terça-feira, 30 de outubro de 2018

SOS ao Brasil e à educação

Charge: Vasco Gargalo/Portugal
Por Madalena Guasco Peixoto, no site da Fundação Maurício Grabois:

A mensagem circulou pelo WhatsApp, encaminhada, sobretudo, por eleitores de Jair Bolsonaro (PSL), mas também pelos simpatizantes de outras candidaturas que tentaram passar a ideia de uma pretensa novidade, como a de João Amoêdo (Novo): “Você que no próximo domingo vai votar em escola pública estadual, aproveita e beba água no bebedouro, passe pelo banheiro abandonado, depois entre na sala calorenta pra votar, com paredes deterioradas, verifique a estrutura das cadeiras e das mesas e lembre quais os governantes já tiveram a chance de fazer algo que foi dito nas campanhas e não fez… olhe também qual partido eles faziam parte (sic)”.

Os primeiros alvos das milícias de Bolsonaro

Charge: Vasco Gargalo/Portugal
Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Antes mesmo que fossem anunciados os resultados oficiais da eleição na noite de domingo, milícias bolsonaristas, já empoderadas, saíram a campo para colocar em prática a nova ordem contra quem consideram seus inimigos.

As primeiras vítimas foram os índios da aldeia Bororó, em Dourados; uma jovem estudante, em Salvador; um acampamento de sem-terra, em Dois Irmãos do Buriti, e os professores da Universidade Federal de Santa Catarina, entre dezenas de outros casos de violência e perseguição.

O Brasil figadal

Charge: Michael Kountouris, Grécia
Por Cesar Locatelli, no site Jornalistas Livres:

Desfez-se, de uma vez por todas, o mito de um Brasil cordial. Nossa sociedade não é afável, sincera, calorosa ou franca, no sentido que dá Houaiss ao adjetivo cordial. O Brasil votou com o fígado, com o sentimento visceral de rancor. E elegeu Jair Messias Bolsonaro presidente do Brasil para os próximos quatro anos. A marca histórica de um país que impõe pesado sofrimento aos pobres evidenciou-se novamente.

A resistência e a Frente pela Democracia

Por José Reinaldo Carvalho, no blog Resistência:

Jair Bolsonaro não obteve os votos senão de um terço do eleitorado brasileiro. Seu triunfo eleitoral foi alcançado no quadro de eleições politicamente fraudadas, nos marcos de um regime golpista, à custa de mentiras, manipulações e de uma inaudita guerra midiática e política, conjugada com uma cruel perseguição judicial inédita no Brasil – e quiçá também alhures – contra um partido político, como a que foi feita contra o Partido dos Trabalhadores e seu líder máximo, o presidente Lula.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Vai passar e o fascismo será batido de novo

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O filme “22 de julho”, sobre o julgamento do neonazista Anders Breivik, que matou 77 jovens num acampamento numa ilha na Noruega em 2011, contém uma lição importante.

Arrogante, Breivik se gaba de sua façanha.

- Outros farão o que comecei, diz ele.

- E nós os derrotaremos novamente, meus filhos e eu, responde o advogado, que encarna a democracia e o espírito humano.

Não ignore as mudanças de Bolsonaro

Por Leandro Demori, no site The Intercept-Brasil:

O brasileiro votou em Jânio Quadros porque estava cansado da corrupção, votou em Fernando Collor porque estava cansado da corrupção, votou em Jair Bolsonaro porque estava cansado da corrupção. A corrupção que nos acompanha desde sempre é o maior cabo eleitoral de candidatos que se apresentam como antissistema e antipolítica, mesmo que sejam, eles mesmos, parte da mesma geléia moral que dizem combater. Jair Bolsonaro, apoiado por grandes meios de comunicação, por empresários milionários e por pastores poderosos é um candidato do sistema. Uma ponta diferente do sistema que costuma eleger políticos no Brasil. Mas, ainda assim, do sistema.

O inverno chegou

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Jair Bolsonaro foi eleito, cumpra-se a vontade da maioria, regra de ouro da democracia, apesar dos vícios do processo, do uso de armas novas e letais que vêm corroendo a democracia mundo afora.

Mas ninguém se iluda, um tempo de sombras chegou. Se, como candidato, ele disse coisas tão terríveis, que poderiam lhe tirar votos, por que deixará de praticá-las no poder?

