Por Paulo Nogueira Batista Jr.
Volto a falar um pouco do futuro. Queria dizer hoje algumas palavras sobre a integração do Brasil com a América Latina e o Caribe. É importante retomá-la, desfazendo os estragos produzidos nos governos Temer e Bolsonaro e indo além do que conseguimos nesse tema em períodos anteriores.
A importância da integração do Brasil com a sua vizinhança cresceu com a chamada “desglobalização”, na esteira da pandemia da Covid 19 e das consequências da guerra na Ucrânia. Depois desses dois choques monumentais, os países que prezam a sua autonomia e segurança se deram conta de que não podem continuar na dependência de cadeias produtivas longas, de uma ponta a outra do planeta. Iniciou-se assim um movimento de nacionalização ou regionalização da produção de bens e insumos estratégicos. Reshoring ou nearshoring são as expressões em inglês. (Faço questão de incluir os termos em inglês porque isso sempre ajuda um pouco a vencer as resistências do vira-latismo nacional).
segunda-feira, 2 de maio de 2022
2013 e a vacina contra o golpe anunciado
Charge: Aroeira |
Vocês me desculpem voltar a 2013, pela enésima vez, mas essa minha obsessão cumprirá o papel de nos conduzir ao tema inescapável: o golpe que Bolsonaro está montando - e anunciando -, peça a peça, passo a passo.
Qual a versão predominante nas esquerdas sobre 2013 (embora, felizmente, haja outras)?
As ruas foram tomadas por fascistas e despolitizados, liderados por interesses internacionais, que visavam a derrocada do governo Dilma e a estigmatização do PT.
Vocês sabem o que me impressiona nessa leitura simplificadora?
A rapidez com que uma interpretação se consagra quando confirma convicções anteriores e reforça os próprios valores. É muito difícil reconhecer contradições e lidar com a complexidade.
Dizer que 2013 revelaria suas verdadeiras intenções no golpe parlamentar do impeachment é mais ou menos como afirmar que a Igreja Católica medieval teria desvelado as intenções verdadeiras do cristianismo primitivo, ou que o stalinismo teria desnudado a verdadeira essência do marxismo, ou que a mercantilização das calças rasgadas e dos demais itens associados ao mundo hippie teriam demonstrado o caráter intrinsecamente (pequeno) burguês e capitalista do movimento libertário dos anos 1960, etc.
domingo, 1 de maio de 2022
Igreja católica critica golpismo no Brasil
Charge: Zé Dassilva |
A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou na sexta-feira (29) uma carta à sociedade com duras críticas às “tentativas de ruptura da ordem institucional, hoje propagadas abertamente, [que] buscam colocar em xeque a lisura do processo eleitoral”. Sem citar nomes, o documento da cúpula da igreja católica é um petardo contra Jair Bolsonaro.
Num dos trechos, o texto enfatiza: “Tumultuar o processo eleitoral, fomentar o caos e estimular ações autoritárias não são, em definitivo, projeto de interesse do povo brasileiro. Reiteramos o nosso apoio às Instituições da República, particularmente aos servidores públicos, que se dedicam em garantir a transparência e a integridade das eleições”.
Uma receita do inferno em sociedade
Charge: Nani |
Com a frieza dos jornais econômicos, o Valor Econômico acaba de divulgar a remuneração prevista dos diretores dos grandes bancos brasileiros.
Embora a desigualdade seja um traço conhecido da sociedade brasileira desde tempos coloniais, nem por isso os dados deixam de ser chocantes.
Embora a desigualdade seja um traço conhecido da sociedade brasileira desde tempos coloniais, nem por isso os dados deixam de ser chocantes.
Descobre-se que oito diretores do Nubank, que em 2014 lançou seu primeiro produto - um cartão de crédito internacional - irão dividir uma bolada de R$ 804 milhões ao longo de 2022. Em média, cada um terá direito a R$ 100 milhões por ano, ou R$ 8,3 milhões por mês. (No Brasil de Bolsonaro, essa quantia equivale ao pagamento do auxilio emergencial para 20.000 famílias/mês).
Culpa pelo alto custo de vida é de Bolsonaro
Charge: Jota Camelo |
Está insustentável e insuportável viver sob o governo Bolsonaro! Afora os ataques constantes à democracia, o desgoverno provoca um custo de vida muito alto. A cada dia fica mais difícil comprar alimentos, remédios, usar o transporte público; pagar escola privada tornou-se opção para poucos.
O custo da cesta básica aumentou 48,3% de fevereiro de 2019 a fevereiro desse ano. Os alimentos essenciais para a vida dos brasileiros passaram, em média, de R$ 482,40, para R$ 715,65 nesse período. A alta é o dobro da inflação acumulada, de 21,5%, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
O custo da cesta básica aumentou 48,3% de fevereiro de 2019 a fevereiro desse ano. Os alimentos essenciais para a vida dos brasileiros passaram, em média, de R$ 482,40, para R$ 715,65 nesse período. A alta é o dobro da inflação acumulada, de 21,5%, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Carta compromisso em defesa da democracia
Charge: Nando Motta |
O IBEP não é partido político, mas toma partido.
O processo de desmonte do Estado nacional está em curso, sem que a consciência cívica brasileira em geral tenha se dado conta. Algumas instituições já começam a obedecer às orientações do bolsonarismo e a agir de acordo com as diretrizes de Brasília. O exemplo mais recente é a soltura de garimpeiros ilegais sob a alegação de prazo vencido para a formalização de suas detenções, cujos agentes da Polícia Federal de forma irresponsável sugeriram que os infratores fossem eles próprios registrar as suas ilegalidades na delegacia mais próxima!
Bolsonaro afina para avançar outra vez
Charge: Carapiá |
O script não muda.
Tal como aconteceu com a “Operação Temer” no Sete de Setembro, Bolsonaro finge que “afina” com o STF e diz, hoje, que não quer “peitar o Supremo, dizer que eu sou mais importante, ou eu tenho mais coragem que eles, longe disso” e que fez o perdão ao brucutu Daniel Silveira ( que, admitiu, falou “coisas absurdas”) apenas porque julgou que “houve um excesso por parte do Supremo”, na fixação da pena em 8 anos e 9 meses de prisão.
Tal como aconteceu com a “Operação Temer” no Sete de Setembro, Bolsonaro finge que “afina” com o STF e diz, hoje, que não quer “peitar o Supremo, dizer que eu sou mais importante, ou eu tenho mais coragem que eles, longe disso” e que fez o perdão ao brucutu Daniel Silveira ( que, admitiu, falou “coisas absurdas”) apenas porque julgou que “houve um excesso por parte do Supremo”, na fixação da pena em 8 anos e 9 meses de prisão.
Assinar:
Postagens (Atom)