Por Conceição Oliveira, no blog Maria Frô:
Acabei de chegar da manifestação do churrascão da gente diferenciada.
Manifestação irreverente, criativa, com a cara de uma parcela da juventude paulistana de classe média: bem vestidos, bem-humorados e acima de tudo bem informados e conscientes de que para a cidade melhorar para todos, todos têm de se envolver e lutar por boas causas.
E sim, teve até churrasqueira, carvão, linguiça, carne e abobrinha. O repórter da Globo fazendo inúmeras passagens, descrevendo o cardápio do churrasco me perguntou: Aquilo ali é abobrinha mesmo, né?
Encontrei também muitos moradores do bairro Higienópolis que têm consciência que a cidade é de todos. Conversei com vários deles, uma senhora que vive há 35 anos em Higienópolis, dona Marivone, 80 anos, disse que nunca viu nada igual no bairro e ela estava lá participando da manifestação e se divertindo com a moçada.
O Sindicato dos Metroviários também marcou presença.
A manifestação se autogestionou, ocorriam diferentes performances simultaneamente em frente ao Shopping Higienópolis. Alguns manifestantes mais velhos queriam organizar, concentrar, sem sucesso. Eles ainda não entenderam que esses jovens têm um jeito próprio de se manifestar e o espaço para a brincadeira, para as performances individuais devem ser garantidos.
Para onde se olhava estava acontencendo algo, um fazendo o camelô vendendo DVD pirata do Calcinha Preta, o outro com a capa do LP do Ultrage a rigor – Nós vamos invadir sua praia, outros com cartazes engraçados, enfim tinha de tudo, afinal somos gente diferenciada
Nos discursos assumiam diversos lados como se fossem pró e contra e arrancavam risos ou vaias dos manifestantes.
Até o CQC apareceu, com o repórter Oscar Filho, e foi bem recebido, mas também foi questionado, até eu entrei na brincadeira e disse ao Oscar Filho que ele não era gente diferenciada. E Oscar Filho também brincou teve de tomar a pinga popular oferecida pelos manifestantes. Outros manifestantes perguntaram por que a Band não tinha mandado o Rafinha Bastos ou o Danilo Gantili.
Já participei de muitas manifestações em algumas fui queimada com gás de pimenta. Mas em Higienópolis não houve qualquer violência e vi jovens questionando os policiais de modo bem incisivo que em uma manifestação da periferia os moradores não ousariam fazer. Mas os policiais permaneceram na maior calma, educadíssimos, como gostaríamos de ver toda a polícia. Vou sugerir aos meninos do Passe Livre que façam manifestações em Higienópolis, lá a polícia não bate em manifestante e olhe que teve até churrasqueira ambulante, acesa e tudo!
Gente ‘diferenciada’ como a psicóloga Guiomar se referiu para não dizer gente pobre era a minoria, mas foi bem representada com criatividade e originalidade, nas performances e nos slogans. Aliás Guiomar foi bem lembrada no coro: O Guiomar, cadê você, eu vim aqui só pra te ver!
Depois da concentração no shopping os manifestantes caminharam até onde deve ser a futura estação do metrô na esquina da Sergipe com a Angélica, ao caminharmos pela Angélica agora fechada pra que os manifestantes pudessem caminhar os moradores dos edifícios nos acenavam tiravam fotos, funcionárias das lojas foram para a porta e gritavam queremos metrô, chamávamos os moradores pra se unir a nós, alguns desceram.
A classe média paulistana usa e quer mais metrô e mostrou para a minoria de Guiomares de Higienópolis que ela não precisa ter medo de gente diferenciada, que a gente diferenciada trouxe beleza e alegria para o bairro. Será muito bacana uma estação em Higienópolis, conseguiremos juntar a Brasilândia aos moradores que tem um parque como a Praça Buenos Aires que tem playground para cachorros.
domingo, 15 de maio de 2011
Crônica de um churrascão diferenciado
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Puta que pariu / é a elite/ mais tosca do Brasil!
O verso acima era declamado por mais de mil pessoas que se espremiam diante do shopping no meio da tarde de um sábado nublado – e esfriando – depois do sol que dera palhinha por volta das 12 horas, quando cheguei ao local do Churrascão da Gente Diferenciada e não encontrei ninguém que me parecesse que participaria de algo assim tão “popular”.
No boulevard que precede os corredores tomados por brilhos, luzes, cheiros e sons que embriagam o endinheirado consumidor do asséptico e verdejante bairro paulistano de Higienópolis para depois depená-lo, senhores maduros, gordos e engravatados riem em duas, três mesas, fazendo-me pensar por que estariam vestidos assim num sábado. Outras mesas eram ocupadas por casais, senhoras e até crianças e adolescentes, mas os maduros predominavam.
Olho para um lado, para o outro, e nada. Ninguém diferenciado. Eram todos iguais na cor da pele, nos perfumes fortes, na aparência bem-nutrida, enfim. Não posso negar que, por alguns momentos, senti-me em Paris. Lembrei-me de um café em Saint Germains des Pres…
Pensei na internet. Deve ter informação. Só que não uso esses telefones que, além de tudo, fazem até chamadas e nos quais se pode navegar na rede. Mas estava em um shopping e todo shopping tem lan-houses… Certo? Errado. Nesse não tem. E por que teria, ora, se todos, ali, andam pelos corredores do shopping e nas ruas olhando seus aparelhinhos mágicos?
Contudo, estava na República de Higienópolis e, ali, até os balcões de informações são… diferenciados – ou seriam iguais aos dos países que aquele bairro-estado emula? Enfim, sei que a garota me disse que NÃO havia lan-houses no shopping ou naquela região (?!), mas que a uns MIL metros dali, na rua Maria Antonia, encontraria. E imprimiu o mapa para mim (!).
É um bairro mais igual, entendem? É o contrário do conceito de “diferenciado”.
Fui até lá e, assim que entro no Twitter, o Luis Nassif me manda uma mensagem dizendo que estava ali “com as menininhas” e doido pra comer churrasco, mas não tinha nada. Deixo-lhe uma mensagem pedindo que me ligue. Ele liga e diz que tem compromisso, lamentando não ter encontrado o churrasco.
Penso que está na hora de voltar. Ficarei até duas e meia e, se não aparecer ninguém, vou ao Sujinho comer bisteca de boi e tomar uma cachacinha Seleta, que as mais famosas não cabem no meu bolso. Saio a passos largos, já suando e maldizendo o blazer que vesti no começo da manhã, quando fazia frio e saí de casa para ir ao Churrascão.
Alvíssaras!, tem gente lá na frente falando com a imprensa. Estão ao lado de um carro da RedeTV! Aproximo-me e algumas pessoas vêm falar comigo. Alguns membros do Movimento dos Sem Mídia, leitores que conheço e várias pessoas simpáticas que não conhecia. A maioria, porém, não conheço. Todos ainda muito tímidos. Eu, inclusive.
Fiquei pensando, naquele momento: como faremos isso aqui? Esse pessoal tão… civilizado e fleumático vai se “horrorizar”.
Ando entre os grupos de pessoas conversando. Vai chegando cada vez mais gente. Uma rede de tevê me pára e pede para dar entrevista, como fazia sem parar. Não guardei o nome porque o afluxo crescente de pessoas começou a surpreender. Daqui a pouco chegam a Band e o SBT. Já havia quase umas duzentas pessoas, no local.
Aí a polícia apareceu, bem como o CET. Chegam manifestantes, chega polícia, chega imprensa… E vão chegando.
