sábado, 11 de agosto de 2012

Serra, Folha e um tal nazismo

 Por Renato Rovai, em seu blog:

No ultimo dia 30 de julho, o site do candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo veiculou uma matéria onde só faltou dizer que o pai do rap é um sujeito conhecido pela alcunha de José Serra. No texto, para provar tal tese foram citados projetos musicais do Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso (CCJ), localizado no bairro Vila Nova Cachoeirinha. O título da matéria foi: “Com Serra, Rap Ganha Espaço no CCJ”.


Serra e o rap juntos, estranho, não?

Por isso a reação não tardou.

Um dos projetos musicais citados na matéria é o Reviva Rap, criado em 2011, com o objetivo de resgatar a cultura hip hop e abrir espaço para apresentação de novos grupos da comunidade.

Veja o trecho abaixo:

“Entre os projetos musicais do CCJ, como é conhecido, estão o Reviva Rap, festival que teve a sua segunda edição em junho último, com nomes como Vinão Alobrasil, Brunão Mente Sagaz, Mutação Sonora e Daz Rua e Xis, entre outros. A Zona Norte de São Paulo, vale lembrar, é uma das bases mais importantes do rap, uma referência nacional. Até hoje, o Reviva Rap já mapeou mais de 200 grupos e lançou três coletâneas, das quais participaram mais de 30 conjuntos“

Pois bem, quando o pessoal que rala diariamente no projeto tomou conhecimento da usurpação dos méritos pelo candidato tucano, fizeram questão de desmentir o candidato através de um comunicado que reproduzo integralmente a seguir.

“Um site de um dos candidatos a prefeito da nossa cidade, credita a seu governo a atuação do rap no Centro Cultural da Juventude e consequentemente o festiva Reviva Rap que é “PARCEIRO”, repetimos “PARCEIRO” do CCJ há 3 anos. Não temos legenda politica e tão pouco apoiamos partidos que tratam a população como gado, inferiores e nos alojam mais e mais nas nossas comunidades sem infra estrutura e municiando a policia para extermínio da juventude. Desaprovamos essa ação eleitoreira do candidato, isto não reflete nossos acordos e parceria com o CCJ que é totalmente cultural e artísticas e não politiqueira. Não recebemos nenhum comunicado antecipado da publicação e tão pouco solicitação para referirem ao nosso nome e trabalhos e dos envolvidos. Lamentamos. Muito Grato Rap! Somos por você e só por Você, esses já tão ai mó cota e sabemos o que eles querem…

Nóiz… Reviva o Rap”

Serra dessa vez foi pego na mentira.

E as reações de rappers à matéria publicada pela campanha tucana não pararam por aí. A reposta também veio em forma de rap, como não poderia deixar de ser. E o autor da resposta foi o rapper Mamuti 011, que compôs a música E Agora José ?, já publicada neste blogue, na qual denuncia a mentira tucana e o descaso da gestão Serra-Kassab com a periferia e suas manifestações culturais. Veja o vídeo.

Pisada na bola e o oportunismo da Folha de S.Paulo

Pois bem, o vídeo da música do Mamuti 011 entrou na pauta do jornal Folha de S. Paulo, hoje, não por denunciar uma mentira escabrosa do candidato tucano, e sim por ter sido reproduzido pelo site Pense Novo.

Consultados pela Folha acerca do vídeo que tinha um ataque a Serra associando-o a um projeto nazista, os coordenadores do Pense Novo verificaram que o conteúdo não era adequado para o site, retiraram-no do ar e dispensaram o responsável pela publicação.

Essa história, porém, precisa de alguns esclarecimentos. O autor do vídeo é o rapper Mamutti 011. Republicar qualquer conteúdo não é o mesmo que referendá-lo. E o vídeo é a expressão da indignação de um artista que viu sua luta ser usurpada por um candidato a prefeito que quando foi governo só mandou às festas e eventos da periferia a polícia. A atitude do rapper é compreensível, justificável e defensável.

Tentar transformar esse vídeo em escândalo é puro oportunismo eleitoral da Folha. Veículo de comunicação a serviço da candidatura de José Serra.

Também é importante lembrar que se alguém chamou alguém de nazista nesta campanha foi José Serra. Foi ele quem chamou os blogs sujos de tropa nazista, mas sem citar nomes. Claro, José Serra pode ser tudo, mas não é burro e nem corajoso. Citando algum nome ele teria que responder judicialmente por injúria e difamação. E certamente seria condenado.

O jornal, que diz respeitar a pluralidade de opiniões, noticiou a declaração de Serra e não entrevistou um blogueiro sequer. A Folha de S.Paulo negou à blogosfera um princípio básico do jornalismo, o direito ao contraditório.

Vazamento do Enem

Lendo a matéria, recordei-me de uma coincidência. Foi na gráfica da Folha, a Plural, que a prova do Enem de 2009 foi roubada. Na época, esse erro de segurança do grupo Folha causou grande prejuízo à imagem do então ministro da Educação e hoje candidato, Fernando Haddad.

E agora o vazamento desta prova vem sendo usada pela campanha tucana sem mencionar que as provas foram subtraídas da gráfica, exatamente, do Grupo Folha.

Não se deve ser leviano e afirmar que se a prova foi vazada da gráfica da Folha, isso aconteceu de forma intencional e por causa do ódio ao PT do seu proprietário.

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