quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A falsa democracia de Aloysio Nunes

Reproduzo artigo de João Peres, publicado na Rede Brasil Atual:

Foi com espanto e tristeza que ouvi os xingamentos a mim dirigidos pelo senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Na noite de segunda-feira (25), o ex-chefe da Casa Civil do governo paulista classificou-me como “pelego e filho da puta.” A agressão verbal ocorreu antes do debate realizado pela Rede Record entre os candidatos à Presidência da República.

Ao senador, não havia, até aquele momento, dirigido nenhuma palavra. Tudo o que ele sabe de mim, naquele instante e agora, é que trabalho para a Rede Brasil Atual e para a Revista do Brasil. Parece ser suficiente para que se sinta no direito de proferir insultos: são veículos produzidos por uma empresa privada cuja receita vem da prestação de serviço (venda de anúncios e assinaturas) a pessoas físicas e jurídicas – incluindo sindicatos de trabalhadores.

Foi por conta desse aspecto que o PSDB obteve liminar, via Tribunal Superior Eleitoral (TSE), vetando a continuidade da distribuição e a divulgação da edição 52 da revista na internet sob a argumentação de que dinheiro do trabalhador não pode financiar material eleitoral - este assunto já foi discutido aqui e a editora apresentou recurso ao TSE, não cabendo de minha parte qualquer argumentação.

O que a mim, como jornalista, é importante debater é a maneira como o senador se sente no direito de tratar a imprensa. É deplorável que, como repórter, tenha de me posicionar contra a agressão que sofri, deixando de exercer o fundamento básico da minha profissão, que é escrever sobre os outros, e não sobre minha vida. O único bem de um jornalista, ao menos daquele que não se presta a coleguismos com o poder, é a palavra: é ela que ouço, é com ela que conto histórias.

Quando o senador classifica a mim como “pelego filho da puta” porque trabalho em um veículo que jamais escondeu sua posição favorável à continuidade do atual projeto de governo, recorre a uma simplificação lamentável. Seguida a linha de pensamento do futuro parlamentar, todos os que trabalham em Veja, Folha, Estado e O Globo são, necessariamente, tucanos – e aí o leitor escolha o adjetivo que deve acompanhar a classificação.

A fala do senador é reveladora da propensão a não lidar com o contraditório. Talvez por maus costumes: quem circula pelos eventos políticos brasileiros sabe a cordialidade com que são tratados alguns líderes políticos, plenamente oposta à ferocidade dispensada a outros. Ao recorrer a esta simplificação, realiza-se um desmerecimento prévio de meu trabalho, numa triste tentativa de intimidação de minha atuação. Simplificação que teve continuidade no Twitter, em que o senador utilizou aspas para dizer que sou jornalista: "O 'jornalista' faz o que eu esperava dele: mente quando afirma que o xinguei de fdp. Chamei de pelego, o que é verdade e, a mim, muito pior."

O senador sabe as palavras que proferiu. Se quer admitir em público ou não, para mim é indiferente. O que não se pode colocar em dúvida é minha formação e minha integridade profissional. Sou jornalista – sem aspas – formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Minha passagem pelo Departamento de Jornalismo e Editoração, portanto, está lá registrada, caso alguém se interesse em averiguar.

Daqui por diante, como o senador espera que se proceda para entrevistar algum integrante do PSDB? Será que a democracia ideal contempla apenas a manifestação das vozes amigas (e queridas), sem espaço ao debate necessário para o amadurecimento da sociedade e, por consequência, da realização do bom jornalismo? O PSDB, que tem recorrido a simplificações para acusar adversários de quererem cercear a liberdade de pensamento, é quem mais nos fornece exemplos deste suposto cerceamento. Já não cabem nos dedos de uma mão: a restrição da circulação da Revista do Brasil, a censura ao jornal ABCD Maior, a tentativa de agressão do padre que se manifestou contra boatos, a ação no Paraná para impedir a publicação de pesquisas eleitorais, a "criminalização" de jornalistas que fazem perguntas efetivas a Serra e, agora, este xingamento.

Uma coisa é a opinião de um veículo. Outra, que não se confunde, é a opinião do jornalista. Esta, manifesto em blogues e nas redes sociais da internet, bem como outras centenas de profissionais da área, e deixo para trás quando estou na condição de repórter. Nas redações nas quais trabalhei, e há nesta lista algumas que o senador seguramente vê com bons olhos, sempre mantive minha posição de não deixar que interesses se misturem. Cumpro o compromisso de ouvir todos os lados. Como teria feito na última segunda-feira, se me tivesse sido conferida, pelo senador, tal oportunidade. Espero que, na próxima ocasião, Aloysio Nunes se mostre aberto ao diálogo. Sem ofensas, sem simplificações.

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9 comentários:

Carla disse...