Mas os grupos de pessoas só dão entrevista e mais entrevista. Ouço um engraçadinho que não quis se misturar dizer que tinha mais jornalista que manifestante. O sangue sobe. Vou ao centro dos manifestantes e grito: Quem quer metrô, aqui?! Aquela massa crescente acorda e brada: Nós! E ficaram esperando eu dizer mais.
As câmeras se voltam e começo a discursar, com as mãos ao lado da boca numa tentativa de amplificar a voz. Surpreendentemente, ecoou forte. A repórter enfia o microfone na cara e começa a fazer perguntas que respondo não para ela, mas para as pessoas, que assoviam, gritam frases bem-humoradas.
Paro de falar e a manifestação amaina. Em alguns segundos, porém, mais alguém começa a falar. Daí chega o humorista Celso Mim com um capacete de obras “reprimindo” a manifestação como se fosse um funcionário do metrô, dando bronca nos manifestantes. Alguns parecem acreditar, de início.
Quando os discursos e palavras de ordem já proliferavam, ouve-se a batucada lá longe, mas avançando pela avenida Higienópolis. Parecia que jogavam confete. Sambavam, cantavam. Um dos cânticos era mais ou menos assim, se me lembro:
Se esta rua fosse minha / Eu mandava ladrilhar / Com Pedrinhas de Brilhante / Para o meu metrô passar
Alguém aparece com churrasco. Agora está cheio de jovens bem-humorados. Maduros, idosos e até crianças diferenciados. Somos muitos. A avenida Higienópolis está tomada. Não passam mais carros. Das imensas sacadas dos prédios, moradores do bairro, imóveis e aparentemente em silêncio, observam a tudo.
Passo a me esgueirar entre a multidão. Encontro gente que conheço e que não conheço e me conhece e eis que, de repente, vejo, diante de mim, dois colunistas da Folha de São Paulo.
São Fernando de Barros e Silva e Sergio Malbergier, aquele que andou escrevendo sobre o direito dos ricos de não quererem metrô na porta deles. Abro-lhes um sorriso como se fossem velhos amigos e, para minha surpresa, percebo que me reconhecem, apesar de jamais termos nos visto pessoalmente.
– Eu conheeeço você – digo a Barros e Silva, em tom jocoso –, e você também – estendo o cumprimento a Malbergier.
Digo que li o texto de Malbergier e que estava “um primor”. Ele sorri, simpático, como se não ligasse para a ironia. Barros e Silva, porém, fecha a cara, aproxima-se e diz:
– Olha, eu respeito você, Eduardo, mas as suas posições são primárias…
Respondo:
– Eu acredito que você pensa assim, mas não são as minhas posições que são primárias, são as suas que são muito avançadas, próprias para Londres, Paris, Amsterdam…
Barros e Silva franze ainda mais o cenho, percebo os dentes trincando, dá-me as costas, empina o queixo e diz, sem se voltar: “Está vendo como você é primário?”. E sai andando.
Comento com Malbergier: “Ele está zangado, né?”. E ele, sorridente: “Está zangado”.
Bato no braço dele, despedindo-me, e dizendo que acho positivo que tenham ido até lá. E caio no meio da galera.
Dali, a manifestação começa a se mover com batucadas e jovens à frente. Avançam em direção à avenida Angélica. Dobram à direita e começam a subi-la. Ocupam as duas pistas. Olho para a avenida e, diante de nós, está vazia de veículos até onde a vista enxerga. Nos prédios em volta as pessoas se debruçam nas janelas e sacadas. Policiais e agentes da CET parecem nervosos…
Peço ao comandante da operação que me diga o número estimado de manifestantes. Ele tasca 600. Digo que ele só pode estar brincando. Havia mais de mil pessoas fácil, ali. Saio meio zangado, batendo o pé, e nem agradeço. Depois reflito que o oficial não teve culpa. Estava cumprindo ordens.
Enfim, foi mágico para este coração cinqüentão de um homem que cresceu em um país em que fazer um ato daquele significava ser espancado e até preso e torturado, quando não assassinado. E o mais lindo foi ver os jovens exigindo direitos, pregando igualdade com calma, bom humor, pacificamente.
Pena que a grande imprensa não contará direito o que aconteceu em São Paulo nesta tarde fria de maio, mas a internet contará a verdade. Fotos, vídeos e relatos, não faltarão. Não carecia, portanto, que me prendesse a isso. Queria passar ao meu leitor as “primárias” impressões deste “primário” blogueiro sobre essa incrível festa da democracia.
Puta que pariu / é a elite/ mais tosca do Brasil!
O verso acima era declamado por mais de mil pessoas que se espremiam diante do shopping no meio da tarde de um sábado nublado – e esfriando – depois do sol que dera palhinha por volta das 12 horas, quando cheguei ao local do Churrascão da Gente Diferenciada e não encontrei ninguém que me parecesse que participaria de algo assim tão “popular”.
No boulevard que precede os corredores tomados por brilhos, luzes, cheiros e sons que embriagam o endinheirado consumidor do asséptico e verdejante bairro paulistano de Higienópolis para depois depená-lo, senhores maduros, gordos e engravatados riem em duas, três mesas, fazendo-me pensar por que estariam vestidos assim num sábado. Outras mesas eram ocupadas por casais, senhoras e até crianças e adolescentes, mas os maduros predominavam.
Olho para um lado, para o outro, e nada. Ninguém diferenciado. Eram todos iguais na cor da pele, nos perfumes fortes, na aparência bem-nutrida, enfim. Não posso negar que, por alguns momentos, senti-me em Paris. Lembrei-me de um café em Saint Germains des Pres…
Pensei na internet. Deve ter informação. Só que não uso esses telefones que, além de tudo, fazem até chamadas e nos quais se pode navegar na rede. Mas estava em um shopping e todo shopping tem lan-houses… Certo? Errado. Nesse não tem. E por que teria, ora, se todos, ali, andam pelos corredores do shopping e nas ruas olhando seus aparelhinhos mágicos?
Contudo, estava na República de Higienópolis e, ali, até os balcões de informações são… diferenciados – ou seriam iguais aos dos países que aquele bairro-estado emula? Enfim, sei que a garota me disse que NÃO havia lan-houses no shopping ou naquela região (?!), mas que a uns MIL metros dali, na rua Maria Antonia, encontraria. E imprimiu o mapa para mim (!).
É um bairro mais igual, entendem? É o contrário do conceito de “diferenciado”.
Fui até lá e, assim que entro no Twitter, o Luis Nassif me manda uma mensagem dizendo que estava ali “com as menininhas” e doido pra comer churrasco, mas não tinha nada. Deixo-lhe uma mensagem pedindo que me ligue. Ele liga e diz que tem compromisso, lamentando não ter encontrado o churrasco.
Penso que está na hora de voltar. Ficarei até duas e meia e, se não aparecer ninguém, vou ao Sujinho comer bisteca de boi e tomar uma cachacinha Seleta, que as mais famosas não cabem no meu bolso. Saio a passos largos, já suando e maldizendo o blazer que vesti no começo da manhã, quando fazia frio e saí de casa para ir ao Churrascão.
Alvíssaras!, tem gente lá na frente falando com a imprensa. Estão ao lado de um carro da RedeTV! Aproximo-me e algumas pessoas vêm falar comigo. Alguns membros do Movimento dos Sem Mídia, leitores que conheço e várias pessoas simpáticas que não conhecia. A maioria, porém, não conheço. Todos ainda muito tímidos. Eu, inclusive.
Fiquei pensando, naquele momento: como faremos isso aqui? Esse pessoal tão… civilizado e fleumático vai se “horrorizar”.
