sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Os riscos para a democracia

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

A disputa presidencial finalmente decantou, passando a refletir claramente a divisão política estrutural do país.

A pesquisa Ibope revelou a colossal e veloz transferência de votos do ex-presidente Lula para seu candidato, indicando a grande possibilidade de que o petista Fernando Haddad venha a disputar o segundo turno com o líder Jair Bolsonaro.

Será, como já escrevi aqui, uma disputa plebiscitária entre os que tentarão reconduzir o PT ao governo e o antipetismo, agora representado por Bolsonaro, o que traz riscos evidentes para democracia.

Eleições-2018: Civilização ou barbárie?

Por Roberto Amaral, em seu blog:

O quadro de outubro próximo, visto pura e simplesmente do ponto de vista eleitoral, ou seja, na sua aparência, ensejará, a escolha entre o capitão e a alterativa representada por Fernando Haddad ou Ciro Gomes.

Na primeira hipótese, teremos a transição, pela via eleitoral (anunciada para o segundo turno), do Estado autoritário para a ditadura fascista, aqui (como em toda parte) apoiada, em suas origens, por grandes contingentes populares (açulados pela grande imprensa e pelo neopentecostalismo primitivo) e por poderosos setores econômicos e militares, espalhados nas tropas e nos comandos entre oficiais superiores da reserva (os mais falantes) e da ativa.

O ovo de uma serpente já conhecida

Por Kai Michael Kenkel, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Cada um é formado pela sua história pessoal. Eu sou alemão, crescido nos Estados Unidos, acadêmico de relações internacionais (política) no Brasil. A guerra e a intolerância política afetaram profundamente a minha família. Isso me norteia politicamente. Como alemão de minha geração, o ponto fixo inescapável que orienta toda a consciência na minha formação cidadã é o legado do fascismo: o Holocausto e a Segunda Guerra, e a firme missão de nunca deixar isso acontecer de novo, em lugar nenhum. Não existe nenhum princípio político mais sagrado que esse.

O efeito da mídia nas eleições

Por João Feres Júnior, na revista CartaCapital:

O efeito dos meios de comunicação é o Santo Graal de todos os pesquisadores da área de mídia e política. É claro que sabemos que ela tem efeito sobre a formação de opinião, pois a quase totalidade das informações sobre política que os eleitores recebem em sociedades complexas como a nossa advém da mídia.

Ao mesmo tempo, é muito difícil estimar com precisão a intensidade desse efeito. A edição do debate entre Lula e Fernando Collor no Jornal Nacional às vésperas do segundo turno da eleição de 1989 foi decisiva para o resultado final da disputa? Provavelmente sim, mas nunca saberemos se foi fator decisivo.

Mídia brasileira seria fechada nos EUA

Por Isaías Dalle, no site da Fundação Perseu Abramo:

Nos EUA e Inglaterra, canais de TV ou jornais seriam fechados e os donos, mortos, se fizessem contra os governos o que fazem no Brasil e na América Latina, em geral. “Seriam colocados diante de um pelotão de fuzilamento em praça pública”, disse o pensador estadunidense Noam Chomsky, durante encontro com jornalistas realizado no Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, na noite da última segunda-feira.

O golpe e as classes trabalhadoras

Por Ricardo Gebrim, no jornal Brasil de Fato:

Os ataques sofridos pelas classes trabalhadoras em razão do golpe de 2016 não tem um paralelo histórico. O desmonte das bases da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que instituíram e organizaram os contratos de trabalho desde a década de 1940, o impacto econômico aos sindicatos com o fim abrupto das contribuições sindicais compulsórias, das contribuições assistenciais, além da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de liberar, sem limites, a terceirização causam alterações profundas e não facilmente superáveis.

Qual é o futuro do sindicalismo?

Por Clemente Ganz Lúcio, no site Brasil Debate:

O sindicalismo é resultado da construção política e voluntária de trabalhadores que decidem se associar; construir laços de solidariedade, a partir da condição de assalariado, servidor, conta própria e de subordinados no sistema produtivo; criar identidade que se constitua de classe; compreender o mundo em que vivem; imaginar movimentos de luta para mudar a situação. Esses são desafios que, se respondidos, darão o sentido para a organização.

Mas organizar quem e quantos?

"O ódio de classe é extremo no Brasil"

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

O ódio de classe é extremo no Brasil. É maior do que nos EUA. E ódio puro e simples. É profundo. Não é algo que se possa curar apenas colocando um bandeide. A visão é de Noam Chomsky em entrevista ao Tutaméia (acompanhe a íntegra no vídeo). Para ele, a eleição pode ser suficiente se puder evitar o pior. Mas será preciso encarar os problemas de fundo: o ódio de classe, a enorme desigualdade, as razões que seguraram o desenvolvimento, o foco na exportação de produtos primários, a importação de manufaturados baratos.

O fracasso do golpe no país surreal

Por Pedro Tierra, no site Carta Maior:

“A Revolução que acalentamos na juventude, faltou.

A vida, não. A vida não falta.

E não há nada mais revolucionário que a vida...” (1994) [*]


Será vão o esforço intelectual, mesmo das cabeças mais brilhantes, empenhadas em utilizar as categorias cartesianas para decifrar o Brasil. Aqui nos trópicos, nem mesmo o surrealismo – como advertia Alejo Carpentier na Introdução Manifesto ao “El reino de este mundo” – seria capaz de dar conta dos paradoxos da esfinge...

Haddad ao governo, Lula ao poder

Por Breno Altman, no site Opera Mundi:

O crescimento de Fernando Haddad na disputa presidencial revela a eficácia da política conduzida pelo PT.

Inimigos, adversários e até aliados vaticinavam a derrocada da legenda. As forças mais conservadoras sonhavam com um sistema político expurgado de alternativa viável à esquerda.

O fracasso do governo Temer, ao qual estão fundidos os partidos de centro e direita, especialmente o PSDB de Geraldo Alckmin, despertou o bloco golpista. O aprofundamento da crise econômica e social, associado a escândalos de corrupção, criava base material para possível recuperação do petismo.

Temer causa prejuízo de bilhões ao SUS

Por Cida de Oliveira, na Rede Brasil Atual:

Na semana em que completa 30 anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) "ganhou de presente" do governo de Michel Temer um prejuízo de R$ 1 bilhão a cada 50 mil tratamentos de hepatite C. Na última terça-feira (18), o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), vinculado ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, concedeu ao laboratório norte-americano Gilead a patente do sofosbuvir. O medicamento é utilizado com sucesso no tratamento na hepatite C. A cada 100 pessoas tratadas, 96 são curadas. 

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Haddad atiça o jornalismo de guerra

Sheherazade apanha dos monstros que criou

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Rachel Sheherazade está sendo atacada pelos monstros que criou e cultivou com carinho ao longo dos últimos cinco anos (pelo menos).

Ela, que defendeu o linchamento de um rapaz negro no SBT Brasil, marco da barbárie jornalística, entrou na campanha contra Jair Bolsonaro com a hashtag “ele não”.

“Sou mulher. Crio dois filhos sozinha. Fui criada por minha mãe e minha avó. Não. Não somos criminosas. Somos HEROÍNAS!”, escreveu.

PSDB entra na fila do inferno de Bolsonaro

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Enquanto Haddad busca votos e Bolsonaro envia mensagens de tom golpista diretamente do hospital, o destino de Alckmin e do PSDB permanece um mistério depois que as pesquisas de intenção de voto confirmaram que não possui músculos para ir ao segundo turno.

Fazer cara de estátua e fingir que nada tem a dizer num confronto entre uma candidatura comprometida com a reconstrução da democracia e um adversário que tenta consolidar uma ditadura equivale a renunciar a qualquer papel na história dramática que os brasileiros estão escrevendo em 2018.

O “malabarismo estatístico” da Globo

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A pesquisa Datafolha – cujo horário de divulgação na Globo, de madrugada, foi, digamos, “original” – teve seus dados seguidos de uma “explicação” estatística também muito original, lida por Renata Lo Prete.

