Por André Barrocal, na revista CartaCapital:
Dilma Rousseff prepara o anúncio de uma safra de boas novas. Um pacote de concessão de bens e obras públicas ao setor privado na terça-feira, 9, um plano de exportações na semana seguinte, mais uma fase do programa federal de moradia popular, provavelmente em julho. O objetivo principal deste esforço concentrado, diz um ministro, é tentar mudar o clima no País, bastante pessimista.
No governo, porém, não há ilusão. Será insuficiente para resgatar a imagem presidencial. Dilma terá de conviver com a impopularidade por um bom tempo. Uma situação delicada para quem precisa lidar com um Congresso disposto, sob o comando dos peemedebistas Eduardo Cunha e Renan Calheiros, a tirar proveito da fragilidade política do Palácio do Planalto.
As duas últimas pesquisas conhecidas, ambas divulgadas em abril, mostraram a aprovação do governo a resvalar os 10%. O total de brasileiros a considerar a gestão Dilma boa ou ótima era de 12% no Ibope e de 13% no Datafolha. Nos últimos dias, um dos grandes institutos descobriu que o que já era ruim, ficou pior. O índice teria caído a 7%.
Levantamentos encomendados rotineiramente pelo Planalto contêm pistas de que a situação vai mesmo mal. Um ministro familiarizado com tais números diz que a recuperação da popularidade de Dilma só ocorrerá no médio prazo. Talvez em 2017.
Um outro ministro, destes que participam de reuniões semanais com Dilma para avaliar o estado das coisas, explica o motivo de 2015 ser um ano perdido. As demissões vão aumentar e o salário, não. De dezembro a abril, a taxa oficial de desemprego, medida pelo IBGE, já subiu de 4,3% para 6,4%. No período, a renda do trabalhador praticamente estagnou. Um levantamento mais abrangente feito também pelo IBGE, sem restringir-se às seis regiões metropolitanas da outra estatística, apontou uma elevação de 6,5% para 8% no número de desocupados, com a renda igualmente estacionada.
E o quadro vai se agravar. A recessão econômica de 2015, capaz de fazer o PIB recuar 1,2% nos cálculos da equipe econômica, causará mais demissões e queda salarial daqui a dezembro.
A impopularidade do governo foi o centro da última reunião entre Dilma e o ex-presidente Lula, no fim de maio, em Brasília. Também participaram os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Edinho Silva (Comunicação Social) e Ricardo Berzoini (Comunicações). Segundo um dos presentes, ficou clara a diferença entre estar no governo e estar fora. Para quem está fora – Lula, no caso -, a agonia é maior. Até por não saber ao certo qual é a estratégia de quem está dentro para reverter a situação.
Diante da elevada desaprovação do governo, Lula não alimenta qualquer pretensão de concorrer à Presidência na eleição de 2018, conforme indicou a um interlocutor nos últimos dias. Se antes ele tinha o capital político preservado contra a má avaliação de Dilma, agora o cenário mudou. Um descolamento entre criador e criatura já não parece possível. Algo que tende a reduzir a capacidade dele de influenciar a sucessora sobre os rumos ou planos do governo.
Caso a popularidade de Dilma só suba mesmo em 2017, o PT vai sofrer nas eleições municipais de 2016. Os políticos costumam fugir de mandatários e legendas impopulares. Os petistas teriam muitas dificuldades para ganhar prefeituras e apoios. Eleição municipal tende a ser uma prévia da campanha presidencial seguinte, na medida em que se arma o jogo a ser disputado dois anos depois.
A impopularidade de Dilma também alimenta a difícil relação dela com o Congresso. Os magros números são um fator determinante no comportamento hostil do presidente do Senado, Renan Calheiros. Dia desses, ao conversar com um senador do PT, Calheiros citou uma pesquisa a mostrar que, em sua terra, Alagoas, Dilma teria uns 15% de aprovação. Calheiros disse que, nessas circunstância, não tem condição de apoiar a presidenta.
Com Eduardo Cunha, presidente da Câmara, não é diferente. Ele até tem um projeto pessoal de poder. Mas a debilidade política do Planalto conta bastante em suas jogadas. De acordo com um deputado peemedebista como Cunha, sem popularidade, será difícil para o governo recuperar o controle das votações e da agenda da Casa.
