terça-feira, 26 de novembro de 2019

Quem vai cuidar das cuidadoras de idosos?

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Reproduzindo uma ideia cada vez mais frequente em levantamentos sobre o mercado de trabalho, a reportagem "Um futuro de raros empregos", publicada pelo Valor Econômico (22/11/2019) aponta uma única atividade remunerada que terá lugar assegurado em nossa sociedade - cuidadoras de idosos.

"São alguns dos empregos que se manterão no futuro", anuncia a legenda de uma foto na qual duas imigrantes de traços asiáticos alimentam duas senhoras de idade avançadíssima numa "residência de repouso na Alemanha."

Embora essa visão seja frequente na maioria das discussões sobre o assunto, a dura realidade é que nem este serviço tem futuro garantido - pelo menos na escala que se imagina necessária.

Guedes quer para o Brasil a ditadura do Chile

Por Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo:

A defesa de Paulo Guedes do AI-5, ecoando Eduardo Bolsonaro, além de mentirosa, revela o caráter autoritário do ministro da Economia e sua nostalgia pinochetista.

Primeiro, a mentira.

Em Washington, numa entrevista, declarou o seguinte sobre Lula:

“Chamar o povo para rua é de uma irresponsabilidade. Chamar o povo para a rua para dizer que tem o poder, para tomar. Tomar como? Aí o filho do presidente fala em AI5, aí todo mundo assusta, fala o que que é?”

Eduardo Bolsonaro evocou o infame ato institucional no canal de Leda Nagle no Youtube no final de outubro.

Uruguai: a disputa prossegue nas ruas

Lacalle Pou
Por Nicolás Centurión, no site Outras Palavras:

Aconteceu o segundo turno das eleições no Uruguai e tudo indica que a direita, juntamente com a ultradireita, voltará ao governo, depois de 15 anos ininterruptos de governo da Frente Ampla.

Restam 35 mil votos para serem escrutinados e a diferença é de 28 mil votos entre a chapa Lacalle Pou-Argimon e a do oficialismo. Parece quase impossível ser superada, já que necessita de um voto a mais que a outra chapa para ganhar, mas, mesmo assim, a Frente Ampla mantém as esperanças vivas.

"Nova Previdência" penaliza os precarizados

Por André Luiz Passos Santos, no site Brasil Debate:

A série de três notas técnicas sobre a reforma da previdência – publicadas em agosto, setembro e outubro pelo Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (CECON), do Instituto de Economia da Unicamp – das quais participei com Ricardo Knudsen, Henrique Sá Earp e Antonio Ibarra, sob a coordenação do prof. Pedro Paulo Zahluth Bastos, aborda diversos aspectos da reforma finalmente aprovada pelo Congresso Nacional e agora promulgada. Cabe esclarecer que apenas o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) foi analisado.

O que fazer diante do novo partido fascista?

Por Mar­celo Castañeda, no site Correio da Cidadania:

Bol­so­naro é tido como burro e ig­no­rante, mas, numa jo­gada es­tra­té­gica ar­ris­cada, con­se­guiu co­locar no de­bate pú­blico e in­ter­co­nec­tado nas duas úl­timas se­manas a sua mais re­cente pro­posta de criar um par­tido para chamar de seu, con­gre­gando como ban­deiras Deus, armas e an­ti­co­mu­nismo sob a regência da fi­lo­sofia ola­vista. Trata-se de uma pro­posta com ins­pi­ração fas­cista e de base mi­li­ciana e evan­gé­lica.

Sem fundos setoriais, adeus banda larga!

Editorial do Instituto Telecom:

Mais de R$ 4 bilhões foram arrecadados pelos fundos de telecomunicações no ano de 2018. O Fistel (fiscalização) arrecadou R$ 2,6 bilhões; o Fust (universalização), R$ 854 milhões; o Funttel (desenvolvimento tecnológico), R$ 577 milhões. Boa parte desses recursos foi contingenciada para fazer frente ao superávit primário. Desde 2001, segundo as operadoras de telecomunicações, já foram arrecadados R$ 90 bilhões para os fundos setoriais. No entanto, apenas 8,6% desse valor foram investidos.

Um grande erro.

Bolívia é faceta do autoritarismo líquido

Charge: Iñaki y Frenchy/Rebelión
Por Pedro Serrano, na revista CartaCapital:

Embora sob a aparência de um golpe clássico, caracterizado pela ruptura institucional e comandado por militares, milicianos e pela elite econômica do país, as circunstâncias que levaram Evo Morales à renúncia podem ser encaradas como mais uma faceta do autoritarismo líquido dos nossos tempos.

Os discursos de seus opositores demonstram aparentes intenções de se buscar uma “saída democrática”. Dizem que é preciso agir “de modo democrático e constitucional” e que é necessário negar a “narrativa de golpe de Estado”. Além disso, ainda que o processo tenha sido sustentado pelas Forças Armadas e conduzido de forma extremamente violenta, com ameaças ao presidente e seus familiares, e forte repressão sobre seus apoiadores, todos aqueles que ora se empenham em ocupar o poder falam em um governo de transição que possa levar à realização de novas eleições.

"Rótulo" Bolsonaro cresce na América Latina

Por Vinícius Mendes, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Quando o empresário coreano-boliviano Chi Hyun Chung irrompeu por uma das ruas que dão acesso à Praça Kantuta, na região do Pari, zona central de São Paulo, no final de setembro, ninguém o notou de imediato. A chuva fina que caía sobre a cidade naquele domingo havia afugentado a maioria dos frequentadores que, normalmente, lotam o local – principal reduto de lazer dos bolivianos que vivem na capital paulista – neste dia da semana. À boca pequena, se dizia que a visita num dia daquele era benéfica, porque não permitiria que ele aglomerasse muita gente ao seu redor. 

