Por Altamiro Borges
O governador Beto Richa, reeleito no Paraná, nunca suportou a liberdade de expressão. Que o diga o blogueiro Esmael Morais, vítima de vários processos do truculento tucano. Mas agora, diante do agravamento da crise no Estado – expresso, inclusive, na disparada dos índices de violência –, ele resolveu perseguir até os jornalistas da mídia tradicional. Nesta quinta-feira (22), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou uma nota em repúdio à prisão de Iverson Vaz, repórter da CNT, e aos ataques do novo secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini, ao colunista Celso Nascimento, do jornal Gazeta do Povo.
Iverson Vaz foi preso pela Polícia Militar quando fazia a cobertura sobre os assaltos aos caixas eletrônicos em Curitiba para o “Programa 190”, da CNT. Ele foi acusado de desacato à autoridade e foi preso diante das câmaras de TV, ao vivo. Já o jornalista Celso Nascimento, que criticou a “cultura de violência” da PM do Paraná em sua coluna na Gazeta do Povo, foi achincalhado pelo secretário de Segurança. Em seu Facebook, Francischini o acusou de tentar subornar policiais quando foi flagrado numa infração de trânsito na capital paranaense. Celso Nascimento negou a “carteirada” e acusou os policiais de agirem com violência.
“A Abraji repudia a ação da PM no caso de Iverson Vaz e se solidariza com o repórter detido. Embora estivesse fora da área reservada para a imprensa, o repórter atendeu ao pedido dos agentes e as imagens da TV mostram que não houve desacato. A Abraji também lamenta a forma como o próprio Secretário de Segurança Pública atacou o colunista Celso Nascimento. Ao acusá-lo publicamente e tentar minar-lhe a credibilidade, o comandante da tropa transmite uma mensagem perigosa à corporação – tal e qual anunciado na coluna de Celso Nascimento”, afirma o texto da entidade. Infelizmente, o protesto da Abraji não teve repercussão na mídia nacional.
Pelo andar da carruagem, a violência contra os jornalistas no Paraná só tende a aumentar. Fernando Francischini, deputado federal do Solidariedade (SD) e delegado licenciado da Polícia Federal, é conhecido pelos gestos intempestivos. Nesta sexta-feira (23), durante uma entrevista para a TV Tribuna, o novo secretário de Segurança Pública inclusive fez questão de exibir o seu revólver na cintura. Ele gosta de posar de “xerifão” e não esconde seus vínculos com a indústria de armamentos. Sempre fez parte da chamada “bancada da bala” no Congresso Nacional. Na campanha eleitoral do ano passado, ele recebeu contribuições financeiras da fabricante de armas Taurus.
O marketing de “xerifão”, porém, sofreu fortes abalos em dezembro último. Um dirigente da SD, Josimar Távora, foi preso na cidade de Medianeira. Ele foi acusado de assédio sexual. Uma gravação mostra o sujeito propondo a uma policial civil a ida ao motel em troca de favores junto à Secretaria de Segurança Pública. Num dos trechos, como prova da sua influência, ele exibe diálogos com o deputado estadual Felipe Francischini, filho do secretário, de quem foi um dos coordenadores de campanha na região de Foz do Iguaçu. Na gravação, a policial simula concordar com o encontro, mas quando os dois se encontraram em um posto de gasolina, ela deu voz de prisão. Josimar Távora ainda tentou tomar a arma a agente da Polícia Civil, mas acabou preso.
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