terça-feira, 9 de abril de 2013

Mídia, poder e contrapoder

Do sítio da Boitempo Editoral:

Dênis de Moraes, Ignacio Ramonet e Pascual Serrano assinam a seis mãos os ensaios que integram o livro Mídia, poder e contrapoder: da concentração monopólica à democratização da informação, a ser lançado pela Boitempo Editorial.

Organizada por Moraes, a obra reúne sete textos que fazem uma reflexão crítica sobre o poder mundial da mídia, a cultura tecnológica, a comunicação globalizada, o jornalismo contra-hegemônico em rede, as políticas públicas de direito à comunicação e a democratização da informação na América Latina.

A partir da convergência de afinidades dos jornalistas na análise sobre o complexo mundo da mídia e nas preocupações com o fluxo informacional do nosso cotidiano – após um debate do qual participaram juntos no Rio de Janeiro no final de 2011 –, surgiu para Moraes a ideia de um livro a três. “O ponto de partida de Mídia, poder e contrapoder é o compromisso comum de interpelar a contemporaneidade, cada vez mais midiatizada, tecnologizada e mercantilizada”, explica o organizador na introdução.

O momento histórico para Moraes é perturbador, permeado pelos fascínios compulsivos por objetos digitais que se conectam instantaneamente a “nuvens de computação” capazes de armazenar volume imensurável de informações. No entanto, em contraposição a esse quadro, o livro desenvolve reflexões que incorporam a dimensão da esperança, projetando‑a como elemento essencial nas disputas de sentido frente aos enfoques tendenciosos das máquinas midiáticas.

Na primeira parte, os jornalistas analisam formas e efeitos da colonização do imaginário social pela mídia corporativa; a configuração atual do sistema midiático, sob forte concentração monopólica em torno de megagrupos e dinastias familiares; as estratégias de comercialização de produtos culturais e manifestações artísticas; a subordinação de informações de interesse coletivo a ambições lucrativas; a retórica em favor da “liberdade de expressão”, que dissimula a intenção de fazer prevalecer a liberdade de empresa sobre as aspirações coletivas e a perda de credibilidade da imprensa.

Ramonet não se furta a discorrer sobre o fazer jornalismo, reconhece a proliferação de produtores de informação que a era digital criou e vaticina com propriedade: “O que está desaparecendo é principalmente o jornalismo de investigação”. A primeira parte do livro é encerrada pela necessária discussão de Pascual sobre liberdade de imprensa, uma temática que nunca se esgota e é apontada por ele dentro do cenário do “coronelismo”, dos fluxos financeiros, mas também das possibilidades de produção contra‑hegemônicas.

A partir do reconhecimento das mutações comunicacionais na internet, expostas na segunda parte do livro, os autores avaliam premissas e práticas em rede e possibilidades de reversão do sistema a partir da digitalização que, ao mesmo tempo, priorizam conteúdos vinculados à justiça social, aos direitos humanos e à diversidade cultural. Para eles, é imperativo exercitar, por meio do jornalismo crítico e colaborativo, um contrapoder na produção e na difusão alternativas, como os projetos promissores das agências virtuais de notícias latino‑americanas, consolidados como o portal Rebelión, de Madri, ou instigantes como o WikiLeaks.

A professora associada de comunicação da UFRJ, Raquel Paiva, avalia o livro como obra necessária por sua qualidade crítica. “Hoje, um sem‑número de livros sobre jornalismo é publicado regularmente. A maioria é interessante, mas poucos necessários, porque, para tanto, é preciso ir além da mera análise acadêmica para exercer plenamente a capacidade crítica e, acima de tudo, inscrever‑se como um material capaz de, a partir da hermenêutica traçada, perscrutar com cuidado o que se situa como perspectiva”, diz no prefácio.

