Por Theo Rodrigues, no blog Cafezinho:
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, acaba de ser preso. O pedido de prisão foi feito pelo juiz Sergio Moro após solicitação do Ministério Público Federal.
Por razões distintas tem muita gente comemorando e outros nem tanto.
Seja como for, a prisão de Cunha suscita três perguntas:
O que virá da delação premiada de Cunha?
A prisão de Eduardo Cunha provavelmente acarretará em uma delação premiada do ex-deputado. Mas o que virá dessa delação? Como se sabe, as delações são utilizadas para que a Operação Lavo Jato reúna informações sobre casos mais graves do que aqueles do delator.
Ocorre que Cunha tem sido apontado como um dos mais altos protagonistas do suposto esquema de corrupção investigado. Quem poderia então ser denunciado? Renan Calheiros, Michel Temer, Moreira Franco, Eliseu Padilha são os nomes possíveis que estão sendo cogitados.
Começa a surgir inclusive a versão de que esse seria o primeiro passo para o “golpe dentro do golpe”. Ou seja, com a prisão de Cunha e a possível denúncia de dirigentes do PMDB que estão no Planalto, abre-se a possibilidade para a saída de Temer no ano que vem e a eleição indireta pela Câmara dos Deputados de um novo presidente ligado ao campo do PSDB.
A prisão de Cunha pode servir de álibi para uma futura prisão de Lula?
Provavelmente, sim. A Operação Lava Jato e o juiz Sergio Moro são constantemente acusados de serem seletivos: afinal de contas a maior parte dos investigados e punidos são do PT.
A prisão de Cunha pode validar a atuação de Moro ao indicar que sua Operação estaria investigando todos os lados do espectro político. Com a prisão de Cunha ficaria legitimada junto à opinião pública uma possível prisão de Lula. “A lei vale para todos”, poderia dizer Moro.
A diferença é que Lula não é Cunha. O ex-presidente possui um patrimônio político que Cunha nunca teve e sua prisão geraria uma instabilidade social imprevisível.
Cabe lembrar que a pesquisa do Instituto Vox Populi publicada ontem mostra que se Lula fosse candidato em 2018 venceria a eleição presidencial com facilidade.
Se a prisão de Cunha tivesse ocorrido ano passado a história recente do Brasil teria sido a mesma?
Provavelmente, não. A principal motivação da abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff foi o voto do PT contra Cunha no Conselho de Ética. Fosse outro o presidente da Câmara dos Deputados naquele momento o processo do impeachment poderia ter sido evitado. Mas como a história não se faz com o “se”, resta apenas o aprendizado às atrizes e aos atores políticos sobre a importância de não se subestimar a manutenção de uma maioria segura no legislativo.
* Theo Rodrigues é sociólogo e cientista político.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, acaba de ser preso. O pedido de prisão foi feito pelo juiz Sergio Moro após solicitação do Ministério Público Federal.
Por razões distintas tem muita gente comemorando e outros nem tanto.
Seja como for, a prisão de Cunha suscita três perguntas:
O que virá da delação premiada de Cunha?
A prisão de Eduardo Cunha provavelmente acarretará em uma delação premiada do ex-deputado. Mas o que virá dessa delação? Como se sabe, as delações são utilizadas para que a Operação Lavo Jato reúna informações sobre casos mais graves do que aqueles do delator.
Ocorre que Cunha tem sido apontado como um dos mais altos protagonistas do suposto esquema de corrupção investigado. Quem poderia então ser denunciado? Renan Calheiros, Michel Temer, Moreira Franco, Eliseu Padilha são os nomes possíveis que estão sendo cogitados.
Começa a surgir inclusive a versão de que esse seria o primeiro passo para o “golpe dentro do golpe”. Ou seja, com a prisão de Cunha e a possível denúncia de dirigentes do PMDB que estão no Planalto, abre-se a possibilidade para a saída de Temer no ano que vem e a eleição indireta pela Câmara dos Deputados de um novo presidente ligado ao campo do PSDB.
A prisão de Cunha pode servir de álibi para uma futura prisão de Lula?
Provavelmente, sim. A Operação Lava Jato e o juiz Sergio Moro são constantemente acusados de serem seletivos: afinal de contas a maior parte dos investigados e punidos são do PT.
A prisão de Cunha pode validar a atuação de Moro ao indicar que sua Operação estaria investigando todos os lados do espectro político. Com a prisão de Cunha ficaria legitimada junto à opinião pública uma possível prisão de Lula. “A lei vale para todos”, poderia dizer Moro.
A diferença é que Lula não é Cunha. O ex-presidente possui um patrimônio político que Cunha nunca teve e sua prisão geraria uma instabilidade social imprevisível.
Cabe lembrar que a pesquisa do Instituto Vox Populi publicada ontem mostra que se Lula fosse candidato em 2018 venceria a eleição presidencial com facilidade.
Se a prisão de Cunha tivesse ocorrido ano passado a história recente do Brasil teria sido a mesma?
Provavelmente, não. A principal motivação da abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff foi o voto do PT contra Cunha no Conselho de Ética. Fosse outro o presidente da Câmara dos Deputados naquele momento o processo do impeachment poderia ter sido evitado. Mas como a história não se faz com o “se”, resta apenas o aprendizado às atrizes e aos atores políticos sobre a importância de não se subestimar a manutenção de uma maioria segura no legislativo.
* Theo Rodrigues é sociólogo e cientista político.
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