Por Altamiro Borges
O vídeo acima bombou na internet nesta semana. Ele mostra o irritadiço senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que adora bravatear sobre a liberdade de expressão dos monopólios midiáticos, partindo para baixaria contra o blogueiro Rodrigo Grassi. “Vai para puta que pariu, seu vagabundo”, esbraveja o descontrolado tucano. Diante da cena grotesca, que mereceria chamadas nas capas dos jornalões, comentários hidrófobos nas tevês e notas de repúdio da SIP, Abert, ANJ e de outros antros dos donos da imprensa – lógico se os palavrões fossem proferidos por algum “censor” de esquerda –, a mídia simplesmente fez silêncio. Ou pior: ela tomou as dores do agressivo senador tucano.
A revista Veja desta semana foi a mais patética nesta manipulação. Ela fez de conta que o vídeo não existe. Afirma, negando as próprias imagens, que Aloysio Nunes apenas reagiu a uma provocação e chamou o blogueiro de “cafajeste”. Veja nem destacou o termo “puta que o pariu”, talvez por pudores ou pelo código de ética da redação. Ela ainda acusou Grassi de ter atirado uma garrafa de água no senador, o que já foi desmentido em outro vídeo e virou piada da “garrafinha de papel”, relembrando a lambança de José Serra. No texto “Talibãs à solta”, a revista tenta transformar o violento tucano em vítima e o blogueiro "petista" em vilão. Ela inverte o que está registrado no vídeo e que já rodou o mundo, graças à internet.
O esforço para ofuscar a cena ou inverter os papéis não coube apenas ao “detrito de maré baixa”, à revista Veja. O Globo também inocentou o senador e atacou o blogueiro – os “calunistas” da famiglia Marinho odeiam a blogosfera. Já Ricardo Boechat, da Band, chamou os blogueiros de “vagabundos” – e depois ele reclama dos ataques raivosos de Rachel Sheherazade, sua concorrente do SBT. Diante de tanta manipulação, que apenas se explica porque haverá eleição neste ano e a mídia já ergueu seu palanque para Aécio Neves, o cambaleante presidenciável tucano – que chegou a aventar o nome de Aloysio Nunes na vice –, vale repetir a expressão do truculento senador, porém de forma pudica: “pqp”!
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