Por André Barrocal, na revista CartaCapital:
Evo Morales acaba de completar uma década como presidente da Bolívia. No dia 21, os bolivianos vão decidir em um referendo se aprovam o direito do líder indígena de disputar um quarto mandato, na eleição de 2019. Com a economia do país e seu ibope pessoal em alta, Morales tem razões para otimismo com o resultado das urnas. E mais ainda após a recente visita oficial a Dilma Rousseff.
Na passagem de Morales por Brasília na terça-feira 2, Dilma foi uma anfitriã generosa nas palavras e no trato. Chamou-o em público de “querido amigo” e apontou-o como responsável pelos “imensos avanços sociais e os grandes avanços econômicos pelos quais a Bolívia tem passado”. O visitante, segundo testemunhas brasileiras das conversas reservadas, ficou emocionado com arecepção.
Às vésperas do referendo, previsto na mudança constitucional sobre o quarto mandato aprovada pelos parlamentares em 2015, as declarações de Dilma são úteis a Morales. O líder socialista poderá usá-las para mostrar aos dez milhões de bolivianos o prestígio desfrutado perante a potência da América do Sul. Não foi coincidência, aliás, sua visita ao Brasil ter sido programada de parte a parte para ocorrer perto do referendo.
Não que Morales estivesse em apuros políticos e precisasse de apoio. Ao contrário. Mesmo após tanto tempo no cargo, é um dos presidentes sul-americanos campeões de popularidade. Seu governo tem taxas de aprovação na casa dos 70%, mesmo patamar de Tabaré Vázquez, do Uruguai, de volta ao cargo desde 2015. Já Dilma deve estar na rabeira no continente, com cerca de 10%.
O ibope alto tem explicações. Na era Morales, a economia da Bolívia cresceu em média 5% ao ano, e o governo promete manter este ritmo até o fim do atual mandato, em 2019. Os planos de investimento somam 45 bilhões de dólares, cerca de um PIB e meio. Graças às exportações de gás, as reservas de dólares do país estão entre as maiores do mundo, quando tomadas como proporção do PIB, cerca de 40%.
Primeiro indígena no cargo, Morales faz uma gestão aberta aos movimentos sociais. Ao comemorar dez anos no cargo, em 22 de janeiro, disse em discurso já ter mantido 5.546 audiências com representantes populares. Nos vinte anos anteriores, de gestões neoliberais, teriam sido 59, segundo ele. Para visitar os 339 municípios do país, só faltam cinco, o que ele planeja liquidar em 2016.
É “uma revolução democrática e pacífica, e além disso com resultados na parte social, na parte cultural e na parte econômica”, disse Morales na declaração à imprensa feita ao lado de Dilma Rousseff no Palácio do Planalto.
O encontro foi também uma tentativa de encerrar de vez os tremores na relação desencadeados pelo asilo de um adversário político de Morales, o senador direitista Roger Pinto Molina, na embaixada brasileira em La Paz em 2012. Por tudo o que se viu e ouviu durante a visita de Morales a Brasília, uma tentativa bem sucedida.
Evo Morales acaba de completar uma década como presidente da Bolívia. No dia 21, os bolivianos vão decidir em um referendo se aprovam o direito do líder indígena de disputar um quarto mandato, na eleição de 2019. Com a economia do país e seu ibope pessoal em alta, Morales tem razões para otimismo com o resultado das urnas. E mais ainda após a recente visita oficial a Dilma Rousseff.
Na passagem de Morales por Brasília na terça-feira 2, Dilma foi uma anfitriã generosa nas palavras e no trato. Chamou-o em público de “querido amigo” e apontou-o como responsável pelos “imensos avanços sociais e os grandes avanços econômicos pelos quais a Bolívia tem passado”. O visitante, segundo testemunhas brasileiras das conversas reservadas, ficou emocionado com arecepção.
Às vésperas do referendo, previsto na mudança constitucional sobre o quarto mandato aprovada pelos parlamentares em 2015, as declarações de Dilma são úteis a Morales. O líder socialista poderá usá-las para mostrar aos dez milhões de bolivianos o prestígio desfrutado perante a potência da América do Sul. Não foi coincidência, aliás, sua visita ao Brasil ter sido programada de parte a parte para ocorrer perto do referendo.
Não que Morales estivesse em apuros políticos e precisasse de apoio. Ao contrário. Mesmo após tanto tempo no cargo, é um dos presidentes sul-americanos campeões de popularidade. Seu governo tem taxas de aprovação na casa dos 70%, mesmo patamar de Tabaré Vázquez, do Uruguai, de volta ao cargo desde 2015. Já Dilma deve estar na rabeira no continente, com cerca de 10%.
O ibope alto tem explicações. Na era Morales, a economia da Bolívia cresceu em média 5% ao ano, e o governo promete manter este ritmo até o fim do atual mandato, em 2019. Os planos de investimento somam 45 bilhões de dólares, cerca de um PIB e meio. Graças às exportações de gás, as reservas de dólares do país estão entre as maiores do mundo, quando tomadas como proporção do PIB, cerca de 40%.
Primeiro indígena no cargo, Morales faz uma gestão aberta aos movimentos sociais. Ao comemorar dez anos no cargo, em 22 de janeiro, disse em discurso já ter mantido 5.546 audiências com representantes populares. Nos vinte anos anteriores, de gestões neoliberais, teriam sido 59, segundo ele. Para visitar os 339 municípios do país, só faltam cinco, o que ele planeja liquidar em 2016.
É “uma revolução democrática e pacífica, e além disso com resultados na parte social, na parte cultural e na parte econômica”, disse Morales na declaração à imprensa feita ao lado de Dilma Rousseff no Palácio do Planalto.
O encontro foi também uma tentativa de encerrar de vez os tremores na relação desencadeados pelo asilo de um adversário político de Morales, o senador direitista Roger Pinto Molina, na embaixada brasileira em La Paz em 2012. Por tudo o que se viu e ouviu durante a visita de Morales a Brasília, uma tentativa bem sucedida.
1 comentários:
Eu me recordo quando no episódio do gás (estatização das empresas) e revisão dos preços pagos pela Petrobrás, um colega (bastante sensato) que num momento de apagão mental sugeriu que o Brasil deveria invadir a Bolívia para garantir o contrato leonino assinado com a Petrobrás.
Respondi: você seria uma das últimas pessoa que eu esperava ouvir isso. E tem mais, a Bolívia é um país soberano que tem o direito de estabelecer suas políticas internas e externas, inclusive fixação de preços de seus produtos de exportação. Com esse discurso você está legitimando as intervenções dos EUA em Granada, Panamá, Iraque etc etc etc, bem como de outro imperialistas. Num mundo civilizado, o mais forte não invade o mais fraco e sim o protege.
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