quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Números brutais do trabalho escravo

Por Altamiro Borges

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou ontem novos dados, ainda bem alarmantes, sobre o trabalho escravo no Brasil. Em 2012 foram registrados 278 casos de utilização de trabalho em condições análogas à escravidão em todo o país, com a libertação de 2.723 trabalhadores. O balanço é parcial e pode sofrer ainda pequenas alterações, mas ele indica a gravidade da situação e confirma a importância da Campanha Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, da qual a CPT faz parte. Ele aponta que houve um aumento de quase 10% no número de trabalhadores resgatados na comparação com 2011. 

A região Norte no Brasil, onde imperam o latifúndio e as empresas extrativistas, continua na liderança desta chaga social. Em 2012, ela representou 40% do total dos trabalhadores resgatados no país. Esse número mais que dobrou em relação ao ano anterior, passando de 518 trabalhadores para 1.059. Mas o uso do trabalho escravo não vitima apenas as regiões mais distantes e carentes. O Pará voltou ao topo dos estados em casos de trabalho escravo. No ano passado, foram libertados 519 trabalhadores nestas condições. 

O balanço da campanha indica que também houve aumento participação da região Sul nessa prática. Em 2011, haviam sido registrados nesta rica região 23 casos, envolvendo 158 trabalhadores, em que 154 foram resgatados pelo Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE). Já em 2012 foram identificados 17 casos, envolvendo 340 trabalhadores, mais que o dobro do ano anterior, com 350 trabalhadores resgatados. Vale destacar a situação do Paraná, dominado pelo tucanato e por velhas oligarquias. Somente numa usina de açúcar e álcool, em Perobal, foram libertados 125 trabalhadores em condições desumanas.

Como aponta a CPT, estes números revelam que persiste no país esta "prática criminosa, mesmo diante de algumas ações de órgãos do governo e das organizações sociais que lutam pelo fim do trabalho escravo". O latifúndio e várias empresas "modernas" não vacilam em utilizar esta prática anterior ao próprio capitalismo para auferir maiores lucros. 

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