Por Carlos Eduardo, no blog O Cafezinho:
Quando comecei a escrever aqui no Cafezinho pensei comigo mesmo. Com tantos jornalistas bons por aí e mais experientes, tais como Mino Carta, Luís Nassif, Paulo Henrique Amorim, Luiz Carlos Azenha, Rodrigo Vianna, Paulo Nogueira, Altamiro Borges, Fernando Britto, e o próprio Miguel do Rosário, editor-executivo deste blog, publicando diariamente excelentes análises sobre a política brasileira, de que modo um jovem jornalista como eu seria capaz de apresentar algo novo na blogosfera progressista?
Foi daí que surgiu a ideia de escrever sobre a política norte-americana aqui no Cafezinho, sempre fazendo um paralelo com questões de interesse nacional.
Sinceramente, já desisti há tempos de ler, ouvir, ou assistir qualquer coisa da grande imprensa brasileira. Acho uma perda de tempo. Afinal, como dizia o Barão de Itararé: “de onde menos se espera, daí é que não sai nada”.
Prefiro aproveitar meu dia lendo blogs norte-americanos ditos de “esquerda” por lá, que basicamente correspondem à tendência dentro do Partido Democrata denominada de liberals democrats, que na Europa são conhecidos como social-democratas. Outro passatempo meu é assistir aos programas de fake news, apresentados por comediantes progressistas, fontes surpreendentes de boa informação, melhores até que muito telejornal brasileiro por aí.
Como já mencionei anteriormente em artigos passados, acho importante acompanhar a política norte-americana, pois a direita brasileira não é nada criativa e cisma em copiar o que há de pior nos Estados Unidos.
E com a crescente decadência dos tucanos nos últimos anos isso está cada dia mais evidente.
Quais são hoje os intelectuais dentro do PSDB? Alguém sabe dizer um nome, além de Fernando Henrique Cardoso? Não há porque todos debandaram depois da campanha desastrosa de José Serra em 2010.
Você entra na página do Instituto Teotônio Vilela e encontra na home um editorial do Estadão e artigos publicados nos jornalões conservadores. Pois esta hoje é a cara do PSDB: a agressividade de colunistas como Reinaldo Azevedo e o anti-petismo desvairado de blogueiros como Fernando Gouveia, do Implicante -- pago inclusive com dinheiro do contribuinte paulista. A “intelectualidade” tucana se restringe atualmente aos colunistas da velha imprensa.
Fico imaginando como deve ser para um estrangeiro desembarcar no Brasil e descobrir que as legendas ditas “social-democrata” e “democratas” são as mais conservadoras do país. O gringo vai voltar pra casa crente de que o Brasil é a terra do “samba do crioulo doido”.
Piadas à parte, não é à toa que a imprensa internacional vem chamando a militância tucana que vai pra rua pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff de “Tea Party brasileiro”.
Desde que o presidente Barack Obama tomou posse, em 2008, que os republicanos passaram a ter como única e exclusiva agenda, a obstrução dos programas sociais desenvolvidos pelos democratas.
Situação similar ocorreu no Brasil com a vitória de Lula, quando a oposição, liderada por PSDB e DEM, também abandonou qualquer agenda propositiva e passou a sabotar todos os programas de distribuição de renda desenvolvidos pelo PT.
O líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, chegou a afirmar abertamente para a imprensa em 2010, dois anos após a vitória de Obama, que a prioridade dos republicanos a partir daquele momento seria boicotar todas as políticas sociais dos democratas, apenas com o intuito de impedir um segundo mandato de Obama. Mesmo que para isso fosse necessário prejudicar a vida da população.
Foi a partir daí que a ala radical dos republicanos, liderada pelo movimento Tea Party, começou a ganhar força dentro do partido. A partir daí também que os republicanos abandonaram qualquer agenda propositiva e se tornaram “incendiários políticos” - termo que os analistas americanos usam para aqueles que apostam no “quanto pior, melhor”.
Qualquer semelhança com as ações de Aécio Neves e dos líderes tucanos no Senado e na Câmara, Cássio Cunha Lima e Carlos Sampaio, respectivamente, não é mera coincidência.
A impressão é que PSDB simplesmente repete à risca a tática dos radicais republicanos. Vale tudo pra derrubar a Presidente da República.