Ando entre os grupos de pessoas conversando. Vai chegando cada vez mais gente. Uma rede de tevê me pára e pede para dar entrevista, como fazia sem parar. Não guardei o nome porque o afluxo crescente de pessoas começou a surpreender. Daqui a pouco chegam a Band e o SBT. Já havia quase umas duzentas pessoas, no local.
Aí a polícia apareceu, bem como o CET. Chegam manifestantes, chega polícia, chega imprensa… E vão chegando.
Mas os grupos de pessoas só dão entrevista e mais entrevista. Ouço um engraçadinho que não quis se misturar dizer que tinha mais jornalista que manifestante. O sangue sobe. Vou ao centro dos manifestantes e grito: Quem quer metrô, aqui?! Aquela massa crescente acorda e brada: Nós! E ficaram esperando eu dizer mais.
As câmeras se voltam e começo a discursar, com as mãos ao lado da boca numa tentativa de amplificar a voz. Surpreendentemente, ecoou forte. A repórter enfia o microfone na cara e começa a fazer perguntas que respondo não para ela, mas para as pessoas, que assoviam, gritam frases bem-humoradas.
Paro de falar e a manifestação amaina. Em alguns segundos, porém, mais alguém começa a falar. Daí chega o humorista Celso Mim com um capacete de obras “reprimindo” a manifestação como se fosse um funcionário do metrô, dando bronca nos manifestantes. Alguns parecem acreditar, de início.
Quando os discursos e palavras de ordem já proliferavam, ouve-se a batucada lá longe, mas avançando pela avenida Higienópolis. Parecia que jogavam confete. Sambavam, cantavam. Um dos cânticos era mais ou menos assim, se me lembro:
Se esta rua fosse minha / Eu mandava ladrilhar / Com Pedrinhas de Brilhante / Para o meu metrô passar
Alguém aparece com churrasco. Agora está cheio de jovens bem-humorados. Maduros, idosos e até crianças diferenciados. Somos muitos. A avenida Higienópolis está tomada. Não passam mais carros. Das imensas sacadas dos prédios, moradores do bairro, imóveis e aparentemente em silêncio, observam a tudo.
Passo a me esgueirar entre a multidão. Encontro gente que conheço e que não conheço e me conhece e eis que, de repente, vejo, diante de mim, dois colunistas da Folha de São Paulo.
São Fernando de Barros e Silva e Sergio Malbergier, aquele que andou escrevendo sobre o direito dos ricos de não quererem metrô na porta deles. Abro-lhes um sorriso como se fossem velhos amigos e, para minha surpresa, percebo que me reconhecem, apesar de jamais termos nos visto pessoalmente.
– Eu conheeeço você – digo a Barros e Silva, em tom jocoso –, e você também – estendo o cumprimento a Malbergier.
Digo que li o texto de Malbergier e que estava “um primor”. Ele sorri, simpático, como se não ligasse para a ironia. Barros e Silva, porém, fecha a cara, aproxima-se e diz:
– Olha, eu respeito você, Eduardo, mas as suas posições são primárias…
Respondo:
– Eu acredito que você pensa assim, mas não são as minhas posições que são primárias, são as suas que são muito avançadas, próprias para Londres, Paris, Amsterdam…
Barros e Silva franze ainda mais o cenho, percebo os dentes trincando, dá-me as costas, empina o queixo e diz, sem se voltar: “Está vendo como você é primário?”. E sai andando.
Comento com Malbergier: “Ele está zangado, né?”. E ele, sorridente: “Está zangado”.
Bato no braço dele, despedindo-me, e dizendo que acho positivo que tenham ido até lá. E caio no meio da galera.
Dali, a manifestação começa a se mover com batucadas e jovens à frente. Avançam em direção à avenida Angélica. Dobram à direita e começam a subi-la. Ocupam as duas pistas. Olho para a avenida e, diante de nós, está vazia de veículos até onde a vista enxerga. Nos prédios em volta as pessoas se debruçam nas janelas e sacadas. Policiais e agentes da CET parecem nervosos…
Peço ao comandante da operação que me diga o número estimado de manifestantes. Ele tasca 600. Digo que ele só pode estar brincando. Havia mais de mil pessoas fácil, ali. Saio meio zangado, batendo o pé, e nem agradeço. Depois reflito que o oficial não teve culpa. Estava cumprindo ordens.
Enfim, foi mágico para este coração cinqüentão de um homem que cresceu em um país em que fazer um ato daquele significava ser espancado e até preso e torturado, quando não assassinado. E o mais lindo foi ver os jovens exigindo direitos, pregando igualdade com calma, bom humor, pacificamente.
Pena que a grande imprensa não contará direito o que aconteceu em São Paulo nesta tarde fria de maio, mas a internet contará a verdade. Fotos, vídeos e relatos, não faltarão. Não carecia, portanto, que me prendesse a isso. Queria passar ao meu leitor as “primárias” impressões deste “primário” blogueiro sobre essa incrível festa da democracia.
sábado, 14 de maio de 2011
Imposto sobre Fortunas é civilidade
Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:
O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, declarou que a criação do Imposto sobre Grandes Fortunas não está em discussão no governo federal. Segundo a Agência Brasil, ele afirmou que “esse imposto cria mais distorções que receitas e acaba levando à transferência de riquezas para fora do país” durante seminário para discutir a reforma tributária na Câmara dos Deputados. Defendeu a tributação de heranças e de transferências de bens como forma de contribuir com a transferência de recursos dos mais ricos aos mais pobres.
O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, declarou que a criação do Imposto sobre Grandes Fortunas não está em discussão no governo federal. Segundo a Agência Brasil, ele afirmou que “esse imposto cria mais distorções que receitas e acaba levando à transferência de riquezas para fora do país” durante seminário para discutir a reforma tributária na Câmara dos Deputados. Defendeu a tributação de heranças e de transferências de bens como forma de contribuir com a transferência de recursos dos mais ricos aos mais pobres.
A dura vida dos trabalhadores nos EUA
Por Mike Whitney, no sítio Carta Maior:
Na semana passada, o Gallup informava que “mais da metade dos estadunidenses diz que a economia está em recessão apesar dos dados oficiais, empenhados em mostrar uma recuperação moderada. A pesquisa Gallup de 20-23 de abril descobriu que só 27% diz que a economia cresce. Outros 29% dizem que a economia encontra-se em depressão, 26% que se trata de uma recessão, enquanto 16% acreditam que ela está em desaceleração”.
Protesto em Wall Street reúne mais de20 mil pessoas |
A hora dos trabalhadores no Egito
Por Olga Rodríguez, no sítio Opera Mundi:
Dezenas de milhares de trabalhadores egípcios realizaram uma manifestação na Praça Tahrir, no Cairo, para celebrar o 1º de Maio, pela primeira vez em liberdade e com sindicatos independentes. Algumas das canções mais entoadas foram dirigidas contra as políticas do FMI ou o Banco Mundial e a favor da justiça social e dos direitos dos trabalhadores. Também houve críticas à única federação de sindicatos existente durante o regime, cujo líder, Hussein Megawer, está sendo investigado por corrupção.
Dezenas de milhares de trabalhadores egípcios realizaram uma manifestação na Praça Tahrir, no Cairo, para celebrar o 1º de Maio, pela primeira vez em liberdade e com sindicatos independentes. Algumas das canções mais entoadas foram dirigidas contra as políticas do FMI ou o Banco Mundial e a favor da justiça social e dos direitos dos trabalhadores. Também houve críticas à única federação de sindicatos existente durante o regime, cujo líder, Hussein Megawer, está sendo investigado por corrupção.
