
De fato, a informação é a matéria-prima do jornalismo, seu ponto de partida. Os grandes veículos de comunicação têm condições de mobilizar batalhões de jornalistas para fazer coberturas in loco dos fatos ou contratar as grandes agências noticiosas internacionais para mandar os seus despachos sobre o que está acontecendo — na Guerra do Afeganistão, na Guerra do Iraque, nas epidemias da África, etc. Nós não temos ainda essa estrutura. Como disse o Paulo Henrique, “temos muitas pessoas que dão opiniões muito boas, bons analistas — mas não chegamos primeiro à informação”.
Se conseguirmos juntar tudo o que nós dispomos, no sentido de fomentar uma grande agência de notícias sobre os movimentos sociais, seria um resultado já positivo. Esse Encontro de Blogueiros Progressistas pode resultar em muitas coisas e vai jogar papel nessa batalha pela democratização dos meios de comunicação. A vantagem da grande mídia está ligada aos recursos financeiros e tecnológicos de que eles dispõem. Temos de nos munir dos meios.
Qual será o grau de adesão do Vermelho ao Encontro?
O grau de adesão do Vermelho ao 1º Encontro de Blogueiros Progressistas será total. Posso até dizer o seguinte: rigorosamente, o encontro, como parte desse grande movimento que já resultou antes na Confecom, nasceu em grande medida no Vermelho. É fruto, em grande parte, da orientação correta e do empenho do Altamiro Borges, que foi secretário de Comunicação do PCdoB, e do Bernardo Joffily, que, como editor, transformou o Vermelho na trincheira dessa luta pela democratização da mídia.
Eu diria que o Vermelho está umbilicalmente ligado a esse movimento e, por isso, daremos apoio total. Como não temos recursos financeiros, o empenho do Vermelho não é econômico — é político, é ideológico, é moral, é militante. As páginas do Vermelho já se abriram ao noticiário sobre o encontro — o que será intensificado nesta semana, já que as inscrições terminam na próxima sexta-feira. Nos dias do encontro, estaremos lá presentes, e já é decisão nossa que cobriremos totalmente a programação.
Quais devem ser os próximos passos na luta para democratizar a mídia?
Em primeiro lugar, é preciso concretizar o que já foi decidido. Os marcos de cada luta são as conquistas. À medida que você as materializa, dá para avançar e fincar sua bandeira num determinado território. Creio que implantar as medidas aprovadas na Confecom deve ser o próximo passo. É responsabilidade do governo, do Congresso e também do movimento — que precisa ir a Brasília, fazer pressão, bater na porta dos ministérios e do Congresso. Precisamos transformar as conquistas em leis.
A segunda questão — e isso será tema de debate no encontro — é o que fazer para que o movimento dos blogueiros se organize mais. Não sei se estou sendo idealista, mas será que é um objetivo que se pode pôr no médio ou longo prazo? Surgiu o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Estão surgindo outros centros similares? É positivo que isso ocorra?
Existe a possibilidade de em algum prazo, em algum momento, surgir uma entidade ainda mais forte? De surgir uma grande ONG ou um grande sindicato, talvez algo nos moldes das centrais sindicais e das entidades estudantis, que se estruturasse com estatuto, diretoria, meios econômicos, para ser representante do movimento social dos lutadores por uma mídia livre e democrática? Enfim, que passos o movimento pode dar no sentido de se estruturar e se tornar uma força real na sociedade?
Essa questão da mídia ainda é muito difusa. É uma luta que tem muitos aderentes e com a qual todo mundo simpatiza, mas é pouco organizada. Acho que o Centro Barão de Itararé dá uma contribuição para isso, e o Encontro de Blogueiros Progressistas também.
Terceira coisa, que está ligada a isso: a Confecom aprovou a conquista de certos espaços institucionais, como o Conselho Federal de Jornalismo e o Observatório Nacional de Mídia e Direitos Humanos. É preciso não só efetivar esses espaços mas também garantir a real participação da sociedade. Esses representantes da sociedade terão grandes responsabilidades.
E no plano político-parlamentar? A luta pela democratização dos meios de comunicação é transversal a todos os partidos democráticos e a todos os movimentos. Será que há, nestas eleições, candidatos que são ligados a essa causa e que possam formar uma bancada pró-democratização da mídia? É possível organizar uma força política com influência para arrancar concessões e conquistas importantes dos poderes públicos?
Creio que também é necessário associar essa luta ao movimento sindical. Temos a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), que acaba de eleger uma nova diretoria, e existem as federações de outras categorias ligadas ao labor da informação. Que vínculos se estabelecem entre essas entidades? Enfim, é preciso dar passos importantes para organizar o movimento. É uma tarefa gigantesca, e o Encontro de Blogueiros contribui nesse sentido.
Você diria que é uma luta que vai além da simples reforma da mídia?
Para nós — que lutamos por uma nova sociedade — e para a esquerda em geral, a luta pela democratização da mídia nunca deve estar dissociada da batalha das ideias. Em cada vitória que se conquiste, essa luta deve servir também para ajudar a difundir as ideias progressistas — que estão muito esmagadas — no mundo e no Brasil.
Hoje você vê a difusão de ideias racistas e belicistas, de filosofias irracionalistas, da propaganda do individualismo e de todo tipo de preconceito. Não há instrumentos suficientes para divulgar outros valores que a civilização já conquistou com as grandes revoluções — a Revolução Francesa, as revoluções socialistas. São os valores da solidariedade, da fraternidade, do coletivo, da paz, da democracia popular.
Penso que os blogueiros progressistas e as mídias alternativas devem se empenhar nessa luta para incorporar valores ideológicos ao seu ideário político stricto sensu. Para nós, tudo isso faz parte de uma batalha histórica e maior — que é a batalha pela estruturação da sociedade em outros planos. É mais que uma reforma da mídia. É uma luta permanente de ideias para formar correntes de opinião progressista. Já tivemos isso no mundo, mas se perdeu muito com as derrotas que os revolucionários e socialistas sofreram. O Vermelho está à disposição dessa luta.
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Comparato propõe Adin sobre a mídia
Reproduzo artigo de Paulo Henrique Amorim, publicado no blog Conversa Afiada:
A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e a Fitert (Federação Interestadual dos Trabalhadores em Radiodifusão, que representa os radialistas) subscreveram a proposta do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé de entrar no Supremo Tribunal Federal com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) por omissão, de autoria do professor Fabio Konder Comparato, contra o Congresso Nacional, por não regulamentar os artigos de Constituição de 1988 que tratam da Comunicação.
Desde 1988 o Congresso não regulamenta os artigos 220, 221e 224 da Constituição.
O 220 proíbe a formação de oligopólio na comunicação.
O 221 trata da programação do rádio e da tevê.
E o 224 impõe a instalação de uma Comissão de Comunicação Social.
E o Congresso não delibera sobre isso, desde 1988.
Todo mundo elogia a Constituição Cidadã, a Grande Conquista dos Brasileiros, mas, na hora de defender o direito sagrado à comunicação…
Por que ?
Porque a Globo e o PiG não deixam.
O professor Comparato fez, inicialmente, essa proposta à Ordem dos Advogados do Brasil, mas, até agora, a OAB não moveu uma palha.
A OAB está mais preocupada com as dores lombares do Ministro Joaquim Barbosa.
A Fenaj e a Fitert se tornaram fundamentais nessa batalha, porque são associações de âmbito nacional, que mantêm com a Adin proposta uma “pertinência temática”, como nos ensinou o professor Comparato.
O Barão de Itararé, sozinho, não poderia fazer isso.
Ao lado da Fenaj e da Fitert estão as centrais sindicais do país, representadas em reunião que tivemos na casa do professor Comparato.
A decisão de entrar com uma Adin para regulamentar o que a Globo e o PiG não deixam regulamentar será formalmente anunciada na abertura do I Encontro de Blogueiros Progressistas, a se realizar em São Paulo nos dias 21 e 22 deste mês de agosto.
