Por Leandro Lima, no blog Pé de Página:
Recentemente a revista semanal Fantástico da rede Globo fez uma grande reportagem com Edward Snowden, foragido dos Estados Unidos, provisoriamente residindo na Rússia até agosto, quando seu visto de permanência nesse país termina.
Entendo que a reportagem, apesar de ser um furo, um trabalho bem feito, tem um objetivo: endossar o suposto pedido de Snowden por asilo no Brasil. Suposto por que o Itamaraty informa que nunca recebeu qualquer pedido oficial do senhor Snowden e este, por sua vez, disse à repórter Sônia Bridi que sim, que havia enviado o pedido.
Enviado ou não o pedido de asilo, ofereço aqui minha opinião sobre a resposta deste pedido, em contraposição humilde ao excelente jornalista Altamiro Borges, do Blog do Miro.
Segundo texto do Wikipedia, Snowden passou a ser foragido a partir de maio de 2013, quando viajou para Hong Kong para entregar os documentos comprobatórios das vigilâncias ilegais da NSA à países "aliados" à um advogado e uma escritora, ambos americanos. Em agosto do mesmo ano, esses documentos começaram a ser revelados. Em outubro, dois meses depois, seria realizado o tão aguardado Leilão do campo de Libra, segundo a BBC, o maior campo petrolífero do Brasil.
Naquele momento, as revelações de Snowden bateram diretamente na mesa do leilão, divulgando que um dos objetos de espionagem da NSA seria justamente a Petrobras, evidenciando a finalidade comercial. Especulou-se naquele tempo que o leilão pudesse ser cancelado por causa das acusações. Em outubro, final do ano de 2013, o governo federal contava com esse leilão para fechar as contas e a sua não realização geraria muita pauta para a oposição.
Outro ponto que não se pode deixar de mencionar é que o leilão foi um grande golpe contra os Estados Unidos. Em 2009, o wikileaks já havia divulgado documento mostrando o interesse dos Estados Unidos em reverter a lei de partilha adotada no leilão. A derrota foi maior ainda, além de não impedir a lei de partilha, o leilão foi vencido pelo consórcio formado pela francesa Total, que leva 20% da extração de petróleo, pela Anglo-Holandesa Shell que leva outros 20%, pela Petrobras que leva 40% e pelas chinesas CNPC e CNOOC que levam cada uma 10%.
Analisando o resumo dos dados revelados por Snowden, não tiro o mérito. É importante que alguém batesse o pé cutucasse o mundo inteiro com a questão. Mas me questiono, até que ponto não sabíamos disso. Qualquer menino da era internet sabe como são frágeis as comunicações online, sabemos da nossa exposição. Uma vez um professor disse na faculdade: "se há comunicação, ela pode ser interceptada". Isso é claro, podemos nos comunicar por correio, por moleque, por sinal de fumaça, se esses dados forem de grande interesse e houver recursos para tal, a comunicação vai ser interceptada. Seria muita inocência acreditar que não sabíamos disso.
Então, o que Snowden trouxe de novo? Trouxe documentos que provam a nossa suspeita. Ótimo! E daí?? Ele pode trazer o que quiser, não adianta, como não adiantou. As interceptações, se não completamente ilegais, são anti-éticas, são imorais. Os Estados Unidos são imorais, não seguem regras, não seguem convenções. Os documentos não serviram para eliminar essas ações abomináveis. Como aponta o Blog do Miro, a NSA aparentemente está aumentando ainda mais a vigilância, agora com reconhecimento facial.
Dilma falou à ONU, Merkel também e nada, não serviu para nada! Ou melhor, serviu sim. Serviu para causar constrangimento ao leilão do pré-sal, constrangimento diplomático entre Brasil e EUA, constrangimento político à Dilma Rousseff que foi colocada na parede, entre ser a presidente que estremeceu as relações comerciais/diplomáticas com um dos maiores laços comerciais do Brasil e ser a presidente que ouviu que teve até suas conversas telefônicas privadas serem espionadas e baixou a cabeça para os EUA.
Dilma felizmente contornou a situação com um jogo de cintura invejável e saiu sem maiores problemas dessa corda bamba. No caso do leilão, o governo o levou no peito e na raça e cravou uma grande derrota ao governo americano, aumentando laços com seu maior concorrente, a China. Felizmente, o ônus dessa história de James Bond ainda não abateu o governo Dilma.
