Por Altamiro Borges
No início de março, o ex-chanceler Ernesto Araújo – também apelidado de “Beato Araújo" nos corredores do Itamaraty –, o deputado Eduardo Bolsonaro – chamado de Dudu Bananinha – e outros apaniguados foram a Israel para negociar um "spray nasal" milagroso contra a Covid-19. No que deu mais esse crime bolsonariano, que já caiu no esquecimento?
Na ocasião, os telegramas diplomáticos sobre a viagem foram classificados como confidenciais por vários anos – até 2026 ou mesmo 2036. Soube-se apenas que o custo do "passeio" foi de mais de R$ 88 mil, sem contar o avião da FAB que levou a comitiva. O PSOL até entrou com uma ação na Justiça, mas nada foi esclarecido até hoje.
Segundo postagem de Jamil Chade no site UOL em maio, o Itamaraty até “admitiu que a viagem do ex-chanceler Ernesto Araújo para Israel, em meio à pandemia, não resultou na assinatura de acordo por escrito de cooperação com o hospital Ichilov para o desenvolvimento ou importação de um tratamento contra a covid-19 conhecido como spray nasal”.
“O governo brasileiro ainda decidiu classificar os telegramas diplomáticos entre Brasília e Tel Aviv como reservados ou secretos, impedindo alguns deles de serem consultados pelos próximos 15 anos. Na prática, as informações completas sobre a viagem da delegação brasileira, que foi alvo de polêmica, serão conhecidas apenas em 2036”, relatou o colunista.
A comitiva com grana pública
Apesar desse fiasco, com grana pública, o laranjal bolsonariano não pediu desculpas à sociedade e nem justificou o gasto indevido. Dudu Bananinha, o filhote 03 do “capetão” que parecia um garoto propaganda do “milagroso” spray nasal de Israel, nada mais falou sobre o assunto nas suas redes sociais – e os otários que o bajulam nada cobraram.
Como registrou Jamil Chade, “além de Ernesto Araújo, que chegou a levar um pito público durante a viagem por não usar máscara, o avião da FAB transportou para Israel o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o deputado Hélio Lopes (PSL-RJ), o assessor especial Filipe Martins, e o então secretário de Comunicações, Fabio Wajngarten, além de diplomatas”.
“Da área técnica, a delegação contava com apenas dois representantes: Hélio Angotti Neto, do Ministério da Saúde, e Marco Morales, do Ministério da Ciência e Tecnologia. No total, o custo da missão foi de mais de R$ 88 mil, sem contar o transporte no avião da FAB e a parcela de gastos arcada pelo governo de Israel”.
R$ 100 mil só com hospedagem e diárias
Em tempo: Uma notinha da Folha deu outros valores. “O Ministério das Relações Exteriores gastou cerca de R$ 100 mil somente com hospedagem, diárias e salas de apoio na viagem feita a Israel em março, quando a comitiva comandada pelo então chanceler Ernesto Araújo e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) tratou de um spray nasal anti-Covid em fase inicial de testes descrito como ‘milagroso’”.
“O relatório de custos, enviado ao deputado Ivan Valente (PSOL-SP) após pedido via Lei de Acesso à Informação, não inclui as despesas com os aviões que os levaram até lá, da FAB, dados que, segundo o Itamaraty, estão em posse do Ministério da Defesa... Os valores se referem a gastos com a equipe do ministério e não incluem, por exemplo, as despesas dos deputados Eduardo Bolsonaro e Hélio Lopes (PSL-RJ)”.
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