Por Lecio Morais, no blog de Renato Rabelo:
A última reunião do Copom ao reduzir a meta da taxa Selic de 14,25% para 14% foi uma decisão política. Ela não foi feita para gerar resultado prático, mas para engrossar as expectativas criadas pelos mercados financeiros de que o pior da crise econômica já passou e que a taxa de inflação consolidou uma virada para baixo.
O efeito concreto da redução de 0,25% na atividade econômica é zero. Nenhuma taxa de juro da economia irá se reduzir, nem no crédito ao consumidor, nem no crédito ao comércio e muito menos o do investimento. A única consequência real será uma redução do custo de captação dos bancos, ficando mais barato, por exemplo, emitir CDB, uma aplicação financeira de curto prazo bastante popular.
Além da redução ser pequena, ela apenas deterá o aumento da taxa real que vem acontecendo desde fevereiro deste ano e se acelerou mais a partir de maio. Uma taxa de juro real é aquela obtida descontando a taxa da inflação futura da taxa nominal do momento.
Embora a taxa Selic nominal esteja congelada em 14,25% desde 2013, o seu valor real veio caindo desde então à medida que a expectativa sobre a inflação dos 12 meses seguintes aumentava. Essa tendência só se inverteu em fevereiro passado.
Por conta desse efeito, a taxa Selic real em janeiro estava em 6,95%. Agora em outubro, antes da redução, ela já era de 8,75%!
Com a redução desta semana, a taxa real cai para 8,52%, detendo a sua elevação. Isso faz com que continuemos a deter a maior taxa básica real de todo do mundo. Embora haja taxas nominais maiores, como a da Argentina e da Venezuela, que ultrapassam os 20%, como esses países as taxas inflacionárias são maiores, suas taxas reais estão abaixo dos 5%.
Mas, sem dúvida, a decisão do Copom pode servir para auxiliar as tentativas do mercado financeiro em melhorar seu desempenho. O esforço dos mercados de títulos e de ações é melhorar as expectativas de uma retomada dos negócios já em 2017. Daí que essa redução já era anunciada há duas reuniões do Copom. Uma melhora de expectativas proporciona bons lucros.
O problema é que o mercado apostava em 0,5% de redução, mas foi menos. Muitos ganharam na aposta do corte, porém muitos outros perderam no seu tamanho. O clima no dia seguinte foi de certa decepção.
Agora vamos ver se a redução homeopática da taxa Selic pode auxiliar as expectativas ou se não passou de uma decisão para inglês ver.
* Lecio Morais é economista e assessor da Liderança do PCdoB na Câmara Federal.
A última reunião do Copom ao reduzir a meta da taxa Selic de 14,25% para 14% foi uma decisão política. Ela não foi feita para gerar resultado prático, mas para engrossar as expectativas criadas pelos mercados financeiros de que o pior da crise econômica já passou e que a taxa de inflação consolidou uma virada para baixo.
O efeito concreto da redução de 0,25% na atividade econômica é zero. Nenhuma taxa de juro da economia irá se reduzir, nem no crédito ao consumidor, nem no crédito ao comércio e muito menos o do investimento. A única consequência real será uma redução do custo de captação dos bancos, ficando mais barato, por exemplo, emitir CDB, uma aplicação financeira de curto prazo bastante popular.
Além da redução ser pequena, ela apenas deterá o aumento da taxa real que vem acontecendo desde fevereiro deste ano e se acelerou mais a partir de maio. Uma taxa de juro real é aquela obtida descontando a taxa da inflação futura da taxa nominal do momento.
Embora a taxa Selic nominal esteja congelada em 14,25% desde 2013, o seu valor real veio caindo desde então à medida que a expectativa sobre a inflação dos 12 meses seguintes aumentava. Essa tendência só se inverteu em fevereiro passado.
Por conta desse efeito, a taxa Selic real em janeiro estava em 6,95%. Agora em outubro, antes da redução, ela já era de 8,75%!
Com a redução desta semana, a taxa real cai para 8,52%, detendo a sua elevação. Isso faz com que continuemos a deter a maior taxa básica real de todo do mundo. Embora haja taxas nominais maiores, como a da Argentina e da Venezuela, que ultrapassam os 20%, como esses países as taxas inflacionárias são maiores, suas taxas reais estão abaixo dos 5%.
Mas, sem dúvida, a decisão do Copom pode servir para auxiliar as tentativas do mercado financeiro em melhorar seu desempenho. O esforço dos mercados de títulos e de ações é melhorar as expectativas de uma retomada dos negócios já em 2017. Daí que essa redução já era anunciada há duas reuniões do Copom. Uma melhora de expectativas proporciona bons lucros.
O problema é que o mercado apostava em 0,5% de redução, mas foi menos. Muitos ganharam na aposta do corte, porém muitos outros perderam no seu tamanho. O clima no dia seguinte foi de certa decepção.
Agora vamos ver se a redução homeopática da taxa Selic pode auxiliar as expectativas ou se não passou de uma decisão para inglês ver.
* Lecio Morais é economista e assessor da Liderança do PCdoB na Câmara Federal.
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