Até um shutdown, em versão tupiniquim, os tucanos tentaram no Congresso ano passado. Algo inédito para nós brasileiros, mas que lá nos Estados Unidos é bastante comum.
PSDB: o Tea Party brasileiro
Quando vejo os medalhões do PSDB fomentando os instintos mais primitivos da classe-média reacionária brasileira; utilizando de todos os meios para derrubar a presidente Dilma; votando contra o ajuste fiscal; contribuindo para ampliar a crise econômica; e mantendo o país em recessão, a primeira coisa que me vem à cabeça é o Tea Party.
Quando comecei a escrever aqui no Cafezinho pensei comigo mesmo. Com tantos jornalistas bons por aí e mais experientes, tais como Mino Carta, Luís Nassif, Paulo Henrique Amorim, Luiz Carlos Azenha, Rodrigo Vianna, Paulo Nogueira, Altamiro Borges, Fernando Britto, e o próprio Miguel do Rosário, editor-executivo deste blog, publicando diariamente excelentes análises sobre a política brasileira, de que modo um jovem jornalista como eu seria capaz de apresentar algo novo na blogosfera progressista?
Foi daí que surgiu a ideia de escrever sobre a política norte-americana aqui no Cafezinho, sempre fazendo um paralelo com questões de interesse nacional.
Sinceramente, já desisti há tempos de ler, ouvir, ou assistir qualquer coisa da grande imprensa brasileira. Acho uma perda de tempo. Afinal, como dizia o Barão de Itararé: “de onde menos se espera, daí é que não sai nada”.
Prefiro aproveitar meu dia lendo blogs norte-americanos ditos de “esquerda” por lá, que basicamente correspondem à tendência dentro do Partido Democrata denominada de liberals democrats, que na Europa são conhecidos como social-democratas. Outro passatempo meu é assistir aos programas de fake news, apresentados por comediantes progressistas, fontes surpreendentes de boa informação, melhores até que muito telejornal brasileiro por aí.
Como já mencionei anteriormente em artigos passados, acho importante acompanhar a política norte-americana, pois a direita brasileira não é nada criativa e cisma em copiar o que há de pior nos Estados Unidos.
E com a crescente decadência dos tucanos nos últimos anos isso está cada dia mais evidente.
Quais são hoje os intelectuais dentro do PSDB? Alguém sabe dizer um nome, além de Fernando Henrique Cardoso? Não há porque todos debandaram depois da campanha desastrosa de José Serra em 2010.
Você entra na página do Instituto Teotônio Vilela e encontra na home um editorial do Estadão e artigos publicados nos jornalões conservadores. Pois esta hoje é a cara do PSDB: a agressividade de colunistas como Reinaldo Azevedo e o anti-petismo desvairado de blogueiros como Fernando Gouveia, do Implicante -- pago inclusive com dinheiro do contribuinte paulista. A “intelectualidade” tucana se restringe atualmente aos colunistas da velha imprensa.
Fico imaginando como deve ser para um estrangeiro desembarcar no Brasil e descobrir que as legendas ditas “social-democrata” e “democratas” são as mais conservadoras do país. O gringo vai voltar pra casa crente de que o Brasil é a terra do “samba do crioulo doido”.
Piadas à parte, não é à toa que a imprensa internacional vem chamando a militância tucana que vai pra rua pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff de “Tea Party brasileiro”.
Desde que o presidente Barack Obama tomou posse, em 2008, que os republicanos passaram a ter como única e exclusiva agenda, a obstrução dos programas sociais desenvolvidos pelos democratas.
Situação similar ocorreu no Brasil com a vitória de Lula, quando a oposição, liderada por PSDB e DEM, também abandonou qualquer agenda propositiva e passou a sabotar todos os programas de distribuição de renda desenvolvidos pelo PT.
O líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, chegou a afirmar abertamente para a imprensa em 2010, dois anos após a vitória de Obama, que a prioridade dos republicanos a partir daquele momento seria boicotar todas as políticas sociais dos democratas, apenas com o intuito de impedir um segundo mandato de Obama. Mesmo que para isso fosse necessário prejudicar a vida da população.