Trecho do livro

“A cumplicidade do quarto poder com os poderes dominantes faz com que ele deixe de funcionar como tal, o que representa um grave problema para a democracia, pois não é possível concebê‑la sem o autêntico contrapoder da opinião pública. (...) Minha proposta é que todos nós participemos da criação de um quinto poder, que se expressaria mediante a crítica ao funcionamento dos meios de comunicação, papel que antes cabia ao quarto poder. O que um cidadão mais ou menos ativo numa sociedade democrática deve fazer? Questionar a forma como a mídia dá conta da realidade. Essa função crítica consiste em informar sobre a informação, que não é neutra, sempre é construída a partir de um ponto de vista. Portanto, revelar a quem pertence essa informação, quem ela está ajudando, em que medida ela é a expressão dos grupos privados que são seus proprietários já é uma maneira de se dizer para quem os meios de comunicação estão trabalhando. Isso é criar um quinto poder, ressignificando o que a opinião pública deve ser.” – Ignacio Ramonet em “A explosão do jornalismo na era digital”.

Sobre os autores

Dênis de Moraes, jornalista, é professor do Departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense e pesquisador do CNPq e da FAPERJ. Autor de Vozes abertas da América Latina: Estado, políticas públicas e democratização da comunicação (Mauad/Faperj, 2011), La cruzada de los medios en América Latina (Paidós, 2011) e Mutaciones de lo visible: comunicación y procesos culturales en la era digital (Paidós, 2010). Pela Boitempo, publicou O velho Graça: uma biografia de Graciliano Ramos (2012).

Ignacio Ramonet, jornalista, foi diretor de redação do Le Monde Diplomatique (1990-2008) e atualmente dirige a edição espanhola do mesmo jornal. Um dos idealizadores do Fórum Social Mundial, é presidente de honra da organização ATTAC. Publicou A explosão do jornalismo: das mídias de massa à massa de mídia (Publisher Brasil, 2012), Fidel Castro, biografia a duas vozes (Boitempo, 2006) e A tirania da comunicação (Vozes, 1999).

Pascual Serrano, jornalista, é diretor de redação do portal Rebelión, de Madri. Foi assessor editorial do canal multiestatal latino-americano Telesur. Autor de Periodismo canalla: los medios contra la información (Icaria, 2012), Contra la neutralidad. Tras los pasos de John Reed, Ryzard Kapuściński, Edgar Snow, Rodolfo Walsh y Robert Capa (Península, 2011) e Desinformación. Cómo los medios ocultan el mundo (Península, 2009).

Ficha técnica

Título: Mídia, poder e contrapoder
Subtítulo: da concentração monopólica à democratização da informação
Autores: Dênis de Moraes (org.), Ignacio Ramonet e Pascual Serrano
Prefácio: Raquel Paiva
Orelha: Milton Temer
ISBN: 978-85-7559-318-9
Páginas: 184
Preço: R$ 26,00
Editoras: Boitempo / Faperj

4 comentários:

Anônimo disse...


“Vai que é teu, ‘cheirosos’!”
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Tribunal da Justiça: Aécio é réu e será julgado por desvio de 4,3 bilhões da saude
TJMG confirma: Aécio Neves é réu e será julgado por desvio de R$4,3 bi da saúde
Por Rogério Correia em seu blog
05/04/2013
Em http://mariafro.com/2013/04/09/37159/
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UMA OPOSIÇÃO PELO AMOR DE DEUS!…
… República da [eterna] OPOSIÇÃO AO BRASIL… ABESTADA, indecorosa, AÉTICA, traidora, despudorada, fascista, aloprada, alienada, histriônica, impunemente terrorista, MENTEcapta, néscia, golpista de meia-tigela, antinacionalista, corrupta… ‘O cheiro dos cavalos ao do povo!’ (“elite estúpida que despreza as próprias ignorâncias”, lembrando o enunciado lapidar do eminente escritor uruguaio Eduardo Galeano)
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

Anônimo disse...



“Acusado é que prova inocência ficou no 'acordão'?”
— Evandro Silva

“Visanet é estatal ficou no 'acordão' ?” — Hermes Persa

“BV ferra o Pizollatto e livra a Globo - isso está no 'acordão' ?”
— David Ogilvy

em http://www.conversaafiada.com.br/

Anônimo disse...


