Marisa Monte |
Não falemos da morte, que ensombrece nossos dias, mas não nos esqueçamos dela.
É tempo de cantar na língua dos animais. Ou, então, acreditar que a vida vai melhorar. Ou ainda, que existem portas de luz a serem abertas.
Quem oferece esse repertório de possibilidades humanas é Marisa Monte, em seu novo disco, “Portas”. Depois de dez anos sem lançar um álbum de canções inéditas, a cantora reúne sua turma, convida novos parceiros e oferece uma dádiva otimista. Não é pouco.
Quando o grito que se arma na garganta é de raiva e indignação, o poder de mobilizar sentimentos construtivos deve ser celebrado. Que esse gesto seja composto da seiva da canção popular, da mais leve dicção contemporânea e da possibilidade de flagrar, hoje, a possível alegria que nos redime. É uma conquista importante da arte.