Por Altamiro Borges
Meio a contragosto, a mídia hegemônica tem registrado, quase diariamente, as brigas fratricidas entre cardeais do PSDB e do DEM (ex-PFL), os dois partidos responsáveis pela implantação do destrutivo projeto neoliberal no país. Abalados com a crescente popularidade do presidente Lula e sem discurso, eles dissolveram o antigo casamento liberal-conservador e caminham para sofrer duras derrotas nas eleições municipais. A briga é divertida e confirma a crise do neoliberalismo, que alguns apologistas do capitalismo afirmaram no passado representar o “fim da história”.
Na semana passada, ACM Neto, candidato dos demos à prefeitura de Salvador, esbravejou: “Se o PSDB nacional não agir para evitar o desrespeito pessoal, os tucanos não contarão com o meu apoio em 2010 e perderão o principal palanque no Nordeste”. O motivo da ira do jovem coronel é a propaganda televisiva do tucano Antonio Imbassahy, que mostra imagens do “democrata”, em 2005, ameaçando dar uma “surra” no presidente Lula. Temendo os efeitos corrosivos daquele chilique, o demo hoje pede desculpas de joelhos e ameaça implodir a aliança com o PSDB.
Traíras e “oportunistas” do PSDB
Já em São Paulo, principal laboratório do neoliberalismo, a cisão é mais cômica. Não só resultou no divórcio entre os dois partidos que governam o estado há quase duas décadas, como causou o maior caos no próprio PSDB. De olho na sucessão presidencial, o tucano José Serra e mais onze dos doze vereadores do partido na capital apóiam o demo Gilberto Kassab e apunhalaram pelas costas Geraldo Alckmin, hoje alinhado com outro postulante tucano, Aécio Neves. Em queda nas pesquisas, o devoto do Opus Dei resolveu chutar o pau da barraca. As cenas são risíveis!
Nesta semana, o programa de TV do tucano traído endureceu nas críticas a Kassab. Em discurso irado, Alckmin acusou os aliados do atual prefeito de “oportunistas” e disse que os “kassabistas” infiltrados irão “afundar o PSDB. Eles não têm o menor compromisso com o partido, só com o poder”. A disputa também atingiu as ruas, com rusgas entre cabos eleitorais do tucano oficial e os “serristas”. Nas últimas semanas da campanha eleitoral, a temperatura tende a esquentar, para desespero do presidente do partido, Reis Lobo. “O partido a ser derrotado é, em primeiro lugar, o PT. É um erro elementar escolher como alvo qualquer outro”, apelou.
A crise do neoliberalismo
A divertida briga não ocorre apenas nestes dois locais. Na maioria das capitais, tucanos e demos se divorciaram de forma litigiosa após longos anos de matrimônio, que garantiu a hegemonia do bloco liberal-conservador, viabilizou a eleição e reeleição, em primeiro turno, de FHC, e seduziu até parcelas dos trabalhadores, como revela o excelente livro “Política neoliberal e sindicalismo no Brasil” de Armando Boito Jr.. A crise do neoliberalismo já havia feito o PFL inclusive mudar de nome, numa cínica operação publicitária em que os golpistas de 64 substituíram o desgastado termo liberal por “democratas”. Diante da crescente popularidade do presidente Lula, a crise se agravou, PSDB e DEM ficaram sem discurso e sem rumo e o casamento se deteriorou de vez.
Nas 26 capitais onde haverá eleição em outubro, tucanos e demos só estão juntos em 11 – sendo que em cinco delas apoiando candidatos de outras legendas. Apenas em Florianópolis, Curitiba, Belém, João Pessoa, Rio Branco e Teresina um partido aceitou apoiar o candidato do outro na cabeça de chapa. Divididos e fragilizados, ambos caminham para a derrota no pleito municipal. Segundo pesquisas de opinião, o DEM pode perder as duas únicas capitais que dirige no país – Rio de Janeiro e São Paulo. Já o PSDB, só tem garantida a reeleição de Beto Richa em Curitiba. Triste fim para quem sonhou, como Sérgio Motta, mentor tucano, uma hegemonia de 50 anos.
