terça-feira, 16 de outubro de 2018

O ódio como força motriz

Por Bruno De Conti, no site Brasil Debate:

A Máscara do Mal

Em minha parede há uma escultura
de madeira japonesa.
Máscara de um demônio mau,
coberta de esmalte dourado.
Compreensivo observo
As veias dilatadas da fronte, indicando
Como é cansativo ser mau.

Bertold Brecht


A indignação é uma poderosa força de transformação. É impossível, em sã consciência, olhar para esse mundo e conformar-se. Nem mesmo os calos da alma, forjados pela visão cotidiana de determinadas atrocidades, podem apagar a indignação. Afinal, ninguém que guarde um mínimo de humanidade pode olhar para moradores de rua sem sentir-se indignado; pensar em crianças com fome, sem sentir-se indignado; ver as imagens do assassinato de um rio, por parte de uma empresa pretensamente útil ao desenvolvimento nacional, sem sentir-se indignado; saber que a corrupção desvia valores imensos de dinheiro público em um país tão carente quanto o nosso, sem sentir-se indignado. A indignação em relação à nossa sociedade deve constituir-nos como seres políticos, como seres capazes de lutar por mudanças, como seres humanos insatisfeitos com tanta desumanidade.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Caetano Veloso e a lógica da destruição

Cambridge Analytica e Bolsonaro

Eleição e a guerra da Globo com a Record

Por Jeferson Miola, em seu blog:

No último debate do primeiro turno, em 4 de outubro, Bolsonaro reafirmou seu profundo desprezo pela democracia e pelas regras do jogo eleitoral.

Escudado num atestado médico, fugiu do debate na Globo com todos os candidatos mas, curiosamente, encontrou condições físicas e de saúde para participar de uma longa e amistosa entrevista na TV Record do “fundamentalista charlatão” Edir Macedo, como Haddad definiu o dono da Igreja Universal do Reino de Deus.

Bolsonaro quer jogar pobres contra pobres

Por Mino Carta, na revista CartaCapital:

Espanta-me o fato de que sejam tão poucos os cidadãos capazes de entender a unicidade do Brasil no confronto com quaisquer países há muitos séculos saídos da Idade Média.

Aqui, casa-grande e senzala continuam de pé. Conservo a esperança de que Bolsonaro não confirme o assombroso resultado do primeiro turno, prova implacável da nossa medievalidade.

Consta que os fiéis do deus mercado estão em festa, o que não há de surpreender. Não nos força a espremer as meninges perceber que o capitão cabe no papel de capataz da casa-grande.

Bolsonaro contra os trabalhadores

Editorial do site Vermelho:

A proposta de uma carteira de trabalho verde e amarela é a concretização da falsidade do nacionalismo de araque do ex-capitão de extrema-direita Jair Bolsonaro, que concorre à Presidência da República. A ideia enganosa tem o único objetivo de atender à ganância patronal sobre os direitos trabalhistas. Essa proposta infame, se fosse efetivada, criaria duas categorias de trabalhadores. A daqueles que têm a carteira profissional normal, a azul, que lhes garante os direitos que ainda restam na CLT. E, abaixo deles, os trabalhadores de segunda, sem direitos nem reconhecimento que, portadores daquela carteira discriminatória, ficarão à margem da lei e sujeitos às arbitrariedades patronais.

Minha declaração de voto no segundo turno

Por Henrique Matthiesen

A democracia é um regime de conquistas onde a força da maioria se impõe de forma soberana e inconteste; e também um espaço onde reafirmamos nossos valores e nossas concepções de sociedade.

Somente em um sistema democrático é possível este exercício e, para os que o praticam a democracia, torna-se um valor inegociável, inarredável.

Nestas eleições de 2018 comunguei do Projeto Nacional de Desenvolvimento - apresentado por Ciro Gomes -, o qual apoiei por sua experiência como prefeito, governador e ministro, entre outros.

Eleição no Brasil e a lição de Lênin

Por Marcos Dantas, no Jornal GGN:

No início do século XX, os partidos social-democratas revolucionários europeus propunham-se a "nacionalizar a terra" quando chegassem ao poder. Coerentemente com o projeto de acabar com a propriedade privada dos meios de produção, tratava-se de tornar o solo agrícola um bem comum, a ser coletivamente aproveitado pelo conjunto dos trabalhadores rurais, ou camponeses.

