Por Renato Rabelo, em seu blog:
É uníssono o diagnóstico de que a inflação do mês de janeiro é causada, em grande medida, pela alta de alimentos. É unânime o diagnóstico de que se tratam de preços cujas altas não tendem a se repetir no tempo e que suas causas estão atreladas tanto ao clima quanto à variação do preço de commodities no mercado internacional.
Como se sabe, o interesse político das classes dominantes anda sempre junto com grandes interesses econômicos, sendo que grande parte desses interesses estão sendo seriamente afetados com a atual política de juros praticada pelo governo Dilma Rousseff. A base material desta gente com grande influência sobre a mídia, e que tende a apoiar incondicionalmente o candidato da oposição à presidência, reside justamente na taxa de juros e sobre seu poder de multiplicar riqueza sem a necessidade de se produzir nada.
Voltemos à raia miúda da análise com uma pergunta de fácil resposta: alguém de fato pode acreditar que a alta do preço do tomate pode ser enfrentada com elevação da taxa de juros? Será que o povo, que é quem tem interesse direto nesta questão, saca empréstimos no banco com o objetivo de comprar arroz, feijão, tomate, cebola etc? A resposta a esta questão elucida, de forma clara e direta, a campanha voraz da imprensa contra o “fantasma da inflação”. O que está em jogo é a base material que dá sustentação, política e econômica, para os maiores beneficiados pelo acordo tácito criado e engendrado pelo Plano Real. Ou seja, os beneficiados pela troca da inflação pela dívida pública.
O governo enfrenta esta campanha jogando peso na queda da inflação partindo da quebra do oligopólio do setor energético, reduzindo tarifas. Ótimo. Porém, o combate à inflação não pode ser justificativa para a intervenção do Banco Central no mercado de câmbio fazendo o dólar despencar, em questão de duas semanas, da casa dos R$ 2,10 para R$ 1,98. Isso num momento em que o próprio governo apela para a capacidade de investimento e endividamento do setor privado para tocar adiante grandes projetos capazes de fazer nosso país crescer de forma mais alta e linear. É contraditório, para não dizer que se trata de uma ação inaceitável.
É momento, também, para se pensar estrategicamente numa forma de se planificar e colocar à disposição do país um sistema de estoques e abastecimento capazes de preparar o Brasil para determinadas oscilações de oferta tanto no mercado interno, quanto no mercado externo.
A pressão da oposição é grande. E deve ser suficiente para que tenhamos capacidade e tenacidade de antever problemas, pensando em formas de enfrentá-los. Temos que estimular nossa antevisão, inclusive para deixarmos os inimigos de nosso país em dificuldades, sem ação.
É uníssono o diagnóstico de que a inflação do mês de janeiro é causada, em grande medida, pela alta de alimentos. É unânime o diagnóstico de que se tratam de preços cujas altas não tendem a se repetir no tempo e que suas causas estão atreladas tanto ao clima quanto à variação do preço de commodities no mercado internacional.
Como se sabe, o interesse político das classes dominantes anda sempre junto com grandes interesses econômicos, sendo que grande parte desses interesses estão sendo seriamente afetados com a atual política de juros praticada pelo governo Dilma Rousseff. A base material desta gente com grande influência sobre a mídia, e que tende a apoiar incondicionalmente o candidato da oposição à presidência, reside justamente na taxa de juros e sobre seu poder de multiplicar riqueza sem a necessidade de se produzir nada.
Voltemos à raia miúda da análise com uma pergunta de fácil resposta: alguém de fato pode acreditar que a alta do preço do tomate pode ser enfrentada com elevação da taxa de juros? Será que o povo, que é quem tem interesse direto nesta questão, saca empréstimos no banco com o objetivo de comprar arroz, feijão, tomate, cebola etc? A resposta a esta questão elucida, de forma clara e direta, a campanha voraz da imprensa contra o “fantasma da inflação”. O que está em jogo é a base material que dá sustentação, política e econômica, para os maiores beneficiados pelo acordo tácito criado e engendrado pelo Plano Real. Ou seja, os beneficiados pela troca da inflação pela dívida pública.
O governo enfrenta esta campanha jogando peso na queda da inflação partindo da quebra do oligopólio do setor energético, reduzindo tarifas. Ótimo. Porém, o combate à inflação não pode ser justificativa para a intervenção do Banco Central no mercado de câmbio fazendo o dólar despencar, em questão de duas semanas, da casa dos R$ 2,10 para R$ 1,98. Isso num momento em que o próprio governo apela para a capacidade de investimento e endividamento do setor privado para tocar adiante grandes projetos capazes de fazer nosso país crescer de forma mais alta e linear. É contraditório, para não dizer que se trata de uma ação inaceitável.
É momento, também, para se pensar estrategicamente numa forma de se planificar e colocar à disposição do país um sistema de estoques e abastecimento capazes de preparar o Brasil para determinadas oscilações de oferta tanto no mercado interno, quanto no mercado externo.
A pressão da oposição é grande. E deve ser suficiente para que tenhamos capacidade e tenacidade de antever problemas, pensando em formas de enfrentá-los. Temos que estimular nossa antevisão, inclusive para deixarmos os inimigos de nosso país em dificuldades, sem ação.
1 comentários:
1 – A política de juros estratosféricos da condução neoliberal da economia endividou o Brasil em 34% do PIB, correspondentes a R$ 1,408 trilhões (referido ao PIB de 2011) sem qualquer contrapartida para o país. Já se viu essa história de juro elevado antes.
2 – A demanda por alimentos é inelástica com juro, como sublinhado no artigo, e o aumento do juro, além disto, é deletério. Reduzir consumo de alimentos para conter a inflação, por um lado, imporia dificuldades econômicas aos consumidores de alimentos (o aumento do juro não reduziria a demanda por alimentos, afinal, as pessoas têm de comer; provocaria, porém, aumento de preço de bens que compõem a cesta de consumo dos que compram, também, comida) e, por outro lado, aumentaria a renda de rentistas (a rigor, categoria pior para o bem-estar geral do que a dos capitalistas clássicos, mas este é outro assunto), renda expropriada da produção, expropriação que deprime a economia. Aumentar juro para conter demanda por alimentos, reduzindo o consumo de outros bens que não os alimentos (a produção dos alimentos é subsidiada pelo Estado, o que anula, no segmento, o impacto do aumento do juro) não reduz a demanda por alimentos (mesmo que o preço deles aumente em razão do encarecimento dinheiro); aumenta o preço de outros bens (e reduz o lucro de seus produtores por causa da depressão da demanda); é prejudicial para os consumidores por induzir aumento de preços; e transfere recursos da produção para rentistas, os parasitas da nação.
3 – Não se reduz preço de comida reprimindo a demanda (uma crueldade, pois as pessoas têm de comer), mas aumentando a oferta. Como tem sido anunciado, o Brasil está por bater novo recorde de produção de grãos, 180 milhões de toneladas. Com esta produção, o país poderá até contribuir para desacelerar os preços internacionais dos alimentos, reduzindo a inflação aqui dentro também. Neste sentido, o Estado tem atuado positivamente subsidiando a produção de alimentos, tanto financeiramente, quanto tecnologicamente (via EMBRAPA, nunca suficientemente louvada). Tais ações governamentais, ao lado da redução do juro básico e do juro praticado por suas entidades financeiras, são as que verdadeiramente seguram a inflação, o resto é conversa fiada de rentista parasitário.
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