O vídeo está lá, mas vou transcrever a fala, para você entender bem como se torce as coisas com palavras.

Disse ela que “a principal diferença entre este Datafolha e o Ibope que nós mostramos ontem é a distância entre Haddad e Ciro, mais estreita na pesquisa de hoje” , seguida de uma penca de ressalvas sobre data do “campo” e metodologia. Mas, afirma ela, “vale a pena observar”. “Na de ontem, Haddad, já aparecia isolado em segundo lugar; na de hoje, Ciro Gomes aparece em empate com ele”.

O poço fundo das eleições 2018

Por Roberto Andrés, no site Outras Palavras:

Até onde a vista alcança, o futuro é um poço fundo cheio de alçapões, tipo aquelas bonecas russas: segundo turno polarizado com metade do país no colo de um defensor de ditaduras.

Resolvi dar uma olhada para trás, relembrar como chegamos até aqui. Como não achei os dados filtrados assim, criei uma planilha com a intenção de voto no primeiro turno em Bolsonaro, Ciro, Lula, Marina e Aécio/Alckmin, além da rejeição do governo, desde 2015. Tudo pelo Datafolha, para ficar com um instituto só e evitar diferenças metodológicas.

A guerra comercial de Trump e o Brasil

Editorial do site Vermelho:

Qual é o alvo da guerra comercial que Trump e os Estados Unidos movem contra a China? Que objetivo pretende atingir?

São perguntas que não podem calar desde que Donald Trump coloca em risco o próprio quadro mundial de relações geopolíticas construído sob os auspícios da classe dominante dos Estados Unidos, em benefício do grande capital. Quadro em que se proclamou, nas últimas quatro décadas, a falência do Estado nacional e de sua soberania, versão aceita prontamente pelas classes dominantes mundo afora, inclusive no Brasil, no contexto do domínio do neoliberalismo quando, no final de 1997, o presidente neoliberal brasileiro, Fernando Henrique Cardoso chegou a saudar como um novo Renascimento.

Alckmin desmancha. É o fim do tucanistão?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Se a pesquisa nacional do Ibope já trouxe más notícias para o tucano Geraldo Alckmin, cada vez mais longe do segundo turno, os números de São Paulo, estado que ele governou por quatro mandatos, são ainda piores.

Enquanto Jair Bolsonaro subiu de 23% para 30% em relação à pesquisa anterior, Alckmin caiu de 18% para 13%, agora empatado com Fernando Haddad, que tinha apenas 7% na semana passada.

Para completar, na mesma pesquisa, o candidato do PSDB a governador, João Doria, está atrás do empresário Paulo Skaf, do MDB de Temer, nos dois turnos.

Bolsonaristas expõem almas doentes

Por Mário Magalhães, no site The Intercept-Brasil:

Em novembro de 1940, o democrata Franklin D. Roosevelt venceu o republicano Wendell Willkie com uma diferença de 5 milhões de votos e conquistou o terceiro mandato consecutivo na Casa Branca. O presidente viria a ser um dos condutores dos Aliados no triunfo sobre o nazifascismo. Isso é o que conta a história, porque no romance “Complô contra a América” Roosevelt foi abatido nas urnas de 1940 pelo aviador Charles Lindbergh.

A ditadura togada também na Argentina

Por Martín Fernández Lorenzo, no blog Socialista Morena:

O plano é idêntico ao concretizado contra o PT no Brasil. Nesta semana, o juiz Claudio Bonadío decretou a prisão preventiva da ex-presidenta argentina Cristina Fernández de Kirchner como “chefe de uma associação ilícita”, tal como acusaram Lula de ser o “chefe de uma organização criminosa”. A perseguição midiático-político-judiciária a Cristina se intensifica ao mesmo tempo que a administração de Mauricio Macri se mostra um fracasso e a economia do país colapsa. Ela só não foi para a cadeia porque, como senadora, goza de imunidade parlamentar, que só poderia ser suspensa por 2/3 do Senado.