No encontro em que formalmente aceitou liderar essa luta, o professor Comparato estabeleceu algumas condições:
1) É um movimento plural;
2) Não pode ser partidário;
3) Não pode ser sectário;
4) Não tem nada a ver com (qualquer) governo;
5) O objetivo da luta é fazer o STF e o Congresso Nacional reconhecerem que o direito à comunicação é um direito do cidadão.
* Na foto da reunião na casa do professor Fábio Konder Comparato, da esquerda para direita: Domingos Fernandes (UGT), Miro, Rosane Bertotti (CUT), Paulo Henrique Amorim, Comparato, Eduardo Navarro (CTB) e Valdo Albuquerque (CGTB).
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Bonner, o machão da Maitê
Reproduzo artigo de Izaías Almada, publicado no blog Escrevinhador:
Nem bem a tinta do jornal havia secado, onde, entre outras sensaborias se podia ler a entrevista da atriz (sic) Maitê Proença, já o Jornal Nacional na sua edição do dia 09 de agosto escancarava aos seus espectadores a “estratégia” de Dona Beija.
Já me explico. O jornalão o Estado de São Paulo publicou uma entrevista com a atriz, onde se destaca um curioso e patético raciocínio. Ela se diz feminista, mas abriria mão parcialmente desta condição, desde que os machistas brasileiros, selvagens de preferência, ajudassem a colocar a candidata Dilma Roussef no seu lugar, isto é: ou na cozinha ou atrás do tanque. Afinal, o que é que ela tem que ficar se metendo em política e ainda ter a petulância de ser candidata a presidente da república?
William Bonner, jornalista com mestrado em Hommer Simpson, não perdeu tempo. Ao lado da mulher, Fátima Bernardes, iniciou uma sequência de entrevistas tendo Dilma Roussef como primeira a ser inquirida (o termo é esse mesmo). Ansioso, tomado de elevado grau de nervosismo, do alto de sua presunçosa arrogância, disparou contra a candidata uma sequencia de perguntas (muitas delas contraditórias, para quem busca alguma consistência nas respostas), atropelando essas mesmas respostas, em demonstração inequívoca do seu despreparo para aquele momento.
Fiquei pensando, enquanto acompanhava a entrevista, o porquê de tal destempero. De repente, acendeu a luzinha: Bonner, aceitando o desafio da atriz, lançado pela manhã, incorpora de imediato o papel de machista selvagem e avança sobre Dilma Roussef de microfone em punho. Quis o destino que ao seu lado estivesse a sua própria mulher, jornalista, dona de casa e mãe de seus filhos. E ficou evidente ali, diante de milhões de espectadores, que Fátima Bernardes não tem lá muitas simpatias por machistas selvagens e – sem que conseguisse disfarçar a sutileza do gesto – procurou mostrar os excessos do marido em agradar aos donos da casa.
Extravagante, patético, sensacional. O pior jornalismo brasileiro (e não são poucos os que o fazem) mostrava as suas vísceras no horário nobre. Para não deixar dúvidas sobre o fosso que vai se abrindo entre um Brasil que a duras penas quer mudar e um Brasil arcaico que insiste em não enxergar a realidade à sua volta.
Neste, no arcaico, os que entraram nos trilhos da resistência e do passadismo caminham para o precipício, mas seguros da sua própria ignorância.
* Izaías Almada é escritor, dramaturgo e roteirista cinematográfico. É autor, entre outros, do livro "Venezuela, povo e Forças Armadas" (Editora Caros Amigos).
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Nem bem a tinta do jornal havia secado, onde, entre outras sensaborias se podia ler a entrevista da atriz (sic) Maitê Proença, já o Jornal Nacional na sua edição do dia 09 de agosto escancarava aos seus espectadores a “estratégia” de Dona Beija.
Já me explico. O jornalão o Estado de São Paulo publicou uma entrevista com a atriz, onde se destaca um curioso e patético raciocínio. Ela se diz feminista, mas abriria mão parcialmente desta condição, desde que os machistas brasileiros, selvagens de preferência, ajudassem a colocar a candidata Dilma Roussef no seu lugar, isto é: ou na cozinha ou atrás do tanque. Afinal, o que é que ela tem que ficar se metendo em política e ainda ter a petulância de ser candidata a presidente da república?
William Bonner, jornalista com mestrado em Hommer Simpson, não perdeu tempo. Ao lado da mulher, Fátima Bernardes, iniciou uma sequência de entrevistas tendo Dilma Roussef como primeira a ser inquirida (o termo é esse mesmo). Ansioso, tomado de elevado grau de nervosismo, do alto de sua presunçosa arrogância, disparou contra a candidata uma sequencia de perguntas (muitas delas contraditórias, para quem busca alguma consistência nas respostas), atropelando essas mesmas respostas, em demonstração inequívoca do seu despreparo para aquele momento.
Fiquei pensando, enquanto acompanhava a entrevista, o porquê de tal destempero. De repente, acendeu a luzinha: Bonner, aceitando o desafio da atriz, lançado pela manhã, incorpora de imediato o papel de machista selvagem e avança sobre Dilma Roussef de microfone em punho. Quis o destino que ao seu lado estivesse a sua própria mulher, jornalista, dona de casa e mãe de seus filhos. E ficou evidente ali, diante de milhões de espectadores, que Fátima Bernardes não tem lá muitas simpatias por machistas selvagens e – sem que conseguisse disfarçar a sutileza do gesto – procurou mostrar os excessos do marido em agradar aos donos da casa.
Extravagante, patético, sensacional. O pior jornalismo brasileiro (e não são poucos os que o fazem) mostrava as suas vísceras no horário nobre. Para não deixar dúvidas sobre o fosso que vai se abrindo entre um Brasil que a duras penas quer mudar e um Brasil arcaico que insiste em não enxergar a realidade à sua volta.
Neste, no arcaico, os que entraram nos trilhos da resistência e do passadismo caminham para o precipício, mas seguros da sua própria ignorância.
* Izaías Almada é escritor, dramaturgo e roteirista cinematográfico. É autor, entre outros, do livro "Venezuela, povo e Forças Armadas" (Editora Caros Amigos).
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Papel da Globo nas eleições de 2006/2010
Reproduzo artigo de Luiz Carlos Azenha, intitulado "Como a Globo ajudou a levar para o segundo turno", publicado no blog Viomundo:
O texto abaixo trará apenas uma novidade (considerável) para os leitores habituais do site.
Mas é importante repetir a história, especialmente para os leitores que chegam agora.
Em 2006 eu era repórter especial da TV Globo baseado em São Paulo. Fui escalado para cobrir as eleições presidenciais. Foi minha primeira experiência no gênero. Fui destacado para acompanhar o candidato Geraldo Alckmin.
Mas antes, durante as denúncias que pipocaram por causa do mensalão, comprovei em Goiás caixa dois do PT. O assunto foi parar em Brasília. Na hora agá, o denunciado abriu os arquivos e disse que tinha dado dinheiro a todos os partidos. A partir daí, o assunto morreu.
O incômodo que eu e muitos colegas sentimos nasceu mesmo na campanha. Eu friso muitos porque a Globo quis fazer parecer que eram apenas dois gatos pingados. Na minha contabilidade, pelo menos dez profissionais da emissora demonstraram abertamente que estavam alarmados com o andamento da cobertura.
Conversávamos abertamente a respeito, na redação.
