Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
A discussão em torno do magnífico apartamento de Paris que seria ou não de FHC é rica em reflexões paralelas.
FHC, com atraso de doze anos desde que Jânio de Freitas lhe atribuiu a posse do apartamento na Folha, desmentiu ser dono.
Como é comum em FHC, ele colocou a culpa em Lula por uma afirmação de Jânio de Freitas jamais desmentida.
Gente próxima de FHC vive espalhando calúnias sobre Lula, mas isso não o impediu de dar uma lição de moral e posar de vítima do “lulopetismo”.
FHC, no desmentido, mostra estar desconectado da realidade. Diz que a “vilania” é velha, e afirma que não sabe por que o assunto voltou agora.
Na verdade, o apartamento nunca saiu de cena. A única novidade, desde a afirmação de Jânio de Freitas, é que FHC, enfim, se manifestou.
Ele diz que o dono é um sócio seu em negócios. Inimigos dizem que este sócio é um laranja, mas no caso específico do apartamento eu fico com a opinião de Nassif: FHC não é o dono.
Mas, e aí é que o debate fica interessante, FHC desfruta do melhor dos mundos: usa o apartamento como se fosse dele, e não tem que lidar com coisas desagradáveis como cuidar das contas, pagar imposto territorial, fazer reformas.
Para que ser dono?
Para passar aos herdeiros? Ora, eles podem se virar sem isso, certamente. Com as palestras, FHC amealhou um bom patrimônio, e isso sem contar pensões.
Melhor ter um apartamento à disposição em Paris do que ser proprietário de um, com certeza.
Mas e do ponto de vista ético?
Tenho um bom metro: você pode imaginar Mujica usando um casarão de um amigo em Paris?
Presidentes brasileiros parece que se lambuzam no poder com a proximidade de amigos, ou pretensos amigos, ricos.
Algumas semanas atrás, foi patético ver Lula e Dilma no casamento-ostentação de um médico alpinista que corteja o poder desde o general Figueiredo.
(Este médico é um dos caciques do Incor, hospital que está convidando as pessoas para presenciar uma palestra do líder de um dos grupos que lutam pelo impeachment de Dilma.)
Compostura, senhores, compostura.
Ninguém morre se não voar em jatos ou helicópteros particulares cedidos por “amigos”, ou se não passar finais de semana em casas cinematográficas situadas em praias particulares.
A mensagem que este tipo de conduta passa à sociedade ajuda a manter no abismo o prestígio dos políticos.
Numa antiga reportagem da revista IstoÉ Dinheiro sobre a “Paris de FHC”, publicada logo depois de ele deixar o Planalto, o apartamento era citado.
Mas lateralmente.
O maior encanto de Paris, para FHC, era poder andar pelas ruas sem ninguém aborrecê-lo.
Ele poderia ter isso sempre em Paris – a privacidade – sem ter que mamar num amigo rico.
O espírito do tempo, tão bem captado por Mujica e pelo Papa Francisco, clama por simplicidade. (Francisco voou para o conclave que o elegeu na classe econômica. Até Brad Pitt e Angelina Jolie estão usando econômica.)
Mas a elite dos políticos brasileiros, e FHC está longe de ser exceção, vive num universo paralelo, de fausto deslumbrado – e, pior, emprestado.
FHC, com atraso de doze anos desde que Jânio de Freitas lhe atribuiu a posse do apartamento na Folha, desmentiu ser dono.
Como é comum em FHC, ele colocou a culpa em Lula por uma afirmação de Jânio de Freitas jamais desmentida.
Gente próxima de FHC vive espalhando calúnias sobre Lula, mas isso não o impediu de dar uma lição de moral e posar de vítima do “lulopetismo”.
FHC, no desmentido, mostra estar desconectado da realidade. Diz que a “vilania” é velha, e afirma que não sabe por que o assunto voltou agora.
Na verdade, o apartamento nunca saiu de cena. A única novidade, desde a afirmação de Jânio de Freitas, é que FHC, enfim, se manifestou.
Ele diz que o dono é um sócio seu em negócios. Inimigos dizem que este sócio é um laranja, mas no caso específico do apartamento eu fico com a opinião de Nassif: FHC não é o dono.
Mas, e aí é que o debate fica interessante, FHC desfruta do melhor dos mundos: usa o apartamento como se fosse dele, e não tem que lidar com coisas desagradáveis como cuidar das contas, pagar imposto territorial, fazer reformas.
Para que ser dono?
Para passar aos herdeiros? Ora, eles podem se virar sem isso, certamente. Com as palestras, FHC amealhou um bom patrimônio, e isso sem contar pensões.
Melhor ter um apartamento à disposição em Paris do que ser proprietário de um, com certeza.
Mas e do ponto de vista ético?
Tenho um bom metro: você pode imaginar Mujica usando um casarão de um amigo em Paris?
Presidentes brasileiros parece que se lambuzam no poder com a proximidade de amigos, ou pretensos amigos, ricos.
Algumas semanas atrás, foi patético ver Lula e Dilma no casamento-ostentação de um médico alpinista que corteja o poder desde o general Figueiredo.
(Este médico é um dos caciques do Incor, hospital que está convidando as pessoas para presenciar uma palestra do líder de um dos grupos que lutam pelo impeachment de Dilma.)
Compostura, senhores, compostura.
Ninguém morre se não voar em jatos ou helicópteros particulares cedidos por “amigos”, ou se não passar finais de semana em casas cinematográficas situadas em praias particulares.
A mensagem que este tipo de conduta passa à sociedade ajuda a manter no abismo o prestígio dos políticos.
Numa antiga reportagem da revista IstoÉ Dinheiro sobre a “Paris de FHC”, publicada logo depois de ele deixar o Planalto, o apartamento era citado.
Mas lateralmente.
O maior encanto de Paris, para FHC, era poder andar pelas ruas sem ninguém aborrecê-lo.
Ele poderia ter isso sempre em Paris – a privacidade – sem ter que mamar num amigo rico.
O espírito do tempo, tão bem captado por Mujica e pelo Papa Francisco, clama por simplicidade. (Francisco voou para o conclave que o elegeu na classe econômica. Até Brad Pitt e Angelina Jolie estão usando econômica.)
Mas a elite dos políticos brasileiros, e FHC está longe de ser exceção, vive num universo paralelo, de fausto deslumbrado – e, pior, emprestado.
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