Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
Eu acho que nossos antropólogos de ocasião deveriam fazer um esforço e não discutir o que fazer com o rolezinho.
Ninguém discute o que fazer com as alunas do colégio Vera Cruz quando saem elas em grupo para um passeio no shopping center Iguatemi. Ou quando a turma do Mackenzie vai até o Shopping Higienópolis.
Explico: ao perguntar o que fazer estamos perguntando se temos - ainda - o direito de segregar e excluir.
Salvo, é claro, se alguém estiver com a ideia - utópica, mas realmente muito boa - de receber essa turma com flores, abraços e quem sabe um pedido de desculpas.
Não tem governo que pede desculpas pela tortura, pela opressão? Estamos falando de que quando olhamos para esses garotos?
A pergunta "o que fazer ?" indica um preconceito que, como é natural em nossa cultura, não ousa dizer seu nome.
Falamos rolezinho para não falar em garotos negros, pobres, da periferia. São 500 anos de história embutidos neste vocábulo de 9 letras.
Não queremos admitir que, de nosso ponto de vista, de nossa cultura, eles são " estranhos", " diferentes" e, por isso mesmo, amedrontam uma parte de nossos vizinhos - e provocam ímpetos agressivos, um fascismo adormecido, em outros.
No fundo, não conseguimos conviver naturalmente com essas pessoas. Quando eles se aproximam, a pergunta é sempre a mesma: o que eles estão fazendo aqui? No fundo, é uma versão menos completa da frase verdadeira: será que não conhecem o seu lugar?
O problema é que você pode não ter percebido mas o mundo está mudando. O rolezinho é uma
forma simpática, brasileira, típica daquela dialética da esperteza que tantas pessoas apreciam - em especial quando os pobres podem ser mantidos à distancia, como objeto de estudo, mas não como sujeitos de uma existência coletiva.
Quem não entendeu isso está como aqueles burgueses de Diderot, que não entenderam nada e são incapazes de entender que podemos viver num mundo muito melhor.
Eu acho que nossos antropólogos de ocasião deveriam fazer um esforço e não discutir o que fazer com o rolezinho.
Ninguém discute o que fazer com as alunas do colégio Vera Cruz quando saem elas em grupo para um passeio no shopping center Iguatemi. Ou quando a turma do Mackenzie vai até o Shopping Higienópolis.
Explico: ao perguntar o que fazer estamos perguntando se temos - ainda - o direito de segregar e excluir.
Salvo, é claro, se alguém estiver com a ideia - utópica, mas realmente muito boa - de receber essa turma com flores, abraços e quem sabe um pedido de desculpas.
Não tem governo que pede desculpas pela tortura, pela opressão? Estamos falando de que quando olhamos para esses garotos?
A pergunta "o que fazer ?" indica um preconceito que, como é natural em nossa cultura, não ousa dizer seu nome.
Falamos rolezinho para não falar em garotos negros, pobres, da periferia. São 500 anos de história embutidos neste vocábulo de 9 letras.
Não queremos admitir que, de nosso ponto de vista, de nossa cultura, eles são " estranhos", " diferentes" e, por isso mesmo, amedrontam uma parte de nossos vizinhos - e provocam ímpetos agressivos, um fascismo adormecido, em outros.
No fundo, não conseguimos conviver naturalmente com essas pessoas. Quando eles se aproximam, a pergunta é sempre a mesma: o que eles estão fazendo aqui? No fundo, é uma versão menos completa da frase verdadeira: será que não conhecem o seu lugar?
O problema é que você pode não ter percebido mas o mundo está mudando. O rolezinho é uma
forma simpática, brasileira, típica daquela dialética da esperteza que tantas pessoas apreciam - em especial quando os pobres podem ser mantidos à distancia, como objeto de estudo, mas não como sujeitos de uma existência coletiva.
Quem não entendeu isso está como aqueles burgueses de Diderot, que não entenderam nada e são incapazes de entender que podemos viver num mundo muito melhor.
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