Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
O poder de um presidente da Câmara é grande, mas depende, essencialmente, de ter comando sobre a maioria da Casa.
Se ele define o que se vota, isso vale pouco se o voto dos parlamentares não acompanhar os seus desejos.
E, tirando os que vivem dos frutos eleitorais de um radicalismo provocador – os Felicianos, os Bolsonaros e congêneres – , não parece bom negócio ficar perto de Eduardo Cunha.
E ficará pior até o final do mês, com os inevitáveis desdobramentos das ações da Procuradoria-Geral da República.
Cunha pode praticar atos de ofício, como os de instalar CPIs antigoverno.
Mas o restante, até que termine o recesso, será se debater em areia movediça.
Denunciar abusos de Sérgio Moro, o herói da direita, a esta altura? Chamar de manipulador ao Janot que se apontava como “esperança do Brasil”?
Nem na parcela da opinião pública mais manipulada pelo “Fora Dilma”, nem entre os seus aliados invariáveis do primeiro semestre, os tucanos, ele encontra apoio para suas tentativas de reação.
Tudo, agora, só aumenta o isolamento do presidente da Câmara, que Janio de Freitas volta a pontar em sua coluna de hoje na Folha:
A falta total de manifestações ao menos amigáveis a Eduardo Cunha é o aspecto político mais importante do seu rompimento formal com o governo e dos ataques ao procurador-geral Rodrigo Janot. Em reação ao gol de Ghiggia, ouviu-se a voz do pasmo: o oceânico e sussurrado “ooooh” multitudinário. E nada mais, nenhum brado de raiva, nem de desespero, o Brasil ainda sairia campeão. Ainda há muitas testemunhas daquele Brasil tão diferente do atual.
Do seu lado, Cunha não viu surgir nem alguma coisa abafada como a voz do pasmo. Toda a repercussão, grande, sim, foi no sentido de tirar importância ao que disse, de isolá-lo, exposto na sua personalidade temerária.
Talvez por isso, Cunha deu um passo atrás na agressividade ao comunicar o rompimento: vai se conduzir na presidência da Câmara “da mesma forma que venho [lá ele] me conduzindo (…), com harmonia com os demais Poderes”. Harmonia.
Alguma coisa parecida com harmonia é o que parece, agora, menos distante dos planos de Michel Temer para o PMDB e o governo, como um presente inesperado de Cunha.
O poder de um presidente da Câmara é grande, mas depende, essencialmente, de ter comando sobre a maioria da Casa.
Se ele define o que se vota, isso vale pouco se o voto dos parlamentares não acompanhar os seus desejos.
E, tirando os que vivem dos frutos eleitorais de um radicalismo provocador – os Felicianos, os Bolsonaros e congêneres – , não parece bom negócio ficar perto de Eduardo Cunha.
E ficará pior até o final do mês, com os inevitáveis desdobramentos das ações da Procuradoria-Geral da República.
Cunha pode praticar atos de ofício, como os de instalar CPIs antigoverno.
Mas o restante, até que termine o recesso, será se debater em areia movediça.
Denunciar abusos de Sérgio Moro, o herói da direita, a esta altura? Chamar de manipulador ao Janot que se apontava como “esperança do Brasil”?
Nem na parcela da opinião pública mais manipulada pelo “Fora Dilma”, nem entre os seus aliados invariáveis do primeiro semestre, os tucanos, ele encontra apoio para suas tentativas de reação.
Tudo, agora, só aumenta o isolamento do presidente da Câmara, que Janio de Freitas volta a pontar em sua coluna de hoje na Folha:
A falta total de manifestações ao menos amigáveis a Eduardo Cunha é o aspecto político mais importante do seu rompimento formal com o governo e dos ataques ao procurador-geral Rodrigo Janot. Em reação ao gol de Ghiggia, ouviu-se a voz do pasmo: o oceânico e sussurrado “ooooh” multitudinário. E nada mais, nenhum brado de raiva, nem de desespero, o Brasil ainda sairia campeão. Ainda há muitas testemunhas daquele Brasil tão diferente do atual.
Do seu lado, Cunha não viu surgir nem alguma coisa abafada como a voz do pasmo. Toda a repercussão, grande, sim, foi no sentido de tirar importância ao que disse, de isolá-lo, exposto na sua personalidade temerária.
Talvez por isso, Cunha deu um passo atrás na agressividade ao comunicar o rompimento: vai se conduzir na presidência da Câmara “da mesma forma que venho [lá ele] me conduzindo (…), com harmonia com os demais Poderes”. Harmonia.
Alguma coisa parecida com harmonia é o que parece, agora, menos distante dos planos de Michel Temer para o PMDB e o governo, como um presente inesperado de Cunha.
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