segunda-feira, 23 de maio de 2016

A capacitação da rua para virar o jogo

Foto: Sato do Brasil/Jornalistas Livres
Por Saul Leblon, no site Carta Maior:

Uma das tarefas cruciais da política - sua própria razão de ser - é captar a totalidade de um momento histórico para daí tirar as consequências teóricas, programáticas e organizativas.

Sem isso a coisa não vai, desanda do entusiasmo à prostração, da mobilização ao cansaço e daí à dispersão.

O golpe de 12 de maio encerra todas as contradições de um ajuntamento no qual a cota de vigarice e corrupção está precificada na elevada resiliência de Eduardo Cunha no ministério interventor.

O golpe de Estado de 2016 no Brasil

Por Michael Löwy, no Blog da Boitempo

Vamos dar nome aos bois. O que aconteceu no Brasil, com a destituição da presidente eleita Dilma Rousseff, foi um golpe de Estado. Golpe de Estado pseudolegal, “constitucional”, “institucional”, parlamentar ou o que se preferir. Mas golpe de Estado. Parlamentares – deputados e senadores – profundamente envolvidos em casos de corrupção (fala-se em 60%) instituíram um processo de destituição contra a presidente pretextando irregularidades contábeis, “pedaladas fiscais”, para cobrir déficits nas contas públicas – uma prática corriqueira em todos os governos anteriores! Não há dúvida de que vários quadros do PT estão envolvidos no escândalo de corrupção da Petrobras, mas Dilma não… Na verdade, os deputados de direita que conduziram a campanha contra a presidente são uns dos mais comprometidos nesse caso, começando pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (recentemente suspenso), acusado de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão fiscal etc.

Pobre paga conta de rico

Por Frei Betto, no site da Adital:

Um dos equívocos dos governos do PT foi implementar uma política neodesenvolvimentista que nem sequer pode ser qualificada de pós-neoliberal. Enquanto o orçamento do Bolsa Família para este ano é de R$ 28 bilhões, e o déficit primário do governo chega a R$ 120 bilhões, o "bolsa empresário” é de R$ 270 bilhões – quase dez vezes superior. Pai severo com os pobres, o governo atuou como mãe supergenerosa com os ricos. Nem assim o PT logrou aplacar o ódio de classe contra o partido.

A fortuna do "bolsa empresário” é o resultado da soma de subsídios, desonerações e regimes tributários diferenciados para portos, indústrias químicas, agronegócio, empresas de petróleo e fabricantes de equipamentos de energia eólica.

Dilma na coletiva com blogueiros em BH

Blogueiros em BH: "Fora Temer"

Jucá escancara as razões do golpe

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

A política é feita em cima de discursos públicos mas é decidida nas falas privadas.

O que aparece na transcrição da conversa gravada entre o ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, são as verdadeiras motivações para o processo de impeachment, nas confissões de um de seus mais importantes articuladores: Dilma tinha que ser afastada para possibilitar um acordão que interrompesse a marcha da Lava Jato sobre a podre elite política do país. Se Dilma foi afastada com este objetivo, e não porque cometeu pedaladas fiscais, foi golpe. Jucá, mais que nenhum ator da trama até agora, legitimou a interpretação do golpe.

domingo, 22 de maio de 2016

Belo Horizonte ovacionou Dilma

Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                    
Uma multidão ovacionou a presidenta Dilma em frente ao hotel no qual ela participou da abertura do Encontro Nacional dos Blogueiros e Ativistas Digitais, em Belo Horizonte, na noite desta sexta-feira.

Assim como ocorrera nas manifestações contra o golpe das quais participei, no Rio e em Brasília, aqui, na capital dos mineiros, pude testemunhar como a causa democrática agrega um mosaico extremamente representativo da sociedade brasileira, reunindo jovens, coroas, mulheres, negros, LGBTs, trabalhadores, estudantes, intelectuais e artistas.

Dilma e a história no último grau

Renato Rovai, em seu blog:

A presidenta Dilma Rousseff esteve ontem em Belo Horizonte para participar do V Encontro dos Blogueiros. Foi a primeira vez que ela veio ao evento. Ao mesmo tempo acontecia na cidade um protesto contra o governo interino e ilegítimo de Michel Temer. A manifestação terminou na frente do hotel onde acontece o encontro.

Aproximadamente 20 mil pessoas esperaram Dilma chegar durante uma hora. Um ato organizado sem grandes pretensões e que acabou se tornando um dos maiores da cidade desde a eleição de 2014.

#5BlogProg - domingo

#5BlogProg - sábado - parte 2

Dilma aos blogueiros: obrigação é resistir


Por Rodrigo Vianna, em seu blog


“Eles montaram um ministério de velhos, ricos e brancos.
Sem negros, e sem mulheres. Quem dá as cartas é o Cunha”.


