domingo, 24 de março de 2019

Neoliberalismo, governos e classes dominantes

Por Augusto Buonicore, no site da Fundação Maurício Grabois:

Este ensaio, publicado originalmente no livro Governos Lula e Dilma: o ciclo golpeado, aborda a complexa relação existente entre o neoliberalismo, as diversas frações das classes dominantes e os sucessivos governos brasileiros desde a ascensão de Collor de Mello (1989) até o impedimento da presidenta Dilma Rousseff (2016).

Defende a tese que ocorreu um deslocamento de hegemonia no Bloco do Poder após a eleição de Lula. Isso teria permitido aplicar, não sem contradições, um programa de caráter neodesenvolvimentista, que favoreceu setores da burguesia e dos trabalhadores brasileiros. Projeto que desmoronou com o golpe parlamentar de 2016.

Lava-Jato virou moeda de troca do governo?

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Ou você aprova o que eu quero ou eu te prendo: terá a Lava-Jato se transformado em moeda de troca para a aprovação de projetos do governo no Congresso? É o que o país quer saber após assistir aos fatos desta semana.

Vamos recapitular: desde fevereiro, Sérgio Moro vinha cobrando Rodrigo Maia para que agilizasse a votação de seu “pacote anticrime”, mas o presidente da Câmara insistia em que o projeto do ministro da Justiça só será votado após a reforma da Previdência. A “bancada da bala”, apoiadora de Moro, também participava da pressão sobre Maia.

Sem direitos: melhor 'Jair se acostumando'

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Em meio à profusão de asnices que Bolsonaro fala e escreve (nas redes sociais) diariamente, está passando batida uma “promessa” que ele fez ano passado, após a campanha eleitoral, e que reforçou agora, no Chile. Proposta que deve gerar um desastre social no Brasil: ele pretende eliminar TODOS os direitos trabalhistas – férias, 13º, fundo de garantia etc. Prepare-se para uma vida muito dura.

O desemprego está subindo

Lava-Jato e o presidencialismo de coerção

Por Theófilo Rodrigues, no blog Cafezinho:

As razões por trás da prisão do ex-presidente Michel Temer e de seu braço direito, o ex-governador Moreira Franco, ainda não são plenamente conhecidas. As interpretações são as mais variadas, mas a sensação de que estamos em um processo de transição para um novo tipo de gestão do presidencialismo brasileiro é cada vez mais presente.

Nosso modelo político da Nova República é comumente descrito como o de um presidencialismo de coalizão. O termo foi cunhado por Sergio Abranches em artigo publicado na revista Dados em fins da década de 80 e descreve um sistema político que reúne características como o presidencialismo, o multipartidarismo, o voto proporcional e o federalismo.

Trump e Bolsonaro, um só coração

Por Roberto Pizarro, no site Carta Maior:

Os presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro se reuniram em Washington para fortalecer uma amizade que nasce de claras concordâncias ideológicas. O fazem num momento trágico, após um ataque de supremacistas brancos que assassinou 49 pessoas, imigrantes muçulmanos, em mesquitas da cidade de Christchurch, na Nova Zelândia.

O principal suspeito do ataque, o australiano Brenton Harrison Tarrant, transmitiu ao vivo o massacre, com uma câmara colocada em seu capacete. Segundo o revelado pelo The New York Times, nesse mesmo dia o indivíduo havia publicado um manifesto em que se identificava com Anders Breivik, o terrorista de extrema direta norueguês que matou 77 pessoas em 2011, e também com Dylann Roof, supremacista branco que matou 9 afro-americanos em uma igreja da Carolina do Sul, em 2015. Agregou em seu manifesto uma saudação ao presidente Trump como “símbolo renovado da identidade branca”.

O Brasil quer expelir Bolsonaro

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

As razões são diferentes e, em muitos casos, opostas. Parece claro, no entanto, que forças importantes do mundo político brasileiro se movimentam numa mesma direção - encontrar o caminho mais curto para expelir Jair Bolsonaro do comando do Estado.

Após três meses no Planalto, não há dúvida de que o governo Bolsonaro se mostrou incompatível com qualquer esforço racional para retirar o país de uma catástrofe que se agrava de forma ininterrupta desde 2015.

País estrebucha entre apocalipse e melancolia

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Sei que este título não é nada agradável para se ler num domingo de sol, mas é o que temos.

Basta correr os olhos pelo noticiário para constatar que o país está estrebuchando, já no prenúncio do apocalipse, mergulhado na mais profunda melancolia.

Se tem um ponto em comum entre os arautos da nova ordem unida é a abissal mediocridade.

