segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Não seria melhor interrogar o promotor?

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Acho que se poderia pensar numa inversão de papéis, diante desta barbaridade feita pelo promotor Cássio Conserino, do Ministério Público de São Paulo de chamar o ex-presidente Lula a depor na condição de “investigado” nesta história já enfadonha do apartamento no Guarujá.

Seria esclarecedor se o interrogado fosse não Lula, mas o promotor. Ajudaria se o moço – cujo auxílio-moradia de quase 5 mil reais, pago pelos cofres públicos, dá para alugar um triplex bem pertinho do que acusa Lula de ter (duvida? olhe o anúncio aqui) e ainda pagar o condomínio – explicasse, afinal, sobre que o ex-presidente.

Lavagem de dinheiro? Que dinheiro? Obtido onde, por quais meios, em quais negócios?

Por ter uma cota na cooperativa que construiu o prédio que daria direito a comprar um apartamento, declarada no IR, e não ter exercido o direito?

Ocultação de patrimônio? Que patrimônio, se o dito apartamento nunca foi de Lula ou de sua família?

Por ter ido ver o apartamento?

E se a OAS, que é dona do imóvel quisesse emprestá-lo, cedê-lo a Lula, há crime?

Lula não é servidor público desde 1º de janeiro de 2011 e, desde então, não tem sequer impedimentos legais ou éticos em ter qualquer relação com empresas.

Eu tenho metade de um apartamento, deixado por minha mãe. Nele, moram minhas sobrinhas, que fazem faculdade no Rio e, como meu irmão mora em Cabo Frio, precisam ficar por lá? Óbvio que não vou cobrar “aluguel” dele ou delas: está cedido e eu ainda pago as cotas extras de condomínio, porque fica pesado. Sou um criminoso? Elas são criminosas?

Lula é pessoalmente acusado de ter praticado algum favorecimento à OAS?

Ou é na base do “alguma coisa ele fez”?

Perguntas básicas que, infelizmente, nunca são feitas.

Porque não interessam nesta abjeta tentativa(tentativa, digo eu? ação consumada é mais apropriado) de criminalizar, a qualquer custo uma liderança política, a mais destacada que este país teve em décadas.

Basta odiar, achar um vizinho que odeie, um porteiro que diga “sim, seu doutor, ele esteve lá, inclusive seguraram a porta do elevador”.

Não acontece nada, estão livres para atropelar, abusar, desmoralizar as pessoas a partir do “ah, eu acho que aí tem coisa”.

É o “estado da direita”, de uma corporação policialesca, que perdeu as estribeiras e o mais raso senso de equilíbrio.

Viraram os delegados da roça: “manda pegar e levar lá na delegacia que eu quero conversar com este sujeitinho”.

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