Agora, no dia 3 de junho, as véspera da Copa, Snowden aparece novamente, confirmando que seu asilo na Rússia termina em agosto, exatamente dois meses antes das eleições presidenciais.
O que observamos é que coincidência ou não, temos aí dois momentos críticos na política e economia brasileira sendo precedidos, nos dois casos, dois meses antes, por verdadeiras bombas de Snowden. Essas situações são constrangedoras e extremamente delicadas e caem no colo exclusivo do governo Dilma.
Com tudo o que Snowden provocou, ainda não foi gerado desgastes suficientes para derrubar Dilma. Mas novamente aparece Snowden. Dessa vez reforçando que já pediu formalmente ao governo brasileiro o asilo político. Primeiramente, e me permito ser corrigido, Snowden não é um foragido político, ele é um desertor militar. Seu posto dentro da NSA é fruto de uma carreira no exército e na CIA. Ele foi inclusive agente espião de campo. Como ele mesmo fala em sua entrevista à Globo, não há um julgamento justo esperando por ele, ele vai ser julgado por tribunal militar se voltar ao seu país.
Avaliemos agora a situação pré asilo. Digamos que o Itamaraty indefira o asilo. Será pressionado por muitos brasileiros e internacionalmente por não oferecer socorro a um "herói" internacional! Digamos que ele então seja asilado aqui. Voltamos então à questão política, econômica e diplomática entre Brasil e EUA. Obviamente, a extradição será solicitada e o Brasil, com suas regras de extradição, não vai aceitar. Aqui podemos supor duas hipóteses, a primeira, já levantada pelo Snowden em seus pesadelos, na reportagem da Globo, de que mercenários americanos venham aqui e o tirem a força, ou pior, o matem aqui mesmo.
A segunda hipótese é que os Estados Unidos respeitem a decisão brasileira. O problema é que já vimos que os Estados Unidos são imorais! Assim, me questiono, o que aconteceria com a imagem do Brasil se o senhor Snowden morresse em solo brasileiro? Ou se fosse capturado aqui? E mais, o que aconteceria se não fizéssemos nada, se não reagíssemos a um golpe tão grave à soberania brasileira. Uma coisa é não reagir tão firmemente às espionagens declaradas outra é não reagir à uma invasão deliberada.
Um ponto que me chama muita atenção ainda é o seguinte. A Globo cobriu tanto a revelação dos documentos quanto a atual reportagem e indicou abertamente o interesse em trazer Snowden para o Brasil. O conteúdo das perguntas realizadas descaradamente reforçam o pedido de asilo. Sabe-se que a Globo não tem um bom relacionamento com o governo petista, e, por outro lado tem laços históricos com os Estados Unidos e suas políticas imperialistas.
Outro ponto me chama atenção: por que nenhum outro país? Por que a própria Rússia que sempre se esforçou para contrariar os Estados Unidos não renova o visto dele? Por que não a China por exemplo? Não quero sugerir que seja, mas levanto a hipótese de que, como disse o próprio Snowden na entrevista à Globo, ele ainda trabalhe para os Estados Unidos e que toda essa novela seja uma grande ação do próprio governo americano para instalar no Brasil um espião acima de qualquer suspeita.
Assim, minha opinião é que oferecer asilo ao ex-espião Edward Snowden é uma questão muito delicada que merece uma análise muito criteriosa. Não nos deixemos enganar pela marca de super-herói e os óculos de Clark Kent.
Recentemente a revista semanal Fantástico da rede Globo fez uma grande reportagem com Edward Snowden, foragido dos Estados Unidos, provisoriamente residindo na Rússia até agosto, quando seu visto de permanência nesse país termina.
Entendo que a reportagem, apesar de ser um furo, um trabalho bem feito, tem um objetivo: endossar o suposto pedido de Snowden por asilo no Brasil. Suposto por que o Itamaraty informa que nunca recebeu qualquer pedido oficial do senhor Snowden e este, por sua vez, disse à repórter Sônia Bridi que sim, que havia enviado o pedido.