O governo em si é uma incógnita, pois o cheque foi assinado em branco, mas haverá perseguição, revanchismo e repressão, pois haverá também resistência. Exílios e prisões, como ele prometeu.

Neoliberalismo precisa menos de democracia

Do jornal Brasil de Fato:

No Brasil, a ascensão de Jair Bolsonaro, presidente eleito neste domingo (28) com uma plataforma de extrema direita, revela que, cada vez mais, o capitalismo abre mão da democracia em todo o mundo. Esta é a análise que a economista Leda Paulani faz um dia após a vitória do político do PSL.

"As democracias – que foram uma necessidade e funcionaram, aliás, como legitimação do governo neoliberal nos últimos 30 anos – parecem não ser mais necessárias. E, por outro lado, as medidas de cunho liberal precisam ser aprofundadas, dadas as crises que o sistema enfrenta mundialmente", pontua.

Sobre a vitória com 39% dos votos

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Antes que se forme um ensaiado coral de sábios para tentar nos convencer que o povo brasileiro rendeu-se ao neoliberalismo fardado, ou pior ainda, ao fascismo, melodias sob medida para justificar todo tipo de barbaridade em preparação após a eleição de Bolsonaro, convém considerar alguns dados da eleição:

1. Bolsonaro teve uma das mais fracas e menos expressivas vitórias eleitorais desde a democratização.

Recebeu 55 milhões de votos sobre um eleitorado de 147 milhões, ou 39%.

Acordamos, é 29 de outubro de 2018

Por Clemente Ganz Lúcio, no site Brasil Debate:

Acordamos, é 29 de outubro de 2018. Vivos estamos e já velamos os primeiros mortos.

Livres, pelo voto, a nação feriu gravemente a Liberdade e a Democracia.

Majoritariamente, a sociedade escolheu abrir a porta do inferno.

Muitos, em nome de deus, fizeram e farão do ódio, da morte e da repressão suas armas para vencer na política. É a tragédia na história para um novo tempo.

A derrota desse largo campo que voltou a construir pontes e a se unir novamente em torno de valor fundamentais como liberdade, democracia, igualdade, deverá ser compreendida prospectivamente.

Oposição democrática começa agora

Editorial do site Vermelho:

É certo que o governo Bolsonaro enfrentará uma firme e decidida oposição, alicerçada nos mais de 47 milhões de votos da chapa Fernando Haddad-Manuela d’Ávila e na ampla mobilização democrática da reta final da campanha eleitoral. Afinal, a eleição do candidato da extrema direita representa o maior retrocesso desde o fim do regime militar instaurado com o golpe de 1964. Foi a vitória de um projeto contrário à democracia, que traz como consequência a ameaça ao patrimônio nacional e aos direitos do povo. Agora, concretamente, o Brasil está diante de um poder declaradamente inimigo da sua soberania e das conquistas históricas dos trabalhadores.

A ameaça da ditadura desavergonhada

Por Marcelo Zero

Caso o presidente eleito cumpra as suas promessas antidemocráticas, o jornalista Elio Gaspari já pode preparar o quinto volume da sua série sobre a ditadura brasileira: A Ditadura Desavergonhada.

Com efeito, o que mais surpreende em Bolsonaro e no neofascismo que tomou conta do Brasil e derrotou a democracia é a sua total falta de vergonha.

Ele e seus seguidores falam as maiores barbaridades de forma aberta, sem pejo e sem hesitações.

Pior: falam com empáfia e estridência.

Se orgulham de sua própria bestialidade, da sua truculência tosca, da sua estupidez patente.

Todos juntos, atentos e fortes

Por Luiz Carlos Bresser-Pereira

Se eu fosse mulher, negro ou gay, eu estaria com medo. Eu não sou nem mulher, nem negro, nem gay, mas estou com medo. Com medo, mas com coragem – com a coragem que afasta o medo e nos leva a resistir.

Eu estou com vergonha da classe média e das elites brasileiras, às quais eu pertenço.

Elas foram responsáveis pelo golpe parlamentar que foi o impeachment, e agora apoiaram um candidato neofascista que age abertamente contra os direitos humanos e a democracia.