Passava das cinco da tarde, e este blogueiro que acabara de se instalar no hotel, no centro de Belo Horizonte, ouve ao longe a voz que berra no megafone: “tchau, querida”, “fora, petralhas”. O tom é de cafajestice e deboche.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

#5BlogProg - sexta-feira

O jogo não está perdido para Dilma

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

O processo de impeachment e a derrubada da presidenta Dilma Rousseff não são fato consumado, apesar de ser essa a ideia disseminada diretamente ou nas entrelinhas dos discursos midiáticos. “É possível reverter e é possível resistir ao golpe. A imprensa ocultou, mas a votação que eles tiveram no Senado só foi de dois votos acima do que eles precisam na decisão final do julgamento. Se eles perderem apenas dois votos, o impeachment é derrotado”, lembra o professor de Ciência Política da Universidade de Campinas (Unicamp) Armando Boito.

Ato em defesa da comunicação pública

Do site do FNDC:

Organizações da sociedade civil (entre as quais o FNDC), trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e ativistas promovem ato cultural em defesa da empresa, da cultura e da comunicação pública. A atividade será realizada nesta sexta-feira (20/5) é uma reação à extinção do Ministério da Cultura e ao ataque à EBC patrocinados pelo governo interino de Michel Temer.

A ofensiva contra a mídia pública

Foto: Mídia Ninja
Por Mario Augusto Jakobskind, no jornal Brasil de Fato:

Colunistas de sempre destilam diariamente ódio contra a mídia pública. Estão dando o recado do conservadorismo, que não se conforma com o fato de existir um espaço eletrônico recente que dá vez e voz a setores que são silenciados e até discriminados pela mídia comercial conservadora. Esse setor esquece que a falta de um contraponto no espectro midiático e a não existência de uma mídia pública de defesa da cidadania, como querem os golpistas que ocupam o governo brasileiro, deixam a democracia fragilizada.

O maior pecado da EBC

Foto: Jornalistas Livres
Por Renata Mielli, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

O monopólio midiático do país nunca engoliu a criação da Empresa Brasil de Comunicação, que aconteceu só na metade do segundo mandato do governo Lula. O ex-presidente criou a EBC pressionado pela ação do movimento social brasileiro, particularmente das entidades ligadas à luta pela democratização da comunicação e do setor cultural, que exigiam mais diversidade e pluralidade nos meios de comunicação.

Com a criação da EBC o país começou, de forma muito tardia, a cumprir o previsto no artigo 223 da Constituição Federal, que determina que as concessões de radiodifusão observem a complementaridade entre os sistemas público, privado e estatal. O Brasil não têm histórico de comunicação pública, e desta ausência se ressente a nossa democracia até hoje. Hoje ainda mais.

Michel Temer e o capitalismo de desastre

Por Gustavo Henrique Freire Barbosa, no site Outras Palavras:

El Ladrillo era o nome do programa de governo apresentado pelos chamados Chicago Boys, discípulos do monetarista Milton Friedman, no Chile de 1973, quando o cadáver de Salvador Allende ainda estava quente. Sabiam que sob o regime ditatorial de Pinochet teriam a oportunidade única de levar aos limites um projeto ultraliberal e privatizante que jamais passaria pelo crivo das urnas. Na toada de seu guru, viam na crise a grande oportunidade de pôr em prática seus ensinamentos. O próprio Friedman sentenciou certa vez no famoso ensaio Inflation: causes and consequences que “somente uma crise – real ou pressentida – produz mudança verdadeira. Esta, eu acredito, é a nossa função primordial: desenvolver alternativas às políticas existentes, mantê-las em evidência e acessíveis até que o politicamente impossível se torne politicamente inevitável”.

O obscurantismo como política de Estado

Por Maria do Rosário Nunes, na revista Fórum:

A lista de retrocessos promovida em uma semana do ilegítimo governo Temer é quilométrica e finamente articulada com o que há de mais retrógrado no Parlamento brasileiro. Aqueles e aquelas que ofereceram grotesco espetáculo no dia da votação da admissibilidade do processo de impeachment na Câmara dos Deputados cobram o preço do voto que depositaram em favor do golpe e atuam firmemente para impor, por meio do Legislativo, e agora do Executivo, sua pauta obscurantista.

A primeira semana de horrores de Temer

Editorial do site Vermelho:

A demissão do garçom José Catalão, que servia cafezinho no Palácio do Planalto, sob a acusação de ser “petista”, dá a medida da mesquinharia do governo ilegítimo que ocupa, desde a quinta-feira (12) a presidência da República. A lista de horrores contra o país e o povo parece não acabar. Este curto espaço de tempo foi marcado por uma combinação estapafúrdia de autoritarismo, opção pelos ricos e abandono de políticas públicas e programas voltados para os mais pobres.