sábado, 29 de setembro de 2018

Bolsonaro e o antídoto contra a "Veja"

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Durante a semana, o exército virtual de Bolsonaro espalhou nas redes sociais uma falsa capa da Veja que revelava um esquema de fraude nas urnas eletrônicas para favorecer o PT. Era mais uma mentira entre tantas que a família Bolsonaro e sua militância têm espalhado sem o menor pudor. O boato voou e foi compartilhado até pelo cantor, compositor e bolsonarista Lobão, o que também não chega a ser uma novidade. Ironicamente, a Veja se preparava para publicar uma reportagem devastadora para a candidatura Bolsonaro. Mas, para seus militantes, a reportagem fake anunciada em uma montagem de Photoshop teria mais credibilidade do que a verdadeira.

Censura de Fux e a selvageria contra Lula

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A decisão do ministro Luiz Fux, que tenta proibir duas entrevistas de Lula - ao jornalista Florestan Fernandes Junior, do programa Voz Ativa, da Rede Minas, e a Monica Bergamo, da Folha de São Paulo - marca a perseguição judicial no ponto máximo.

Depois de impedir Lula de disputar a presidência e cassar 3,4 milhões de títulos eleitorais em regiões que são uma tradicional base de apoio do Partido dos Trabalhadores e do PSB, o Judiciário afronta a Constituição ao tentar censurar a voz de Lula como cidadão.

Fux toma decisão típica de ditaduras

Por Kennedy Alencar, em seu blog:

O ministro do STF Luiz Fux matou no peito, contrariando a Constituição e precedentes legais, afrontando decisão de colega que tem o mesmo poder e assegurando um absurdo (eventual censura prévia). Fux suspendeu decisão do colega Ricardo Lewandowski que liberou duas entrevistas com o ex-presidente Lula, preso em Curitiba.

A decisão de Fux é típica de ditaduras que fazem do Judiciário um simulacro de poder.

Não podemos eleger nosso próprio algoz

Por Maíra Kubík Mano, no jornal Brasil de Fato:

Hoje vi a foto de uma pessoa, do meu mais profundo afeto, posicionada em cima de um tanque de guerra, dizendo que estava “pronta para votar”.

Fiquei em choque. “Um tanque de guerra não precisa de votos”, pensei. “Ele resolve tudo na bala”, comentei. Assim como foi na ditadura cívico-militar. Assim como já tem sido nas periferias do Brasil desde sempre, com a recente inovação tecnológica de que os tiros também vêm de cima, por helicópteros. Prisões arbitrárias, torturas, execuções.

Os militares que querem tutelar o país

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

“Eles queriam pegar o Lula. Alguns grupos econômicos internos e externos queriam tirar o Lula e o projeto progressista no Brasil. Mas, para fazer isso, eles acabaram debilitando todas as instituições políticas. E aí os militares ressurgem. O que eles não perceberam é que, para desacreditar o Lula, eles acabaram tendo que desacreditar a política como um todo, e o filho disso é o Bolsonaro. Agora que está chegando ao final eles estão assustados”.

Fux leva o Brasil de volta à censura

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Para além da política eleitoral, é extremamente grave o que aconteceu ontem à noite, quando o exótico ministro Luiz Fux revogou, por liminar, a decisão de seu colega Ricardo Lewandowski, de permitir que a Folha de S. Paulo e o SBT entrevistassem o ex-presidente Lula.

Tão grave que, dificilmente, terá sido apenas uma iniciativa pessoal de Fux, que não a tomaria sem ter a certeza que não ficará sozinho na posição esdrúxula em que se colocou: derrubar, por liminar, a decisão de um colega de Corte.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

#EleNão pode marcar reviravolta na eleição

Por Jeferson Miola, em seu blog:

A campanha do Bolsonaro não está conseguindo sair da espiral caótica em que mergulhou há cerca de um mês.

Tanto mais alguém da sua tropa – ou os filhos, ou o dublê de guru econômico e posto Ipiranga, ou o vice que só consegue pensar com rebenque em punho – expõe a cosmovisão medieval e sádica desse exército do atraso – [quer seja sobre costumes e valores, quer seja sobre economia, políticas públicas e fim do 13º], tanto mais Bolsonaro é aspirado para o centro do caos.

Bolsonaro solta a direita e esfarela o PSDB

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

De onde vieram os votos que garantiram a liderança de Bolsonaro nas pesquisas com índices próximos a 30%?