É lamentável que pessoas destemperadas e incapazes de aceitar o trabalho de uma imprensa limpa e que desmerece um profissional capaz de instigar os leitores com matérias bem escritas ocupem cargos de importância como de Senador.
Tiririca por ser palhaço e acusado de analfabeto não pode se tornar político, mas quem costuma usar o poder para intimidar a imprensa e adjetiva de forma vulgar um cidadão honesto se quer é questionado pelo desequilíbrio emocional que mostrou.

Carla disse...

É lamentável que pessoas destemperadas e incapazes de aceitar o trabalho de uma imprensa limpa e que desmerece um profissional capaz de instigar os leitores com matérias bem escritas ocupem cargos de importância como de Senador.
Tiririca por ser palhaço e acusado de analfabeto não pode se tornar político, mas quem costuma usar o poder para intimidar a imprensa e adjetiva de forma vulgar um cidadão honesto se quer é questionado pelo desequilíbrio emocional que mostrou.

Geanete disse...

Então, pq vc não falou a ele que era FDP? Imagina o que esses machistas ereacionários neoliberias sentirão ao perderem a presidência? Estamos perdidas. Eles virarão animais. Opa, animais não. Eles já são PSDBistas. Geanete

Jbmartins-Contra o Golpe disse...

Eu estou assustado com tantos atos de terror, o que o TSE esta fezendo nada, olhe abaixo o texto estraido do
http://passelivreonline.wordpress.com/2010/10/27/cheiro-de-armacao-no-ar/
Cheiro de armação no ar…
Ao sair do estúdio da TV Cidade LIvre de Brasília depois de entrevistar o sindicalista Paulo Antenor, presidente do Sindireceita e eleito 1º suplente de Senador na chapa encabeçada por Magno Malta lá no ES, recebi telefone de um telespectador que, em outras palavras, dizia ter a Folha de São Paulo negociado, financeiramente, o depoimento de um ex-preso político. O objetivo de tal ‘depoimento/desabafo’ seria o de desmontar a versão da Dilma ‘osso duro de roer’. Na versão negociada, o denunciante criaria uma versão de que ela teria delatado vários aliados da luta armada contra a ditadura.
Todos nós estamos um tanto quanto atônitos com tanto zumzum, mas, ao que tudo indica, seria uma artilharia pesada a ser usada mais para o fim de semana, redundando numa ação conjunta da Folha, da Veja e da TV Globo – provavelmente sexta à noite.
Não sou partidário de dar crédito a boataria, até porque se trata de estratégia usual do crime – como forma de causar tensão permanente no ‘outro lado’. A máfia também age assim, de quando em vez eliminando um dos seus como forma de aviso, lembrete e para definir, com a sua onipresença, o modo de vida das pessoas.
Acontece que não foi a única ligação neste sentido.
Mais cedo, um jornalista com larga atuação política e concursado da TV Senado havia manifestado a mesma preocupação. Ou seja: tem sim cheiro de armação no ar – resta saber se estas pessoas têm algum limite para a patifaria ou não.
Neste sentido, até mesmo estaria servindo de demonstração de imparcialidade o fato da Folha de São Paulo ter divulgado ontem, 26, a notícia de que a turma tucana de SP era partícipe de um grande conluio para beneficiar empresas em obras do metrô.
Por esta ótica, a mesma Folha que detonou a licitação dos tucanos por ‘compromisso com o jornalismo’, estaria liberada para publicar um testemunho que, na realidade, teria sido comprado.
Não sei até que ponto a nossa sociedade ainda vai acreditar em tais armações – logo a Folha que criou a ficha-falsa da Dilma, que publicou entrevistas com pessoas que nunca foram entrevistadas, que colaborou com a ditadura militar cedendo veículos…
Cada qual com sua realidade local, mas a verdade é que as campanhas eleitorais tem se transformado num festival de baixarias. Aqui no DF, por exemplo, o grupo de Roriz gosta de chafurdar na lama e se sente protegido até mesmo pela Justiça Eleitoral para fazê-lo – comprando testemunhas, reiventando fatos e deturpando a verdade. Não por acaso, cabe sempre lembrar, Roriz é o cabo eleitoral de Serra no DF.

Voltando…

Dentro deste quadro de dúvida, é bom que todos fiquemos atentos. A direita mais perversamente retrógrada que se aglutinou em torno do Serra – figuras venais e deploráveis como Kátia Abreu, Roberto Jefferson, Orestes Quércia, César Maia, Itamar Franco, Roberto Freire, Jorge Bornhausen, Yeda Cruzius, Pedro Simon; grupos de comunicação monopolistas e organizações fascistas como a Maçonaria, TFP, UDR, monarquistas, integralistas; facções religiosas ligadas à Igreja Católica e mesmo a grupos pentecostais – não se dá por vencida.
Os números das pesquisas em lugar de servir de conforto, devem nos alertar de que é hora ampliar a nossa luta em defesa do projeto de um governo transformador da sociedade que é representado por Dilma Rousseff.

Anônimo disse...

Por esta agressão se pode ver como seraáo futuro com este senador: tenebroso.
Vai ser o porta voz do ranço do psdb paulista.