Como jornalistas experientes, sabíamos detectar as nuances na cobertura da emissora:
1. Marco Aurélio Mello, editor de Economia do Jornal Nacional, nos contou que tinha recebido ordens do Rio para “tirar o pé” das reportagens econômicas que poderiam ser vistas como positivas para Lula, que buscava a reeleição;
2. Alexandre Garcia, comentarista de Brasília, começou a aparecer em programas de entretenimento para fazer análises eleitorais;
3. Todos os sábados, o Jornal Nacional repercutia as capas com denúncias da revista Veja ao governo, sem checar se as informações eram ou não verídicas;
4. Nos 50 segundos diários de cada candidato, muitas vezes a emissora repercutia as denúncias que havia apresentado contra o governo. Assim, eram três candidatos (150 segundos) pedindos explicações ou fazendo acusações ao governo (Geraldo Alckmin, Heloisa Helena e Cristovam Buarque) e 50 segundos de “defesa”.
5. Só entravam no ar denúncias contra o governo, o que levou o repórter Carlos Dornelles a fazer um protesto público. Colegas se reuniram para pedir isonomia ao editor regional de São Paulo. Como resultado do protesto, fui encarregado de fazer uma reportagem sobre o escândalo das ambulâncias, que envolvia aliados do candidato ao governo paulista, José Serra. A reportagem nunca foi ao ar. Esse caso eu contei aqui.
6. Na semana do primeiro turno, a Globo bombou no ar as denúncias que envolviam o candidato do PT ao governo de Pernambuco, o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, mas escondeu que aliados de José Serra estavam envolvidos no mesmo escândalo.
Aqui, a novidade: diante de tal descalabro, um colega chegou a ligar para o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para denunciar que a Globo se empenhava em levar a eleição para o segundo turno.
E a Globo ajudou a levar, com a colaboração dos aloprados petistas, do delegado Edmilson Bruno e por causa da ausência do candidato Lula no debate final da emissora.
A diferença entre 2006 e 2010 é que naquela época éramos dez pessoas denunciando o descalabro, de dentro. Agora, alguns milhares já são capazes de perceber a manipulação apenas assistindo TV.
Curiosamente, em 2010 Ali Kamel não terceirizou o golpe. Pretende aplicá-lo apenas com a ajuda do mais alto escalão, no qual se inclui William Bonner.
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O texto abaixo trará apenas uma novidade (considerável) para os leitores habituais do site.
Mas é importante repetir a história, especialmente para os leitores que chegam agora.
Em 2006 eu era repórter especial da TV Globo baseado em São Paulo. Fui escalado para cobrir as eleições presidenciais. Foi minha primeira experiência no gênero. Fui destacado para acompanhar o candidato Geraldo Alckmin.
Mas antes, durante as denúncias que pipocaram por causa do mensalão, comprovei em Goiás caixa dois do PT. O assunto foi parar em Brasília. Na hora agá, o denunciado abriu os arquivos e disse que tinha dado dinheiro a todos os partidos. A partir daí, o assunto morreu.
O incômodo que eu e muitos colegas sentimos nasceu mesmo na campanha. Eu friso muitos porque a Globo quis fazer parecer que eram apenas dois gatos pingados. Na minha contabilidade, pelo menos dez profissionais da emissora demonstraram abertamente que estavam alarmados com o andamento da cobertura.
Conversávamos abertamente a respeito, na redação.
Como jornalistas experientes, sabíamos detectar as nuances na cobertura da emissora:
1. Marco Aurélio Mello, editor de Economia do Jornal Nacional, nos contou que tinha recebido ordens do Rio para “tirar o pé” das reportagens econômicas que poderiam ser vistas como positivas para Lula, que buscava a reeleição;
2. Alexandre Garcia, comentarista de Brasília, começou a aparecer em programas de entretenimento para fazer análises eleitorais;
3. Todos os sábados, o Jornal Nacional repercutia as capas com denúncias da revista Veja ao governo, sem checar se as informações eram ou não verídicas;
4. Nos 50 segundos diários de cada candidato, muitas vezes a emissora repercutia as denúncias que havia apresentado contra o governo. Assim, eram três candidatos (150 segundos) pedindos explicações ou fazendo acusações ao governo (Geraldo Alckmin, Heloisa Helena e Cristovam Buarque) e 50 segundos de “defesa”.
5. Só entravam no ar denúncias contra o governo, o que levou o repórter Carlos Dornelles a fazer um protesto público. Colegas se reuniram para pedir isonomia ao editor regional de São Paulo. Como resultado do protesto, fui encarregado de fazer uma reportagem sobre o escândalo das ambulâncias, que envolvia aliados do candidato ao governo paulista, José Serra. A reportagem nunca foi ao ar. Esse caso eu contei aqui.
6. Na semana do primeiro turno, a Globo bombou no ar as denúncias que envolviam o candidato do PT ao governo de Pernambuco, o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, mas escondeu que aliados de José Serra estavam envolvidos no mesmo escândalo.
Aqui, a novidade: diante de tal descalabro, um colega chegou a ligar para o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para denunciar que a Globo se empenhava em levar a eleição para o segundo turno.
E a Globo ajudou a levar, com a colaboração dos aloprados petistas, do delegado Edmilson Bruno e por causa da ausência do candidato Lula no debate final da emissora.
A diferença entre 2006 e 2010 é que naquela época éramos dez pessoas denunciando o descalabro, de dentro. Agora, alguns milhares já são capazes de perceber a manipulação apenas assistindo TV.
Curiosamente, em 2010 Ali Kamel não terceirizou o golpe. Pretende aplicá-lo apenas com a ajuda do mais alto escalão, no qual se inclui William Bonner.
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Comunicação e integração da América Latina
Reproduzo artigo de Gilka Resende, publicado no sítio do jornal Brasil de Fato:
Cerca de 100 comunicadores e representantes de movimentos sociais de diversos países das América Latina se reuniram no seminário “Um diálogo para democratizar a comunicação e impulsionar a integração” em Assunção, Capital do Paraguai. O evento aconteceu nos dias 9 e 10 de agosto, prévios ao quarto Fórum Social das Américas (11 a 15/8).
Os povos originários foram lembrados durante a cerimônia de abertura por ser o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Um documento enviado por indígenas da Colômbia ressaltou que “o direito ao acesso aos meios de comunicação de massa privados e públicos, e a apropriação de meios indígenas, não são garantidos pelos Estados nacionais colonizadores".
A jornalista colombiana Vilma Almendra acredita que o diálogo entre movimentos sociais e governos é uma prioridade. Ela pertence à etnia indígena Nasa e é uma das organizadoras do Seminário. “A comunicação é muito importante para os povos indígenas, em especial uma comunicação que seja democrática e integradora. Queremos uma integração que permita articular políticas de transformação social, democratizar a comunicação e juntar lutas para que possamos resistir ao modelo econômico transnacional”, apontou Vilma.
A luta pela comunicação popular no Paraguai
O ministro das comunicações paraguaio Augusto dos Santos esteve presente ao Seminário. Ele afirmou que “A reforma comunicativa é urgente e necessária nos países da America Latina”. À frente da Secretaria de Informação e Comunicação para o Desenvolvimento do Paraguai, disse que houve avanços na região em relação às políticas de comunicação e integração entre os países. No entanto, ressalta que os meios de comunicação dos governos devem estar nas mãos dos cidadãos para se tornarem realmente públicos.
Augusto enfatizou: “Os meios (de comunicação) públicos devem se fortalecer a partir das questões públicas e cidadãs. É certo que com isso veremos um pouco menos os rostos dos presidentes e ministros. Mas não por os meios de comunicação nas mãos dos cidadãos é um erro que não se deve cometer mais nessa América”.
Os movimentos sociais presentes ao Seminário afirmaram que a comunicação deve ser vista como direito humano, e não como mercadoria. Porém, assim como no Brasil, a situação das emissoras comunitárias no Paraguai não está fácil, segundo Altanácio Galeano, da Associação de Rádios Vozes do Paraguai. Ele faz parte da rádio Kasike FM, da cidade de Lambare, distante 30 quilômetros da capital Assunção.
