Do blog Viomundo:
O governo Alckmin finalmente reconheceu, de forma oficial, a crise hídrica.
Mas, para o Jornal Nacional da sexta-feira, tudo se deve ao clima. A repórter, em tom de frustração, diz que há nuvens no céu, mas não cai chuva.
Não há questionamento à falta de planejamento, nem mesmo das obras de emergência. Pelo contrário. Logo de cara, diz a apresentadora:
Os moradores da Grande São Paulo estão vivendo com quase 30% a menos de água do que no ano passado. A falta de chuva está prejudicando até mesmo as obras de emergência para enfrentar a seca.
Notem, na sequencia, o que diz a repórter sobre uma das obras de emergência:
É o caso da transposição do Rio Guaió, que teria capacidade para mandar mil litros por segundo para o sistema de abastecimento. Mas com a estiagem estão chegando apenas 350 litros. Obra contra seca que também precisa de chuva.
“Obra contra seca que também precisa de chuva” parece piada de português. Mas o JN disse isso em tom sério e não informou que ela custou R$ 29 milhões de reais.
Teria sido mais honesto fazer o que fez a Rede Brasil Atual: “Sabesp faz obra milionária para retirar água de rio que está seco”.
Na reportagem do Jornal Nacional, o presidente da Sabesp apareceu duas vezes para vender seu peixe.
Não há contraponto à palavra oficial.
Aparentemente, os produtores do JN vivem na ilha da fantasia - ou vai ver que os irmãos Marinho já estão engajados na chapa Alckmin 2018.
Se precisam de algumas dicas, bom proveito:
“A Sabesp retirou muito mais [água] do que deveria [do Sistema Cantereira], adotando cenários otimistas, irreais. A questão todinha é essa: a Sabesp não se preparou para o pior e ficou esperando pelo melhor”. Jose Roberto Kachel, engenheiro civil e sanitarista, ex-funcionário da Sabesp
“Se nós tivéssemos padrões de retirada do sistema Cantareira de 2015 já em 2014. Ou seja, se houvesse preparação para a crise, nós teríamos água nos reservatórios para, mesmo num período de 2015 e 2016, teríamos condições de garantia hídrico até 2017. Porém, o retardamento na tomada de decisão obviamente levou a uma gestão, na minha opinião, bastante ineficiente”. Vicente Andreu, presidente da ANA
Apesar de todos os problemas repassados à população e a falta de obras concluídas a tempo de tentar reduzir os prejuízos aos paulistas, a Sabesp teve lucro líquido de R$ 337,3 milhões entre abril e junho deste ano. O valor é 11,5% maior que os R$ 302 milhões verificados no mesmo período de 2014. Apesar de não solucionar o problema da falta d’água, boa parte do faturamento da empresa foi alcançado por meio de dois aumentos de tarifa. Um de 6,5%, em dezembro de 2014, e um de 15,4%, em junho. A falta de recursos também não é justificativa para o baixo retorno à população. Nos últimos sete anos, os acionistas da companhia receberam R$ 3,4 bilhões em dividendos, enquanto nada ou quase nada foi investido em obras de recuperação de mananciais. Recente relatório do Tribunal de Contas o Estado de São Paulo (TCE) aponta os governos de São Paulo, desde 2004, como os responsáveis pela crise hídrica. Por lei, a empresa é obrigada a repassar 25% dos lucros aos investidores, mas a Sabesp repassou 48% a mais que o mínimo legal. Agência PT
O colapso do abastecimento de água que atinge a região metropolitana de São Paulo e várias cidades do estado não pode ser atribuído –como vocifera o governo estadual– apenas à estiagem atípica e mudanças climáticas que afetam São Paulo. É fruto, sobretudo, da irresponsabilidade e improbidade administrativa, da falta de gestão e planejamento e da incúria do (des) governo tucano, que há mais de dez anos foi alertado sobre o esgotamento do modelo hídrico, como também nenhuma medida tomou a fim de oferecer o mínimo de segurança hídrica à população. Em 2004, quando da outorga do Cantareira, a Sabesp teria que, no prazo de três meses, apresentar uma proposta de construção de novos reservatórios e captação de águas em outros mananciais. Estava no contrato. Porém, as obras não foram realizadas e nem cobradas pelo governo. Em 2009 a Secretaria Estadual do Meio Ambiente realizou o estudo Cenários Ambientais 2020 com a colaboração de 200 especialistas em que previu com dados científicos a crise de 2015 e outra em 2018. Esses são dois dos muitos alertas feitos sobre os desafios do abastecimento de água para os paulistas. As gestões do PSDB –partido que (des) governa o Estado de São Paulo há 20 anos– transformaram a água em mercadoria através da conversão da Sabesp numa empresa preocupada apenas em vender água e obter altos lucros, sobretudo para entregá-los aos especuladores da bolsa de Nova York. Carlos Gianazzi, deputado estadual do PSOL
A grande mídia teve comportamento parcial o tempo todo. Ela teve a clara preocupação de poupar o governador. No noticiário,a falta de água era atribuída somente à estiagem. Toda vez que uma matéria falava em falta de água, ela vinha a previsão do tempo junto. Ou seja, uma maneira de relacionar uma coisa à outra e não deixar espaço para questionamento. Tudo era efeito do clima. Não havia a preocupação em mostrar que a crise hídrica decorria da falta de planejamento do governador e de seu antecessor, José Serra. Marzeni Pereira da Silva, sindicalista
Pelo jeito, nem o possível agravamento da crise nos próximos meses vai mudar isso.