Foi a partir daí que a ala radical dos republicanos, liderada pelo movimento Tea Party, começou a ganhar força dentro do partido. A partir daí também que os republicanos abandonaram qualquer agenda propositiva e se tornaram “incendiários políticos” - termo que os analistas americanos usam para aqueles que apostam no “quanto pior, melhor”.
Qualquer semelhança com as ações de Aécio Neves e dos líderes tucanos no Senado e na Câmara, Cássio Cunha Lima e Carlos Sampaio, respectivamente, não é mera coincidência.
A impressão é que PSDB simplesmente repete à risca a tática dos radicais republicanos. Vale tudo pra derrubar a Presidente da República.
Até um shutdown, em versão tupiniquim, os tucanos tentaram no Congresso ano passado. Algo inédito para nós brasileiros, mas que lá nos Estados Unidos é bastante comum.
'Obamacare vai destruir nossa economia. Se você não voltar atrás, vou destruir a economia!' (tradução livre)
O último shutdown norte-americano foi em 2013, quando o Congresso, dominado pelos republicanos, cobrou dos democratas o fim do Obamacare -- nome dado ao programa do presidente Barack Obama de criar um plano de saúde de baixo custo, financiado pelo Estado -- com a ameaça de paralisar a economia caso o presidente não voltasse atrás.
A estratégia dos lunáticos do Tea Party foi tão tosca, que virou motivo de piada entre os americanos.
Ao mesmo tempo em que os radicais republicanos diziam que aumentar os impostos para fornecer saúde à população mais pobre tornaria os Estados Unidos em um país “socialista” -- o que na visão torpe dessa gente é o início do apocalipse -- a saída encontrada pelos radicais foi mergulhar o país em uma crise sem precedentes, impedindo o governo de aumentar a dívida pública e paralisando a economia.
Mas o tiro saiu pela culatra.
Uma pesquisa do RealClearPolitics, agregador dos principais jornais e blogs políticos dos Estados Unidos, mostrou que apenas 13% do eleitorado norte-americano aprovou a estratégia insana dos republicanos no Congresso de paralisar a economia do país, na ânsia de voltar ao poder a todo custo. O pior índice já registrado na história do Partido Republicano.
Para esclarecer a situação aos menos familiarizados com a política norte-americana, oshutdown -- ou paralisação total do governo -- acontece sempre que o limite da dívida extrapola o teto determinado pelo Executivo, Senado Federal e Câmara dos Deputados. E enquanto os três entes da federação não entram em um acordo sobre o novo teto da dívida, o governo fica literalmente paralisado.
Quando isso ocorre, o Estado interrompe o pagamento de salários do funcionalismo público. E diferente do Brasil, onde o salário é pago mensalmente, nos Estados Unidos é muito comum o trabalhador receber o salário parcelado semanalmente, ou a cada quinze dias.
Por isso, quando ocorre uma paralisação, mesmo que curta, de uma ou duas semanas, isto significa que os trabalhadores simplesmente ficaram sem receber o salário daquela semana ou quinzena. Daí a enorme insatisfação do eleitorado, inclusive republicano, com a estratégia do Tea Party de paralisar o país, por meio do shutdown.
O último shutdown norte-americano foi em 2013, quando o Congresso, dominado pelos republicanos, cobrou dos democratas o fim do Obamacare -- nome dado ao programa do presidente Barack Obama de criar um plano de saúde de baixo custo, financiado pelo Estado -- com a ameaça de paralisar a economia caso o presidente não voltasse atrás.
A estratégia dos lunáticos do Tea Party foi tão tosca, que virou motivo de piada entre os americanos.
Ao mesmo tempo em que os radicais republicanos diziam que aumentar os impostos para fornecer saúde à população mais pobre tornaria os Estados Unidos em um país “socialista” -- o que na visão torpe dessa gente é o início do apocalipse -- a saída encontrada pelos radicais foi mergulhar o país em uma crise sem precedentes, impedindo o governo de aumentar a dívida pública e paralisando a economia.
Mas o tiro saiu pela culatra.
Uma pesquisa do RealClearPolitics, agregador dos principais jornais e blogs políticos dos Estados Unidos, mostrou que apenas 13% do eleitorado norte-americano aprovou a estratégia insana dos republicanos no Congresso de paralisar a economia do país, na ânsia de voltar ao poder a todo custo. O pior índice já registrado na história do Partido Republicano.