“A nova lei de telecomunicações criminaliza quem quer exercer o direto à comunicação no país. Estávamos dialogando com o governo de Fernando Lugo, mas é como se todos os avanços tivessem se apagado. Em suas alianças, o governo deixou o setor de telecomunicações com a direita. Essa lei, por exemplo, prevê a prisão de pessoas e concede às comunitárias um alcance muito pequeno”, contou Altanácio.
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Cerca de 100 comunicadores e representantes de movimentos sociais de diversos países das América Latina se reuniram no seminário “Um diálogo para democratizar a comunicação e impulsionar a integração” em Assunção, Capital do Paraguai. O evento aconteceu nos dias 9 e 10 de agosto, prévios ao quarto Fórum Social das Américas (11 a 15/8).
Os povos originários foram lembrados durante a cerimônia de abertura por ser o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Um documento enviado por indígenas da Colômbia ressaltou que “o direito ao acesso aos meios de comunicação de massa privados e públicos, e a apropriação de meios indígenas, não são garantidos pelos Estados nacionais colonizadores".
A jornalista colombiana Vilma Almendra acredita que o diálogo entre movimentos sociais e governos é uma prioridade. Ela pertence à etnia indígena Nasa e é uma das organizadoras do Seminário. “A comunicação é muito importante para os povos indígenas, em especial uma comunicação que seja democrática e integradora. Queremos uma integração que permita articular políticas de transformação social, democratizar a comunicação e juntar lutas para que possamos resistir ao modelo econômico transnacional”, apontou Vilma.
A luta pela comunicação popular no Paraguai
O ministro das comunicações paraguaio Augusto dos Santos esteve presente ao Seminário. Ele afirmou que “A reforma comunicativa é urgente e necessária nos países da America Latina”. À frente da Secretaria de Informação e Comunicação para o Desenvolvimento do Paraguai, disse que houve avanços na região em relação às políticas de comunicação e integração entre os países. No entanto, ressalta que os meios de comunicação dos governos devem estar nas mãos dos cidadãos para se tornarem realmente públicos.
Augusto enfatizou: “Os meios (de comunicação) públicos devem se fortalecer a partir das questões públicas e cidadãs. É certo que com isso veremos um pouco menos os rostos dos presidentes e ministros. Mas não por os meios de comunicação nas mãos dos cidadãos é um erro que não se deve cometer mais nessa América”.
Os movimentos sociais presentes ao Seminário afirmaram que a comunicação deve ser vista como direito humano, e não como mercadoria. Porém, assim como no Brasil, a situação das emissoras comunitárias no Paraguai não está fácil, segundo Altanácio Galeano, da Associação de Rádios Vozes do Paraguai. Ele faz parte da rádio Kasike FM, da cidade de Lambare, distante 30 quilômetros da capital Assunção.
“A nova lei de telecomunicações criminaliza quem quer exercer o direto à comunicação no país. Estávamos dialogando com o governo de Fernando Lugo, mas é como se todos os avanços tivessem se apagado. Em suas alianças, o governo deixou o setor de telecomunicações com a direita. Essa lei, por exemplo, prevê a prisão de pessoas e concede às comunitárias um alcance muito pequeno”, contou Altanácio.
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quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Uma conspiração da Globo e do Datafolha?
Por Altamiro Borges
Líder absoluto de audiência, o Jornal Nacional da TV Globo levou ao ar nesta semana sua série de entrevistas com os três candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de opinião. Dilma Rousseff foi a primeira a enfrentar Willian Bonner e Fátima Bernardes. O casal global promoveu algo parecido com um interrogatório policial – só faltaram os instrumentos de tortura. Até o presidente Lula, sempre tão conciliador, criticou a “falta de gentileza” do apresentador do JN.
Já na terça-feira, a verde Marina Silva foi visivelmente conduzida para criticar o governo. Parte da entrevista foi utilizada ardilosamente para repisar o chamado “escândalo do mensalão do PT”, reforçando a tese de que a candidatura do PV serve ao intento de garantir um segundo turno. Para encerrar a encenação, com ares de tragicomédia, o casal teve uma conversa bem amigável com o demotucano José Serra. Até o insuspeito Roberto Jefferson, do PTB, confessou o crime: “Willian Bonner e Fátima Bernardes facilitaram para o meu candidato. Foram mais amenos com ele”.
Lula colhe o que plantou
Agora, os comandos de campanha avaliam o desempenho dos candidatos e a postura editorial da TV Globo. Entre as forças que apóiam o governo Lula, todos garantem que Dilma Rousseff saiu-se muito bem no primeiro teste e aproveitam para criticar as manipulações da poderosa emissora. De forma ácida, mas certeira, o blogueiro Luis Carlos Azenha despreza a choradeira. “O governo Lula não pode reclamar da mídia. É a mídia que este governo ajudou a financiar e ele está apenas colhendo o que plantou. Parece ser um caso de síndrome de Estocolmo”.
Passado este episódio tão educativo, surge agora outra suspeita. Por que o Datafolha deixou para fazer sua nova pesquisa eleitoral exatamente neste final de semana? Ela tentará repercutir a série manipulada das entrevistas da TV Globo para garantir sobrevida ao seu candidato, o demotucano José Serra? O deputado federal Brizola Neto, que tem se destacado na denúncia das maracutaias da mídia, não tem dúvida sobre a hipótese de uma conspiração envolvendo Globo-Datafolha.
Coincidência ou jogo sujo?
Para reforçar sua suspeita, ele cita um texto elucidativo postado no sítio da revista Veja. “O blog de Lauro Jardim mostra qual será o caminho da mídia para sustentar o último suspiro de Serra antes do início da campanha pela TV, quando a desvantagem do tucano tende a se acentuar. E a estratégia será, mais uma vez, com o dedicado empenho do Datafolha... O colunista afirma com todas as letras: ‘Quem vai definir se Serra acordará no dia 17 em condições de boa disputa com Dilma é o Datafolha’. Pronto, está explícito o roteiro a ser seguido pela Veja e os grandes meios de comunicação”.
E como o Datafolha justificará a tramóia, quando os outros três institutos apontam crescimento de Dilma e queda do tucano? “Também está tudo explicadinho no blog do colunista da Veja. O instituto usará o debate da Band, que pela versão midiática Serra ‘venceu por pontos’, como escreveu Jardim, e o somará às entrevistas desta semana no Jornal Nacional... Serra será o último entrevistado pelo principal telejornal da Rede Globo, o que poderá ser usado para justificar um suposto recall de memória em alguns entrevistados, já que o Datafolha irá a campo no dia seguinte à fala do tucano. Coincidência, né?”.
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Líder absoluto de audiência, o Jornal Nacional da TV Globo levou ao ar nesta semana sua série de entrevistas com os três candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de opinião. Dilma Rousseff foi a primeira a enfrentar Willian Bonner e Fátima Bernardes. O casal global promoveu algo parecido com um interrogatório policial – só faltaram os instrumentos de tortura. Até o presidente Lula, sempre tão conciliador, criticou a “falta de gentileza” do apresentador do JN.
Já na terça-feira, a verde Marina Silva foi visivelmente conduzida para criticar o governo. Parte da entrevista foi utilizada ardilosamente para repisar o chamado “escândalo do mensalão do PT”, reforçando a tese de que a candidatura do PV serve ao intento de garantir um segundo turno. Para encerrar a encenação, com ares de tragicomédia, o casal teve uma conversa bem amigável com o demotucano José Serra. Até o insuspeito Roberto Jefferson, do PTB, confessou o crime: “Willian Bonner e Fátima Bernardes facilitaram para o meu candidato. Foram mais amenos com ele”.
Lula colhe o que plantou
Agora, os comandos de campanha avaliam o desempenho dos candidatos e a postura editorial da TV Globo. Entre as forças que apóiam o governo Lula, todos garantem que Dilma Rousseff saiu-se muito bem no primeiro teste e aproveitam para criticar as manipulações da poderosa emissora. De forma ácida, mas certeira, o blogueiro Luis Carlos Azenha despreza a choradeira. “O governo Lula não pode reclamar da mídia. É a mídia que este governo ajudou a financiar e ele está apenas colhendo o que plantou. Parece ser um caso de síndrome de Estocolmo”.