Enviado ou não o pedido de asilo, ofereço aqui minha opinião sobre a resposta deste pedido, em contraposição humilde ao excelente jornalista Altamiro Borges, do Blog do Miro.
Segundo texto do Wikipedia, Snowden passou a ser foragido a partir de maio de 2013, quando viajou para Hong Kong para entregar os documentos comprobatórios das vigilâncias ilegais da NSA à países "aliados" à um advogado e uma escritora, ambos americanos. Em agosto do mesmo ano, esses documentos começaram a ser revelados. Em outubro, dois meses depois, seria realizado o tão aguardado Leilão do campo de Libra, segundo a BBC, o maior campo petrolífero do Brasil.
Naquele momento, as revelações de Snowden bateram diretamente na mesa do leilão, divulgando que um dos objetos de espionagem da NSA seria justamente a Petrobras, evidenciando a finalidade comercial. Especulou-se naquele tempo que o leilão pudesse ser cancelado por causa das acusações. Em outubro, final do ano de 2013, o governo federal contava com esse leilão para fechar as contas e a sua não realização geraria muita pauta para a oposição.
Outro ponto que não se pode deixar de mencionar é que o leilão foi um grande golpe contra os Estados Unidos. Em 2009, o wikileaks já havia divulgado documento mostrando o interesse dos Estados Unidos em reverter a lei de partilha adotada no leilão. A derrota foi maior ainda, além de não impedir a lei de partilha, o leilão foi vencido pelo consórcio formado pela francesa Total, que leva 20% da extração de petróleo, pela Anglo-Holandesa Shell que leva outros 20%, pela Petrobras que leva 40% e pelas chinesas CNPC e CNOOC que levam cada uma 10%.
Analisando o resumo dos dados revelados por Snowden, não tiro o mérito. É importante que alguém batesse o pé cutucasse o mundo inteiro com a questão. Mas me questiono, até que ponto não sabíamos disso. Qualquer menino da era internet sabe como são frágeis as comunicações online, sabemos da nossa exposição. Uma vez um professor disse na faculdade: "se há comunicação, ela pode ser interceptada". Isso é claro, podemos nos comunicar por correio, por moleque, por sinal de fumaça, se esses dados forem de grande interesse e houver recursos para tal, a comunicação vai ser interceptada. Seria muita inocência acreditar que não sabíamos disso.
Então, o que Snowden trouxe de novo? Trouxe documentos que provam a nossa suspeita. Ótimo! E daí?? Ele pode trazer o que quiser, não adianta, como não adiantou. As interceptações, se não completamente ilegais, são anti-éticas, são imorais. Os Estados Unidos são imorais, não seguem regras, não seguem convenções. Os documentos não serviram para eliminar essas ações abomináveis. Como aponta o Blog do Miro, a NSA aparentemente está aumentando ainda mais a vigilância, agora com reconhecimento facial.
Dilma falou à ONU, Merkel também e nada, não serviu para nada! Ou melhor, serviu sim. Serviu para causar constrangimento ao leilão do pré-sal, constrangimento diplomático entre Brasil e EUA, constrangimento político à Dilma Rousseff que foi colocada na parede, entre ser a presidente que estremeceu as relações comerciais/diplomáticas com um dos maiores laços comerciais do Brasil e ser a presidente que ouviu que teve até suas conversas telefônicas privadas serem espionadas e baixou a cabeça para os EUA.
Dilma felizmente contornou a situação com um jogo de cintura invejável e saiu sem maiores problemas dessa corda bamba. No caso do leilão, o governo o levou no peito e na raça e cravou uma grande derrota ao governo americano, aumentando laços com seu maior concorrente, a China. Felizmente, o ônus dessa história de James Bond ainda não abateu o governo Dilma.
Agora, no dia 3 de junho, as véspera da Copa, Snowden aparece novamente, confirmando que seu asilo na Rússia termina em agosto, exatamente dois meses antes das eleições presidenciais.
O que observamos é que coincidência ou não, temos aí dois momentos críticos na política e economia brasileira sendo precedidos, nos dois casos, dois meses antes, por verdadeiras bombas de Snowden. Essas situações são constrangedoras e extremamente delicadas e caem no colo exclusivo do governo Dilma.