Segundo ministros ouvidos pela reportagem, não há solução mágica. O governo terá de conviver com a impopularidade e os arroubos de Cunha e Calheiros. Por um bom tempo ainda.
No governo, porém, não há ilusão. Será insuficiente para resgatar a imagem presidencial. Dilma terá de conviver com a impopularidade por um bom tempo. Uma situação delicada para quem precisa lidar com um Congresso disposto, sob o comando dos peemedebistas Eduardo Cunha e Renan Calheiros, a tirar proveito da fragilidade política do Palácio do Planalto.
As duas últimas pesquisas conhecidas, ambas divulgadas em abril, mostraram a aprovação do governo a resvalar os 10%. O total de brasileiros a considerar a gestão Dilma boa ou ótima era de 12% no Ibope e de 13% no Datafolha. Nos últimos dias, um dos grandes institutos descobriu que o que já era ruim, ficou pior. O índice teria caído a 7%.
Levantamentos encomendados rotineiramente pelo Planalto contêm pistas de que a situação vai mesmo mal. Um ministro familiarizado com tais números diz que a recuperação da popularidade de Dilma só ocorrerá no médio prazo. Talvez em 2017.
Um outro ministro, destes que participam de reuniões semanais com Dilma para avaliar o estado das coisas, explica o motivo de 2015 ser um ano perdido. As demissões vão aumentar e o salário, não. De dezembro a abril, a taxa oficial de desemprego, medida pelo IBGE, já subiu de 4,3% para 6,4%. No período, a renda do trabalhador praticamente estagnou. Um levantamento mais abrangente feito também pelo IBGE, sem restringir-se às seis regiões metropolitanas da outra estatística, apontou uma elevação de 6,5% para 8% no número de desocupados, com a renda igualmente estacionada.
E o quadro vai se agravar. A recessão econômica de 2015, capaz de fazer o PIB recuar 1,2% nos cálculos da equipe econômica, causará mais demissões e queda salarial daqui a dezembro.
A impopularidade do governo foi o centro da última reunião entre Dilma e o ex-presidente Lula, no fim de maio, em Brasília. Também participaram os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Edinho Silva (Comunicação Social) e Ricardo Berzoini (Comunicações). Segundo um dos presentes, ficou clara a diferença entre estar no governo e estar fora. Para quem está fora – Lula, no caso -, a agonia é maior. Até por não saber ao certo qual é a estratégia de quem está dentro para reverter a situação.
Diante da elevada desaprovação do governo, Lula não alimenta qualquer pretensão de concorrer à Presidência na eleição de 2018, conforme indicou a um interlocutor nos últimos dias. Se antes ele tinha o capital político preservado contra a má avaliação de Dilma, agora o cenário mudou. Um descolamento entre criador e criatura já não parece possível. Algo que tende a reduzir a capacidade dele de influenciar a sucessora sobre os rumos ou planos do governo.
Caso a popularidade de Dilma só suba mesmo em 2017, o PT vai sofrer nas eleições municipais de 2016. Os políticos costumam fugir de mandatários e legendas impopulares. Os petistas teriam muitas dificuldades para ganhar prefeituras e apoios. Eleição municipal tende a ser uma prévia da campanha presidencial seguinte, na medida em que se arma o jogo a ser disputado dois anos depois.
A impopularidade de Dilma também alimenta a difícil relação dela com o Congresso. Os magros números são um fator determinante no comportamento hostil do presidente do Senado, Renan Calheiros. Dia desses, ao conversar com um senador do PT, Calheiros citou uma pesquisa a mostrar que, em sua terra, Alagoas, Dilma teria uns 15% de aprovação. Calheiros disse que, nessas circunstância, não tem condição de apoiar a presidenta.
Com Eduardo Cunha, presidente da Câmara, não é diferente. Ele até tem um projeto pessoal de poder. Mas a debilidade política do Planalto conta bastante em suas jogadas. De acordo com um deputado peemedebista como Cunha, sem popularidade, será difícil para o governo recuperar o controle das votações e da agenda da Casa.
Segundo ministros ouvidos pela reportagem, não há solução mágica. O governo terá de conviver com a impopularidade e os arroubos de Cunha e Calheiros. Por um bom tempo ainda.
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