Passado este episódio tão educativo, surge agora outra suspeita. Por que o Datafolha deixou para fazer sua nova pesquisa eleitoral exatamente neste final de semana? Ela tentará repercutir a série manipulada das entrevistas da TV Globo para garantir sobrevida ao seu candidato, o demotucano José Serra? O deputado federal Brizola Neto, que tem se destacado na denúncia das maracutaias da mídia, não tem dúvida sobre a hipótese de uma conspiração envolvendo Globo-Datafolha.
Coincidência ou jogo sujo?
Para reforçar sua suspeita, ele cita um texto elucidativo postado no sítio da revista Veja. “O blog de Lauro Jardim mostra qual será o caminho da mídia para sustentar o último suspiro de Serra antes do início da campanha pela TV, quando a desvantagem do tucano tende a se acentuar. E a estratégia será, mais uma vez, com o dedicado empenho do Datafolha... O colunista afirma com todas as letras: ‘Quem vai definir se Serra acordará no dia 17 em condições de boa disputa com Dilma é o Datafolha’. Pronto, está explícito o roteiro a ser seguido pela Veja e os grandes meios de comunicação”.
E como o Datafolha justificará a tramóia, quando os outros três institutos apontam crescimento de Dilma e queda do tucano? “Também está tudo explicadinho no blog do colunista da Veja. O instituto usará o debate da Band, que pela versão midiática Serra ‘venceu por pontos’, como escreveu Jardim, e o somará às entrevistas desta semana no Jornal Nacional... Serra será o último entrevistado pelo principal telejornal da Rede Globo, o que poderá ser usado para justificar um suposto recall de memória em alguns entrevistados, já que o Datafolha irá a campo no dia seguinte à fala do tucano. Coincidência, né?”.
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Serra no JN: 12 mentiras em 12 minutos
Reproduzo excelente artigo de Cláudio Gonzalez, publicado no sítio Vermelho:
Tratado como se estivesse entre amigos – e estava -, o candidato do PSDB à presidência da República, José Serra (PSDB), participou nesta quarta-feira (11) da rodada de entrevistas com os presidenciáveis do Jornal Nacional, da Rede Globo. Sem ser confrontado pelos entrevistadores, Serra conseguiu se mostrar elegante na forma, mas no conteúdo sua participação foi marcada por um discurso repleto de mentiras e meias-verdades.
Apesar da colher de chá que os entrevistadores deram ao candidato para expor suas idéias sem muitos questionamentos, Serra derrapou no final, quando tentou deixar sua mensagem alinhada com a nova estratégia de campanha - a de se distanciar da elite e se mostrar como o candidato dos pobres. Ele enrolou na resposta e acabou sendo cortado.
No início da entrevista, ao ser questionado sobre o fato de estar poupando o presidente Lula de críticas na campanha, Serra desconversou, disse que Lula não é candidato, portanto não é seu adversário, e tentou desqualificar a candidata do PT. Sem citar o nome de Dilma, disse que não se pode 'governar na garupa', insinuando que a ex-ministra, caso seja eleita, faria um governo monitorado pelo atual presidente. A declaração de Serra pode ter gerado a manchete que a mídia queria, mas é uma afirmação potencialmente arriscada para o tucano. Com a popularidade do governo nas alturas, uma parte considerável do eleitorado que aprova o presidente Lula pode estar buscando justamente uma candidatura que "ande na garupa" de Luiz Inácio. E esta candidata é Dilma, não Serra.
Na única pergunta que parecia mais constrangedora para Serra, Willian Bonner questionou o tucano sobre a aliança com o PTB, numa clara manobra para voltar a falar do “mensalão do PT”. Não precisa ser jornalista nem analista político para saber que houve, nesta pergunta, uma clara intenção de poupar o candidato tucano do desconforto de ter que justificar sua aliança com o DEM, que protagonizou um “mensalão” muito mais recente e constrangedor, que foi o escândalo envolvendo o governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal.
Também não se questionou o tucano sobre o “mensalão” mineiro protagonizado por ninguém menos que o ex-presidente do PSDB, Eduardo Azeredo. Privatizações, relação com movimentos sociais, atritos com aliados... foram outros temas espertamente descartados da sabatina.
Tucano assume que não trabalhou direito
Ao falar sobre os caros pedágios cobrados em São Paulo, Serra entrou em contradição. Disse que se "trabalhar direito" dá para fazer estradas boas sem cobrar tarifas elevadas de pedágio. Neste momento, um entrevistador atento e isento teria perguntado: então por que seu governo não fez isso em São Paulo? O senhor “não trabalhou direito”?
Mas a conversa do casal global com o candidato tucano não previa confrontações. Estava tudo dentro do script traçado pela família Marinho para alavancar a candidatura “da casa” e não cabia ali desautorizar o “mais preparado dos homens públicos”.
Palocci: o inocente útil do Serra
Durante a entrevista, mais uma vez, tal como fez no debate da Bandeirantes, José Serra citou o nome do ex-ministro Antonio Palocci, repetindo que o petista "não cansava de elogiar o governo Fernando Henrique" quando foi ministro da Fazenda no primeiro mandato do presidente Lula. A afirmação recorrente de Serra tem dois objetivos: constranger a candidata do PT, Dilma Rousseff –já que Palocci é um dos coordenadores de sua campanha-- e minimizar as críticas ao governo Fernando Henrique.
Pior do que ouvir tal afirmação vinda de Serra é saber que Antonio Palocci não se digna a responder ao tucano. A carapuça lhe serve, portanto não questiona o uso político que Serra faz de seu nome em prejuízo da candidata da qual é coordenador de campanha. Tivesse um pouco mais de dignidade, Palocci no mínimo utilizaria seu espaço cativo nas colunas de bastidores dos jornais para desautorizar o tucano. Mas como não responde, acaba fazendo o papel de "inocente" útil num tema que é crucial para a campanha petista: a comparação entre os governos FHC e Lula.
Sandálias da humildade
Serra tentou, ao final da entrevista, emplacar sua nova estratégia de campanha. Mudar a imagem de candidato da elite e calçar as “sandálias da humildade” para se mostrar como o homem de origem pobre que venceu na vida estudando e ajudando o povo. Serra queria dizer que ia governar para os pobres e não apenas para os ricos. Mas não deu tempo. Por mais cordial que Bonner tenha sido com Serra, não dava para deixar o entrevistado surrupiar minutos a mais que o tempo previsto para a entrevista.
Mentiras e meias-verdades
A íntegra da entrevista de Serra, assim como a de Dilma e Marina, estão facilmente disponíveis na internet. Não é preciso detalhar o que o entrevistado disse ou como disse. Mas é imprescindível apontar as contradições e inverdades contidas em suas declarações. Até por que, são declarações recorrentes, argumentos que o tucano tem utilizado com frequência e, que se não forem devidamente combatidos e esclarecidos, podem atravessar toda a campanha eleitoral travestidos de verdade.
Numa rápida análise da entrevista de 12 minutos ao Jornal Nacional, podemos detectar pelo menos 12 questões levantadas por Serra que não correspondem à realidade. Especialistas em cada assunto poderão encontrar várias outras. Abaixo, um resumo das “mentiras por minuto” que Serra contou aos telespectadores do telejornal de maior audiência da televisão brasileira.