Violência contra a mulher: basta!

Editorial do site Vermelho:

O termo "Violência contra a Mulher", introduzido pela ONU em 1993, inclui muitos tipos de agressões, que vão além de físicas, sexuais ou psicológicas. Ela se manifesta de forma múltipla na sociedade patriarcal. Não é apenas a violência física ou verbal, facilmente constatáveis - há também outras formas, como a desigualdade no trabalho (condições ruins, jornadas extensas e salários menores do que os dos homens) e a baixa representação política. E outras mais sutis que, nem por isso, deixam de ser violentas. Elas fazem parte deste cenário de desigualdade de gênero que vitima as mulheres.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

A coalizão com o fascismo no Uruguai

Por Jeferson Miola, em seu blog: 

O ambiente nas ruas de Montevidéu nesta segunda-feira, 25 de novembro, é como se no domingo tivesse havido um empate entre Nacional e Peñarol, o centenário clássico de futebol do Uruguai que magnetiza a atenção da sociedade uruguaia.

A torcida que ganha no empate – a direita – está acabrunhada, envergonhada e preocupada, ao passo que a torcida que perde no empate – a Frente Ampla – está altiva, orgulhosa e confiante.

Nem parece que no dia anterior o povo foi às urnas numa das mais apertadas – senão a mais apertada – disputa eleitoral de toda sua história para escolher o presidente que governará o país no período de 2020 a 2025.

A arte segundo as milícias de Bolsonaro

Três notas sobre a conjuntura política

Por André Singer, no site A terra é redonda:

O pacote de medidas econômicas

O governo enviou ao Senado três propostas de emendas à Constituição. Uma denominada de “pacto federativo”, outra acerca da “emergência fiscal”, e a terceira referente ao que o governo chama de “fundos públicos”.

Cada uma dessas propostas contém medidas bastante audazes. No caso do pacto federativo, prevê-se a fusão de municípios com menos de cinco mil habitantes cuja arrecadação seja menor que 10% da receita total desse município. Estima-se que essa medida pode atingir até mil municípios, que ficam assim sujeitos ao desaparecimento.

O pêndulo entre fascismo e resistência

"Favela do amor" vive dias de medo

Afinal, qual é o legado da escravidão?

Moro contrariou protocolo da Lava-Jato

Bolsonaro e seu partido tresoitão

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

A incoerência dessa gente é gritante. Logo que assumiu a presidência, Jair Bolsonaro baixou um decreto liberando o porte e a posse de armas de fogo para qualquer um e facilitando o acesso até a menores de idade.

Na época, especialistas criticaram a medida, alertando que isso iria representar até 20 milhões de pessoas armadas no país. Em abril, o presidente de extrema direita publicou no instagram a foto que ilustra este post, em que defendia “a liberdade, com critérios, para cidadãos que querem se proteger e proteger suas famílias. Leis de desarmamento só funcionam contra aqueles que respeitam as leis; quem quer cometer crimes já não se preocupa com isso”. Pressionado, revogou o decreto e enviou ao Congresso um projeto de lei, que foi desidratado na Câmara, e a maioria das propostas do presidente ficou de fora.

Bolsonaro quer Exército e PF no campo

Por Fernando Brito, em seu blog:

Na Folha adianta-se o segundo dos quatro passos do “licença para matar” anunciados por Jair Bolsonaro.

Agora, para usar “Garantias da Lei e da Ordem” para que forças federais esvaziem terras ocupadas por lavradores, a partir de reintegrações judiciais.

O argumento é o de que as autoridades dos estados “protelam” as ações policiais, negociando que a retirada seja pacífica e se encontre um lugar para que aquela gente pobre e desamparada vá.

“Quando marginais invadem propriedades rurais, e o juiz determina a reintegração de posse, como é quase como regra que governadores protelam, poderia, pelo nosso projeto, ter uma GLO do campo para chegar e tirar o cara”.

A violência repressiva varre a Bolívia

Por Angela Davis, Noam Chomsky, Molly Crabapple, John Pilger e outros, no site Carta Maior:

Evo Morales - Presidente da Bolívia do partido MAS (Movimento ao Socialismo, Movimento ao Socialismo) - foi forçado a renunciar em 10 de novembro, no que muitos observadores consideram um golpe. Após a renúncia de Morales, houve um crescente caos e violência. O que está acontecendo na Bolívia é altamente antidemocrático e estamos testemunhando algumas das piores violações dos direitos humanos nas mãos dos militares e da polícia desde a transição para o governo civil no início dos anos 80. Condenamos a violência nos termos mais fortes e exortamos os EUA e outros governos estrangeiros a deixarem imediatamente de reconhecer e fornecer qualquer apoio a esse regime. Instamos a mídia a fazer mais para documentar os crescentes abusos dos direitos humanos cometidos pelo Estado boliviano.

Três estelionatos da mídia em duas semanas

Por Ângela Carrato, no blog Viomundo:

Por dever de ofício, acompanho diariamente o noticiário nacional e internacional através dos principais jornais, emissoras de rádio, televisão, sites e blogs brasileiros.

As últimas duas semanas, desde a saída do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da prisão, por decisão do STF, têm sido particularmente interessantes para quem se debruça sobre a mídia a fim de compreender os processos através dos quais ela atua e não apenas, como tradicionalmente se faz, para estar informado.

Esse mergulho no noticiário – incluindo colunas de opinião – possibilitou que chegasse a conclusões que podem contribuir para esclarecer o que se passa e se passou no país recentemente.