domingo, 3 de novembro de 2024

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Uma interpretação do naufrágio

Ilustração: Matt Kenyon
Por Roberto Amaral

Apenas 15 mil milionários brasileiros, nonada como estatística mas um mundo em termos de poder, titulares de salários superiores a R$ 8 milhões ao ano pagam o mesmo IRPF cobrado dos milhões de brasileiros que percebem R$ 6 mil anuais, ou seja, um rendimento mensal de R$ 500, muito abaixo, do valor do salário mínimo nacional, que é de R$ 1.412,00. Segundo o IPEA, a alíquota máxima de desconto (14,2%) é atingida pelo grupo que recebe, em média, R$ 450 mil líquidos por ano: “A partir deste patamar, o imposto cobrado é menor entre os que têm ganho médio de mais de um milhão por ano, que é 13,6%”. Assim as duas faixas extremas de renda, a dos muito ricos e a dos muito pobres, são taxadas com a mesma alíquota (Valor, 30/10/24) Esses números, porém, não levam mal-estar moral ou religioso ao que se pode chamar de consciência conservadora da classe dominante. Na última quarta-feira (30/10), por exemplo, a oligárquica Câmara dos Deputados rejeitou, por 262 x 136 votos, emenda apresentada pelo PSOL a um dos projetos da reforma tributária, que taxaria o conjunto de bens que ultrapassasse R$ 10 milhões.

Integração da América do Sul se deteriora

Mapa: Ayres Houghtelling
Por Ana Prestes

Uma das grandes expectativas, com a vitória do presidente Lula nas eleições de 2022, girou em torno da volta de um Brasil líder do sul global e atuante com altivez no cenário internacional. De fato, estamos de volta, e com uma pauta bem delimitada em defesa do fim das desigualdades, da soberania alimentar, da paz e da construção de uma nova governança global. O que parece ter se deslocado desse carro chefe das prioridades na política externa é o foco na integração latinoamericana e sul americana em particular.

As esquerdas e o negacionismo eleitoral

Os três macacos, escultura, Japão
Por Jeferson Miola, em seu blog:

O negacionismo eleitoral é um mal que parece afligir variados segmentos ideológicos. Não faltam aqueles de esquerda que resistem a encarar a dura realidade mostrada pelas urnas na eleição municipal deste ano.

Atacam e questionam a priori todas análises que não sejam pelo menos otimistas sobre os resultados eleitorais para as esquerdas.

Pode ser uma escolha cômoda – e ilusória – para apaziguar a alma, mas é uma postura que não resolve o problema essencial, que é o revés estrondoso das esquerdas na eleição e o avanço das direitas e do extremismo no país.

Os negacionistas contestam especialmente três realidades.

Participação social e os comitês da EBC

Brasil avança no combate à fome, mas...

Mídia cria agenda para enfraquecer Lula

A sucessão de Lira na Câmara Federal

Os grandes negócios de Tarcísio de Freitas

Cuba derrota os EUA na ONU

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Congresso rejeita taxar grandes fortunas

EUA e a falência do símbolo da democracia

Arte de rua. Foto: Davide Zanin 
Por Jair de Souza

Apesar de já termos abordado esta questão em outras oportunidades, com a aproximação da data de culminação do processo eleitoral para a presidência nos Estados Unidos, nos vemos compelidos a retomar a discussão sobre o que está por trás da difundida imagem do país “símbolo” da democracia.

Não é de hoje que os Estados Unidos vêm sendo retratados por seus admiradores como sendo o que de mais belo as sociedades humanas puderam construir ao longo do tempo. Ainda na primeira metade do século XIX, os principais expoentes intelectuais do liberalismo costumavam referir-se aos Estados Unidos como o país modelo da liberdade. O processo de lutas que levou a sua independência do Império Britânico foi saudado por todos os adeptos do pensamento liberal como uma consagradora vitória dos ideais da liberdade. Assim, para eles, a chamada Revolução Americana se tornou o marco inicial da etapa mais dignificante alcançada pela humanidade.

Desgaste e confusão no sindicalismo

Charge: Bira Dantas
Por João Guilherme Vargas Netto


Terminadas as eleições municipais em que o eleitorado deu um claro recado de normalização da vida política nacional, os dirigentes sindicais e todos os trabalhadores e trabalhadoras voltam à sua rotina.

O presidente Lula deve perceber que os fatos positivos da conjuntura – emprego, salário e projetos vantajosos para a sociedade – não têm, por si sós, garantido o avanço de sua avaliação positiva e deve buscar a correção disto e as ações necessárias para superar esta disfunção.

O movimento sindical poderá ser um parceiro importante nesta correção desde que suas direções se convençam da necessidade de valorizarem aquilo que tem sido feito por eles próprios e pelo governo do presidente Lula.