Grécia à beira do segundo round
Por Luís F. C. Nagao, no sítio Outras Palavras:
Um ano após sofrerem rebaixamentos de salários, redução de direitos previdenciários e aumento de impostos, milhares de manifestantes gregos voltaram às ruas quarta-feira (11/5). A ameaça de uma nova onda de medidas de “austeridade” levou-os a marchar até o parlamento. Além das centrais sindicais, participaram docentes, equipes médicas e paramédicas, trabalhadores dos transportes públicos e jornalistas. Estava no país uma missão composta por integrantes do FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu (BCE). O plano de “resgate” da Grécia adotado há doze meses, com base em ataque aos serviços públicos e direito sociais, está à beira naufragar – o que reacende os riscos de contágio na Europa.
Um ano após sofrerem rebaixamentos de salários, redução de direitos previdenciários e aumento de impostos, milhares de manifestantes gregos voltaram às ruas quarta-feira (11/5). A ameaça de uma nova onda de medidas de “austeridade” levou-os a marchar até o parlamento. Além das centrais sindicais, participaram docentes, equipes médicas e paramédicas, trabalhadores dos transportes públicos e jornalistas. Estava no país uma missão composta por integrantes do FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu (BCE). O plano de “resgate” da Grécia adotado há doze meses, com base em ataque aos serviços públicos e direito sociais, está à beira naufragar – o que reacende os riscos de contágio na Europa.
Higienópolis e o pensamento escravocrata
Por Brizola Neto, no blog Tijolaço:
Como gaúcho-carioca, não quis dar muito palpite nessa polêmica em torno da estação do Metrô no bairro rico de Higienópolis, onde, aliás, reside o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Mas hoje, lendo a matéria sobre a declaração do também ex-presidente Lula, classificando de “absurda” e “inadmissível” a reação que fez o governo do Estado desistir de abrir uma estação na avenida Angélica, não posso deixar de entrar no assunto e reproduzir suas palavras.
Como gaúcho-carioca, não quis dar muito palpite nessa polêmica em torno da estação do Metrô no bairro rico de Higienópolis, onde, aliás, reside o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Mas hoje, lendo a matéria sobre a declaração do também ex-presidente Lula, classificando de “absurda” e “inadmissível” a reação que fez o governo do Estado desistir de abrir uma estação na avenida Angélica, não posso deixar de entrar no assunto e reproduzir suas palavras.
O império da mídia ou o Brasil
Por Luiz Carlos Antero, no blog Conversa Afiada:
Ao longo das últimas décadas, obedecendo ao lado conservador da trajetória republicana, manteve-se naturalmente intocada a “liberdade” das concessões dos meios de comunicação e cresceu a ascendência do império da mídia e de seu PIG (Partido da Imprensa Golpista, na lúcida definição difundida por Paulo Henrique Amorim) sobre a informação — manipulada, moldada e deformada como mercadoria, em favor dos seus interesses.
Ao longo das últimas décadas, obedecendo ao lado conservador da trajetória republicana, manteve-se naturalmente intocada a “liberdade” das concessões dos meios de comunicação e cresceu a ascendência do império da mídia e de seu PIG (Partido da Imprensa Golpista, na lúcida definição difundida por Paulo Henrique Amorim) sobre a informação — manipulada, moldada e deformada como mercadoria, em favor dos seus interesses.
Higienópolis e a discriminação no Brasil
Por Emir Sader, no sítio Carta Maior:
O processo de ascensão social de massas, inédito no Brasil, volta a promover formas de discriminação. A política – de sucesso comprovado – de cotas nas universidades, a eleição de um operário nordestino para Presidente da República – igualmente de sucesso inquestionável -, a ascensão ao consumo de bens essenciais que sempre lhes foram negados – fenômeno central no Brasil de hoje -, provocaram reações de discriminação que pareciam não existir entre nós.
O processo de ascensão social de massas, inédito no Brasil, volta a promover formas de discriminação. A política – de sucesso comprovado – de cotas nas universidades, a eleição de um operário nordestino para Presidente da República – igualmente de sucesso inquestionável -, a ascensão ao consumo de bens essenciais que sempre lhes foram negados – fenômeno central no Brasil de hoje -, provocaram reações de discriminação que pareciam não existir entre nós.
As redes sociais e o interesse público
Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:
O jantar de aniversário do Barão de Itararé, ontem, em São Paulo, foi um sucesso de público. A certa altura, o pessoal do restaurante teve de arrastar mesas para atender aos que chegavam. Uma cena que seria chocante, não fossemos gente “diferenciada”.
O jantar de aniversário do Barão de Itararé, ontem, em São Paulo, foi um sucesso de público. A certa altura, o pessoal do restaurante teve de arrastar mesas para atender aos que chegavam. Uma cena que seria chocante, não fossemos gente “diferenciada”.
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Encontro de blogueiros: inscrições abertas
Por Altamiro Borges
Estão abertas as inscrições para o 2º Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas, que ocorrerá nos dias 17, 18 e 19 de junho, em Brasília. Os interessados devem acessar o endereço contato@baraodeitarare.org.br. A taxa de inscrição é de R$ 60,00 – estudantes pagam R$ 20,00. O evento será aberto à participação de blogueiros, twitteiros e demais ativistas das redes de sociais.
Estão abertas as inscrições para o 2º Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas, que ocorrerá nos dias 17, 18 e 19 de junho, em Brasília. Os interessados devem acessar o endereço contato@baraodeitarare.org.br. A taxa de inscrição é de R$ 60,00 – estudantes pagam R$ 20,00. O evento será aberto à participação de blogueiros, twitteiros e demais ativistas das redes de sociais.
Plenária da Frentex em SP. Participe!
No próximo sábado, dia 14 de maio, a partir das 10h, no auditório Sérgio Vieira de Mello da Câmara Municipal de São Paulo (Viaduto Jacareí, número 100, perto da Praça das Bandeiras e da estação Anhangabaú do metrô), acontece a Plenária Estadual da Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e Liberdade de Expressão - Frentex.
A Plenária Estadual é uma iniciativa importante para a retomada das mobilizações em nosso estado, num momento em que se discute em todo o país o Plano Nacional de Banda Larga e um novo Marco Regulatório para as comunicações brasileiras. Além dessas pautas, debateremos também a criação do Conselho Estadual de Comunicação em SP e os rumos da TV Cultura, que passa por um dos maiores desmontes de sua história, com prejuízos significativos para a comunicação pública no nosso estado.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Bin Laden e a apologia da tortura
No clima de euforia pela execução de Osama Bin Laden, alguns falcões do imperialismo ianque têm defendido abertamente os métodos de tortura praticados por agentes da temível CIA – a central terrorista dos EUA. Parte da mídia imperial difunde esta insanidade, bajulando crimes como o waterboarding (afogamento), o choque elétrico e outras violações dos direitos humanos.
Lula irá ao encontro nacional de blogueiros
Do Cloaca News:
Em conversa que manteve com Ênio Barroso, maquinista do PTrem das 13, na tarde desta terça-feira (10), o ex-presidente Lula autorizou a divulgação de que estará presente no II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que ocorrerá nos dias 17, 18 e 19 de junho, em Brasília.
Em conversa que manteve com Ênio Barroso, maquinista do PTrem das 13, na tarde desta terça-feira (10), o ex-presidente Lula autorizou a divulgação de que estará presente no II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que ocorrerá nos dias 17, 18 e 19 de junho, em Brasília.
Lula irá ao encontro nacional de blogueiros
Do Cloaca News:
Em conversa que manteve com Ênio Barroso, maquinista do PTrem das 13, na tarde desta terça-feira (10), o ex-presidente Lula autorizou a divulgação de que estará presente no II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que ocorrerá nos dias 17, 18 e 19 de junho, em Brasília.