O líder revolucionário russo Vladimir Lênin percebeu, no entanto, que essa palavra de ordem não era entendida e aceita pelo campesinato de seu país. Embora, na sua imensa maioria, não fossem proprietários, os camponeses sonhavam, algum dia, possuírem um pedaço de terra. Além do mais, eram quase todos analfabetos, incultos (no sentido iluminista da palavra), fervorosos religiosos, submissos à palavra dos padres de aldeia e à imagem quase divina do Czar. Não lhes era difícil acreditar que os "bolcheviques", por baixo daquela palavra de ordem, queriam, na verdade, tomar ou roubar suas terras...

Slogan de Bolsonaro e o lema de Hitler

Por Raquel Wandelli, no site Jornalistas Livres:

Na manhã deste domingo (14/10) a Capela da Igreja Católica de São Pedro da Serra, em Friburgo (RJ), amanheceu pichada com símbolos da suástica, como provável resposta ao encontro mantido pelo candidato Fernando Haddad com a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil. O fato coroou de horror a onda de violência na semana em que bolsonaristas assassinaram o mestre baiano Moa do Katendê, agrediram e marcaram uma estudante gaúcha de 19 anos com a suástica na barriga porque vestia uma camiseta do Ele Não. 

Rede para combater fake news dos fascistas

Do blog Socialista Morena:

Uma iniciativa para romper o bloqueio da mídia e superar as estruturas de distribuição de conteúdo dos partidos, instituições e coletivos foi idealizada por engenheiros eletricistas, programadores, matemáticos e profissionais liberais do Rio de Janeiro para permitir que as fake news e mentiras dos apoiadores do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro sejam rebatidas rapidamente e de forma descentralizada, garantindo que os participantes de cada grupo não sejam expostos fora de seus grupos.

Bolsonaristas são sujos; mídia é cúmplice

Por Bepe Damasco, em seu blog:

É certo que nada se pode esperar de grupos de mídia tão calhordas como os nossos. No entanto, não deixa de ser estarrecedor o tratamento dado pelo monopólio midiático à violência protagonizada por seguidores do capitão nazista, que cresceu de forma alarmante na primeira semana do segundo turno.

Para o portal UOL, da Folha de São Paulo, a violência não tem digitais nem rosto. Matéria publicada com destaque pelo veículo enfatiza que a violência verificada nesta campanha é algo inédito desde a redemocratização. Mas deve estar sendo praticada por ectoplasmas, porque o UOL se limita a fazer uma pobre análise sociológica do problema.

Resignação ou resistência

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

O tempo está correndo e daqui a 14 dias será o segundo turno.

Bolsonaro manteve, segundo a primeira pesquisa Datafolha, a vantagem de 16 pontos percentuais sobre Fernando Haddad (58% a 42% dos votos válidos) obtidos no primeiro.

Os Pilatos da direita lavaram as mãos, alegando tratar-se de disputa entre dois extremos; Ciro Gomes e Marina Silva saíram de cena lambendo as mágoas com o PT.

Apontar Haddad como o outro extremo é desonesto e o dilema é falso.

A escolha a ser feita é entre a continuidade da experiência democrática, que já fez do Brasil um país bem melhor, e o início de uma nova aventura autoritária.

Velha mídia dança a beira do abismo

Campo de concentração Dachau/
Por Antonio Barbosa Filho

Quando você entra no campo de concentração de Dachau, próximo a Munique, na primeira sala encontra uma espécie de pequena mesa, quase uma cela de cavalo, onde cada preso era forçado a se inclinar para levar chibatadas, apenas para saber que dali para frente não seria mais tratado como ser humano. Um por um, uma por uma.

