segunda-feira, 26 de outubro de 2015

"MasterChef Júnior" é caso de polícia

Por Altamiro Borges

O programa "MasterChef Júnior", que estreou na semana passada da Band, pode virar caso de polícia, relata a jornalista Keila Jimenez, em seu blog no portal R-7. É que a versão com crianças, que abusa da sexualização infantil, "gerou uma série de comentários pesados e maldosos nas redes sociais, alguns, até, que incitam a pedofilia. Fontes ligadas ao programa contaram ao blog que alguns pais de crianças participantes já estão se mexendo para investigar quais os autores de tais comentários".

"Alguns deles geraram tanta revolta na internet que seus autores foram ameaçados nas redes sociais de linchamento e acabaram apagando as twittadas. Mas já era tarde. Os comentários já haviam sido copiados e viralizados. Em um deles, um jovem disse que uma concorrente, com 12 anos, já poderia até fazer um' filme pornô'. Em outro, um rapaz adulto e barbado se candidata a namorar com uma menina de 9 anos. Revoltada, uma usuária postou: 'É por isso que eu odeio competição com crianças, o mundo é escroto e não tem limite nenhum', disse a tuiteira. 'Já estão rastreando a conta para lincharem em praça pública por estupro e pedofilia', afirmou outra".

Ainda segundo a repórter, o problema não se restringe aos pedófilos das redes sociais. A própria TV Bandeirantes, que explora uma concessão pública exibindo vários programas sensacionalistas, pode ser alvo de ações judiciais. "O Juizado de Menores e a Promotoria Pública já estão de olho no reality e na exposição das crianças". Em nota, a direção da emissora afirmou que "repudia e lamenta essas desagradáveis manifestações de extremo mau gosto. O foco do programa é o talento das crianças, e nem de longe, há qualquer provocação a esse tipo de estímulo". E ainda há quem acredite nas boas intenções da Band, que não seria movida pela audiência, publicidade e lucro. Haja ingenuidade!

Band "lamenta"; Roger ironiza

Diante do risco de ser processada, a direção da Band até já fez uma reunião de emergência. Segundo Gabriella Beira, da Folha, o caso deve esquentar nos próximos dias. "A advogada criminalista Marina Chaves Alves diz que os autores dos comentários podem ser processados pela família da participante por crime contra a honra. 'A pedofilia em si não é tipificada criminalmente, ela é uma patologia. O que existe é a presunção de estupro quando a parte envolvida é menor de 14 anos. No entanto, o que está em jogo neste caso, na verdade, é o crime contra a honra da menina, de difamação', explica. Contatado, o Ministério Público de São Paulo afirma que ainda não foi protocolada nenhuma denúncia envolvendo o caso, mas que qualquer internauta que se sentiu incomodado com o teor dos comentários pode entrar com um processo".

O escândalo de pedofilia envolvendo o programa "MasterChef Júnior" fez com que várias mulheres relatassem casos de abusos na infância. Na quinta-feira (22), a hashtag #PrimeiroAssedio ficou entre os temas mais comentados nas redes sociais. A campanha de denúncia foi lançada pela ONG Think Olga, que pediu que as mulheres compartilhassem suas histórias. "Desde a infância, somos ensinadas que o espaço público não nos pertence. E se tentarmos retomá-lo, seremos retaliadas", afirma um tuíte da organização. Segundo o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados, 29 mil tuítes sobre o assunto foram postados nos primeiros dias da campanha.

Prova de que a tevê brasileira emprega algumas das figuras mais escrotas da sociedade, o "roqueiro" Roger, do "Ultraje a Rigor" e do programa "The Noite" (SBT), até tentou ridicularizar a campanha #PrimeiroAssedio. Em seu twitter, ele utilizou a hashtag para contar a primeira vez em que ele foi "assediado", ironizando as mulheres que relataram as suas histórias de abusos sociais. A ironia de péssimo gosto foi rebatida de imediato pelos internautas, que já não toleram mais as posturas odiosas e preconceituosas desta figurinha reacionária e decrépita.

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