Carta aberta ao presidente Lula

Por José Sergio Gabrielli de Azevedo

Escrevo cedo na manhã do dia após as eleições. Bolsonaro ganhou e seu primeiro discurso, retomando uma velha retórica da Guerra Fria promete o combate ao socialismo e comunismo como princípios fundantes de seu ideário. Cito, literalmente: o Brasil não poderia continuar flertando "com o socialismo, o comunismo, o populismo e o extremismo da esquerda".

Com a Constituição na mão, Bolsonaro promete cumpri-la. Como lembrou o presidente do STF, ministro Toffoli, ela diz no seu terceiro artigo e eu cito literalmente:


domingo, 28 de outubro de 2018

Resistência e defesa da democracia começam já

Do Blog do Renato:

Confirmada a eleição do candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro, o PCdoB emitiu nota em que conclama uma ampla unidade em defesa da democracia, do Brasil e dos direitos do povo. O partido considera que a eleição de Bolsonaro é um retrocesso que ameaça conquistas históricas do Brasil e dos brasileiros. Os comunistas transmitem ao povo brasileiro a certeza de que “uma maioria se levantará para defender a democracia”.

Leia abaixo a íntegra da nota:

Não há barbárie que dure para sempre

Por Valter Pomar, em seu blog:

O TSE acaba de informar que o candidato da extrema direita ganhou as eleições presidenciais de 2018, com 11 milhões de votos de vantagem. O candidato neofascista teve 57,5 milhões de votos e Haddad 46,5 milhões de votos.

Nossa resposta é: resistiremos.

O Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes e mais de 140 milhões de eleitores.

O neofascista e ultraliberal não tem o apoio da maioria do povo brasileiro.

Firmeza e serenidade para resistir

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

As urnas falaram e por mais que doam a angústia e o receio com o que está por vir, não é hora de lamúrias e recriminações.

É hora de firmeza e serenidade, porque são elas que nos podem manter lúcidos e fortes para enfrentar o que virá e não se iludam com as declarações moderadas de Jair Bolsonaro nesta noite, na entrevista às televisões, entremeadas de clamores a Deus.

É mais próximo da realidade o Bolsonaro da live do Facebook: raivoso, ressentido, ameaçador.

Haddad: 'Estamos juntos, tenham coragem'

Arcos da Lapa, Rio de Janeiro. Foto Ricardo Stuckert
Da Rede Brasil Atual:

Em pronunciado após a confirmação do resultado, o candidato derrotado no segundo turno das eleições 2018, Fernando Haddad (PT), buscou acalmar os que temem a violência do discurso do vencedor Jair Bolsonaro (PSL), que representa a extrema-direita. "Abraçaremos a causa de vocês. Contem conosco. A vida é feita de coragem", disse.

"Para aqueles que vi com angústia e medo, que soluçaram de chorar. Não tenham medo. Estaremos aqui. Estamos juntos", completou Haddad, ao lado de sua mulher, Ana Estela Haddad, e da candidata a vice, Manuela D'Ávila (PCdoB) e lideranças de partidos aliados como Pros, PSB e Psol. O líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, que concorreu no primeiro turno pelo Psol, teve saudação especial de Haddad.

Resistir é imprescindível

Por Jeferson Miola, em seu blog:

Resistir é preciso. Resistir ao fascismo é imprescindível.

E resistir é, acima de tudo, o único caminho que a história reserva aos democratas, aos libertários e aos humanistas do Brasil e do mundo.

Uma eleição não é garantia automática de democracia. Hitler ascendeu ao poder na Alemanha em 1933 depois de ter sido eleito. Em questão de meses, o hitlerismo foi convertido em filosofia oficial e em política de Estado do nazismo.

Não temos o direito de ser ingênuos. O mesmo pode acontecer no Brasil, se nada for feito para deter o itinerário que leva ao precipício nazi-fascista. A justiça eleitoral, entendo eu, dá evidentes sinais de ter se convertido em quartel-general do bolsonarismo.

A eleição terminou; a luta está começando

Da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo

Vivemos um processo eleitoral totalmente atípico. Desde o encerramento do período militar não tínhamos a prisão política de um líder, como a de Luiz Inácio Lula da Silva, injustamente condenado, e que teve sua candidatura impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Um processo em que forças que atuavam, até então, nos porões do país, emergiram a disputa presidencial provocando uma grande onda de ódio e violência contra o povo brasileiro.