Basta olhar para a posição do tucano Geraldo Alckmin nos mesmos levantamentos, empacado em torno de 8%, para saber o que aconteceu na campanha de 2018.

Em outras eleições, estes votos do capitão do Exército iriam naturalmente para o PSDB, principal adversário do PT nas últimas seis eleições presidenciais.

A radicalização política do país que se seguiu ao golpe de 2016 e a implosão dos partidos pela Lava Jato produziu esta anomalia chamada bolsonarismo, para se contrapor ao petismo.

Ameaças à democracia no mundo

Foto: Mila Frati
Por Kjeld Jakobsen e Rose Spina, na revista Teoria e Debate:

Noam Chomsky, um dos mais importantes intelectuais da atualidade, é referência mundial, tanto no domínio da linguística, sua área de especialização científica, como para a esquerda por suas posições políticas. Convidado a participar do seminário “Ameaças à Democracia e a Ordem Multipolar”, organizado pela Fundação Perseu Abramo, Chomsky concedeu esta entrevista à Teoria e Debate,na qual falou sobre os perigos que nos rodam, a onda conservadora que toma conta do mundo, o golpe no Brasil e o papel dos Estados Unidos nesse cenário


#Elenão, mulheres contra o fascismo

Editorial do site Vermelho:

Usando a melodia da canção italiana que simboliza a repulsa mundial contra o fascismo – “Bella Ciao” – o vídeo que convoca a manifestação nacional das mulheres deste sábado (29), em defesa da democracia proclama: “Vamos à luta / pra derrotar / o ódio e pregar o amor”. As atividades que ocorrerão ao longo do dia em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, além de várias cidades pelo mundo, foram convocadas por entidades de mulheres, organizações da sociedade civil, personalidades representativas de diversos segmentos sociais e um amplo movimento que ganhou forças nas redes sociais. A iniciativa reflete a consciência e o sentimento de rechaço à candidatura de Bolsonaro por tudo de péssimo que representa: posições reacionárias contra as conquistas das mulheres, racismo, homofobia, ameaça à democracia e contra os direitos trabalhistas.

Candidatura de Beto Richa ao Senado derrete

Por René Ruschel, na revista CartaCapital:

Em menos de uma semana, o ex-governador do Paraná, Beto Richa, viu sua carreira política se esvair em um mar de lama e corrupção. Acuado por uma série de denúncias, sua candidatura ao Senado derrete.

Na manhã do último 11 de setembro, o tucano foi preso em sua residência pelo Grupo de Atuação Especial ao Crime Organizado (Gaeco). Arrastou consigo para as grades a mulher e ex-secretária de seu governo, Fernanda; o irmão e também ex-secretário, Pepe. No total, entre secretários de estado, assessores e empresários, a operação “Rádio Patrulha” cumpriu quinze mandados de prisão. O tucano e sua trupe foram salvos, quatro dias depois, pelo ministro Gilmar Mendes. Mas já era tarde demais.

E se Bolsonaro não estiver no segundo turno?

Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Nem era preciso. Mas acaba de surgir um novo motivo – uma deliciosa razão – para participar, amanhã, dos inumeráveis atos #elenão, organizados pelos movimentos feministas em centenas de cidades brasileiras. Nos três últimos dias, configurou-se uma possibilidade surpreendente: a de que Jair Bolsonaro esteja ausente do segundo turno. Esta hipótese, há muito desejada pelos que lutamos, fora da estrutura do PT, para manter o país respirável, passou a ser considerada também por parte das elites. Por isso, já não é quimérica. Como chegamos a isso? Quais as possibilidades e riscos? Que fazer, agora?

Mídia amplia sua atuação eleitoreira

Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Rede Brasil Atual:

O golpe de 2016 recebe a cada momento novos ingredientes. Os mais recentes são as autorizações dadas ao agressor do candidato da extrema-direita, preso no Mato Grosso do Sul, para conceder entrevistas à mídia conservadora. Ao mesmo tempo em que pedidos semelhantes feitos em relação ao ex-presidente Lula continuam negados. O autor de uma tentativa de homicídio pode falar ao público, um ex-presidente da República não.

Bolsonaro segue pisando nos tomates

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

A reta final da campanha começa mal para o candidato que até aqui deslizou sempre para cima nas pesquisas, Jair Bolsonaro.

Foi grande o estrago produzido por seu vice, general Mourão, ao defender o fim do 13º salário, “esta jabuticaba”.

O capitão teve que desautorizar o general pelas redes sociais, como havia feito na semana passada com o economista Paulo Guedes.