Em conversa que manteve com Ênio Barroso, maquinista do PTrem das 13, na tarde desta terça-feira (10), o ex-presidente Lula autorizou a divulgação de que estará presente no II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que ocorrerá nos dias 17, 18 e 19 de junho, em Brasília.
Ênio, Lula e o encontro dos blogueiros
Por Ênio Barroso, no blog PTrem das treze:
Esta é a postagem mais importante deste meu pequeno blog desde que partiu sua primeira viagem há pouco mais de dois anos. O mesmo tempo desde que fiquei cadeirante por determinação da minha amiga e mentora Distrofia Muscular Progressiva, amiga esta que me tirou a possibilidade de atuar, militar e andar com as pernas na história politica do Brasil me colocando agora como maquinista deste "trem" de rodinhas, a minha mais recente e devotada atribuição (ou "tarefa").
Esta é a postagem mais importante deste meu pequeno blog desde que partiu sua primeira viagem há pouco mais de dois anos. O mesmo tempo desde que fiquei cadeirante por determinação da minha amiga e mentora Distrofia Muscular Progressiva, amiga esta que me tirou a possibilidade de atuar, militar e andar com as pernas na história politica do Brasil me colocando agora como maquinista deste "trem" de rodinhas, a minha mais recente e devotada atribuição (ou "tarefa").
Obama, Bush e o Barão de Itararé
Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:
Quis o destino que, na semana em que Obama comemorava (!!) a morte de Bin Laden (um assassinato ainda sem corpo – nem a foto apareceu), esse escrevinhador tenha pisado pela primeira vez em território dos Estados Unidos. E o fiz com o pé direito, direitíssimo eu diria: cheguei por Houston (Texas), cujo aeroporto leva o nome de George Bush – o genitor de W. Foi uma chegada cheia de simbolismos.
Quis o destino que, na semana em que Obama comemorava (!!) a morte de Bin Laden (um assassinato ainda sem corpo – nem a foto apareceu), esse escrevinhador tenha pisado pela primeira vez em território dos Estados Unidos. E o fiz com o pé direito, direitíssimo eu diria: cheguei por Houston (Texas), cujo aeroporto leva o nome de George Bush – o genitor de W. Foi uma chegada cheia de simbolismos.
Inflação e salário, corda e enforcado
Por Rosane Bertotti, no sítio da CUT:
Respondendo a uma pergunta da Carta Maior sobre como ficariam as negociações salariais nos próximos meses, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, por uma dessas infelicidades da vida, somou sua voz ao coro dos recém convertidos à surrada tese de que o salário é inflacionário.
Ainda pior do que a ameaça “olhem o que vêm pela frente em termos de inflação”, feita aos sindicatos de trabalhadores pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, a declaração do ministro endossa o esburacado descaminho da equipe econômica que tenta transformar a aparência em evidência e esta em prova para tanger os salários ao matadouro.
Segundo Carvalho, haverá campanhas salariais no fim do ano, “quando a inflação já estará caindo, mas no acumulado ainda estará alta”. Então, defende o ministro, “vai ter que ter maturidade do movimento sindical, do governo e do funcionalismo público, para que, num ano específico como este, as pessoas não queiram, egoisticamente, (grifos nossos) o seu próprio bem e ponham em risco o andamento da carruagem em geral”.
Infelizmente, a declaração explicita concepções que uma vez vitoriosas no seio do governo o empurrariam para uma inevitável rota de colisão com a sociedade, que já manifestou ser absolutamente contrária à reencarnação do projeto neoliberal tucano. Não por outra razão jaz sepultado pelas urnas - e antes delas pelas ruas.
A relação entre inflação e salário reproduz em boa medida a da corda com o pescoço do enforcado. Ao corroer o poder de compra, a inflação asfixia o trabalhador, enquanto o salário, reajustado após longos doze meses, o recompõe. Com aumentos reais mais expressivos, como os obtidos durante o governo Lula, se diminuiu, ainda que modestamente, o abismo existente entre o trabalho e o capital.
Em reunião com a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), em Brasília, foi explicitado, como primeiro ponto de pauta das entidades, a reivindicação unânime de que é necessária a mudança da política econômica. Foi dito e repetido que era inadmissível a manutenção das mais altas taxas de juros do mundo, pois atraem capital especulativo, volátil, que provoca a inundação do país com dólares que valorizam artificialmente a moeda nacional, facilitando a importação e dificultando a exportação, com gravíssimas conseqüências para o salário e o emprego.
Consequentemente, tal desorientação compromete o desenvolvimento, penalizando o conjunto da sociedade. Assim, enquanto nos EUA e na Europa os juros são negativos, em nosso país, somente no ano passado, a drenagem de recursos aos especuladores internacionais alcançou a escandalosa cifra de R$ 195 bilhões, quantia 15 vezes superior à destinada ao Bolsa-Família.
No encontro com Gilberto Carvalho, foi dado o alerta de que uma vez fragilizado o mercado interno - baluarte fundamental no combate aos impactos da crise internacional durante o governo Lula -, o Brasil ficaria à mercê da lógica rentista que segue o figurino recessivo imposto durante décadas pelo Fundo Monetário Internacional, pelo Banco Mundial e outras máfias.
Como se as lideranças populares falassem outra língua, como se as palavras ditas em bom e claro português estivessem criptografadas, o secretário geral da Presidência não entendeu o recado e manifestou concordância com os erros de Mantega. Desta forma, na prática, avalizou o corte dos R$ 50 bilhões no custeio, o aumento pífio dado pelo governo ao salário mínimo e a suspensão dos concursos públicos, como se em vez de agravar a doença, deixando o país mais incapaz e vulnerável, tais medidas fossem algum remédio miraculoso.
Na semana em que comemoramos 120 anos da Inspeção do Trabalho no Brasil em Defesa do Trabalho e dos Direitos Humanos, temos apenas e tão somente 2.800 auditores fiscais do trabalho em atividade para fiscalizar todas as empresas e averiguar as denúncias no território inteiro. Conforme denuncia o sindicato da categoria, a cada dia, esse número diminui por conta das aposentadorias e da falta de concursos públicos, enquanto a Organização Internacional do Trabalho (OIT) avalia que seriam necessários pelo menos o dobro destes profissionais para atender à demanda.
Graças à equipe econômica, há 220 aprovados no último concurso que ainda não foram chamados, e também não há qualquer previsão. Enquanto isso, multiplicam-se as lesões, mutilações e mortes em obras públicas, financiadas com recursos dos trabalhadores, sejam no Programa de Aceleração e Crescimento (PAC), sejam no Minha Casa, Minha Vida, denuncia a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom). O descalabro em Jirau e Santo Antônio pode ser apenas a ponta do iceberg.
Como também alertou a Coordenação dos Movimentos Sociais, não é interpretação, mas fato, que a inflação de 6,5% medida pelo IPCA para os últimos 12 meses foi alavancada pelo vertiginoso aumento de commodities - como açúcar e petróleo - provocada pelos especuladores internacionais e que acabam contaminando os preços internos. Também é fato que estes mesmos parasitas estão catapultando a remessa de lucros para fora do país, beneficiados pela crescente desnacionalização do parque industrial e a estrangeirização das terras. Assim, se o preço do açúcar sobe, a cana deixa de virar etanol para atender o mercado externo e maximizar lucros, com os preços logo depois novamente lançados às alturas quando falta o combustível e a “lei” da oferta e da procura é acionada pelos cartéis.
Outro ponto a ser considerado pelo governo – do qual fazem parte os ministérios – são os lucros estratosféricos obtidos pelo setor financeiro. Como apontou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, o resultado dos seis maiores bancos em 2010 somou R$ 43 bilhões, com crescimento de 30% em relação a 2009. E para este ano, acrescenta, os balanços já divulgados por Bradesco, Santander e Itaú mostram novas e robustas altas.
