Por José Carlos Ruy, no site da Fundação Maurício Grabois:
Florestan Fernandes, cujo centenário se comemora em 22 de julho (ele nasceu em (22/07/1920), foi um intelectual raro - de origem muito humilde, chegou aos mais altos postos na universidade, e foi reconhecido como cientista social renovador no Brasil e no exterior.
Certa vez ele escreveu que "nunca teria sido o sociólogo em que me converti sem o meu passado", sem "as duras lições da vida". Ele tem razão, sobretudo quando disse que seu aprendizado "sociológico" começou aos seis anos de idade, "quando precisei ganhar a vida como se fosse um adulto". Ele tinha razão - filho de uma empregada doméstica, mãe solteira, logo cedo foi forçado a tomar contato com as dificuldades da vida. Uma experiência que o marcou para sempre e, certamente, foi decisiva nas escolhas intelectuais que fez quando adulto - sempre tentando compreender as complexidades da vida do povo. Foi professor que, armado com sua ciência, nunca abandonou o esforço de entender o Brasil, suas complexidades e as condições da existência da democracia em nosso país.