domingo, 14 de outubro de 2018

Evangélicos garantiram a vitória de Hitler

Por Hermes Fernandes, pastor, no blog Diário do Centro do Mundo:

Não é a primeira vez que líderes evangélicos apoiam o fascismo. Dentre os 17 mil pastores evangélicos que haviam na Alemanha, nem 1% se negaram a apoiar o regime nazista. Protestantes ouviram seus líderes insistindo que cooperassem com Hitler. A primeira maioria absoluta conseguida pelo Partido Nazista nas eleições estaduais aconteceu em 1932 em Oldemburgo, um distrito em que 75% da população eram protestantes. Nacionalismo, anti-comunismo e ressentimentos contra a comunidade internacional devido a tratados punitivos durante a Primeira Guerra Mundial também influenciaram as decisões dos protestantes e católicos.

A vasta maioria dos que elegeram Hitler eram evangélicos. Luteranos, Batistas e outros movimentos chamados “cristãos” liderados por clérigos (pastores, reverendos, diáconos) que só foram ver a tolice que tinham feito quando suas mãos já estavam sujas de sangue de judeu.

De acordo com o Censo de 1934, os evangélicos ou protestantes foram na realidade os principais responsáveis pelo sucesso na eleição de Hitler. Pastores e reverendos elogiaram o desempenho do governo de Hitler “pelo papel desempenhado a favor das crianças e dos desempregados, pela atual administração [nacional socialista]”. Na Alemanha as igrejas protestantes luteranas e reformadas apoiaram e foram cúmplices do nazismo. 

Adolf Hitler disse que “por meu intermédio, a igreja Protestante poderia tornar-se a igreja oficial, como na Inglaterra“. O líder batista F. Fullbrandt fez grandes elogios a Hitler e ao nazismo. Ele disse que “ninguém se opôs ao dilúvio da descrença que ameaçava o bem estar da Europa e de todo Ocidente igual a Hitler e os apoiadores do Nazismo“. (BWA, 1934). Afirmou também que Hitler ao lidar com o Bolchevismo (comunismo) deu um belo exemplo que “envergonhou as igrejas”, e que “Hitler fez o que a Igreja deveria ter feito a muito tempo”(BWA, 1934).

Observe o caso do Pastor Batista John W. Bradbury, de Boston, Massachusetts. Após voltar da reunião feita pelos Batistas na Alemanha, ele disse que era um prazer ter ido a uma terra onde livros de sexo e filmes imorais não eram assistidos. Com uma satisfação óbvia, ele escreveu:

“A nova Alemanha queimou montanhas de revistas corrompidas e fizeram fogueiras com livrarias [compostas] de livros comunistas e judeus…A nova Alemanha é de mentalidade séria. Seria bom que todas as outras nações também agissem com seriedade. Noventa por cento das pessoas estão seguindo Hitler. Viajei por muitas cidades e não ouvi uma nota de jazz sequer!” (Watchman-Examiner XXII 37, 13 de Setembro de 1934).

Foi então que surgiu a Igreja Confessional ou Confessante, liderada por pastores tais como Martin Niemöller (que não era da Igreja Batista, mas luterano) e Heinrich Grüber, que foram posteriormente levados a campos de concentração por não apoiarem o regime nazista.

O fato é que poucos foram corajosos o suficiente para denunciar o nazismo. Em 1934 a Declaração Teológica de Barmen, escrita primariamente por Karl Barth com o apoio de outros pastores, reafirmava que a Igreja Protestante Alemã não era um órgão do Estado, com o propósito de reforçar o Nazismo, mas um grupo sujeito apenas a Jesus Cristo e seu Evangelho.

A Igreja Confessional teve seus bens confiscados, bem como a prisão de diversos de seus pastores, assim como outras medidas tomadas pelos nazistas, acarretando no fechamento da igreja.

Fontes:

“History of Christianity” de Paul Johnson, “Mães da Pátria” da historiadora Claudia Koonz, “O Santo Reiche” de Ricahrd Steigmann.

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