De repente, o país se deu conta de que elegeu um bando de loucos, ao completar hoje 83 dias, sem governo e sem nenhuma esperança de que algo possa melhorar tão cedo.

Prisão de Temer e a força da Lava-Jato

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

A prisão preventiva de Michel Temer é arbitrária e ilegal. Não há uma única razão que a justifique. Ele não continua cometendo crimes, não está destruindo provas, não está intimidando testemunhas, não representa risco à ordem pública nem está tentando fugir. É mais uma afronta ao estado de direito promovido pelos integrantes da Lava Jato. Isso não significa que Temer seja inocente. Há indícios robustos na acusação e é bastante provável que ele seja condenado ao final do processo. Mas o pedido de prisão preventiva pedido pelo Ministério Público e autorizado pelo juiz Marcelo Bretas tem uma evidente motivação política. É a Lava Jato medindo forças com o STF.

Onyx e o "banho de sangue" de Pinochet

Por Conceição Lemes, no blog Viomundo:

No Chile, durante a ditadura do general Augusto Pinochet, pelo menos, 3.200 pessoas foram brutalmente assassinadas pelo Estado.

Nessa quinta-feira (21/03), o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), iniciou uma viagem oficial ao país.

No mesmo dia, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse à Rádio Gaúcha que conhece “algum mérito” no governo Pinochet, e que ele “tinha que dar um banho de sangue” para adotar medidas macroeconômicas do país.

Governo avança contra os sindicatos

Da Rede Brasil Atual:

O governo deu um passo a mais no ataque ao financiamento de entidades sindicais, desta vez mirando especificamente no setor público. Decreto de ontem (21), assinada por Jair Bolsonaro e pelo ministro Paulo Guedes, elimina dois dispositivos de um outro decreto, de 2016, sobre consignações em folha de pagamento do Executivo federal.

sábado, 23 de março de 2019

Sem reforma, deus-mercado chuta Bolsonaro

Por Altamiro Borges

A revista Exame, que tem como público alvo a cloaca empresarial nativa, publicou nesta sexta-feira (22) um texto emblemático de um legítimo representante do chamado “deus-mercado”. Sérgio Vale, mestre em economia pela USP e pela Universidade de Wisconsin, é economista-chefe da consultoria MB Associados – um antro dos abutres financeiros. O título já é bombástico: “Sem reforma da Previdência, presidente não termina mandato”. Em dez parágrafos, o autor deixa explícito que Jair Bolsonaro é um autêntico “laranja” dos rentistas e que foi eleito com a missão principal – quase exclusiva – de acabar com a aposentadoria de milhões de trabalhadores brasileiros para beneficiar os banqueiros e os especuladores. O resto é para enganar os trouxas!

Golpe da Previdência é repudiado nas ruas

Salvador, 22/3/19. Foto: Mídia Ninja
Editorial do site Vermelho:

Os protestos desta sexta-feira (22) contra a “reforma” da Previdência ficam registrado como um enérgico pronunciamento dos trabalhadores. Seu vigor decorre da unidade das entidades sindicais, uma ação nacional que uniu as centrais, mas o determinante foi a crescente percepção de que essa medida anunciada pelo governo Bolsonaro é uma das mais perversas, para o povo, de que se tem notícia na história deste país. Ela simplesmente passa a borracha numa epopeia que ergueu o edifício que abriga a legislação social brasileira.

Prisão de Temer é espetáculo da Lava-Jato

Por Frederico Santana Rick, no jornal Brasil de Fato:

A prisão de Temer vem em boa hora para o governo Bolsonaro e para os defensores da reforma da Previdência. Enquanto foi útil para aprovar medidas a favor do capital financeiro e da burguesia interna, foi mantido solto. Provas não faltavam, mas o Congresso impediu sua prisão em duas votações. A prisão, bem no aniversário de Bolsonaro, é um gesto, um agrado ao presidente de ultradireita com propósitos fascistas.

O chanceler e o tolo na montanha

Por Kjeld Jakobsen, na revista CartaCapital:

A recente “aula magna” do novo ministro das Relações Exteriores do Brasil aos alunos do Instituto Rio Branco trouxe à memória a letra de Fool on the Hill, de autoria de Lennon e McCartney. A letra, por sua vez, revela uma ironia sobre o guru Maharishi Yogi que, segundo eles, “na montanha vê o sol se pondo, seus olhos no rosto veem o mundo girando e nunca dá resposta alguma”.

A aula se inicia com a “importante” constatação de que os ingressos no IRBr não são estudantes de Relações Internacionais. Depois, desfia um diagnóstico crítico sobre a política externa brasileira dos últimos anos, usando o mesmo sufixo ao mencionar itens daquela agenda diplomática como comercialismo, nominalismo, tematismo, climatismo, globalismo, universalismo e multilateralismo. No entanto, para classificar as alternativas que propõe para a agenda seriam necessárias palavras com os sufixos “ice”, “ante”, “ez” e “em”.

