Por Igor Fuser, no jornal Brasil de Fato:
O líder da Revolução Chinesa, Mao Tse-tung, foi o primeiro a teorizar sobre as “contradições no seio do povo”, como ele denominava os conflitos de interesses e opiniões entre os que lutam pela justiça social. Para Mao, essas divergências são secundárias – não-antagônicas, como ele dizia – na medida em que podem ser resolvidas pelo livre debate entre os revolucionários. Já as contradições antagônicas, inconciliáveis, são aquelas que opõem, em polos opostos, o povo e os seus opressores.
Na Bolívia de hoje, o conceito maoísta adquire implicações práticas imediatas, em meio aos dilemas sobre os rumos da transformação social em curso no governo popular de Evo Morales. Com a derrota do projeto neoliberal e racista da direita, a efervescência política passou a ter como foco o choque entre as diferentes visões sobre o significado do “viver bem”, objetivo geral consagrado na nova Constituição.
Os partidários de Evo apontam a necessidade de desenvolver a indústria e a infraestrutura, em ritmo acelerado, para continuar melhorando as condições materiais da maioria desfavorecida, num país que é o mais pobre da América do Sul. Mas enfrentam a resistência de uma parcela significativa dos movimentos sociais, que priorizam a proteção do meio ambiente e do modo de vida das comunidades originárias.
No lance mais recente desse confronto, Evo voltou atrás na determinação de construir uma rodovia que atravessaria uma reserva indígena. A reviravolta se deu sob a pressão de uma marcha que reuniu milhares de manifestantes e chegou a ser reprimida pela polícia.
O desgaste político do governo foi enorme. Mas o desenlace também traz elementos positivos. Em primeiro lugar, revela a vitalidade das organizações populares, que mantêm capacidade de mobilização para pressionar as autoridades e influir nas decisões. Em segundo, comprova a existência de um governo disposto a mudar de posição diante das demandas do movimento social.
O recuo de Evo deixa sem argumentos a oposição direitista, que tentava se reerguer pegando carona nos protestos indígenas, e abre espaço para a recomposição do campo popular. O debate de fundo, sobre o modelo de desenvolvimento do país, continua em aberto, mas uma coisa ficou clara: discutir é fundamental, desde que se mantenha o olho vivo perante o inimigo.
O líder da Revolução Chinesa, Mao Tse-tung, foi o primeiro a teorizar sobre as “contradições no seio do povo”, como ele denominava os conflitos de interesses e opiniões entre os que lutam pela justiça social. Para Mao, essas divergências são secundárias – não-antagônicas, como ele dizia – na medida em que podem ser resolvidas pelo livre debate entre os revolucionários. Já as contradições antagônicas, inconciliáveis, são aquelas que opõem, em polos opostos, o povo e os seus opressores.
Na Bolívia de hoje, o conceito maoísta adquire implicações práticas imediatas, em meio aos dilemas sobre os rumos da transformação social em curso no governo popular de Evo Morales. Com a derrota do projeto neoliberal e racista da direita, a efervescência política passou a ter como foco o choque entre as diferentes visões sobre o significado do “viver bem”, objetivo geral consagrado na nova Constituição.
Os partidários de Evo apontam a necessidade de desenvolver a indústria e a infraestrutura, em ritmo acelerado, para continuar melhorando as condições materiais da maioria desfavorecida, num país que é o mais pobre da América do Sul. Mas enfrentam a resistência de uma parcela significativa dos movimentos sociais, que priorizam a proteção do meio ambiente e do modo de vida das comunidades originárias.
No lance mais recente desse confronto, Evo voltou atrás na determinação de construir uma rodovia que atravessaria uma reserva indígena. A reviravolta se deu sob a pressão de uma marcha que reuniu milhares de manifestantes e chegou a ser reprimida pela polícia.
O desgaste político do governo foi enorme. Mas o desenlace também traz elementos positivos. Em primeiro lugar, revela a vitalidade das organizações populares, que mantêm capacidade de mobilização para pressionar as autoridades e influir nas decisões. Em segundo, comprova a existência de um governo disposto a mudar de posição diante das demandas do movimento social.
O recuo de Evo deixa sem argumentos a oposição direitista, que tentava se reerguer pegando carona nos protestos indígenas, e abre espaço para a recomposição do campo popular. O debate de fundo, sobre o modelo de desenvolvimento do país, continua em aberto, mas uma coisa ficou clara: discutir é fundamental, desde que se mantenha o olho vivo perante o inimigo.
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