1. Fiz os genéricos.
Parece uma constante na biografia de José Serra a sua pretensão de autoria sobre programas que ele não criou, apenas regulamentou. A história da legislação dos genéricos no Brasil inicia-se pelo então deputado federal Eduardo Jorge, em 1991, quando apresentou o Projeto de Lei 2.022, que planejava remover marcas comerciais dos medicamentos. Em 1993, foi publicado pelo então presidente Itamar Franco, que tinha como ministro da Saúde Jamil Haddad, o Decreto nº 793, que instituiu a política de medicamentos genéricos. Portanto, quando Serra assumiu o Ministério da Saúde, no governo FHC, o programa de medicamentos genéricos já era uma realidade. Serra e FHC apenas revogaram o decreto anterior na íntegra e fizeram uma lei (9.787/99) e um novo decreto (3.181/1999) com muitas concessões ao lobby da indústria farmacêutica.
2. Fiz a campanha da Aids.
O mesmo embuste dos genéricos, Serra aplica em relação ao programa de combate à Aids. Na verdade, o tucano, por uma estratégia de marketing, assume como se fosse dele um programa que é anterior à sua gestão no Ministério. Saiba mais aqui
3. A saúde, nos últimos anos, não andou bem.
Serra tenta generalizar para não reconhecer que a situação hoje é melhor que no governo passado. A saúde continua com problemas, é óbvio, sobretudo no atendimento de urgência e emergência de hospitais do país. Mas nos últimos anos, houve melhoras significativas em quase todas as demais áreas da saúde. No governo Lula diminuiu sensivelmente a mortalidade materna e a mortalidade infantil. O Brasil está entre os 16 países em condições de atingir a quarta meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio nestas questões. O governo Lula instalou e ampliou programas importantíssimos que não existiam ou estavam subutilizados na gestão de Serra ministro, como o Farmácia Popular, Brasil Sorridente, Saúde da Família -- o financiamento do programa foi triplicado entre 2002 e 2008, passando de R$1,3 bilhão para R$ 4,4 bilhões--, Samu 192 –ao qual SP se nega a aderir até hoje—, PAC da Saúde, UPA 24h, Olhar Brasil, Doação de Órgãos, Bancos de Leite Humano, QualiSUS (fortalecimento do SUS, que os tucanos boicotam), mais investimentos na Política de Saúde Mental, etc. Todo este avanço ocorreu mesmo com o fato da oposição, incluindo o DEM e o PSDB, ter votado pelo fim da CPMF, que destinava recursos para a saúde. Também é preciso frisar que nem todas as ações dependem da União. Governos estaduais e municípios têm ampla participação na gestão da saúde. Serra também não conseguiu resolver os problemas na saúde pública de São Paulo quando foi prefeito, nem quando foi governador.
4. Muita prevenção que se fazia acabou ficando para trás.
Mentira pura de Serra. O governo federal manteve e ampliou todas as campanhas de vacinação existentes e ainda incluiu novas vacinas no calendário oficial. Desde 2004, o Ministério da Saúde adota três calendários obrigatórios de vacinação: o da criança, o do adolescente e o do adulto e idoso. O programa de prevenção às endemias funciona bem, ao contrário do que acontecia no governo Fernando Henrique. Quando Serra ainda era ministro da Saúde, o Brasil sofreu com uma terrível epidemia de dengue, ao ponto do tucano ter sido apelidado de “ministro da dengue”.
5. O Roberto Jefferson conhece muito bem o meu programa de governo.
Nem Roberto Jefferson nem nenhum outro aliado do tucano conhece o “programa de governo” de Serra porque ele simplesmente não existe. Quando foi entregar o seu “programa” no TRE, a campanha tucana protocolou a transcrição de dois discursos de Serra, e disse que aquilo era o programa de governo da candidatura. Além disso, Roberto Jefferson aliou-se a Serra não por que comunga com o tucano ideias programáticas. Pelo contrário: Jefferson criticou duramente Serra quando o tucano deu declarações contra o “mercado”. O apoio do PTB a Serra tem um único objetivo: facilitar a eleição de deputados da legenda nas coligações regionais.
6. Eu não faço loteamentos de cargos.
Serra vem repetindo esta lorota em várias ocasiões. Mas o fato é que quase todas as instituições, estatais e órgãos públicos do governo de São Paulo são chefiados por correligionários ou pessoas indicadas pelos líderes de partidos que governam o estado. As sub-prefeituras da cidade de S. Paulo, tanto na gestão Serra quanto na gestão Kassab, foram e são comandadas por apadrinhados políticos. Aliados de Serra, como o presidente do PPS, Roberto Freire, mesmo não tendo nenhum vínculo com SP, foram nomeados para conselhos de estatais paulistas. O neo-aliado Orestes Quércia (PMDB) já fez diversas indicações para cargos de confiança em SP na atual gestão demo-tucana. Prefeitos de partidos que lhe fazem oposição dizem que Serra governa com mapa político nas mãos e com ele no governo os adversários passam a pão e água. Verbas, convênios e obras só para seus aliados. Ao insistir nesta afirmação de que “não faz loteamento”, o tucano menospreza a inteligência do eleitor e provoca riso –e talvez alguma preocupação-- entre seus aliados, que sabem que alianças são feitas apenas se as forças políticas participantes puderem compartilhar a administração pública do mandatário que ajudaram a eleger.
7. Eu não sou centralizador.
Quem desmente o candidato são seus próprios correligionários. As seções de bastidores de política dos principais jornais do país trazem toda semana a reclamação de algum aliado de Serra que protesta contra o modo centralizador como o candidato conduz a campanha. Chegaram a dizer que enquanto a campanha de Dilma é conduzida por um G7, a de Serra é conduzida por um G1, grupo formado por ele mesmo.
8. O Índio da Costa estava entre os nomes que a gente cogitava.
Não há nenhum analista político no país que tenha coragem de confirmar esta afirmação de Serra. Simplesmente porque ela é uma mentira deslavada. O nome de Índio da Costa só surgiu aos 45 minutos do segundo tempo, depois que uma dezena de outros nomes já tinham sido descartados e uma crise grave estava instalada na campanha. O próprio Serra disse que não conhecia direito o vice escolhido pelo DEM.
9. Meu vice é jovem, ficha limpa, preparado.
Em primeiro lugar, aos 40 anos a pessoa já não é tão jovem assim. Tanto que o deputado do DEM nunca se interessou por projetos ligados à juventude. Mas quanto a isso, sem problemas. O problema é dizer que Índio da Costa é “ficha limpa”. A verdade é que a “ficha” do apadrinhado de Cesar Maia tem algumas manchas bem encardidas. Ele foi um dos alvos da CPI na Câmara dos Vereadores do Rio que investigou superfaturamento e má-qualidade nos alimentos comprados para a merenda escolar, quando ainda era vereador. Além disso, o deputado demista foi sim um dos que relataram o Projeto Ficha Limpa no início, mas o relatório fundamental foi do deputado do PT-SP José Eduardo Cardozo. Quando os tucanos tentam colocar na conta de Índio da Costa a aprovação do projeto Ficha Limpa apelam para o mesmo engodo que Serra aplica quando se diz o criador da Lei dos Genéricos. E, por fim, sobre o adjetivo “preparado”, basta lembrar as trapalhadas e constrangimentos que Índio da Costa causou à campanha tucana logo no início para saber que é um elogio descabido.
10. Nunca o Brasil teve estradas tão ruins.
Mais uma vez Serra generaliza para tentar esconder as melhorias ocorridas nos últimos anos. Esta frase de Serra poderia caber durante o governo Fernando Henrique que investiu quase nada em estradas. O governo Lula não só aumentou os investimentos, como promoveu a concessão de algumas rodovias federais que agora recebem melhorias sem que para isso os usuários tenham que pagar elevadas tarifas de pedágio. O canal de notícias T1 (http://www.agenciat1.com.br ) especializado em transportes, desmente o discurso tucano e fornece enorme quantidade de dados e informações que mostram que as rodovias federais melhoraram e não pioraram nos últimos anos.
11. A Fernão Dias está fechada.
Serra deveria avisar isso aos milhares de motoristas que trafegavam pela Fernão Dias no exato instante em que o tucano dizia tal mentira. Serra fez a firmação como se a rodovia estivesse totalmente indisponível para o tráfego. O fato é que apenas um pequeno trecho, na região de Mairiporã, da rodovia que liga São Paulo a Minas Gerais está em obras.