JANIO REVÊ O MENSALÃO.
O QUE FAZ DELE UM MENTIRÃO
Que ministros do STF terão a coragem de admitir que erraram ?

Publicado em 09/04/2013
em http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2013/04/09/janio-reve-o-mensalao-o-que-faz-dele-um-mentirao/

JANIO DE FREITAS

Questões para os juízes
Elementos novos incidem sobre pontos decisivos no teor da acusação do mensalão

OS MINISTROS do Supremo Tribunal Federal vão deparar com grandes novidades em documentos e dados, quando apreciem os recursos à sentença formal, esperada para os próximos dias, da ação penal 470 ou caso mensalão. Muitos desses elementos novos provêm de fontes oficiais e oficiosas, como Banco do Brasil, Tribunal de Contas da União e auditorias. E incidem sobre pontos decisivos no teor da acusação e em grande número dos votos orais no STF.

A complexidade e a dimensão das investigações e, depois, da ação penal deram-lhes muitos pontos cruciais, para a definição dos rumos desses trabalhos. Dificuldades a que se acrescentaram problemas como a exiguidade de prazo certa vez mencionada pelo encarregado do inquérito na Polícia Federal, delegado Luiz Flávio Zampronha. Inquérito do qual se originou, por exemplo, um ponto fundamental na acusação apresentada ao STF pela Procuradoria Geral da República e abrigada pelo tribunal.

Trata-se, aí, do apontado repasse de quase R$ 74 milhões à DNA Propaganda, dinheiro do Banco do Brasil via fundo Visanet, sem a correspondente prestação de quaisquer serviços, segundo a perícia criminal da PF. Estariam assim caracterizados peculato do dirigente do BB responsável pelo repasse e, fator decisivo em muitas condenações proferidas, desvio de dinheiro público.

Por sua vez, perícia de especialistas do Banco do Brasil concluiu pela existência das comprovações necessárias de que os serviços foram prestados pela DNA. E de que foi adequado o pagamento dos R$ 73,850 milhões, feito com recursos da sociedade Visanet e não do BB, como constou. Perícia e documentos que os ministros vão encontrar em breve.

No mesmo ponto da ação, outra incidência decisiva está revista: nem Henrique Pizzolato era o representante do Banco do Brasil junto à Visanet nem assinou sozinho contrato, pagamento ou aporte financeiro. Documento do BB vai mostrar esses atos sempre assinados pelo conjunto de dirigentes setoriais (vários nomeados ainda por Fernando Henrique e então mantidos por Lula). A propósito: os ministros talvez não, mas os meios de comunicação sabem muito bem o que é e como funciona a "bonificação por volume", em transações de publicidade e marketing, que figurou com distorção acusatória no quesito BB/Visanet/DNA do julgamento.

A indagação que os novos documentos e dados trazem não é, porém, apenas sobre elementos de acusação encaminhados pela Procuradoria-Geral -aparentemente nem sempre testada a afirmação policial- e utilizados em julgamento do Supremo. Um aspecto importante diz respeito ao próprio Supremo. Quantos dos seus ministros serão capazes de debruçar-se com neutralidade devida pelos juízes, sem predisposição alguma, sobre os recursos que as defesas apresentem? E, se for o caso, reconsiderar conceitos ou decisões -o que, afinal de contas, é uma eventualidade a que o juiz se tornou sujeito ao se tornar juiz, ou julga sem ser magistrado.

Pode haver pressentimento, sugerido por ocasiões passadas, mas não há resposta segura para as interrogações. Talvez nem de alguns dos próprios juízes para si mesmos.

Anônimo disse...


errata desprezível: ENGRAÇADO: um matuto leigo em jurisprudência concebe as premissas acima! Será o que *[Luiz] Fux as desconhece?!…

Saudações democráticas, progressistas, civilizatórias, nacionalistas e antigolpistas,
BRASIL (QUASE-)NAÇÃO [Depende de nós!]
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo