segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

A democracia em risco

Charge: Alex Bannykh
Por Frei Betto, em seu site:


Não nos iludamos de novo: nossa frágil democracia continua em risco. Recordo do governo João Goulart e suas propostas de reformas de base, ao início da década de 1960. As Ligas Camponeses levantavam os nordestinos. Os sindicatos defendiam com ardor os direitos adquiridos no período Vargas. A UNE era temida por seu poder de mobilização da juventude.

Era óbvia a inquietação da elite brasileira. Passou a conspirar articulada no IBAD, no IPES e outras organizações, até eclodir nas Marchas da Família com Deus pela Liberdade. Contudo, o Partido Comunista Brasileiro tranquilizava os que sentiam cheiro de quartelada – acreditava-se que Jango se apoiava num esquema militar nacionalista. E, no entanto, em março de 1964 veio o golpe militar. Jango foi derrubado, a Constituição, rasgada; as instituições democráticas, silenciadas; e Castelo Branco empossado sem que os golpistas disparassem um único tiro. Onde andavam “as massas” comprometidas com a defesa da democracia?

O general Etchegoyen e a covardia

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Por Cristina Serra, em seu blog:


Setores das Forças Armadas, certamente frustrados com o fracasso do atentado no domingo infame, encontraram um porta-voz para mandar recados em tom de ameaça ao presidente Lula. Trata-se do general da reserva Sérgio Etchegoyen, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do golpista Michel Temer.

Etchegoyen emergiu das sombras, onde atua com desenvoltura, e reapareceu num programa de entrevistas para afrontar Lula. Disse que o presidente praticou “ato de profunda covardia” ao manifestar a desconfiança de que militares tenham sido coniventes com a invasão e depredação do Palácio do Planalto.

Ação contra golpistas é a maior da história

Charge: Toni
Por Bepe Damasco, em seu blog:


Os números da megaoperação impressionam: 943 prisões preventivas decretadas e 454 pessoas liberadas, mas usando tornozeleiras, sem acesso às redes sociais e com passaportes confiscados, enquanto seguem sendo investigadas.

E, ao que tudo indica, os que participaram da destruição golpista das sedes dos Três Poderes passarão uma longa temporada na cadeia, pois responderão pelos seguintes crimes:

1) Crime contra o estado democrático: tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o estado democrático de direito. Pena: prisão de quatro a oito anos.

2) Golpe de estado: tentar depor, com emprego de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído. Pena: de quatro a 12 anos.

Sai dessa, Mourão

Charge: Bira Dantas
Por Moisés Mendes, em seu blog:

Até pouco antes da meia-noite, o general Hamilton Mourão não havia oferecido resposta ao ex-ministro Joaquim Barbosa, que definiu como “hipocrisia” a sua crítica à demissão do chefe do Exército por Lula.

Fica complicada a situação de Mourão. Primeiro, porque sua ala no Exército foi derrotada com o expurgo de um omisso diante da tentativa de golpe.

Segundo porque Barbosa tem reputação junto à esquerda e à direita e não pode ser acusado de ser aliado do PT ou de Lula, ou estaremos desconhecendo a História e o caso do mensalão.

Mourão também se complica porque sua situação não se restringe à questão do golpe, mas também à situação do povo yanomami, condenado à fome e à morte pelo governo do qual ele foi vice-presidente.

Lula, agora, pode ser 100% o presidente

Foto: Ricardo Stuckert
Por Fernando Brito, em seu blog:


Nas três primeiras semanas do seu governo, Lula talvez não tinha podido dedicar nem 30% do seu tempo àquilo que é essencial: governar o Brasil.

Além da natural absorção do tempo pela montagem do governo – intrincada, sobretudo, quando se tem minoria parlamentar, como agora – vieram a tentativa de golpe do dia 8 e a incerteza quanto à disciplina do Exército, o que, afinal, exigiu-lhe a decisão de ontem, substituindo o comando do Exército.

É evidente que um novo comandante não significa que o desvario do bolsonarismo deixou as Forças Armadas, mas teve o mérito – sobretudo pelo discurso do general Tomás Ribeiro Paiva que ganhou a redes sociais e a mídia – de recriar o referencial legalista que havia desaparecido na questão militar no Brasil.

domingo, 22 de janeiro de 2023

Sobrinho terrorista de Bolsonaro segue livre

Reprodução da internet
Por Altamiro Borges

Na semana passada, a presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, enviou para a Procuradoria-Geral da República (PGR) uma ação contra Leonardo Rodrigues de Jesus, vulgo Léo Índio. O motivo foi a participação do sinistro sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos atos golpistas de 8 de janeiro que vandalizaram as sedes do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do próprio STF.

O pedido de investigação e prisão preventiva do terrorista foi protocolado pelo Coletivo de Direito Popular. “O criminalista Paulo Henrique Lima, principal responsável pela ação, sugere que há indícios da atuação do sobrinho de Bolsonaro na mobilização que levou os extremistas de direita à Esplanada dos Ministérios. Há registros em redes sociais da participação de Leonardo nos atos”, descreve o site Metrópoles.

O genocídio Yanomami

Lula com os Yanomami, Roraima, 21/01/23
Foto: Ricardo Stuckert
Por Luiz Fernando Emediato

O ex-presidente Bolsonaro pode não ser condenado pelos muitos crimes cometidos, mas pelo menos por um precisa ser punido: o genocídio dos índios ianomâmi. Esse crime está caracterizado: genocídio é o morticínio deliberado de uma etnia, um povo.