12. A Regis Bittencourt continua sendo a rodovia da morte.
A Rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba, foi incluída, em 2008, no plano federal de concessões. Desde então, foram feitas diversas melhorias na via. Os 402 quilômetros da rodovia receberam melhorias no asfalto, nova sinalização, muretas de proteção e serviço de atendimento ao motorista. É fato que os R$ 302 milhões investidos até agora não foram suficientes para acabar com a má fama da Régis, mas foi o governo Lula o primeiro a tomar a iniciativa de melhorar a estrada. No governo FHC, nada foi feito e, apesar da maior parte da rodovia estar em território paulista, os sucessivos governos tucanos em SP nunca propuseram parcerias com o governo federal e/ou municípios para ajudar na conservação da BR.
Serra ainda pretendia contar uma 13a. lorota: a de que vai governar para os pobres e não para os ricos, mas não deu tempo.
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Tratado como se estivesse entre amigos – e estava -, o candidato do PSDB à presidência da República, José Serra (PSDB), participou nesta quarta-feira (11) da rodada de entrevistas com os presidenciáveis do Jornal Nacional, da Rede Globo. Sem ser confrontado pelos entrevistadores, Serra conseguiu se mostrar elegante na forma, mas no conteúdo sua participação foi marcada por um discurso repleto de mentiras e meias-verdades.
Apesar da colher de chá que os entrevistadores deram ao candidato para expor suas idéias sem muitos questionamentos, Serra derrapou no final, quando tentou deixar sua mensagem alinhada com a nova estratégia de campanha - a de se distanciar da elite e se mostrar como o candidato dos pobres. Ele enrolou na resposta e acabou sendo cortado.
No início da entrevista, ao ser questionado sobre o fato de estar poupando o presidente Lula de críticas na campanha, Serra desconversou, disse que Lula não é candidato, portanto não é seu adversário, e tentou desqualificar a candidata do PT. Sem citar o nome de Dilma, disse que não se pode 'governar na garupa', insinuando que a ex-ministra, caso seja eleita, faria um governo monitorado pelo atual presidente. A declaração de Serra pode ter gerado a manchete que a mídia queria, mas é uma afirmação potencialmente arriscada para o tucano. Com a popularidade do governo nas alturas, uma parte considerável do eleitorado que aprova o presidente Lula pode estar buscando justamente uma candidatura que "ande na garupa" de Luiz Inácio. E esta candidata é Dilma, não Serra.
Na única pergunta que parecia mais constrangedora para Serra, Willian Bonner questionou o tucano sobre a aliança com o PTB, numa clara manobra para voltar a falar do “mensalão do PT”. Não precisa ser jornalista nem analista político para saber que houve, nesta pergunta, uma clara intenção de poupar o candidato tucano do desconforto de ter que justificar sua aliança com o DEM, que protagonizou um “mensalão” muito mais recente e constrangedor, que foi o escândalo envolvendo o governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal.
Também não se questionou o tucano sobre o “mensalão” mineiro protagonizado por ninguém menos que o ex-presidente do PSDB, Eduardo Azeredo. Privatizações, relação com movimentos sociais, atritos com aliados... foram outros temas espertamente descartados da sabatina.
Tucano assume que não trabalhou direito
Ao falar sobre os caros pedágios cobrados em São Paulo, Serra entrou em contradição. Disse que se "trabalhar direito" dá para fazer estradas boas sem cobrar tarifas elevadas de pedágio. Neste momento, um entrevistador atento e isento teria perguntado: então por que seu governo não fez isso em São Paulo? O senhor “não trabalhou direito”?
Mas a conversa do casal global com o candidato tucano não previa confrontações. Estava tudo dentro do script traçado pela família Marinho para alavancar a candidatura “da casa” e não cabia ali desautorizar o “mais preparado dos homens públicos”.
Palocci: o inocente útil do Serra
Durante a entrevista, mais uma vez, tal como fez no debate da Bandeirantes, José Serra citou o nome do ex-ministro Antonio Palocci, repetindo que o petista "não cansava de elogiar o governo Fernando Henrique" quando foi ministro da Fazenda no primeiro mandato do presidente Lula. A afirmação recorrente de Serra tem dois objetivos: constranger a candidata do PT, Dilma Rousseff –já que Palocci é um dos coordenadores de sua campanha-- e minimizar as críticas ao governo Fernando Henrique.
Pior do que ouvir tal afirmação vinda de Serra é saber que Antonio Palocci não se digna a responder ao tucano. A carapuça lhe serve, portanto não questiona o uso político que Serra faz de seu nome em prejuízo da candidata da qual é coordenador de campanha. Tivesse um pouco mais de dignidade, Palocci no mínimo utilizaria seu espaço cativo nas colunas de bastidores dos jornais para desautorizar o tucano. Mas como não responde, acaba fazendo o papel de "inocente" útil num tema que é crucial para a campanha petista: a comparação entre os governos FHC e Lula.
Sandálias da humildade
Serra tentou, ao final da entrevista, emplacar sua nova estratégia de campanha. Mudar a imagem de candidato da elite e calçar as “sandálias da humildade” para se mostrar como o homem de origem pobre que venceu na vida estudando e ajudando o povo. Serra queria dizer que ia governar para os pobres e não apenas para os ricos. Mas não deu tempo. Por mais cordial que Bonner tenha sido com Serra, não dava para deixar o entrevistado surrupiar minutos a mais que o tempo previsto para a entrevista.
Mentiras e meias-verdades
A íntegra da entrevista de Serra, assim como a de Dilma e Marina, estão facilmente disponíveis na internet. Não é preciso detalhar o que o entrevistado disse ou como disse. Mas é imprescindível apontar as contradições e inverdades contidas em suas declarações. Até por que, são declarações recorrentes, argumentos que o tucano tem utilizado com frequência e, que se não forem devidamente combatidos e esclarecidos, podem atravessar toda a campanha eleitoral travestidos de verdade.
Numa rápida análise da entrevista de 12 minutos ao Jornal Nacional, podemos detectar pelo menos 12 questões levantadas por Serra que não correspondem à realidade. Especialistas em cada assunto poderão encontrar várias outras. Abaixo, um resumo das “mentiras por minuto” que Serra contou aos telespectadores do telejornal de maior audiência da televisão brasileira.
1. Fiz os genéricos.
Parece uma constante na biografia de José Serra a sua pretensão de autoria sobre programas que ele não criou, apenas regulamentou. A história da legislação dos genéricos no Brasil inicia-se pelo então deputado federal Eduardo Jorge, em 1991, quando apresentou o Projeto de Lei 2.022, que planejava remover marcas comerciais dos medicamentos. Em 1993, foi publicado pelo então presidente Itamar Franco, que tinha como ministro da Saúde Jamil Haddad, o Decreto nº 793, que instituiu a política de medicamentos genéricos. Portanto, quando Serra assumiu o Ministério da Saúde, no governo FHC, o programa de medicamentos genéricos já era uma realidade. Serra e FHC apenas revogaram o decreto anterior na íntegra e fizeram uma lei (9.787/99) e um novo decreto (3.181/1999) com muitas concessões ao lobby da indústria farmacêutica.
