Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Um quase consenso foi registrado no noticiário político de hoje entre colunistas e cientistas políticos: o de Lula, com suas críticas a Dilma, ao governo e ao PT tenta se descolar de todos eles para se inserir no campo da oposição social (não partidária), num movimento de autopreservação para 2018. Arrematada bobagem. Lula teria perdido sua reconhecida inteligência política se achasse que poderia, com um golpe de palavras, dissociar-se destas criaturas que fazem parte de sua trajetória.
Nem estava o ex-presidente em busca de solidariedade e defesa, no momento em que se torna alvo claro da Operação Lava Jato e sua rede de suporte, que inclui parte da mídia, embora esta seja uma obrigação partidária, para qualquer sigla que acredite em sua maior liderança.
Críticas ao governo e a Dilma no enfrentamento dos problemas ele vem fazendo há tempos. Com os religiosos, na semana passada, abriu mais o coração e foi mais certeiro nas metáforas que vazaram, como a do volume morto. Ao PT também já vinha admoestando. Só que na debate com a participação de Felipe González, na segunda-feira, fez críticas públicas. Seu objetivo, com a ofensiva verbal, é sacudir o governo e PT da letargia que os imobiliza desde o início do segundo mandato de Dilma e do avanço da Lava Jato-Lula. É fazer com que resgatem a capacidade de fazer política. Se não fazem, ele faz, ocupando espaço num debate que vem sendo monopolizado pelos adversários.
As discordâncias com o governo na questão econômica não são de fundo. Ele mesmo fez um ajuste em 2003 e foi o tempo todo, em seus oito anos, atento ao equilíbrio fiscal e à inflação, no que é muito grato a seu presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que sugeriu a Dilma colocar na Fazenda mas ela preferiu Levy. A divergência é com a forma de conduzir, a falta de um discurso que justifique o ajuste e diga o que virá depois dele. “Ajuste para que? Dilma precisa dizer isso, precisa oferecer alguma esperança, dizer o que vem depois”, já dizia ele em março, como publicado neste 247. Ele começou não gostando do discurso de posse dela, e de toda a falta de discurso político que se seguiu. No mérito, tem poucas divergências. Achava, por exemplo, que ela não devia ter vetado a fórmula alternativa ao fator previdenciário. E continuar combatendo a terceirização ampla e irrestrita.
Quanto ao PT, não pode entender a timidez, o imobilismo e a incapacidade de defender-se da sigla que se confunde com ele mesmo. Os senadores o defenderam com uma nota no tom correto. Ótimo, Lula agradece, mas ele quer muito mais. Muito mais inerte é a bancada da Câmara, que conseguiu permitir a convocação do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, que já era uma pedra cantada. Não consegue entender que o partido seja espancado por líderes da oposição horas a fio no plenário e não apareça um contendor à altura. Às vezes, são deputados do PT e mesmo do PSOL que tomam a defesa, não do partido, mas de ações do governo ou de bandeiras parlamentares do conjunto da esquerda, que o PT devia liderar. O que ele quer do PT é mais política e mais ação.
O movimento de sua defesa pública está sendo articulado, mas não no Congresso, e sim por algumas regionais do partido, que estudam a realização de alguns atos públicos nos estados em que a situação do PT e do governo é melhor. Se as bancadas se engajarem nisso, tanto melhor.
Pois, apesar da criatividade da tese descolamento, ela não cola.
Um quase consenso foi registrado no noticiário político de hoje entre colunistas e cientistas políticos: o de Lula, com suas críticas a Dilma, ao governo e ao PT tenta se descolar de todos eles para se inserir no campo da oposição social (não partidária), num movimento de autopreservação para 2018. Arrematada bobagem. Lula teria perdido sua reconhecida inteligência política se achasse que poderia, com um golpe de palavras, dissociar-se destas criaturas que fazem parte de sua trajetória.
Nem estava o ex-presidente em busca de solidariedade e defesa, no momento em que se torna alvo claro da Operação Lava Jato e sua rede de suporte, que inclui parte da mídia, embora esta seja uma obrigação partidária, para qualquer sigla que acredite em sua maior liderança.
Críticas ao governo e a Dilma no enfrentamento dos problemas ele vem fazendo há tempos. Com os religiosos, na semana passada, abriu mais o coração e foi mais certeiro nas metáforas que vazaram, como a do volume morto. Ao PT também já vinha admoestando. Só que na debate com a participação de Felipe González, na segunda-feira, fez críticas públicas. Seu objetivo, com a ofensiva verbal, é sacudir o governo e PT da letargia que os imobiliza desde o início do segundo mandato de Dilma e do avanço da Lava Jato-Lula. É fazer com que resgatem a capacidade de fazer política. Se não fazem, ele faz, ocupando espaço num debate que vem sendo monopolizado pelos adversários.
As discordâncias com o governo na questão econômica não são de fundo. Ele mesmo fez um ajuste em 2003 e foi o tempo todo, em seus oito anos, atento ao equilíbrio fiscal e à inflação, no que é muito grato a seu presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que sugeriu a Dilma colocar na Fazenda mas ela preferiu Levy. A divergência é com a forma de conduzir, a falta de um discurso que justifique o ajuste e diga o que virá depois dele. “Ajuste para que? Dilma precisa dizer isso, precisa oferecer alguma esperança, dizer o que vem depois”, já dizia ele em março, como publicado neste 247. Ele começou não gostando do discurso de posse dela, e de toda a falta de discurso político que se seguiu. No mérito, tem poucas divergências. Achava, por exemplo, que ela não devia ter vetado a fórmula alternativa ao fator previdenciário. E continuar combatendo a terceirização ampla e irrestrita.
Quanto ao PT, não pode entender a timidez, o imobilismo e a incapacidade de defender-se da sigla que se confunde com ele mesmo. Os senadores o defenderam com uma nota no tom correto. Ótimo, Lula agradece, mas ele quer muito mais. Muito mais inerte é a bancada da Câmara, que conseguiu permitir a convocação do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, que já era uma pedra cantada. Não consegue entender que o partido seja espancado por líderes da oposição horas a fio no plenário e não apareça um contendor à altura. Às vezes, são deputados do PT e mesmo do PSOL que tomam a defesa, não do partido, mas de ações do governo ou de bandeiras parlamentares do conjunto da esquerda, que o PT devia liderar. O que ele quer do PT é mais política e mais ação.
O movimento de sua defesa pública está sendo articulado, mas não no Congresso, e sim por algumas regionais do partido, que estudam a realização de alguns atos públicos nos estados em que a situação do PT e do governo é melhor. Se as bancadas se engajarem nisso, tanto melhor.
Pois, apesar da criatividade da tese descolamento, ela não cola.
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