Diante de números tão esclarecedores, como pedir para a classe trabalhadora baixar a bola? Quem é o egoísta? Se a produtividade tem aumentado, nada mais justo de que os avanços sejam revertidos em ganhos reais aos trabalhadores, ainda mais quando a própria presidenta Dilma Rousseff anunciou o combate à miséria como eixo central de seu governo.
“Governo é datado, tem dia para acabar e atua no limite da correlação de forças. Nosso papel é fazer a realidade no limite do possível”, nos disse Gilberto Carvalho durante a audiência. Diante do exposto, tomo a liberdade de lembrar ao ministro, assim como fizeram as lideranças populares durante aquela reunião no Palácio do Planalto, que a mídia venal e a direita reacionária de tudo fizeram para abreviar o mandato do presidente Lula já em 2005, o que só não conseguiram devido à mobilização popular.
Gente que se uniu e atuou decisivamente sobre a correlação de forças até então, teoricamente, desfavorável. Que a mesma “correlação” expressa pelas urnas queimou o espantalho neoliberal, apontando para o aprofundamento das mudanças iniciadas no governo anterior, para o fortalecimento do papel do Estado, para a valorização do salário mínimo, para a ampliação de direitos e conquistas, para a integração latino-americana, para a independência política, econômica, ideológica e cultural dos ditames de Washington.
Para chegarmos até aqui fomos protagonistas numa batalha árdua, coletiva, de mobilização e acúmulo de consciências, onde Lula apontou para o avanço enquanto a mídia pedia cautela, fez o seu governo colocar o pé no acelerador enquanto a direita colocava freios. Não ouçamos agora o traiçoeiro canto de sereia que nos leva ao rochedo do retrocesso. Mais do que nunca, ouçamos o canto do poeta: fé na vida, fé no homem, fé no que virá...
* Rosane Bertotti é secretária de comunicação da CUT e da operativa da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS).
Respondendo a uma pergunta da Carta Maior sobre como ficariam as negociações salariais nos próximos meses, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, por uma dessas infelicidades da vida, somou sua voz ao coro dos recém convertidos à surrada tese de que o salário é inflacionário.
Ainda pior do que a ameaça “olhem o que vêm pela frente em termos de inflação”, feita aos sindicatos de trabalhadores pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, a declaração do ministro endossa o esburacado descaminho da equipe econômica que tenta transformar a aparência em evidência e esta em prova para tanger os salários ao matadouro.
Segundo Carvalho, haverá campanhas salariais no fim do ano, “quando a inflação já estará caindo, mas no acumulado ainda estará alta”. Então, defende o ministro, “vai ter que ter maturidade do movimento sindical, do governo e do funcionalismo público, para que, num ano específico como este, as pessoas não queiram, egoisticamente, (grifos nossos) o seu próprio bem e ponham em risco o andamento da carruagem em geral”.
Infelizmente, a declaração explicita concepções que uma vez vitoriosas no seio do governo o empurrariam para uma inevitável rota de colisão com a sociedade, que já manifestou ser absolutamente contrária à reencarnação do projeto neoliberal tucano. Não por outra razão jaz sepultado pelas urnas - e antes delas pelas ruas.
A relação entre inflação e salário reproduz em boa medida a da corda com o pescoço do enforcado. Ao corroer o poder de compra, a inflação asfixia o trabalhador, enquanto o salário, reajustado após longos doze meses, o recompõe. Com aumentos reais mais expressivos, como os obtidos durante o governo Lula, se diminuiu, ainda que modestamente, o abismo existente entre o trabalho e o capital.
Em reunião com a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), em Brasília, foi explicitado, como primeiro ponto de pauta das entidades, a reivindicação unânime de que é necessária a mudança da política econômica. Foi dito e repetido que era inadmissível a manutenção das mais altas taxas de juros do mundo, pois atraem capital especulativo, volátil, que provoca a inundação do país com dólares que valorizam artificialmente a moeda nacional, facilitando a importação e dificultando a exportação, com gravíssimas conseqüências para o salário e o emprego.
Consequentemente, tal desorientação compromete o desenvolvimento, penalizando o conjunto da sociedade. Assim, enquanto nos EUA e na Europa os juros são negativos, em nosso país, somente no ano passado, a drenagem de recursos aos especuladores internacionais alcançou a escandalosa cifra de R$ 195 bilhões, quantia 15 vezes superior à destinada ao Bolsa-Família.
No encontro com Gilberto Carvalho, foi dado o alerta de que uma vez fragilizado o mercado interno - baluarte fundamental no combate aos impactos da crise internacional durante o governo Lula -, o Brasil ficaria à mercê da lógica rentista que segue o figurino recessivo imposto durante décadas pelo Fundo Monetário Internacional, pelo Banco Mundial e outras máfias.
Como se as lideranças populares falassem outra língua, como se as palavras ditas em bom e claro português estivessem criptografadas, o secretário geral da Presidência não entendeu o recado e manifestou concordância com os erros de Mantega. Desta forma, na prática, avalizou o corte dos R$ 50 bilhões no custeio, o aumento pífio dado pelo governo ao salário mínimo e a suspensão dos concursos públicos, como se em vez de agravar a doença, deixando o país mais incapaz e vulnerável, tais medidas fossem algum remédio miraculoso.
Na semana em que comemoramos 120 anos da Inspeção do Trabalho no Brasil em Defesa do Trabalho e dos Direitos Humanos, temos apenas e tão somente 2.800 auditores fiscais do trabalho em atividade para fiscalizar todas as empresas e averiguar as denúncias no território inteiro. Conforme denuncia o sindicato da categoria, a cada dia, esse número diminui por conta das aposentadorias e da falta de concursos públicos, enquanto a Organização Internacional do Trabalho (OIT) avalia que seriam necessários pelo menos o dobro destes profissionais para atender à demanda.
Graças à equipe econômica, há 220 aprovados no último concurso que ainda não foram chamados, e também não há qualquer previsão. Enquanto isso, multiplicam-se as lesões, mutilações e mortes em obras públicas, financiadas com recursos dos trabalhadores, sejam no Programa de Aceleração e Crescimento (PAC), sejam no Minha Casa, Minha Vida, denuncia a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom). O descalabro em Jirau e Santo Antônio pode ser apenas a ponta do iceberg.
Como também alertou a Coordenação dos Movimentos Sociais, não é interpretação, mas fato, que a inflação de 6,5% medida pelo IPCA para os últimos 12 meses foi alavancada pelo vertiginoso aumento de commodities - como açúcar e petróleo - provocada pelos especuladores internacionais e que acabam contaminando os preços internos. Também é fato que estes mesmos parasitas estão catapultando a remessa de lucros para fora do país, beneficiados pela crescente desnacionalização do parque industrial e a estrangeirização das terras. Assim, se o preço do açúcar sobe, a cana deixa de virar etanol para atender o mercado externo e maximizar lucros, com os preços logo depois novamente lançados às alturas quando falta o combustível e a “lei” da oferta e da procura é acionada pelos cartéis.
Outro ponto a ser considerado pelo governo – do qual fazem parte os ministérios – são os lucros estratosféricos obtidos pelo setor financeiro. Como apontou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, o resultado dos seis maiores bancos em 2010 somou R$ 43 bilhões, com crescimento de 30% em relação a 2009. E para este ano, acrescenta, os balanços já divulgados por Bradesco, Santander e Itaú mostram novas e robustas altas.
