Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:
“Se morreram, é porque são bandidos.''
“Todos são suspeitos até que se prove o contrário.''
“Foi igual a dar tiro em pato no parque de diversões.”
“Quem não reagiu está vivo.''
As frases, colhidas da boca de autoridades e policiais após ações violentas, são indícios de que o Estado vai se tornando aquilo que deveria combater. E não foram rebatidas imediatamente como se deveria.
Na invasão norte-americana do Iraque, popularizou-se a figura do jornalista “embutido'', que segue as forças armadas, veste o mesmo uniforme e vê registra apenas o que o Tio Sam quer que seja visto e registrado. Caso contrário, não pode contar com o apoio de seu país na cobertura.
Com adaptações, parece que o “jornalismo-salame'' se repete por aqui em parte das coberturas de ações policiais, que mais parecem relações públicas do que jornalismo. Ou, melhor dizendo: soam mais como entretenimento do que como jornalismo.
O jornalismo-salame faz silêncio ou justifica o injustificável. Não quer se indispor com a corporação, pois depende dela para a audiência do dia seguinte. Acompanha o rádio da polícia e, ao sinal de algo que possa gerar boas imagens, manda uma equipe. Que faz uma narrativa acrítica do que é transmitido, ou seja: coloca uma perseguição no ar, seguida de declaração de policiais. Nenhuma análise sobre o ocorrido, sobre causas ou consequências daquela situação, sobre contexto, sobre responsabilidades.
Pois as razões já foram definidas junto ao apresentador no estúdio antes da equipe deixar a garagem da emissora. É emoção em forma de imagens para ilustrar um discurso.
Faz-se necessária uma cobertura mais crítica e contundente do poder público em suas ações de combate à criminalidade. O pessoal do site Ponte.org, por exemplo, realiza um trabalho fundamental nesse sentido. Pena que são minoria. E que sangue espirrando na tela gere mais interesse de quem pauta o jornalismo do que discussões profundas e eficazes sobre segurança pública.
“Ah, mas é o povo que quer isso. Quem somos nós para negar?'' Por favor, né? A desculpa da oferta de pão e circo junto com escravos aos leões esfarrapou-se com a queda de Roma.
Se acreditarmos que as coisas vão bem simplesmente porque tem mais “bandido'' morrendo ou crianças indo para a cadeia, sem discussões estruturais, quando percebermos que estávamos enterrando a própria sociedade já será tarde demais.
E parte da culpa será da imprensa.
“Todos são suspeitos até que se prove o contrário.''
“Foi igual a dar tiro em pato no parque de diversões.”
“Quem não reagiu está vivo.''
As frases, colhidas da boca de autoridades e policiais após ações violentas, são indícios de que o Estado vai se tornando aquilo que deveria combater. E não foram rebatidas imediatamente como se deveria.
Na invasão norte-americana do Iraque, popularizou-se a figura do jornalista “embutido'', que segue as forças armadas, veste o mesmo uniforme e vê registra apenas o que o Tio Sam quer que seja visto e registrado. Caso contrário, não pode contar com o apoio de seu país na cobertura.
Com adaptações, parece que o “jornalismo-salame'' se repete por aqui em parte das coberturas de ações policiais, que mais parecem relações públicas do que jornalismo. Ou, melhor dizendo: soam mais como entretenimento do que como jornalismo.
O jornalismo-salame faz silêncio ou justifica o injustificável. Não quer se indispor com a corporação, pois depende dela para a audiência do dia seguinte. Acompanha o rádio da polícia e, ao sinal de algo que possa gerar boas imagens, manda uma equipe. Que faz uma narrativa acrítica do que é transmitido, ou seja: coloca uma perseguição no ar, seguida de declaração de policiais. Nenhuma análise sobre o ocorrido, sobre causas ou consequências daquela situação, sobre contexto, sobre responsabilidades.
Pois as razões já foram definidas junto ao apresentador no estúdio antes da equipe deixar a garagem da emissora. É emoção em forma de imagens para ilustrar um discurso.
Faz-se necessária uma cobertura mais crítica e contundente do poder público em suas ações de combate à criminalidade. O pessoal do site Ponte.org, por exemplo, realiza um trabalho fundamental nesse sentido. Pena que são minoria. E que sangue espirrando na tela gere mais interesse de quem pauta o jornalismo do que discussões profundas e eficazes sobre segurança pública.
“Ah, mas é o povo que quer isso. Quem somos nós para negar?'' Por favor, né? A desculpa da oferta de pão e circo junto com escravos aos leões esfarrapou-se com a queda de Roma.
Se acreditarmos que as coisas vão bem simplesmente porque tem mais “bandido'' morrendo ou crianças indo para a cadeia, sem discussões estruturais, quando percebermos que estávamos enterrando a própria sociedade já será tarde demais.
E parte da culpa será da imprensa.
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