O clima no QG de campanha é de vaca estranhando bezerro, a alta hospitalar de Bolsonaro foi adiada e os movimentos pluripartidários contra ele continuam crescendo na sociedade.

Em desespero, Alckmin apela para ''vaquinha'

Por Antonio Lassance, no site Carta Maior:

Chuchu com pimenta

A campanha do insosso Geraldo Alckmin tem feito de tudo para melhorar sua receita. Primeiro, colocou uma pitada de extrema direita em sua chapa, chamando a senadora Ana Amélia para ser vice.

Ana Amélia é aquela que não sabe a diferença entre a rede de televisão Al-Jazheera, um oásis de liberdade de imprensa no mundo árabe, e o Estado Islâmico. Ora, bolas! Todos comentem confusões. Talvez por isso Amélia, que era a vice de verdade, não se incomodou quando Alckmin trocou seu nome pelo da senadora Kátia Abreu, em uma entrevista.

A filósofa e o neoliberalismo

Por Pedro de Oliveira, no site da Fundação Maurício Grabois:

A professora Emérita da USP e filosofa Marilena Chauí – ex-secretária municipal de Cultura de São Paulo durante a gestão Luiza Erundina (1989-1992) – participou no último dia 14 de setembro de um seminário internacional patrocinado pela Fundação Perseu Abramo onde se debateu as “Ameaças à Democracia e a Ordem Multipolar”. Ao seu lado estiveram presentes o ex ministro de Relações Exteriores da França, Dominique de Villepin, o ex Primeiro Ministro da Itália, Massimo D’Alema, o ex Diretor Adjunto da UNESCO, o senegalês Pierre Sané, e Jorge Taiana, ex Ministro de Relações Exteriores da Argentina.

A estratégia possível de Haddad, se eleito

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Vou refazer o Xadrez de ontem de uma forma mais didática.

Peça 1 – o grande acordo nacional

O maior desafio do novo presidente será colocar as instituições de volta na caixinha – os limites definidos pela Constituição –, desarmar os espíritos e recuperar a economia.

É um desafio político gigante, à altura da grande concertação espanhola de Felipe Gonzales em 1982.

Assim como na Espanha pós-Franco, o Brasil atual vive uma pós-ditadura disfarçada, com a derrocada das instituições, a disseminação do estado de exceção, e o fascismo se mostrando em todos os cantos.

Os militares e a eleição de 2018

Por Marco Aurélio Cabral Pinto, no site Brasil Debate:

Em 1982, a sociedade brasileira estabeleceu pacto para a democracia. Por um lado, movimentos de “esquerda”, que contestavam com guerrilha maior participação no pacto político, depuseram armas. Da mesma maneira, os militares, que vinham enfrentando a instabilidade interna com excessos e tortura, também renunciaram ao poder e reinstauraram a democracia no país.

Desde então, os militares se mantiveram longe da política partidária nacional. Ao menos até o “Golpe dos Corruptos” em 2015, a partir de quando a situação brasileira se deteriorou ao ponto de beirar o caos interno, infiltrando-se sobre os três poderes da República.

O perigo mora no suposto “centro”

Por Marcelo Zero

A candidatura Bolsonaro sustenta-se somente em três sentimentos básicos: insegurança, ressentimento e ódio.

Associada a esses sentimentos, compreensíveis num ambiente de crise, não há qualquer proposta racional, para além das indagações ao Posto Ipiranga.

Simplesmente não há sequer um simples e primário programa de governo.

Tudo se resolveria com base na força, na eliminação dos mecanismos democráticos, na distribuição de armas e na restauração de um Brasil mítico, "puro" e desigual.

Bolsonaro e as disputas na direita

Por Gilberto Maringoni

Nas duas voltas das eleições presidenciais, há uma tarefa central: derrotar o fascismo e garantir a manutenção da democracia, sem sobressaltos ao longo do próximo governo. E isso só será feito se Fernando Haddad, o possível vencedor, conseguir desarmar algumas armadilhas pelo caminho.

Parece haver duas disputas no interior da direita.

A primeira é o descolamento acelerado que parte dela faz da candidatura Bolsonaro, cujos sinais mais evidentes estão nos ataques por parte da campanha Alckmin na TV e na capa de Veja desta semana. Esse movimento teve seu primeiro sinal semana passada com o manifesto Democracia Sim!, firmado por várias figuras do campo democrático e por tucanos de primeira hora, que há dois anos apoiaram o golpe. No afã de limparem as próprias biografias, fazem um movimento positivo.