Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Ao mesmo tempo em que movimentos sociais, centrais sindicais, PT, PSOL e PC do B organizavam atos públicos em diferentes cidades do país em defesa da democracia e do mandato da presidente Dilma Rousseff nesta semana, o governo intensificava as articulações com políticos e empresários em torno de um pacto de governabilidade contra a proposta de impeachment que PSDB e DEM voltaram a desfraldar depois dos protestos de domingo.
Ao mesmo tempo em que movimentos sociais, centrais sindicais, PT, PSOL e PC do B organizavam atos públicos em diferentes cidades do país em defesa da democracia e do mandato da presidente Dilma Rousseff nesta semana, o governo intensificava as articulações com políticos e empresários em torno de um pacto de governabilidade contra a proposta de impeachment que PSDB e DEM voltaram a desfraldar depois dos protestos de domingo.
O presidente do PT, Rui Falcão, em entrevista ao 247, diz que o ex-presidente Fernando Henrique não tem autoridade para cobrar a renúncia da presidente Dilma, por ter quebrado o país três vezes e cometido estelionato eleitoral-cambial. Confira a entrevista.
Depois das manifestações de domingo o PSDB subiu o tom contra a presidente, o PT e o governo. O risco de impeachment, que havia arrefecido, ganhou força novamente?
Eles haviam percebido que as propostas golpistas em geral perderam força a partir de iniciativas do governo. Tivemos a reunião da presidente com os governadores, o adiamento da decisão do TCU sobre as contas do governo, a suspensão temporária da ação eleitoral no TSE e uma pactuação com o Senado, através do senador Renan Calheiros, em torno de uma agenda comum. E por fim, a decisão do ministro Barroso, de que o parecer do TCU sobre as contas do governo terá de ser apreciado em sessão conjunta do Congresso e não apenas por uma casa.
Depois das manifestações de domingo o PSDB subiu o tom contra a presidente, o PT e o governo. O risco de impeachment, que havia arrefecido, ganhou força novamente?
Eles haviam percebido que as propostas golpistas em geral perderam força a partir de iniciativas do governo. Tivemos a reunião da presidente com os governadores, o adiamento da decisão do TCU sobre as contas do governo, a suspensão temporária da ação eleitoral no TSE e uma pactuação com o Senado, através do senador Renan Calheiros, em torno de uma agenda comum. E por fim, a decisão do ministro Barroso, de que o parecer do TCU sobre as contas do governo terá de ser apreciado em sessão conjunta do Congresso e não apenas por uma casa.
Eles sentiram o refluxo do golpismo e resolveram pegar carona nas manifestações do dia 16. Acho que entraram na contramão de um movimento pela estabilidade política que envolve setores do empresariado, alguns veículos de comunicação, nacionais e estrangeiros, e boa parte da classe política. Acho que subiram tom, a partir do grito do Fernando Henrique.
Como avalia as declarações dele pedindo a renúncia da presidente?
Parece-me que ele ainda se sente meio presidente da República. Falta-lhe autoridade, pois quebrou o país três vezes e não renunciou nem pedimos que renunciasse. Apesar das denúncias comprovadas de que houve compra de votos para aprovar a reeleição, as investigações foram engavetadas. Reelegeu-se cometendo um estelionato eleitoral-cambial. Prometeu manter o Real valorizado e o desvalorizou nos primeiros dias do segundo mandato. Então me chama a atenção que ele saia de uma postura discreta e moderada na política para ressurgir como o mais radical e incendiário dos tucanos, não encontrando guarida nem em seu próprio partido, que não está unido em torno de sua pregação.
Quais foram as pautas das manifestações em defesa do governo, desta última quinta-feira?
A defesa da democracia, do voto popular e dos resultados eleitorais, que precisam ser respeitados. As centrais sindicais também reivindicaram uma nova agenda econômica. O ônus da crise precisa ser repartido com os que podem mais. Não podem recair principalmente sobre os que trabalham e podem menos. Não se trata de um ato do PT, mas de um ato chamado por vários movimentos sociais, ao qual o PT, o PSOL e o PC do B aderiram.
O PT participou deste ato e ao mesmo tempo de articulações com aliados para melhorar o ambiente politico na relação com o Congresso e outras instituições. A solução da crise teria que vir das ruas ou pode vir dos acordos na superestrutura politica?
