Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Carcaças de ônibus queimados, policiais, bandidos e inocentes assassinados, corpos sendo recolhidos nas ruas, toques de recolher, bairros sem transporte, escolas sem aulas, o medo e o desespero por toda parte.
Parece que estamos falando da Síria, mas estas cenas e sentimentos já fazem parte da rotina de quem vive na área metropolitana de São Paulo. Dia após dia, noite após noite, os números da violência vão aumentando.
Na última madrugada, de sexta para sábado, foram mais cinco mortos e dois feridos a bala, e outro ônibus incendiado nesta guerra sem fim entre a PM e o PCC.
A colega Vanessa Beltrão, do R7, contabilizou mais de 200 mortos a tiros desde o começo de outubro. Apenas entre a noite de quinta e a manhã de sexta, 15 pessoas foram assassinadas e outras 12 baleadas, menos de 24 horas depois de o governador Geraldo Alckmin garantir que a situação estava sob controle:
"As mortes já estão em processo de queda. Eu tenho um acompanhamento diário, elas já estão em um ritmo bem menor. Tem coisa que não tem ligação com o crime organizado".
Se o governador Alckmin e o seu secretário da Segurança, Antonio Ferreira Pinto, nomeado por José Serra, há seis anos no cargo, fossem menos autosuficientes e arrogantes, certamente muitas destas mortes poderiam ter sido evitadas.
Em junho, antes que a atual onda de violência fosse deflagrada, a Polícia Federal avisou o governo de São Paulo que os líderes do PCC estavam preparando ataques a policiais, segundo informam os repórteres Marco Antônio Martins e Rogério Pagnan, na "Folha".
"As informações foram repassadas diretamente pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ao secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto. O secretário, no entanto, nega ter recebido esta informação", relata a matéria.
Interceptações telefônicas feitas desde fevereiro do ano passado já revelavam que os chefões do PCC comandavam o tráfico de drogas e armas de dentro da Penitenciária de Presidente Prudente, mas o governo do Estado só concordou esta semana em aceitar a ajuda do governo federal para uma ação conjunta contra os criminosos.
O primeiro passo está sendo dado agora com o envio destes líderes da organização criminosa para presídios federais de segurança máxima bem longe de São Paulo, mas as pessoas continuam morrendo na maior cidade do país. Até quando? Já deveriam ter feito isso aqui há muito tempo, como ocorreu em outros Estados.
Ninguém fala de outra coisa, cada um tem sua própria história para contar. "Eu fiquei tão apavorado no ponto do ônibus, que peguei o primeiro que passou, e nem era o meu, só para escapar dali", ouvi esta manhã de um funcionário do Colégio Santa Cruz, no Alto de Pinheiros, que estava numa roda com outros colegas relatando seus dramas para chegar ao trabalho e voltar para casa com vida.
Com tiroteios em volta dos pontos de ônibus, ruas fechadas pela polícia, o trânsito cada dia mais caótico, quem mora longe sofre mais na "cidade dividida" de que fala o prefeito eleito Fernando Haddad, mas o clima de pavor se alastrou por toda parte.
Chegaram a comentar que os ataques do PCC e a legião de mortos que deixaram pelo caminho estavam relacionados com a campanha eleitoral, mas o número de assassinatos só fez aumentar depois do fechamento das urnas.
O pior que se pode fazer numa situação como essa é querer politizar e partidarizar este problema que atinge a todos nós, ou querer minimizar o que está acontecendo, como fazem as autoridades estaduais.
Em declaração feita a Vanessa Beltrão, publicada hoje aqui no R7, José Vicente da Silva, ex-secretário nacional de segurança pública e atual professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da PM, chegou a colocar a culpa na imprensa:
"A sensação de insegurança não tem vinculação tão direta e clara com a incidência criminal, mas sim pela maneira como a mídia coloca isso".
E pensar que o nome deste professor, segundo a "Folha", chegou a ser cogitado pelo governador Geraldo Alckmin para substituir Antonio Ferreira Pinto na Secretaria de Segurança Pública. Assim, não há risco de a situação melhorar e podermos voltar a viver em paz.
