domingo, 7 de junho de 2015

Hawilla e Boni: negócios entre amigos

Por Altamiro Borges

Em sua coluna na Folha deste sábado (6), a jornalista Mônica Bergamo faz uma curiosa revelação: “O mercado já considera que J. Hawilla terá que se desfazer de boa parte de seus negócios depois das operações que o obrigam a pagar multas milionárias à Justiça dos EUA, de US$ 151 milhões. Boni, ex-diretor-geral da TV Globo, é apontado como candidato natural a adquirir ao menos parte do império do empresário – a TV TEM, que é afiliada da TV Globo e abrange 318 municípios do rico interior paulista. Boni, que é dono da TV Vanguarda, afiliada da Globo em São José dos Campos, já teria revelado a interlocutores a disposição de examinar o negócio”.

Caso a transação se confirme será um típico negócio entre amigos – algo comum entre as famiglias mafiosas. José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, é um dos principais responsáveis pela construção do império global. Até hoje mantém forte influência na Rede Globo, conhecendo todas as suas sujeiras – inclusive no bilionário ramo do futebol. Já o empresário-picareta J. Hawilla é uma criatura cevada pela corporação. Ele construiu a sua fortuna em negociatas nada transparentes com a emissora e tornou-se um dos “afiliados” da Rede Globo. Com a descoberta do esquema de corrupção na Fifa, ele decidiu fazer um acordo de “delação premiada” e perderá parte dos seus negócios... que poderão ir para o seu amigo Boni!

Reportagem do Estadão desta sexta-feira (5), assinada por Cláudia Trevisan, revela que J. Hawilla, antes de ser descoberto na sujeira, pretendia “conquistar a América”. O filhote da Rede Globo investiu US$ 4,5 milhões para garantir os direitos de marketing e comercialização dos jogos nos EUA. “Até ser preso, na semana passada, ele acumulava os cargos de presidente da Traffic USA e de chairman do Conselho de Governadores da North American Soccer League (NASL), a liga criada em 2009 pelo brasileiro, equivalente à segunda divisão nos EUA”. Através da NASL, Hawilla firmou contratos de marketing e de “transmissão televisiva” – o mesmo esquema “profissional” montado com a Rede Globo no Brasil.

“A NASL foi fundada em 2009 e começou a atuar em 2011. Segundo documentos obtidos pelo jornalista Brian Quarstad, especialista em futebol, Hawilla recuperou os US$ 4,5 milhões que investiu com a cobrança de US$ 450 mil de cada um dos dez times que aderiram à liga. ‘A Traffic é muito agressiva e é o principal braço do Brasil no futebol dos EUA’, disse ao Estado o brasileiro Roberto Linck, jogador e um dos donos do Miame Dade FC”. Agora se sabe, de fato, como o empresário construiu seu império no ramo futebolístico. Não teve nada de política “muito agressiva”, mas sim muita corrupção e picaretagem. Uma parte dos seus negócios, porém, poderá agora ficar nas mãos do seu amigo da Rede Globo, o Boni!

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1 comentários:

marcio ramos disse...

... e a"justiça" estadunidense vai chegar na sua empresa Rede Globo ou vai continuar com oa Marinhos???