2. Fiz a campanha da Aids.
O mesmo embuste dos genéricos, Serra aplica em relação ao programa de combate à Aids. Na verdade, o tucano, por uma estratégia de marketing, assume como se fosse dele um programa que é anterior à sua gestão no Ministério. Saiba mais aqui
3. A saúde, nos últimos anos, não andou bem.
Serra tenta generalizar para não reconhecer que a situação hoje é melhor que no governo passado. A saúde continua com problemas, é óbvio, sobretudo no atendimento de urgência e emergência de hospitais do país. Mas nos últimos anos, houve melhoras significativas em quase todas as demais áreas da saúde. No governo Lula diminuiu sensivelmente a mortalidade materna e a mortalidade infantil. O Brasil está entre os 16 países em condições de atingir a quarta meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio nestas questões. O governo Lula instalou e ampliou programas importantíssimos que não existiam ou estavam subutilizados na gestão de Serra ministro, como o Farmácia Popular, Brasil Sorridente, Saúde da Família -- o financiamento do programa foi triplicado entre 2002 e 2008, passando de R$1,3 bilhão para R$ 4,4 bilhões--, Samu 192 –ao qual SP se nega a aderir até hoje—, PAC da Saúde, UPA 24h, Olhar Brasil, Doação de Órgãos, Bancos de Leite Humano, QualiSUS (fortalecimento do SUS, que os tucanos boicotam), mais investimentos na Política de Saúde Mental, etc. Todo este avanço ocorreu mesmo com o fato da oposição, incluindo o DEM e o PSDB, ter votado pelo fim da CPMF, que destinava recursos para a saúde. Também é preciso frisar que nem todas as ações dependem da União. Governos estaduais e municípios têm ampla participação na gestão da saúde. Serra também não conseguiu resolver os problemas na saúde pública de São Paulo quando foi prefeito, nem quando foi governador.
4. Muita prevenção que se fazia acabou ficando para trás.
Mentira pura de Serra. O governo federal manteve e ampliou todas as campanhas de vacinação existentes e ainda incluiu novas vacinas no calendário oficial. Desde 2004, o Ministério da Saúde adota três calendários obrigatórios de vacinação: o da criança, o do adolescente e o do adulto e idoso. O programa de prevenção às endemias funciona bem, ao contrário do que acontecia no governo Fernando Henrique. Quando Serra ainda era ministro da Saúde, o Brasil sofreu com uma terrível epidemia de dengue, ao ponto do tucano ter sido apelidado de “ministro da dengue”.
5. O Roberto Jefferson conhece muito bem o meu programa de governo.
Nem Roberto Jefferson nem nenhum outro aliado do tucano conhece o “programa de governo” de Serra porque ele simplesmente não existe. Quando foi entregar o seu “programa” no TRE, a campanha tucana protocolou a transcrição de dois discursos de Serra, e disse que aquilo era o programa de governo da candidatura. Além disso, Roberto Jefferson aliou-se a Serra não por que comunga com o tucano ideias programáticas. Pelo contrário: Jefferson criticou duramente Serra quando o tucano deu declarações contra o “mercado”. O apoio do PTB a Serra tem um único objetivo: facilitar a eleição de deputados da legenda nas coligações regionais.
6. Eu não faço loteamentos de cargos.
Serra vem repetindo esta lorota em várias ocasiões. Mas o fato é que quase todas as instituições, estatais e órgãos públicos do governo de São Paulo são chefiados por correligionários ou pessoas indicadas pelos líderes de partidos que governam o estado. As sub-prefeituras da cidade de S. Paulo, tanto na gestão Serra quanto na gestão Kassab, foram e são comandadas por apadrinhados políticos. Aliados de Serra, como o presidente do PPS, Roberto Freire, mesmo não tendo nenhum vínculo com SP, foram nomeados para conselhos de estatais paulistas. O neo-aliado Orestes Quércia (PMDB) já fez diversas indicações para cargos de confiança em SP na atual gestão demo-tucana. Prefeitos de partidos que lhe fazem oposição dizem que Serra governa com mapa político nas mãos e com ele no governo os adversários passam a pão e água. Verbas, convênios e obras só para seus aliados. Ao insistir nesta afirmação de que “não faz loteamento”, o tucano menospreza a inteligência do eleitor e provoca riso –e talvez alguma preocupação-- entre seus aliados, que sabem que alianças são feitas apenas se as forças políticas participantes puderem compartilhar a administração pública do mandatário que ajudaram a eleger.
7. Eu não sou centralizador.
Quem desmente o candidato são seus próprios correligionários. As seções de bastidores de política dos principais jornais do país trazem toda semana a reclamação de algum aliado de Serra que protesta contra o modo centralizador como o candidato conduz a campanha. Chegaram a dizer que enquanto a campanha de Dilma é conduzida por um G7, a de Serra é conduzida por um G1, grupo formado por ele mesmo.
8. O Índio da Costa estava entre os nomes que a gente cogitava.
Não há nenhum analista político no país que tenha coragem de confirmar esta afirmação de Serra. Simplesmente porque ela é uma mentira deslavada. O nome de Índio da Costa só surgiu aos 45 minutos do segundo tempo, depois que uma dezena de outros nomes já tinham sido descartados e uma crise grave estava instalada na campanha. O próprio Serra disse que não conhecia direito o vice escolhido pelo DEM.
9. Meu vice é jovem, ficha limpa, preparado.
Em primeiro lugar, aos 40 anos a pessoa já não é tão jovem assim. Tanto que o deputado do DEM nunca se interessou por projetos ligados à juventude. Mas quanto a isso, sem problemas. O problema é dizer que Índio da Costa é “ficha limpa”. A verdade é que a “ficha” do apadrinhado de Cesar Maia tem algumas manchas bem encardidas. Ele foi um dos alvos da CPI na Câmara dos Vereadores do Rio que investigou superfaturamento e má-qualidade nos alimentos comprados para a merenda escolar, quando ainda era vereador. Além disso, o deputado demista foi sim um dos que relataram o Projeto Ficha Limpa no início, mas o relatório fundamental foi do deputado do PT-SP José Eduardo Cardozo. Quando os tucanos tentam colocar na conta de Índio da Costa a aprovação do projeto Ficha Limpa apelam para o mesmo engodo que Serra aplica quando se diz o criador da Lei dos Genéricos. E, por fim, sobre o adjetivo “preparado”, basta lembrar as trapalhadas e constrangimentos que Índio da Costa causou à campanha tucana logo no início para saber que é um elogio descabido.
10. Nunca o Brasil teve estradas tão ruins.
Mais uma vez Serra generaliza para tentar esconder as melhorias ocorridas nos últimos anos. Esta frase de Serra poderia caber durante o governo Fernando Henrique que investiu quase nada em estradas. O governo Lula não só aumentou os investimentos, como promoveu a concessão de algumas rodovias federais que agora recebem melhorias sem que para isso os usuários tenham que pagar elevadas tarifas de pedágio. O canal de notícias T1 (http://www.agenciat1.com.br ) especializado em transportes, desmente o discurso tucano e fornece enorme quantidade de dados e informações que mostram que as rodovias federais melhoraram e não pioraram nos últimos anos.
11. A Fernão Dias está fechada.
Serra deveria avisar isso aos milhares de motoristas que trafegavam pela Fernão Dias no exato instante em que o tucano dizia tal mentira. Serra fez a firmação como se a rodovia estivesse totalmente indisponível para o tráfego. O fato é que apenas um pequeno trecho, na região de Mairiporã, da rodovia que liga São Paulo a Minas Gerais está em obras.
12. A Regis Bittencourt continua sendo a rodovia da morte.
A Rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba, foi incluída, em 2008, no plano federal de concessões. Desde então, foram feitas diversas melhorias na via. Os 402 quilômetros da rodovia receberam melhorias no asfalto, nova sinalização, muretas de proteção e serviço de atendimento ao motorista. É fato que os R$ 302 milhões investidos até agora não foram suficientes para acabar com a má fama da Régis, mas foi o governo Lula o primeiro a tomar a iniciativa de melhorar a estrada. No governo FHC, nada foi feito e, apesar da maior parte da rodovia estar em território paulista, os sucessivos governos tucanos em SP nunca propuseram parcerias com o governo federal e/ou municípios para ajudar na conservação da BR.
Serra ainda pretendia contar uma 13a. lorota: a de que vai governar para os pobres e não para os ricos, mas não deu tempo.
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