Temos que lutar nas duas frentes. Primeiro, tentar fazer com que a base de sustentação seja efetivamente maioria, e seja leal ao governo, como acontece em todos os governos de coalizão. Segundo, temos que garantir a governabilidade social. A presidente tem se empenhado nisso também, como por exemplo, quando participa da Marcha das Margaridas, quando lança o Dialoga Brasil, reúne-se com os movimentos sociais e amplia o diálogo em todas as frentes, inclusive com a classe politica. Ele tem conversado intensamente com líderes, bancadas e dirigentes partidários...
E como o PT vê a Agenda Brasil que vem sendo negociada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros?
Foi uma iniciativa positiva, no sentido de que aproximou o Senado e o Governo a partir de um objetivo comum. Quanto ao mérito das propostas, com muitas estamos de acordo e achamos que devem ser votadas imediatamente. É o caso da unificação do ICMS, da reforma do PIS-Cofins, do ressarcimento do SUS pelas seguradoras privadas de saúde, medida que já é lei mas não vem sendo bem executada. Outras, precisaremos discutir. Somos contrários, por exemplo, à aposentadoria apenas aos 65 anos. Mas há uma comissão quadripartite, criada pela presidente para discutir o fator previdenciário e questões afins, que pode ser o fórum adequado de debate desta proposta.
O senhor é a favor de que a presidente reduza e reforme o ministério em busca de uma base, ainda que menor, porém mais coesa?
Não acho necessário. Não acho que seja uma solução.
Como avalia as declarações dele pedindo a renúncia da presidente?
Parece-me que ele ainda se sente meio presidente da República. Falta-lhe autoridade, pois quebrou o país três vezes e não renunciou nem pedimos que renunciasse. Apesar das denúncias comprovadas de que houve compra de votos para aprovar a reeleição, as investigações foram engavetadas. Reelegeu-se cometendo um estelionato eleitoral-cambial. Prometeu manter o Real valorizado e o desvalorizou nos primeiros dias do segundo mandato. Então me chama a atenção que ele saia de uma postura discreta e moderada na política para ressurgir como o mais radical e incendiário dos tucanos, não encontrando guarida nem em seu próprio partido, que não está unido em torno de sua pregação.
Quais foram as pautas das manifestações em defesa do governo, desta última quinta-feira?
A defesa da democracia, do voto popular e dos resultados eleitorais, que precisam ser respeitados. As centrais sindicais também reivindicaram uma nova agenda econômica. O ônus da crise precisa ser repartido com os que podem mais. Não podem recair principalmente sobre os que trabalham e podem menos. Não se trata de um ato do PT, mas de um ato chamado por vários movimentos sociais, ao qual o PT, o PSOL e o PC do B aderiram.
O PT participou deste ato e ao mesmo tempo de articulações com aliados para melhorar o ambiente politico na relação com o Congresso e outras instituições. A solução da crise teria que vir das ruas ou pode vir dos acordos na superestrutura politica?
Temos que lutar nas duas frentes. Primeiro, tentar fazer com que a base de sustentação seja efetivamente maioria, e seja leal ao governo, como acontece em todos os governos de coalizão. Segundo, temos que garantir a governabilidade social. A presidente tem se empenhado nisso também, como por exemplo, quando participa da Marcha das Margaridas, quando lança o Dialoga Brasil, reúne-se com os movimentos sociais e amplia o diálogo em todas as frentes, inclusive com a classe politica. Ele tem conversado intensamente com líderes, bancadas e dirigentes partidários...
E como o PT vê a Agenda Brasil que vem sendo negociada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros?
Foi uma iniciativa positiva, no sentido de que aproximou o Senado e o Governo a partir de um objetivo comum. Quanto ao mérito das propostas, com muitas estamos de acordo e achamos que devem ser votadas imediatamente. É o caso da unificação do ICMS, da reforma do PIS-Cofins, do ressarcimento do SUS pelas seguradoras privadas de saúde, medida que já é lei mas não vem sendo bem executada. Outras, precisaremos discutir. Somos contrários, por exemplo, à aposentadoria apenas aos 65 anos. Mas há uma comissão quadripartite, criada pela presidente para discutir o fator previdenciário e questões afins, que pode ser o fórum adequado de debate desta proposta.
O senhor é a favor de que a presidente reduza e reforme o ministério em busca de uma base, ainda que menor, porém mais coesa?
Não acho necessário. Não acho que seja uma solução.
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