Diante de números tão esclarecedores, como pedir para a classe trabalhadora baixar a bola? Quem é o egoísta? Se a produtividade tem aumentado, nada mais justo de que os avanços sejam revertidos em ganhos reais aos trabalhadores, ainda mais quando a própria presidenta Dilma Rousseff anunciou o combate à miséria como eixo central de seu governo.
“Governo é datado, tem dia para acabar e atua no limite da correlação de forças. Nosso papel é fazer a realidade no limite do possível”, nos disse Gilberto Carvalho durante a audiência. Diante do exposto, tomo a liberdade de lembrar ao ministro, assim como fizeram as lideranças populares durante aquela reunião no Palácio do Planalto, que a mídia venal e a direita reacionária de tudo fizeram para abreviar o mandato do presidente Lula já em 2005, o que só não conseguiram devido à mobilização popular.
Gente que se uniu e atuou decisivamente sobre a correlação de forças até então, teoricamente, desfavorável. Que a mesma “correlação” expressa pelas urnas queimou o espantalho neoliberal, apontando para o aprofundamento das mudanças iniciadas no governo anterior, para o fortalecimento do papel do Estado, para a valorização do salário mínimo, para a ampliação de direitos e conquistas, para a integração latino-americana, para a independência política, econômica, ideológica e cultural dos ditames de Washington.
Para chegarmos até aqui fomos protagonistas numa batalha árdua, coletiva, de mobilização e acúmulo de consciências, onde Lula apontou para o avanço enquanto a mídia pedia cautela, fez o seu governo colocar o pé no acelerador enquanto a direita colocava freios. Não ouçamos agora o traiçoeiro canto de sereia que nos leva ao rochedo do retrocesso. Mais do que nunca, ouçamos o canto do poeta: fé na vida, fé no homem, fé no que virá...
* Rosane Bertotti é secretária de comunicação da CUT e da operativa da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS).
Plenária da Frentex em SP. Participe!
No próximo sábado, dia 14 de maio, a partir das 10h, no auditório Sérgio Vieira de Mello da Câmara Municipal de São Paulo (Viaduto Jacareí, número 100, perto da Praça das Bandeiras e da estação Anhangabaú do metrô), acontece a Plenária Estadual da Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e Liberdade de Expressão - Frentex.
A Plenária Estadual é uma iniciativa importante para a retomada das mobilizações em nosso estado, num momento em que se discute em todo o país o Plano Nacional de Banda Larga e um novo Marco Regulatório para as comunicações brasileiras. Além dessas pautas, debateremos também a criação do Conselho Estadual de Comunicação em SP e os rumos da TV Cultura, que passa por um dos maiores desmontes de sua história, com prejuízos significativos para a comunicação pública no nosso estado.
Também celebraremos um ano de funcionamento da Frentex, que reúne entidades e movimentos sociais que construíram as etapas municipais, regionais e estadual da I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), em 2009, e que agora se articulam em defesa da democratização dos meios de comunicação em São Paulo.
Mobilize sua entidade, cidade e região e venha debater conosco!
Mais informações: frentexsp@gmail.com.
Cinco estratégias comunicacionais dos EUA
Por Felson Yajure, do Aporrea, no sítio da Adital:
As guerras da atualidade começam nos meios. Em cada guerra, os meios do imperialismo tentam convencer-nos de que seus governos estão atuando bem e, para isso, utilizam cinco estratégias:
1. Ocultar a verdade: que a causa real são nos interesses econômicos. 2. Colocar a vítima como agressor e culpada e ao agressor como o defensor da justiça. 3. Desprestigiar às vítimas. 4. Monopolizar a informação. 5. Ocultar a história.
Essas estratégias também foram aplicadas contra a Líbia, uma revolta espontânea rapidamente transformada em guerra civil, aprendendo com o caso do Egito, onde ainda existe o perigo de perda do controle. Podemos dizer: Na política, nada cai do céu!
1. Ocultar a verdade, que os interesses econômicos são a causa. Os imperialistas sempre têm que persuadir a opinião pública de que eles não atuam para obter benefícios econômicos; mas, para eliminar uma grave ameaça, que seja Saddam Hussein, Bin Laden, o comunismo, as Farc, as drogas, ou qualquer outra desculpa. Dizem que suas guerras são para libertar ao povo do tirano, ou para evitar que utilize armas de destruição massiva, para defender os direitos humanos; para evitar o bombardeio da população etc. Após invadir e tomar o controle se evidencia que mentiam de maneira descarada.
No caso recente da Líbia, que Gadafi estava bombardeando seu povo e Telesul enviou um correspondente ao local, desmentindo tais bombardeios. Aqui pretenderam semear a matriz de que há gente de Al Qaeda em Margarita e de acampamentos das Farc em nosso território para justificar uma agressão ou perseguição na Colômbia, para usá-la como instrumento da agressão ou para, caso a coisa se complique, eles possam, em seguida, intervir em defesa da Colômbia. No caso do conflito líbio, se explica, porque a África é estratégica para as multinacionais, porque sua prosperidade se baseia na pilhagem de seus recursos.
2. Colocar a vítima como agressor e culpada e ao agressor como o defensor da justiça. Em cada guerra, seus adversários sempre têm sido apresentados como cruéis assassinos, imorais e perigosos, com as piores descrições de suas atrocidades. Mais tarde, muitos desses relatos; às vezes, todos, vão perdendo importância; porém, não importa, já cumpriram seu objetivo: justificar as ações e manipular a emoção do público para impedi-lo de analisar os interesses que realmente estão em jogo.
3. Desprestigiar às vítimas. Nessa linha estratégica, tentam colocar o adversário como o pior entre os seres humanos, que golpeia mulheres, que ele e seus colaboradores estão associados ao narcotráfico, com Makled, com Marulanda...; bom, com o camarada, não, porque já morreu...; que a família rouba, e assim por diante.
4. Monopolizar a informação. A informação mostra-se de uma forma completamente tendenciosa, dando a conhecer somente um lado da história; claro, sem dizer, por exemplo, que a mídia imperial mostra um só lado de Gadafi, o que eles catalogaram como mau; porém, em absoluto mostram algum aspecto positivo. Quem nos informou sobre sua ajuda aos projetos de desenvolvimento africano? Quem nos disse que, segundo as instituições internacionais, a Líbia detém o mais alto ‘índice de desenvolvimento humano' de toda a África?
Outro exemplo seria quando em 1992, 45 países africanos tentaram obter um satélite africano para diminuir os custos de comunicação no continente. Telefonar desde ou para a África tinha a tarifa mais alta do mundo, já que havia um imposto de 500 milhões de dólares que a Europa cobrava a cada ano sobre as conversas telefônicas, inclusive no interior do próprio continente, pelo trânsito de voz pelos satélites europeus.
O satélite africano custava justamente 400 milhões de dólares pagáveis de uma só vez e não os 500 milhões de aluguel ao ano. Porém, como pode o escravo libertar-se da exploração servil de seu amo, solicitando-lhe sua ajuda para consegui-lo? Assim, estiveram o Banco Mundial, o FMI, os Estados Unidos, a União Europeia enredando inutilmente esses países por catorze anos. Então, Gadafi colocou na mesa 300 milhões de dólares, o Banco Africano de Desenvolvimento colocou 50 milhões; o Banco Oeste-Africano de Desenvolvimento colocou 27 milhões; e dessa forma a África, desde 27 de dezembro de 2007, tem seu primeiro satélite de comunicação de sua história. Vemos como um gesto pode mudar a vida de todo um continente.
A Líbia de Gadafi fez o ocidente perder não somente os 500 milhões de dólares ao ano, mas os milhares de milhões de dólares em dívida e juros que essa mesma dívida permite gerar até o infinito e a escala exponencial, contribuindo assim para manter oculto o sistema de espólio da África. Isso, com certeza, é parte do que a Europa agora cobra a Gadafi.