A prisão de Temer e as reações políticas

Por Renato Rovai, em seu blog:

Quando Temer foi escolhido candidato a vice de Dilma seu currículo (ou folha corrida, para ser mais preciso) já era conhecido. Temer sempre foi um político do esquema. E dos muitos esquemas.

Não à toa, por exemplo, escolheu colocar seu principal pupilo e com quem pode vir a dividir cela nos próximos dias, Moreira Franco, para controlar Portos e Aeroportos. Ele sempre operou nessas áreas.

Aliás, sempre me perguntei por que cargas d´águas esse controle de entrada de mercadorias interessava tanto ao esquema Temer. Quem sabe isso fique mais claro nos próximos dias. Mas nunca me pareceu que os interesses se relacionavam apenas a ganhar uns trocados com empresas que operam nessas áreas, como a Engevix.

A essência da previdência bolsonarista

Por José Celso Cardoso Jr. e Tiago Oliveira, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

As primeiras medidas já tomadas pelo governo Bolsonaro, assim como aquelas em elaboração ou tramitação legislativa, notabilizam-se pela profunda arrogância e simplismo no trato de assuntos tão complexos como os são, por exemplo, os do crescimento econômico, das finanças públicas, do mercado de trabalho e das políticas sociais, apenas para ficarmos nos mais evidentes desde o golpe de 2016. Na base dessas medidas encontram-se interpretações não só irreais e falaciosas do ponto de vista da teoria e da história, mas sobretudo negativas acerca das razões da sociabilidade humana, das motivações comportamentais dos agentes econômicos e demais atores sociais, como ainda, negativas acerca da própria natureza e funcionamento das instituições do Estado brasileiro.

O IBGE e o censo demográfico de 2020

Por Eduardo Pereira Nunes, no site Brasil Debate:

Durante a posse da nova presidente do IBGE, o ministro Paulo Guedes criticou a dimensão e custo do Censo Demográfico de 2020. Não perdeu a oportunidade para incluir o Censo na lista de cortes de despesas que pretende fazer, com o argumento de que este é enorme e muito caro.

É preciso que o ministro saiba que as informações do Censo são vitais para a sociedade “conhecer a realidade econômica, social e ambiental do país, para o melhor exercício da cidadania” que sintetiza a missão do IBGE.

Ao IBGE compete retratar a realidade brasileira para que a sociedade conheça o seu passado, entenda o presente e decida sobre o seu futuro. E, para tanto, o Censo de 2020 é essencial.

Temer, Lava-Jato e o preço da demagogia

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

A prisão de Michel Temer - arbitrária, como já escrevi aqui, e isso não é defesa do cidadão que você e eu sabemos quem é - contém várias lições.

Uma delas é de que a Lava Jato é um projeto de poder da República de Curitiba e funciona como uma pororoca na democracia, alargando e destruindo as margens do estado de direito.

Temer, constitucionalista, corrupto, demagogo, tentou surfar na imagem da operação quando assumiu a presidência da República.

Interino e efetivo, postou no Twitter as seguintes imbecilidades:

Previdência: fábula da República das Laranjas

Por David Deccache, no site Outras Palavras:

Se no futuro teremos mais idosos em relação ao total da população é natural que uma maior parcela da riqueza produzida seja apropriada por eles. Para entendermos esta dinâmica vamos usar o exemplo de uma aldeia hipotética chamada de República das Laranjas.

Vamos supor que na República das Laranjas se produza apenas pães. Nesta aldeia, os adultos trabalham enquanto as crianças vão para a escola e os idosos, depois de toda uma vida de dedicação ao trabalho, descansam. Os adultos, que podem trabalhar, repartem os pães que produziram com as crianças e os idosos. Portanto, trata-se de um sistema solidário de repartição muito parecido com o que temos no Brasil.

Lava-Jato e a guerra contra as milícias

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

O primeiro passo é entender que se tem um país com instituições em ruínas. A normalidade democrática de um país depende da Constituição, do conjunto das leis, mais que isso, das práticas democráticas consolidadas.

Essa institucionalidade foi rompida pelo impeachment e pelo papel do STF (Supremo Tribunal Federal) levando ao desmonte dos partidos políticos, à desmoralização das instituições, dentre as quais o próprio STF, germinando esse monstro da Lagoa – os Bolsonaros.

Mas não foi em decorrência de um movimento organizado. Foi uma onda de dejetos arrastando tudo o que encontrou pela frente, sem nenhum laivo de racionalidade.