Na mesma sala, vitrines exibem documentos e fotos de vários presos, naquele que foi o campo pioneiro, modelo depois copiado em dezenas de prisões por toda a Europa ocupada pelos nazistas. Vê-se logo que, pelos documentos e fichas expostos, os prisioneiros não eram apenas judeus. Na verdade, começaram pelos ciganos, depois intelectuais, depois sindicalistas e operários, depois os judeus. 

domingo, 14 de outubro de 2018

Bolsonaro, o fujão, confessa a covardia

Por Altamiro Borges

O fascistoide Jair Bolsonaro, que adora posar de valentão, pode sair da campanha eleitoral com a fama de covarde, de fujão. Após o lamentável episódio da facada em Juiz de Fora (MG), ele foi orientado pela equipe médica a ficar em repouso. Mesmo assim, ele participou de várias reuniões, tirou centenas de fotos com fanáticos seguidores e até ganhou espaços privilegiados na TV Record e em outras emissoras mercenárias. Por outro lado, já há vários indícios de que o candidato do PSL está usando de forma acovardada a mesma prescrição médica para evitar se expor nos debates. Nesta semana, dois jornais questionaram a jogada pusilânime.

"Não é hora de ficar neutro"

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

“Eles vão fazer o que eles estão dizendo, se eleitos. E vai sobrar para todo mundo. Vai sobrar para o povo, vai sobrar para as classes médias e para as elites. Está na hora de escolher o lado. Não dá para ficar neutro entre o neofascista, a extrema direita, e a frente democrática.”

É a conclamação que faz o professor Paulo Sérgio Pinheiro, que foi secretário dos Direitos Humanos no governo de Fernando Henrique Cardoso e um dos coordenadores da Comissão Nacional da Verdade.

Evangélicos garantiram a vitória de Hitler

Por Hermes Fernandes, pastor, no blog Diário do Centro do Mundo:

Não é a primeira vez que líderes evangélicos apoiam o fascismo. Dentre os 17 mil pastores evangélicos que haviam na Alemanha, nem 1% se negaram a apoiar o regime nazista. Protestantes ouviram seus líderes insistindo que cooperassem com Hitler. A primeira maioria absoluta conseguida pelo Partido Nazista nas eleições estaduais aconteceu em 1932 em Oldemburgo, um distrito em que 75% da população eram protestantes. Nacionalismo, anti-comunismo e ressentimentos contra a comunidade internacional devido a tratados punitivos durante a Primeira Guerra Mundial também influenciaram as decisões dos protestantes e católicos.

Um furacão chamado Bolsonaro

Por Raúl Zibechi, no site Carta Maior:

A ascensão vertiginosa da ultradireita tem raízes históricas, sociais e culturais que é necessário analisar para não ficar apenas nos adjetivos. As elites dominantes abandonaram a democracia como instância de negociação de interesses opostos e parecem se encaminhar a um enfrentamento radical com os setores populares. No Brasil, isso significa uma guerra de classes, de cores de pele e de gêneros, onde as mulheres, os negros e os pobres são o objetivo a eliminar.

A 'Folha' e a serpente fascista

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A coluna da ombudsman da Folha de hoje, depois de meses de campanha eleitoral, discute se a candidatura de Jair Bolsonaro merece ser chamada de “extrema-direita” ou não.

Seria cômico, se não fosse trágico, como no velho adágio popular.

Dizem os dirigentes do jornal que só a chamariam de “extremista” se fosse uma das “facções que praticam ou pregam a violência como método político”.

Bolsonaro e o repúdio à reforma trabalhista

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Enquanto a campanha de Jair Bolsonaro tem feito o possível para mobilizar a fé religiosa como argumento fundamental para a escolha de candidato a presidente no segundo turno, é conveniente debater questões de natureza política e econômica que alimentam a vida cotidiana dos 215 milhões de brasileiros, sejam evangélicos, católicos, muçulmanos, judeus ou praticantes do candomblé.

Estamos falando de decisões que envolvem a criação de empregos e condições de trabalho, crescimento econômico e combate a pobreza, sempre essenciais num país que possui as desigualdades que todos conhecemos e agora enfrenta uma das piores crises de sua história. Um bom exemplo encontra-se na reforma trabalhista.

Haddad vai desmontar o "mito"?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Semanas atrás, circulou na internet vídeo mostrando um batalhão de milicianos sem camisa e com calças camufladas, marchando na orla de Copacabana, aos gritos de “Mito!Mito!Mito!” como se fosse a coisa mais normal do mundo.

No começo dos anos 30 na Alemanha, de onde vieram meus pais, também não prestaram muita atenção em cenas assustadoras como essas, que não vi registradas na imprensa.

De onde, afinal, vem esse “Mito”, carregado nos ombros dos seus seguidores?