O governo Alckmin finalmente reconheceu, de forma oficial, a crise hídrica.
Mas, para o Jornal Nacional da sexta-feira, tudo se deve ao clima. A repórter, em tom de frustração, diz que há nuvens no céu, mas não cai chuva.
Não há questionamento à falta de planejamento, nem mesmo das obras de emergência. Pelo contrário. Logo de cara, diz a apresentadora:
Os moradores da Grande São Paulo estão vivendo com quase 30% a menos de água do que no ano passado. A falta de chuva está prejudicando até mesmo as obras de emergência para enfrentar a seca.
Notem, na sequencia, o que diz a repórter sobre uma das obras de emergência:
É o caso da transposição do Rio Guaió, que teria capacidade para mandar mil litros por segundo para o sistema de abastecimento. Mas com a estiagem estão chegando apenas 350 litros. Obra contra seca que também precisa de chuva.
“Obra contra seca que também precisa de chuva” parece piada de português. Mas o JN disse isso em tom sério e não informou que ela custou R$ 29 milhões de reais.
Teria sido mais honesto fazer o que fez a Rede Brasil Atual: “Sabesp faz obra milionária para retirar água de rio que está seco”.
Na reportagem do Jornal Nacional, o presidente da Sabesp apareceu duas vezes para vender seu peixe.
Não há contraponto à palavra oficial.
Aparentemente, os produtores do JN vivem na ilha da fantasia - ou vai ver que os irmãos Marinho já estão engajados na chapa Alckmin 2018.
Se precisam de algumas dicas, bom proveito:
“A Sabesp retirou muito mais [água] do que deveria [do Sistema Cantereira], adotando cenários otimistas, irreais. A questão todinha é essa: a Sabesp não se preparou para o pior e ficou esperando pelo melhor”. Jose Roberto Kachel, engenheiro civil e sanitarista, ex-funcionário da Sabesp
“Se nós tivéssemos padrões de retirada do sistema Cantareira de 2015 já em 2014. Ou seja, se houvesse preparação para a crise, nós teríamos água nos reservatórios para, mesmo num período de 2015 e 2016, teríamos condições de garantia hídrico até 2017. Porém, o retardamento na tomada de decisão obviamente levou a uma gestão, na minha opinião, bastante ineficiente”. Vicente Andreu, presidente da ANA
Apesar de todos os problemas repassados à população e a falta de obras concluídas a tempo de tentar reduzir os prejuízos aos paulistas, a Sabesp teve lucro líquido de R$ 337,3 milhões entre abril e junho deste ano. O valor é 11,5% maior que os R$ 302 milhões verificados no mesmo período de 2014. Apesar de não solucionar o problema da falta d’água, boa parte do faturamento da empresa foi alcançado por meio de dois aumentos de tarifa. Um de 6,5%, em dezembro de 2014, e um de 15,4%, em junho. A falta de recursos também não é justificativa para o baixo retorno à população. Nos últimos sete anos, os acionistas da companhia receberam R$ 3,4 bilhões em dividendos, enquanto nada ou quase nada foi investido em obras de recuperação de mananciais. Recente relatório do Tribunal de Contas o Estado de São Paulo (TCE) aponta os governos de São Paulo, desde 2004, como os responsáveis pela crise hídrica. Por lei, a empresa é obrigada a repassar 25% dos lucros aos investidores, mas a Sabesp repassou 48% a mais que o mínimo legal. Agência PT
O colapso do abastecimento de água que atinge a região metropolitana de São Paulo e várias cidades do estado não pode ser atribuído –como vocifera o governo estadual– apenas à estiagem atípica e mudanças climáticas que afetam São Paulo. É fruto, sobretudo, da irresponsabilidade e improbidade administrativa, da falta de gestão e planejamento e da incúria do (des) governo tucano, que há mais de dez anos foi alertado sobre o esgotamento do modelo hídrico, como também nenhuma medida tomou a fim de oferecer o mínimo de segurança hídrica à população. Em 2004, quando da outorga do Cantareira, a Sabesp teria que, no prazo de três meses, apresentar uma proposta de construção de novos reservatórios e captação de águas em outros mananciais. Estava no contrato. Porém, as obras não foram realizadas e nem cobradas pelo governo. Em 2009 a Secretaria Estadual do Meio Ambiente realizou o estudo Cenários Ambientais 2020 com a colaboração de 200 especialistas em que previu com dados científicos a crise de 2015 e outra em 2018. Esses são dois dos muitos alertas feitos sobre os desafios do abastecimento de água para os paulistas. As gestões do PSDB –partido que (des) governa o Estado de São Paulo há 20 anos– transformaram a água em mercadoria através da conversão da Sabesp numa empresa preocupada apenas em vender água e obter altos lucros, sobretudo para entregá-los aos especuladores da bolsa de Nova York. Carlos Gianazzi, deputado estadual do PSOL
A grande mídia teve comportamento parcial o tempo todo. Ela teve a clara preocupação de poupar o governador. No noticiário,a falta de água era atribuída somente à estiagem. Toda vez que uma matéria falava em falta de água, ela vinha a previsão do tempo junto. Ou seja, uma maneira de relacionar uma coisa à outra e não deixar espaço para questionamento. Tudo era efeito do clima. Não havia a preocupação em mostrar que a crise hídrica decorria da falta de planejamento do governador e de seu antecessor, José Serra. Marzeni Pereira da Silva, sindicalista
Pelo jeito, nem o possível agravamento da crise nos próximos meses vai mudar isso.
0 comentários:
Postar um comentário