Meio a contragosto, a mídia hegemônica tem registrado, quase diariamente, as brigas fratricidas entre cardeais do PSDB e do DEM (ex-PFL), os dois partidos responsáveis pela implantação do destrutivo projeto neoliberal no país. Abalados com a crescente popularidade do presidente Lula e sem discurso, eles dissolveram o antigo casamento liberal-conservador e caminham para sofrer duras derrotas nas eleições municipais. A briga é divertida e confirma a crise do neoliberalismo, que alguns apologistas do capitalismo afirmaram no passado representar o “fim da história”.
Na semana passada, ACM Neto, candidato dos demos à prefeitura de Salvador, esbravejou: “Se o PSDB nacional não agir para evitar o desrespeito pessoal, os tucanos não contarão com o meu apoio em 2010 e perderão o principal palanque no Nordeste”. O motivo da ira do jovem coronel é a propaganda televisiva do tucano Antonio Imbassahy, que mostra imagens do “democrata”, em 2005, ameaçando dar uma “surra” no presidente Lula. Temendo os efeitos corrosivos daquele chilique, o demo hoje pede desculpas de joelhos e ameaça implodir a aliança com o PSDB.
Traíras e “oportunistas” do PSDB
Já em São Paulo, principal laboratório do neoliberalismo, a cisão é mais cômica. Não só resultou no divórcio entre os dois partidos que governam o estado há quase duas décadas, como causou o maior caos no próprio PSDB. De olho na sucessão presidencial, o tucano José Serra e mais onze dos doze vereadores do partido na capital apóiam o demo Gilberto Kassab e apunhalaram pelas costas Geraldo Alckmin, hoje alinhado com outro postulante tucano, Aécio Neves. Em queda nas pesquisas, o devoto do Opus Dei resolveu chutar o pau da barraca. As cenas são risíveis!
Nesta semana, o programa de TV do tucano traído endureceu nas críticas a Kassab. Em discurso irado, Alckmin acusou os aliados do atual prefeito de “oportunistas” e disse que os “kassabistas” infiltrados irão “afundar o PSDB. Eles não têm o menor compromisso com o partido, só com o poder”. A disputa também atingiu as ruas, com rusgas entre cabos eleitorais do tucano oficial e os “serristas”. Nas últimas semanas da campanha eleitoral, a temperatura tende a esquentar, para desespero do presidente do partido, Reis Lobo. “O partido a ser derrotado é, em primeiro lugar, o PT. É um erro elementar escolher como alvo qualquer outro”, apelou.
A crise do neoliberalismo
A divertida briga não ocorre apenas nestes dois locais. Na maioria das capitais, tucanos e demos se divorciaram de forma litigiosa após longos anos de matrimônio, que garantiu a hegemonia do bloco liberal-conservador, viabilizou a eleição e reeleição, em primeiro turno, de FHC, e seduziu até parcelas dos trabalhadores, como revela o excelente livro “Política neoliberal e sindicalismo no Brasil” de Armando Boito Jr.. A crise do neoliberalismo já havia feito o PFL inclusive mudar de nome, numa cínica operação publicitária em que os golpistas de 64 substituíram o desgastado termo liberal por “democratas”. Diante da crescente popularidade do presidente Lula, a crise se agravou, PSDB e DEM ficaram sem discurso e sem rumo e o casamento se deteriorou de vez.
Nas 26 capitais onde haverá eleição em outubro, tucanos e demos só estão juntos em 11 – sendo que em cinco delas apoiando candidatos de outras legendas. Apenas em Florianópolis, Curitiba, Belém, João Pessoa, Rio Branco e Teresina um partido aceitou apoiar o candidato do outro na cabeça de chapa. Divididos e fragilizados, ambos caminham para a derrota no pleito municipal. Segundo pesquisas de opinião, o DEM pode perder as duas únicas capitais que dirige no país – Rio de Janeiro e São Paulo. Já o PSDB, só tem garantida a reeleição de Beto Richa em Curitiba. Triste fim para quem sonhou, como Sérgio Motta, mentor tucano, uma hegemonia de 50 anos.
1 comentários:
Em SP acredito que o buraco no PSDB é ainda mais em baixo... Você realmente acha que o Serra quer o Kassab na prefeitura?
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