Com tudo o que Snowden provocou, ainda não foi gerado desgastes suficientes para derrubar Dilma. Mas novamente aparece Snowden. Dessa vez reforçando que já pediu formalmente ao governo brasileiro o asilo político. Primeiramente, e me permito ser corrigido, Snowden não é um foragido político, ele é um desertor militar. Seu posto dentro da NSA é fruto de uma carreira no exército e na CIA. Ele foi inclusive agente espião de campo. Como ele mesmo fala em sua entrevista à Globo, não há um julgamento justo esperando por ele, ele vai ser julgado por tribunal militar se voltar ao seu país.
Avaliemos agora a situação pré asilo. Digamos que o Itamaraty indefira o asilo. Será pressionado por muitos brasileiros e internacionalmente por não oferecer socorro a um "herói" internacional! Digamos que ele então seja asilado aqui. Voltamos então à questão política, econômica e diplomática entre Brasil e EUA. Obviamente, a extradição será solicitada e o Brasil, com suas regras de extradição, não vai aceitar. Aqui podemos supor duas hipóteses, a primeira, já levantada pelo Snowden em seus pesadelos, na reportagem da Globo, de que mercenários americanos venham aqui e o tirem a força, ou pior, o matem aqui mesmo.
A segunda hipótese é que os Estados Unidos respeitem a decisão brasileira. O problema é que já vimos que os Estados Unidos são imorais! Assim, me questiono, o que aconteceria com a imagem do Brasil se o senhor Snowden morresse em solo brasileiro? Ou se fosse capturado aqui? E mais, o que aconteceria se não fizéssemos nada, se não reagíssemos a um golpe tão grave à soberania brasileira. Uma coisa é não reagir tão firmemente às espionagens declaradas outra é não reagir à uma invasão deliberada.
Um ponto que me chama muita atenção ainda é o seguinte. A Globo cobriu tanto a revelação dos documentos quanto a atual reportagem e indicou abertamente o interesse em trazer Snowden para o Brasil. O conteúdo das perguntas realizadas descaradamente reforçam o pedido de asilo. Sabe-se que a Globo não tem um bom relacionamento com o governo petista, e, por outro lado tem laços históricos com os Estados Unidos e suas políticas imperialistas.
Outro ponto me chama atenção: por que nenhum outro país? Por que a própria Rússia que sempre se esforçou para contrariar os Estados Unidos não renova o visto dele? Por que não a China por exemplo? Não quero sugerir que seja, mas levanto a hipótese de que, como disse o próprio Snowden na entrevista à Globo, ele ainda trabalhe para os Estados Unidos e que toda essa novela seja uma grande ação do próprio governo americano para instalar no Brasil um espião acima de qualquer suspeita.
Assim, minha opinião é que oferecer asilo ao ex-espião Edward Snowden é uma questão muito delicada que merece uma análise muito criteriosa. Não nos deixemos enganar pela marca de super-herói e os óculos de Clark Kent.
5 comentários:
Quando diz que gostaria de vir para o Brasil, o Snowdem não tem a mínima noção da besteira que faria. Ele não duraria 1 mês vivo aqui. Na certa iriam assassiná-lo em alguma esquina ou, muito provavelmente, seria envenenado.
ESPIAO ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA ESTA FORA DE QUESTAO. Os EUA nao iria correr o risco de deixar um agente revelar o que Snowden revelou so para colocar um espiao aqui no Brasil. nao tem cabimento. MESMOS PORQUE AGENTES AMERICANOS AQUI É O QUE NAO FALTA. ESTA INFESTADO EM MUITAS REPARTICOES E BANCOS PRIVADOS COMO CITY BANK
Snowden no Brasil e um verdadeiro cavalo de Tróia,seria uma verdadeira igenuidade do governo e de quem acreditar nisto,dar asilo ao Snowden não vai ser um tiro no pé,vai ser um tiro na cabeça.
Viu como está acima de qualquer suspeita! Um ponto importante é que Snowden é um especialista, como se definiu em uma oportunidade, um gênio da computação. Ao que ele teria acesso aqui?
Uma vergonha o governo brasileiro continuar negando que Edward Snowden pediu asilo ao país. Pior ainda é e Dilma dizer, dois dias depois de Snowden confirmar o pedido na telvisão, que o Brasil está namorando os EUA. é o cúmulo da sabujice.
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