Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Um fato foi, essencialmente, o responsável pela condução do governo de orientação popular e inclusiva a uma situação de risco eleitoral.
O produto da inclusão, sem política e politização, é uma classe média sem valores senão os imediatos, como são os próprios do consumo e com uma moralidade que tudo tolera na apropriação privada da riqueza e vê no Estado – mudo ou com um discurso pasteurizado – apenas um serviçal (ou um estorvo) e não o indutor de sua própria ascensão.
Num ótimo artigo sobre este tema, o professor de Comunicação Wilson Roberto Vieira explica: “Na medida em que a cidadania é reduzida ao consumo como signo da mobilidade social, a ideologia que vai dar a “liga” para esse imaginário é a meritocracia: a crença de que sua suposta ascensão social foi conseguida graças ao mérito do estudo e melhora da capacitação profissional por caminhos duros e sofridos de renúncia e poupança – a única forma do salário almejar alguma ascensão real, renunciando a necessidades de reprodução da própria força de trabalho alimentação, entretenimento, cultura etc.”
Um outro fato, de sentido inverso, é a tábua de salvação – e creio que será salvadora, mesmo – deste mesmo governo de sentido popular e inclusivo: a memória da população que, embora esmaecida por mais de uma década de mudanças, só é capaz de percebê-las quando diante da possibilidade de volta ao passado, muito mais que da percepção de uma caminhada ao futuro.
Não é hora nem lugar para analisar o processo que, em dois parágrafos é tão resumido quanto perceptível.
Não há a menor dúvida de que o caminho da reeleição da Presidenta Dilma passa muito menos pela percepção de que os avanços sociais se deveram às efetivas ações desenvolvimentistas e de promoção social que ela realizou, em continuidade a Lula do que pela sobrevivência, impressa na memória do povo brasileiro, do que foram os anos FHC.
A discussão ideológica não é um “capricho” de esquerdistas idosos, mas uma ferramenta de interpretação da realidade, uma bússola em meio aos nevoeiros e às cortinas de fumaça construídos pelo o intocado aparato – monolítico e imperial – de uma mídia oligárquica.
Uma ferramenta da qual se abriu mão, salvo por momentos, em nome de uma “política propositiva”.
A campanha eleitoral, como o papel, aceita tudo. Do 13° do Bolsa Família à promessa de reduzir a inflação a 3% e produzir polpudos superávits primários sem fazer arrocho no salário, no crédito e cortes nos gastos sociais.
Muito bom se fosse diferente, mas não é, porque a dominância do discurso conservador, aceito passivamente na tentativa de agradar a todos e a tudo institucionalizar na forma “republicana”, como se as formalidades republicanas, de per si, um dia houvessem trazido justiça e progresso social.
Essa será, se a quisermos vencer, de novo e outra vez, uma eleição que depende de que este país se absorva da ideia de que não é o mérito individual o motor do progresso social, embora faça parte dele.
Deixou-se de dizer e mostrar ao povo brasileiro que ele veio, no pouco que temos, de um processo de lutas sociais que atravessa séculos e que nunca se deu sem confrontar o ranço das elites.
O PT e seu Governo devem olhar bem para o que são e para com quem conta, nas horas do combate e deixar de lado a pretensão de ser de ”todos”, algo que se esfumaça a cada embate, um vício que Darcy Ribeiro selou com a frase sobre querer ser “a esquerda que a direita gosta”.
Porque, afinal, a direita não gosta dela, não.
Tanto que despreza e odeia, mesmo quando seus privilégios são intocados.
A classe dominante brasileira é burra, tão burra que não quer ser a elite de um país imenso.
Prefere ser o capataz de uma colônia.
Um fato foi, essencialmente, o responsável pela condução do governo de orientação popular e inclusiva a uma situação de risco eleitoral.
O produto da inclusão, sem política e politização, é uma classe média sem valores senão os imediatos, como são os próprios do consumo e com uma moralidade que tudo tolera na apropriação privada da riqueza e vê no Estado – mudo ou com um discurso pasteurizado – apenas um serviçal (ou um estorvo) e não o indutor de sua própria ascensão.
Num ótimo artigo sobre este tema, o professor de Comunicação Wilson Roberto Vieira explica: “Na medida em que a cidadania é reduzida ao consumo como signo da mobilidade social, a ideologia que vai dar a “liga” para esse imaginário é a meritocracia: a crença de que sua suposta ascensão social foi conseguida graças ao mérito do estudo e melhora da capacitação profissional por caminhos duros e sofridos de renúncia e poupança – a única forma do salário almejar alguma ascensão real, renunciando a necessidades de reprodução da própria força de trabalho alimentação, entretenimento, cultura etc.”
Um outro fato, de sentido inverso, é a tábua de salvação – e creio que será salvadora, mesmo – deste mesmo governo de sentido popular e inclusivo: a memória da população que, embora esmaecida por mais de uma década de mudanças, só é capaz de percebê-las quando diante da possibilidade de volta ao passado, muito mais que da percepção de uma caminhada ao futuro.
Não é hora nem lugar para analisar o processo que, em dois parágrafos é tão resumido quanto perceptível.
Não há a menor dúvida de que o caminho da reeleição da Presidenta Dilma passa muito menos pela percepção de que os avanços sociais se deveram às efetivas ações desenvolvimentistas e de promoção social que ela realizou, em continuidade a Lula do que pela sobrevivência, impressa na memória do povo brasileiro, do que foram os anos FHC.
A discussão ideológica não é um “capricho” de esquerdistas idosos, mas uma ferramenta de interpretação da realidade, uma bússola em meio aos nevoeiros e às cortinas de fumaça construídos pelo o intocado aparato – monolítico e imperial – de uma mídia oligárquica.
Uma ferramenta da qual se abriu mão, salvo por momentos, em nome de uma “política propositiva”.
A campanha eleitoral, como o papel, aceita tudo. Do 13° do Bolsa Família à promessa de reduzir a inflação a 3% e produzir polpudos superávits primários sem fazer arrocho no salário, no crédito e cortes nos gastos sociais.
Muito bom se fosse diferente, mas não é, porque a dominância do discurso conservador, aceito passivamente na tentativa de agradar a todos e a tudo institucionalizar na forma “republicana”, como se as formalidades republicanas, de per si, um dia houvessem trazido justiça e progresso social.
Essa será, se a quisermos vencer, de novo e outra vez, uma eleição que depende de que este país se absorva da ideia de que não é o mérito individual o motor do progresso social, embora faça parte dele.
Deixou-se de dizer e mostrar ao povo brasileiro que ele veio, no pouco que temos, de um processo de lutas sociais que atravessa séculos e que nunca se deu sem confrontar o ranço das elites.
O PT e seu Governo devem olhar bem para o que são e para com quem conta, nas horas do combate e deixar de lado a pretensão de ser de ”todos”, algo que se esfumaça a cada embate, um vício que Darcy Ribeiro selou com a frase sobre querer ser “a esquerda que a direita gosta”.
Porque, afinal, a direita não gosta dela, não.
Tanto que despreza e odeia, mesmo quando seus privilégios são intocados.
A classe dominante brasileira é burra, tão burra que não quer ser a elite de um país imenso.
Prefere ser o capataz de uma colônia.
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