Também há muitos indícios de desinformação, por exemplo, os "seis mil mortos supostamente vítimas dos bombardeios de Gadafi sobre a população civil”. Onde estavam as imagens? Não havia nenhuma câmera, nenhum telefone celular por lá, como houve em Gaza, na Praça Tahrir ou em Tunes? É como o que acontece agora com o assassinato de Bin Laden: onde estão os vídeos e as fotos que mostravam como quando assassinaram ao Che Guevara ou a Hussein? Agora, nenhuma prova, nenhum testemunho fiável; bem esquisito tudo isso! Isso, em parte, foi desmentido pela Telesul, pelos satélites russos; porém, não houve retratação.
Em uma guerra civil, uma informação parcial sempre tentará fazer-nos crer que as atrocidades são cometidas por um só lado e, portanto, temos que apoiar ao outro lado. Porém, sempre é uma informação tendenciosa devido aos interesses político-econômicos.
5. Ocultar a história. Essa linha de desinformação é complementar às anteriores, todas atuantes em modo sinérgico. Para exemplificá-la basta um exemplo: o caso da invasão ao Kuwait, onde, em todo momento, se ocultou o fato histórico de que o território Kuwait foi parte do território iraquiano, e que foi desmembrado pelas potências imperiais devido às suas grandes jazidas petroleiras. A história da cruel exploração dos recursos naturais e da escravidão dos países colonizados nunca será contada nos meios de comunicação imperiais.
As guerras da atualidade começam nos meios. Em cada guerra, os meios do imperialismo tentam convencer-nos de que seus governos estão atuando bem e, para isso, utilizam cinco estratégias:
1. Ocultar a verdade: que a causa real são nos interesses econômicos. 2. Colocar a vítima como agressor e culpada e ao agressor como o defensor da justiça. 3. Desprestigiar às vítimas. 4. Monopolizar a informação. 5. Ocultar a história.
Essas estratégias também foram aplicadas contra a Líbia, uma revolta espontânea rapidamente transformada em guerra civil, aprendendo com o caso do Egito, onde ainda existe o perigo de perda do controle. Podemos dizer: Na política, nada cai do céu!
1. Ocultar a verdade, que os interesses econômicos são a causa. Os imperialistas sempre têm que persuadir a opinião pública de que eles não atuam para obter benefícios econômicos; mas, para eliminar uma grave ameaça, que seja Saddam Hussein, Bin Laden, o comunismo, as Farc, as drogas, ou qualquer outra desculpa. Dizem que suas guerras são para libertar ao povo do tirano, ou para evitar que utilize armas de destruição massiva, para defender os direitos humanos; para evitar o bombardeio da população etc. Após invadir e tomar o controle se evidencia que mentiam de maneira descarada.
No caso recente da Líbia, que Gadafi estava bombardeando seu povo e Telesul enviou um correspondente ao local, desmentindo tais bombardeios. Aqui pretenderam semear a matriz de que há gente de Al Qaeda em Margarita e de acampamentos das Farc em nosso território para justificar uma agressão ou perseguição na Colômbia, para usá-la como instrumento da agressão ou para, caso a coisa se complique, eles possam, em seguida, intervir em defesa da Colômbia. No caso do conflito líbio, se explica, porque a África é estratégica para as multinacionais, porque sua prosperidade se baseia na pilhagem de seus recursos.
2. Colocar a vítima como agressor e culpada e ao agressor como o defensor da justiça. Em cada guerra, seus adversários sempre têm sido apresentados como cruéis assassinos, imorais e perigosos, com as piores descrições de suas atrocidades. Mais tarde, muitos desses relatos; às vezes, todos, vão perdendo importância; porém, não importa, já cumpriram seu objetivo: justificar as ações e manipular a emoção do público para impedi-lo de analisar os interesses que realmente estão em jogo.
3. Desprestigiar às vítimas. Nessa linha estratégica, tentam colocar o adversário como o pior entre os seres humanos, que golpeia mulheres, que ele e seus colaboradores estão associados ao narcotráfico, com Makled, com Marulanda...; bom, com o camarada, não, porque já morreu...; que a família rouba, e assim por diante.
4. Monopolizar a informação. A informação mostra-se de uma forma completamente tendenciosa, dando a conhecer somente um lado da história; claro, sem dizer, por exemplo, que a mídia imperial mostra um só lado de Gadafi, o que eles catalogaram como mau; porém, em absoluto mostram algum aspecto positivo. Quem nos informou sobre sua ajuda aos projetos de desenvolvimento africano? Quem nos disse que, segundo as instituições internacionais, a Líbia detém o mais alto ‘índice de desenvolvimento humano' de toda a África?
Outro exemplo seria quando em 1992, 45 países africanos tentaram obter um satélite africano para diminuir os custos de comunicação no continente. Telefonar desde ou para a África tinha a tarifa mais alta do mundo, já que havia um imposto de 500 milhões de dólares que a Europa cobrava a cada ano sobre as conversas telefônicas, inclusive no interior do próprio continente, pelo trânsito de voz pelos satélites europeus.
O satélite africano custava justamente 400 milhões de dólares pagáveis de uma só vez e não os 500 milhões de aluguel ao ano. Porém, como pode o escravo libertar-se da exploração servil de seu amo, solicitando-lhe sua ajuda para consegui-lo? Assim, estiveram o Banco Mundial, o FMI, os Estados Unidos, a União Europeia enredando inutilmente esses países por catorze anos. Então, Gadafi colocou na mesa 300 milhões de dólares, o Banco Africano de Desenvolvimento colocou 50 milhões; o Banco Oeste-Africano de Desenvolvimento colocou 27 milhões; e dessa forma a África, desde 27 de dezembro de 2007, tem seu primeiro satélite de comunicação de sua história. Vemos como um gesto pode mudar a vida de todo um continente.
A Líbia de Gadafi fez o ocidente perder não somente os 500 milhões de dólares ao ano, mas os milhares de milhões de dólares em dívida e juros que essa mesma dívida permite gerar até o infinito e a escala exponencial, contribuindo assim para manter oculto o sistema de espólio da África. Isso, com certeza, é parte do que a Europa agora cobra a Gadafi.
Também há muitos indícios de desinformação, por exemplo, os "seis mil mortos supostamente vítimas dos bombardeios de Gadafi sobre a população civil”. Onde estavam as imagens? Não havia nenhuma câmera, nenhum telefone celular por lá, como houve em Gaza, na Praça Tahrir ou em Tunes? É como o que acontece agora com o assassinato de Bin Laden: onde estão os vídeos e as fotos que mostravam como quando assassinaram ao Che Guevara ou a Hussein? Agora, nenhuma prova, nenhum testemunho fiável; bem esquisito tudo isso! Isso, em parte, foi desmentido pela Telesul, pelos satélites russos; porém, não houve retratação.
Em uma guerra civil, uma informação parcial sempre tentará fazer-nos crer que as atrocidades são cometidas por um só lado e, portanto, temos que apoiar ao outro lado. Porém, sempre é uma informação tendenciosa devido aos interesses político-econômicos.
5. Ocultar a história. Essa linha de desinformação é complementar às anteriores, todas atuantes em modo sinérgico. Para exemplificá-la basta um exemplo: o caso da invasão ao Kuwait, onde, em todo momento, se ocultou o fato histórico de que o território Kuwait foi parte do território iraquiano, e que foi desmembrado pelas potências imperiais devido às suas grandes jazidas petroleiras. A história da cruel exploração dos recursos naturais e da escravidão dos países colonizados nunca será contada nos meios de comunicação imperiais.
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