Luis Rodrigues disse...

Cara, não sou jornalista, falo o que eu quiser e, como esse babaca do tal Aluisio é um burguês recalcado, digo que, ao perder a razão com a ofensa gratuita, mas reveladora, tudo é possível. Comigo haveria duas alternativas, ficar quieto ou quebrar-lhe a cara.

Anônimo disse...

miro, depois do encontro no sindicato dos bancários, fiz um resumo da censura hoje:

http://vaiencarar.wordpress.com/2010/10/27/quem-censura-no-brasil-de-hoje/

beijos,
CCBregaMim.

Unknown disse...

Miro, olha que absurdo.


Mais uma de um órgão ligado às Organizações Globo. Agora, no Ceará, do Grupo Edson Queiroz, um veículo do Sistema Verdes Mares.

O jornal Diário do Nordeste demitiu um jornalista, editor de um caderno cultural, por ele ter feito um caderno sobre os livros do sociólogo Michael Löwy.

Leia a denúncia do sindicato dos jornalistas do Ceará.

Abraço.


http://www.sindjorce.org.br/blog/sindjorce-noticias/categoria/sem-categoria/editor-do-dn-e-demitido-por-fazer-materia-sobre-livro-que-fala-de-marxismo

Anônimo disse...

1 PARTE
O Candidato a Presidência do Brasil José Em-$erra vai adotar as Cotas Raciais e as Reparações dos Negros - Afro descendentes brasileiros.
Jornal do Povão entrevista o candidato José Em-$erra
O Candidato a Presidência do Brasil José Em-$erra disse que no seu Programa de Governo vai adotar as Cotas Raciais e as Reparações, copiando as indenizações que os judeus receberam após o Holocausto da 2º Guerra Mundial, no caso dos negros seriam indenizações pelos 400 anos de escravidão negra no Brasil. O Sr. José n-$erra havia escrito um manifesto (NENHUM GENOCÍDIO (MENOS OS DOS NEGROS)DEVE SER ESQUECIDO) - POR JOSÉ EM- SERRA, Publicado na Folha de São Paulo, Opinião, em 24 de abril de 2009) contra os negros afro-descendentes brasileiros e negando suas reivindicações e concordava com Senador Demóstenes Torres (DEM-GO) que disse a estupidez defendendo que a miscigenação no Brasil se deu de “forma consensual” (ESTRUPO) e que também era contra as cotas raciais: ''Nós temos uma história tão bonita de miscigenação .(Holocausto Negro de 500 anos)(Fala-se que) as negras foram estupradas até hoje pela discriminação, exclusão social e econômica(...). Ainda segundo o jornal, o DEM considera as cotas inconstitucionais, pois iriam contra o princípio da igualdade (qual e de quem?)
Jornal do Povão: José Em-$erra, o que aconteceu com você para mudar de opinião? Você sempre foi contra as cotas raciais e benefícios á favor da raça negra afro-descendente brasileira, alias você dizia que isto era inconcebível, que os Movimentos Negros queriam dividir o Brasil em duas cores, negros e brancos, que isto era ridículo, que raça não existe, o que existe é o ser humano. (que tem cores diferentes) uma foi escravizada e injustiçada de todas as formas e sentidos e outra não foi eai,eai,eai.
José Em-$erra: Isto é uma grande mentira, é uma calunia da oposição de quando era posição.
Jornal do Povão: Mas, calma lá que confusão é essa?
Jornal do Povão: José Em-$erra: Quando eu era Governador, eu era posição e eles eram oposição. Então, o Sr. Era oposição da oposição do Presidente Lula
José Em-$erra; aquele comunista, bebum, ateu e comedor de criancinhas.
Jornal do Povão: Pêra lá, o Lula é católico.
José Em-$erra: Lula é católico, alcoólico e corintiano macumbeiro.
Jornal do Povão: Poxa, o Sr pegou pesado.
José Em-$erra: Não, nós temos que assumir, eu, por exemplo, como todos sabem, que eu sou Palmaresense.
Jornal do Povão: Não seria Palmeirense?
José Em-$erra:Não, isto quer dizer o Palmeiras é um Quilombo.
Jornal Povão: quer dizer que o Sr. está visando o voto do eleitorado negro de qualquer maneira?
José Em-$erra: é mais uma calunia, eu sou Zumbi desde criancinha, tanto que eu fui batizado na Igreja Católica, Evangélica, Judaica pela minha mãe e pela minha mãe de leite Tia Anastácia na Umbanda. Por que você acha que eu tenho a boca deste jeito? Porque quando eu era pequenininho,a teta era muito grande. Por isso eu tenho boca de chupar chupeta,eu me acostumei a mamar na teta do povo, inclusive a minha amizade com os negros é antiga, tanto que quando garoto nós saiamos para roubar na região, frutas e etc. Só que eles eram presos e eu ficava solto. Repassando estes produtos na barraca do meu pai.
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