segunda-feira, 7 de julho de 2014

Até o DEM e o PPS abandonam Arruda




Por Altamiro Borges

Um dos casos mais grotescos no processo final do registro das candidaturas para as eleições de 2014 ocorreu em Brasília. O ex-governador José Roberto Arruda – o “exemplo” de gestor da revista Veja que foi flagrado embolsando maços de dinheiro no famoso escândalo do “mensalão do DEM” – disputará novamente o cargo no Distrito Federal. Ele registrou sua candidatura pelo PR e no primeiro dia oficial de campanha, neste domingo (5), já saiu atirando. Em seu site oficial, o cínico afirmou que sua cassação foi um “golpe do PT” – como se o vídeo acima fosse obra de ficção. Arruda tenta criar vacinas, já que o caso do “mensalão” será muito explorado durante a campanha. Até o DEM e o PPS, temendo o contágio, resolveram abandoná-lo.

Os dois partidos quase montaram chapa com o ex-governador. O PPS chegou a formalizar a indicação da deputada distrital Eliana Pedrosa como vice de Arruda. Temendo o desgaste, o presidente da sigla, Roberto Freire, divulgou nota desautorizando a negociata. “A direção nacional do PPS decidiu confirmar aliança com o PSDB no Distrito Federal e indicar o sociólogo Adão Cândido como vice na chapa encabeçada por Luiz Pitiman... A medida anula posicionamento diverso anunciado pela direção regional do partido, que chegou a ventilar apoio a José Roberto Arruda (PR)”.

Já o presidente do DEM no Distrito Federal, Alberto Fraga, participou da convenção que homologou a candidatura do ex-governador cassado. A cena gerou “enorme constrangimento” na executiva nacional da legenda, segundo matéria do jornalista Rodrigo Rodrigues, no site Terra Magazine. O presidente dos demos, senador José Agripino Maia (RN), comunicou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) a anulação da aliança e a intervenção no diretório local. Argumentou que José Roberto Arruda já causou muitos danos à imagem do DEM – como se ainda sobrasse alguma “imagem”.

“Vale lembrar que, na época que pediu desfiliação do DEM, Arruda saiu disparando contra os principais líderes da sigla, acusando os senadores Agripino Maia e Demóstenes Torres, além do deputado Rodrigo Maia, de conivência com as ações dele no governo do DF. Em entrevista à revista Veja, Arruda acusou os três de pedirem favores e nomeações, além de ajuda em dinheiro para campanhas eleitorais. ‘Os senadores Demóstenes Torres e José Agripino Maia, por exemplo, não hesitaram em me esculhambar. Via aquilo na TV e achava engraçado: até outro dia eles batiam à minha porta pedindo ajuda’, declarou José Roberto Arruda na época do escândalo” – relembra a reportagem do site Terra Magazine.

Mesmo sem o respaldo de seus velhos amigos, José Roberto Arruda registrou a sua candidatura e até pode vencer as eleições. Pesquisa recente, do Instituto Veritá, mostra o “mensaleiro” na dianteira da disputa, com 26,5% das intenções de votos. Agnelo Queiroz (PT), atual governador, aparece com 13% e o senador Rodrigo Rollemberg (PSB) surge com 8,7%. A campanha do ex-governador cassado, porém, não será nada tranquila. Conforme revelou o jornalista Fernando Rodrigues, da Folha, o STF derrubou a “decisão do Superior Tribunal de Justiça que impedia o julgamento, em segunda instância, da condenação por improbidade administrativa do ex-governador José Roberto Arruda”.

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