Parece que estamos falando da Síria, mas estas cenas e sentimentos já fazem parte da rotina de quem vive na área metropolitana de São Paulo. Dia após dia, noite após noite, os números da violência vão aumentando.
Na última madrugada, de sexta para sábado, foram mais cinco mortos e dois feridos a bala, e outro ônibus incendiado nesta guerra sem fim entre a PM e o PCC.
A colega Vanessa Beltrão, do R7, contabilizou mais de 200 mortos a tiros desde o começo de outubro. Apenas entre a noite de quinta e a manhã de sexta, 15 pessoas foram assassinadas e outras 12 baleadas, menos de 24 horas depois de o governador Geraldo Alckmin garantir que a situação estava sob controle:
"As mortes já estão em processo de queda. Eu tenho um acompanhamento diário, elas já estão em um ritmo bem menor. Tem coisa que não tem ligação com o crime organizado".
Se o governador Alckmin e o seu secretário da Segurança, Antonio Ferreira Pinto, nomeado por José Serra, há seis anos no cargo, fossem menos autosuficientes e arrogantes, certamente muitas destas mortes poderiam ter sido evitadas.
Em junho, antes que a atual onda de violência fosse deflagrada, a Polícia Federal avisou o governo de São Paulo que os líderes do PCC estavam preparando ataques a policiais, segundo informam os repórteres Marco Antônio Martins e Rogério Pagnan, na "Folha".
"As informações foram repassadas diretamente pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ao secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto. O secretário, no entanto, nega ter recebido esta informação", relata a matéria.
Interceptações telefônicas feitas desde fevereiro do ano passado já revelavam que os chefões do PCC comandavam o tráfico de drogas e armas de dentro da Penitenciária de Presidente Prudente, mas o governo do Estado só concordou esta semana em aceitar a ajuda do governo federal para uma ação conjunta contra os criminosos.
O primeiro passo está sendo dado agora com o envio destes líderes da organização criminosa para presídios federais de segurança máxima bem longe de São Paulo, mas as pessoas continuam morrendo na maior cidade do país. Até quando? Já deveriam ter feito isso aqui há muito tempo, como ocorreu em outros Estados.
Ninguém fala de outra coisa, cada um tem sua própria história para contar. "Eu fiquei tão apavorado no ponto do ônibus, que peguei o primeiro que passou, e nem era o meu, só para escapar dali", ouvi esta manhã de um funcionário do Colégio Santa Cruz, no Alto de Pinheiros, que estava numa roda com outros colegas relatando seus dramas para chegar ao trabalho e voltar para casa com vida.
Com tiroteios em volta dos pontos de ônibus, ruas fechadas pela polícia, o trânsito cada dia mais caótico, quem mora longe sofre mais na "cidade dividida" de que fala o prefeito eleito Fernando Haddad, mas o clima de pavor se alastrou por toda parte.
Chegaram a comentar que os ataques do PCC e a legião de mortos que deixaram pelo caminho estavam relacionados com a campanha eleitoral, mas o número de assassinatos só fez aumentar depois do fechamento das urnas.
O pior que se pode fazer numa situação como essa é querer politizar e partidarizar este problema que atinge a todos nós, ou querer minimizar o que está acontecendo, como fazem as autoridades estaduais.
Em declaração feita a Vanessa Beltrão, publicada hoje aqui no R7, José Vicente da Silva, ex-secretário nacional de segurança pública e atual professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da PM, chegou a colocar a culpa na imprensa:
"A sensação de insegurança não tem vinculação tão direta e clara com a incidência criminal, mas sim pela maneira como a mídia coloca isso".
E pensar que o nome deste professor, segundo a "Folha", chegou a ser cogitado pelo governador Geraldo Alckmin para substituir Antonio Ferreira Pinto na Secretaria de Segurança Pública. Assim, não há risco de a situação melhorar e podermos voltar a viver em paz.
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