O desprezo desse monstro degenerado por indígenas, negros, mulheres, gays e quilombolas vêm de longe. Sempre foi um discípulo de Hitler.

Em 1998, o então deputado disse o seguinte, em sessão da Câmara dos Deputados: “A cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema em seu país”.

Soldado de Bolsonaro tem show cancelado em SE

Charge: Nando Motta
Por Altamiro Borges

Na semana passada, o Iate Clube Aracaju, de Sergipe, cancelou a participação do cantor baiano Netinho no seu tradicional bloco carnavalesco. A decisão foi tomada após pressão dos próprios associados, que questionaram o apoio dado pelo músico aos atos golpistas em Brasília no dia 8 de janeiro.

Como registrou a Folha, “apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, o cantor incentivou as manifestações que resultaram na invasão e depredação do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Superior Tribunal Federal”. Pelas suas redes sociais, Netinho convocou seus seguidores: “Infelizmente não há outro jeito. Precisamos parar o Brasil, invadir pacificamente Brasília e retirar os malignos de lá”.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Advogado pró-arma é baleado pela própria arma

Por Altamiro Borges

A vida é irônica e cruel. Na segunda-feira passada (16), o advogado Leandro Mathias Novaes, militante ativo do movimento pró-armas, foi atingido por um disparo de sua própria arma de fogo ao acompanhar a sua mãe num exame de ressonância magnética em um laboratório na região dos Jardins, bairro nobre de São Paulo. Quando a máquina foi acionada, seu magnetismo fez o revólver disparar. O tiro perfurou a região abdominal do belicista, que foi socorrido no próprio Laboratório Cura e levado para o Hospital São Luiz em estado grave.

Parlamento Europeu repudia Bolsonaro

Charge: Aroeira
Por Altamiro Borges


O cerco mundial contra o fascista Jair Bolsonaro – que já era considerado um pária internacional – vai se fechando. Nesta quinta-feira (19), o Parlamento Europeu aprovou, por ampla maioria, uma resolução condenando os ataques golpistas contra a democracia brasileira e culpando o ex-presidente pelo clima de instabilidade e violência no país.

“Chancelado por 319 deputados, o texto não tem o poder de lei, mas amplia o isolamento de Bolsonaro e cria um constrangimento político sobre qualquer membro da Europa que possa avaliar acolhê-lo. Foram 46 votos contrários e 74 abstenções. Para observadores estrangeiros, a decisão ainda é uma primeira iniciativa para lidar com o que muitos chamam de ‘internacionalização’ da extrema direita e sua capacidade de minar a democracia”, relata Jamil Chade.

O fujão Bolsonaro adia retorno dos EUA

Charge: Desenholadino
Por Altamiro Borges


O site Metrópoles informa que “o ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu estender sua permanência em Orlando, nos Estados Unidos, pelo menos até o fim de fevereiro de 2023... Inicialmente, ele planejava voltar ao Brasil no fim de janeiro. Após os atos terroristas de 8 de janeiro, porém, foi aconselhado a ficar mais tempos nos EUA”. A notícia confirma que o “fujão” e “cagão” – como já é chamado nas redes sociais – está com medo de ser preso!

Ainda segundo a notinha, “o temor dos auxiliares do ex-presidente é de que ele seja alvo de alguma medida cautelar no âmbito das acusações de ter incitado as invasões golpistas em Brasília. Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes atendeu ao pedido da PGR e incluiu Bolsonaro no rol de investigados pelos atos terroristas”. O fascista deve seguir hospedado na mansão do ex-lutador José Aldo, seu antigo cupincha.

O nazi-fascismo bolsonarista da atualidade

Charge: DiMartine
Por Jair de Souza

É impossível conter a indignação ao assistir ao vídeo (https://youtu.be/RWnsghTTz34) com as cenas do vandalismo terrorista praticado em Brasília por grupos de nazistas bolsonaristas quando da tentativa de golpe contra o novo governo de Lula em 08 de janeiro passado. As terríveis imagens que nos vêm aos olhos mostram uma furibunda matilha de bolsonaristas disputando entre si quem seria capaz de cometer as atrocidades mais estarrecedoras.

Como entender que possa haver seres humanos tão violentos e abusados como aqueles vistos no citado vídeo? O que explica a existência de pessoas dispostas a agir daquela maneira, inteiramente tomadas por uma ira incontrolada? Dar as respostas iniciais a estas indagações é nosso principal objetivo nas seguintes linhas deste texto.

Normalização da relação com o sindicalismo

Detalhe de mural do artista Mike Alewitz
Por João Guilherme Vargas Netto


Derrotados os arreganhos golpistas do 8 de janeiro e com o andamento das apurações das responsabilidades pelos crimes, o Brasil inteiro anseia pela normalização.

Normalização para o governo é governar, fazendo aquilo que jocosamente Delfim Netto estipula: abrir a quitanda, ter berinjelas para vender e troco na gaveta.

Organizar a administração, cumprir as promessas, implementar os projetos, remover os entulhos e garantir a democracia.

Para o movimento sindical normalização é fazer o que deve ser feito.

Para o sindicato dos comerciários de São Paulo visitar os empregados da Americanas assustados com as consequências dos descalabros na empresa, dando-lhes a garantia de que contarão com o sindicato e não ficarão sozinhos.