Para esclarecer a situação aos menos familiarizados com a política norte-americana, oshutdown -- ou paralisação total do governo -- acontece sempre que o limite da dívida extrapola o teto determinado pelo Executivo, Senado Federal e Câmara dos Deputados. E enquanto os três entes da federação não entram em um acordo sobre o novo teto da dívida, o governo fica literalmente paralisado.
Quando isso ocorre, o Estado interrompe o pagamento de salários do funcionalismo público. E diferente do Brasil, onde o salário é pago mensalmente, nos Estados Unidos é muito comum o trabalhador receber o salário parcelado semanalmente, ou a cada quinze dias.
Por isso, quando ocorre uma paralisação, mesmo que curta, de uma ou duas semanas, isto significa que os trabalhadores simplesmente ficaram sem receber o salário daquela semana ou quinzena. Daí a enorme insatisfação do eleitorado, inclusive republicano, com a estratégia do Tea Party de paralisar o país, por meio do shutdown.
PSDB: o Tea Party brasileiro
Quando vejo os medalhões do PSDB fomentando os instintos mais primitivos da classe-média reacionária brasileira; utilizando de todos os meios para derrubar a presidente Dilma; votando contra o ajuste fiscal; contribuindo para ampliar a crise econômica; e mantendo o país em recessão, a primeira coisa que me vem à cabeça é o Tea Party.
Manifestante na Av. Paulista pede o impeachment da presidente Dilma
É praticamente impossível não associa-los um ao outro. Até na retórica são parecidos.
Tanto lá quanto cá, o Bolsa Família - ou no caso americano, o Food Stamp - é chamado pela direita raivosa de “bolsa esmola” ou “bolsa vagabundo”.
Em 2008, a ala ultrarradical do Partido Republicano acusou Obama de vencer as eleições com os votos dos negros e hispânicos, prometendo a estes programas de cunho assistencialista.
Uma mentira desmascarada pelo blog Politico, que mostrou que Obama foi o candidato democrata que mais recebeu votos dos brancos desde 1976, quando o também democrata, Jimmy Carter, foi eleito presidente. Na verdade quem definiu a vitória de Obama foi a juventude universitária e o eleitorado mais escolarizado - de maioria branca -, assim como os negros, é claro.
Novamente, qualquer semelhança com os tucanos acusando o PT de vencer a eleição com os votos dos nordestinos, incentivando o preconceito latente do sul e sudeste com a região norte do país, não é mera coincidência. Mesmo com os resultados das urnas mostrando que Minas Gerais e Rio de Janeiro foram decisivos para a vitória de Dilma, os anti-petistas fanáticos continuam até hoje culpando os nordestinos pela derrota de Aécio Neves.
Por tudo isso e um pouco mais, o PSDB finalmente completou sua transformação, terminando o ano de 2015 como a versão brasileira e golpista do Tea Party norte-americano.
É praticamente impossível não associa-los um ao outro. Até na retórica são parecidos.
Tanto lá quanto cá, o Bolsa Família - ou no caso americano, o Food Stamp - é chamado pela direita raivosa de “bolsa esmola” ou “bolsa vagabundo”.
Em 2008, a ala ultrarradical do Partido Republicano acusou Obama de vencer as eleições com os votos dos negros e hispânicos, prometendo a estes programas de cunho assistencialista.
Uma mentira desmascarada pelo blog Politico, que mostrou que Obama foi o candidato democrata que mais recebeu votos dos brancos desde 1976, quando o também democrata, Jimmy Carter, foi eleito presidente. Na verdade quem definiu a vitória de Obama foi a juventude universitária e o eleitorado mais escolarizado - de maioria branca -, assim como os negros, é claro.
Novamente, qualquer semelhança com os tucanos acusando o PT de vencer a eleição com os votos dos nordestinos, incentivando o preconceito latente do sul e sudeste com a região norte do país, não é mera coincidência. Mesmo com os resultados das urnas mostrando que Minas Gerais e Rio de Janeiro foram decisivos para a vitória de Dilma, os anti-petistas fanáticos continuam até hoje culpando os nordestinos pela derrota de Aécio Neves.
Por tudo isso e um pouco mais, o PSDB finalmente completou sua transformação, terminando o ano de 2015 como a versão brasileira e golpista do Tea Party norte-americano.
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